Volume 1
Capítulo 57: Depois Do Relâmpago É Que Vem O Trovão (2)
ϟ SALA DE TREINAMENTO ϟ
A turma estava animada para ver aquela luta. Seria Ermo contra Vida e até aquele momento, o garoto do Distrito 5 estava mais do que em vantagem com a jovem do Distrito 4.
Até aquele momento, tudo o que Ermo havia feito era bater, chutar e pisar em sua oponente. Ela não tinha chance alguma com ele. Entretanto, a garota não quis desistir da luta.
Alguns achavam que ela estava determinada demais para querer parar com a luta, outros diziam que Ermo não estava dando chance alguma para que isso acontecesse. Entretanto, a verdade era que Vida estava com tanto medo e sentindo tanta dor, que nem conseguia pensar nessa possibilidade.
A única coisa que lhe passava em sua mente era como sentir menos dor. Ela tentava se adaptar aos golpes que sentia, se contorcia o quanto podia para evitar o máximo de dano possível e sempre tentava se proteger, nunca atacar. Sentia que se tentasse se defender, apenas pioraria a situação.
Durante um bom tempo, ela não fez absolutamente nada além de apanhar. Seu cabelo foi puxado, seu nariz foi quebrado e seu olho já estava inchado de tão maltratada. Não havia se passado nem 5 minutos ainda e já estava óbvio quem era o vencedor.
Ermo tinha em seu rosto um sorriso triunfante e maléfico, do qual todos podiam constatar e ter certeza de que se tratava de um psicopata que gostava de causar dor em quem não podia se defender.
Não poderiam estar mais do que certos. Ermo, desde a sua infância, adorava infligir dor a outras pessoas por zero motivo aparente. Gostava da sensação que suas caras faziam. E gostava mais ainda de sair impune de tudo aquilo.
Geralmente usava a desculpa de ser mais novo e de que o pobre coitado que fora torturado por alguns segundos por ele não passava de um maníaco que o estava olhando torto.
Agora, entretanto, teve a oportunidade de fazer alguém sofrer por ainda mais tempo. Estava mesmo gostando de bater em Vida.
Ele deu um chute em seu joelho, que fez sua perna virar para dentro. Ela gritou tão alto de dor que Ermo quase teve um orgasmo. Mas ele não podia parar por ali. Se fizesse muita dor a ela, ela simplesmente cairia no chão inconsciente e a luta pararia por ali.
O rapaz derrubou sua adversária no chão, puxou a perna já machucada da jovem e colocou o joelho no lugar correto, causando ainda mais dor e gritos de desespero.
Ninguém achou aquilo bonito, exceto Ermo.
Ao se levantar, puxou a garota pelos cabelos e amassou ainda mais o seu nariz com joelhadas, que afundavam cada vez mais na sua cara.
Se notasse a reação que estava causando nas pessoas, não teria continuado. As pessoas ao seu redor não sentiam mais graça alguma da situação, apenas uma enorme pena de Vida. Independente da desculpa que fosse usar quando saísse dali, Ermo seria encarado agora como um psicopata e nada além disso.
Como isso ainda não havia passado pela sua cabeça, proporcionou por mais alguns longos e angustiantes minutos uma visão aterrorizante para a plateia. Fez a garota ficar em pé com apenas uma perna, depois a fez cair novamente. Continuou assim por um tempo, apenas para se divertir.
Em dado momento, a moça tentou desistir, porém toda vez que ela abria a boca para falar algo, ele a fazia se calar com um soco. Estava enlouquecido para acertar um soco em sua garganta, mas sabia que se fizesse isso com força demais poderia acabar matando ela.
Ainda estava dentro das regras. Valia tudo ali em cima daquela arena. A única coisa da qual não podia fazer era matá-la ou então fazer com que saísse dos limites.
Vida tentou se jogar, porém não conseguia. Estava lenta demais por ter apenas uma perna e também não conseguia se arrastar até lá.
Ermo, que não era burro e sabia o que ela planejava, decidiu se divertir ainda mais. Pegou todos os seus dedos das mãos e os entortou, até que os quebrasse.
Vida gritou, tentou pedir ajuda e até mordeu a mão de Ermo. Porém nada forte o suficiente para que ele realmente parasse. Continuou quebrando seus dedos. Fez um mau trabalho, só conseguiu contorcer alguns e de quebrar, de fato só conseguiu quebrar dois. Os outros ficaram tão doloridos que a moça já não conseguia nem se arrastar, a menos que usasse as palmas das mãos para isso.
De qualquer modo, já não tinha mais os dedos a quem confiar. E agora o que poderia fazer naquela situação além de se submeter a mais uma sessão horrível e dolorosa de tortura?
Ficou passando em sua mente tudo o que tinha acontecido até aquele momento. Pensava em como as pessoas, todas sem exceção, tinham sido bondosas com ela desde sua chegada até ali.
Ninguém a tratava mal, afinal nunca tiveram motivos para isso. Mesmo assim, ali estava uma pessoa da qual ela não conhecia, em cima dela, fazendo de tudo para que sofresse mais um pouco, como se ela tivesse o ofendido.
Afinal de contas, o que havia feito para aquele rapaz sentir tanto prazer em machucá-la? Vida odiava violência mais do que tudo. Porém, ela podia ser bastante tolerante em situações como aquela, onde pessoas abusavam do seu corpo apenas para satisfazerem a própria obsessão.
Ninguém sabia, mas seus pais a haviam abandonado bem cedo, durante a infância, entregando ela para um homem que iria usar seu corpo como ele bem quisesse. No Distrito 4, traficar órgãos era algo que dava muito dinheiro.
Mas para a sua própria surpresa, notou que o homem estava muito pouco interessado em seus órgãos para vender.
Depois de dois anos ela conseguiu fugir. Nunca foi uma moça malvada e com muita atitude, o que a fez sofrer bastante. Porém sempre foi muito esperta. Acabou conseguindo escapar e delatar tudo que havia acontecido às autoridades, que de uma maneira bem impressionante resolveram tudo.
Ela foi levada a um lugar melhor e por fim, passou o resto da vida traumatizada, enfiada em livros e sempre tratando os outros bem, com medo de que as outras pessoas pudessem lhe fazer algum mal.
É claro que após muitos anos, terapias e estudos a respeito da mente das pessoas ela acabou superando a maioria dos seus traumas. Passou no Exame Continental e agora era uma recruta da Classe S.
Mas tudo isso para quê? Para ser novamente abusada por um outro maníaco? Pensava que estando ali, seria tratado de uma forma diferente. Mas estava enganada. Em todos os lugares do mundo, sempre havia alguém que adorava ver o mais fraco sofrer.
E acima de qualquer pessoa, a Vida odiava a violência.
Enquanto Ermo tampava a sua boca, a prendia no chão, e socava seu estômago. A garota teve um momento para olhar para o lado e ver todos os recrutas.
Estavam todos em pé, observando a cena. Ninguém sorria. Ninguém falava nada. Até mesmo Kaike estava de pé, com o olhar vazio. Ash, seu amigo, estava chocado, porém paralizado. Bia olhava para o chão.
E ninguém fazia nada para aquilo acabar. Seria ela quem deveria tomar uma atitude. Ela estava sozinha, sabia disso. Estava sozinha desde o primeiro momento de sua vida, quando fora abandonada pelos pais e deixada. Foi sozinha que conseguiu escapar. E só foi ajudada quando finalmente conseguiu pedir essa ajuda. Para a sua surpresa ela foi atendida, mas ali era diferente. Mesmo que pudesse, ninguém iria ajudá-la.
Iria direto para a curandeira, seria tratada e depois nada aconteceria com Ermo, afinal não podia acontecer. Ermo estava dentro das regras.
Tanto era verdade, que Vega, o Capitão, também permanecia sentado, encostado em um canto da parede. Ele apenas fingia estar lendo o seu dispositivo eletrônico. Seus olhos não se mexiam.
Bem, como tudo na vida, a garota teria de gritar para ser ouvida e por fim sair daquela situação.
Com toda a força que tinha, conseguiu empurrar Ermo só um pouco mais para trás, fazendo ele desgrudar sua mão da boca da menina. Ela gritou o mais alto que conseguiu:
— Eu desisto! Socorro…!
Mas paralisou assim que percebeu o que acabara de fazer. Ermo estava enfurecido. Seu rosto se contorceu de raiva. Ele levantou o pé e começou a descer com força. Iria pisar no rosto de Vida e consequentemente ela iria morrer com o crânio esmagado. Já estava sem forças, não conseguiria se defender.
Ermo sentia sua raiva lhe dar cada vez mais prazer. A cada segundo que passava, cogitando a possibilidade de esmagar o rosto daquela garota, um arrepio percorria a sua espinha. Porém desapareceu logo em seguida, pois um clarão lhe confundiu.
Sem nenhum anúncio, uma luz clara e ofuscante chegou e desapareceu num piscar de olhos, fazendo surgir do meio de lampejos uma figura alta, de cabelo azulado bem na frente de Vida. Era Kaike e ele segurava a perna de Ermo. Kaike estava zangado.
— Vê se briga com alguém do teu tamanho, filho da puta!
De repente, sem emitir nenhum som, Ermo foi disparado contra o alto da parede da sala, cavando uma pequena cratera. Ninguém entendeu o que acontecera. Ninguém havia sequer piscado e mesmo assim não conseguiram entender como Ermo havia sido lançado até ali.
Mas tiveram de piscar de medo logo em seguida quando ouviram o ribombar estrondoso do trovão.
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