Trovão Infinito Brasileira

Autor(a): Halk


Volume 1

Capítulo 32: Desafie Seus Limites (2)

Enquanto sou usado como uma espécie de ponta de chicote, minha energia vai se esvaindo do meu corpo.

Não é como se eu quisesse que isso acontecesse. Nem estou usando nenhum poder no momento, creio que isso não seria possível nas minhas atuais circunstâncias, então por que me sinto tão fraco?

Independente da resposta, essa aranha me jogando de um lado para o outro está me dando nos nervos. 

Assim que ela me joga no chão mais uma vez, coloco as mãos no piso da caverna e tento me segurar nele. Desse jeito ela tenta me jogar para os lados e não consegue. 

— Rhá! Agora vai parar com a gracinha!

Puxo a ponta da teia que estava presa a minha camisa e quase a rasgo. Na verdade, até deixo alguns buracos na camisa preta, mas isso não é hora de ficar se lamentando. Quando sair daqui, visto outra igualzinha mesmo.

Me levanto e fico em posição de combate, observando a coisa de oito olhos e um corpo humano em cima de seu torso.

— Ô, coisa feia! Pode vir para cima de mim! — grito e meu eco se espalha pela caverna, deixando a criatura, atualmente pendurada no teto, sem saber de onde exatamente eu estou vindo.

— Kaike! O que está fazendo? — sussurra Thomas, chegando próximo de mim pela escuridão. Ele está escondido nas sombras projetadas por outras teias. — Vamos sair correndo daqui!

— Relaxa — falo baixinho. — Ela só consegue acompanhar as vibrações. Aranhas não são boas no quesito enxergar.

— Está bem, mas e aquela outra criatura pendurada nela?

Ele está falando do torso humano bizarro. É tão estranho olhando daqui de baixo. É como se fosse uma mulher de cabeça para baixo, morta. 

Sua boca está fechada, ela não tem olhos e tem os braços para baixo, deixando a gravidade levá-los.

— Aquilo, meu amigo, é uma bizarrice.

A aranha cai no chão em pé, bem na minha frente e dá um rugido. Sinto sua baforada na minha cara, o vento esvoaçando meus cabelos azulados.

Antes de questionar se uma aranha consegue rugir e soltar um bafo podre desse jeito, saio correndo e mando Thomas continuar escondido, sem movimentos bruscos.

Por sorte a aranha só vem me perseguindo. Fala sério, parece que estou em uma história de terror.

Vou virando aqui e ali, fugindo da coisa, e, ao mesmo tempo, lançando raios para trás. Esses relâmpagos com pouca voltagem que saem do meu corpo só são o suficiente para machucar um pouco a criatura. Até porque, quanto maior o corpo mais amperagem é necessária para matar alguém.

Imagino um plano. Se eu jogar aquela granada elétrica mais uma vez é possível dar um dano considerável a criatura, mas em compensação minha energia inteira vai embora.

Além da minha própria vida, tenho que prestar atenção no meu nível de energia. A vida de um Condutor de eletricidade é difícil…

Com uma de suas patas, que, na verdade, é um pé humano, a criatura consegue me dar uma rasteira. Caio no chão, bem em cima daquele líquido ácido, que me queima a pele.

Dou um grito de dor que ecoa por toda a caverna, deixando mais uma vez a criatura meio perdida, porém não demora nada para ela me achar.

Ela pula. Eu por pouco consigo me levantar e desviar de seu ataque. Iria ser esmagado por uma perna humana, seria a morte mais terrível que eu conseguiria imaginar.

Ainda assim, mesmo continuando a fugir, sinto a minha energia indo embora cada vez mais. Para piorar minha situação, agora de fato a minha camisa está só o trapo e a minha pele está queimada.

A sensação que tenho é como se tivessem jogado água quente em minha pele. 

Procuro por algumas lanternas, ou fontes de energia por aqui perto, porém todas as fontes de luz estão interditadas pelas camadas de teias de aranha. 

Até dreno as que estão perto de mim, mas parece que o componente dessas teias me impedem de drenar essas lâmpadas a distância. Essa é verdadeiramente uma aranha mutante.

O jeito será enfrentar os meus medos e dar um jeito nessa coisa. 

Ainda correndo, começo a concentrar a minha energia no centro da minha mão. Imediatamente a eletricidade vai virar uma espécie de matéria, uma bola de energia instável.

Viro-me e jogo a granada elétrica em direção a criatura. Acerto um de seus olhos. Ela fica incomodada e começa a balançar de um lado para o outro. E depois…

B O O M !

A granada explode bem em sua cara. Ela cai no chão, morta. Dou um salto e um viva, porém também caio no chão. Usei energia demais, estou muito fraco agora. A sensação é de como se tivesse sido atropelado por um ônibus.

— Kaike! Você está bem?

Thomas se aproxima de mim. Estou deitado no chão, respirando fundo. 

— Estou bem. Ainda tenho um pouco de energia para andar.

Ele me ajuda a levantar e nós começamos a ir em direção a saída. Antes de ir dou uma olhada no monstrengo feio e asqueroso.

É uma aranha muito feia. Agora está pior ainda. Uma parcela de sua cabeça está faltando, foi ali onde a granada grudou, levando uns dois olhos dela. O torso em cima dela continua com o aspecto morto de sempre.

Vamos desviando das teias até finalmente chegar em uma das saídas. A outra saída estava distante, muito complexo chegar até lá. Essa porta é branca e tem algumas cores que mostram que ali não é um lugar seguro. Ah, não me diga.

Thomas puxa o seu cartão de acesso e assim que abrirá a porta, ouço o barulho de algo vindo na escuridão. Thomas percebe tarde demais.

Empurro ele para o lado e uso o resto de energia em meu corpo para me manter de pé.

— Eletrizar! 

Imediatamente me sinto bem. Toda a energia vem à tona. Sinto-me mais rápido, mais forte, mais desperto. É aquela habilidade que pratiquei pulando de plataforma em plataforma.

Meus cabelos ficam arrepiados, os raios em volta do meu corpo ficam descontrolados, sempre saindo e voltando de onde vieram. Me coloco em posição de batalha e espero que a coisa venha.

Da escuridão sai aquela aranha de novo. Dessa vez ela parece mesmo irritada. Tenta me acertar diversos golpes, porém desvio de todos com velocidade. 

Dou um salto e um soco em seu rosto nojento. Ela recua um pouco, porém logo me lança uma teia que gruda em meu peito. Ela tenta novamente me jogar para os lados, mas dessa vez não deixarei.

Ela consegue me arrastar um pouco para sua direção, só que estou firmemente seguro no chão apenas com os pés. Essa daí terá que fazer mais força, porque agora estou eletrizado.

Aponto minha mão para a direção de sua cabeça e solto um raio. Dessa vez ele sai mais poderoso do que antes e faz um estrago a mais em sua cabeça já aberta. Ela dá um grito de dor terrível, porém não tenho tempo para ficar me sentindo mal.

Penso em algum plano para derrotá-la. Meus pensamentos e lembranças vem muito mais rápido quando estou desse jeito.

De repente lembro de algumas coisas que meu pai me falava sobre aranhas. Sim, quando eu era criança eu tinha medo de aranhas e meu pai falava que elas eram inofensivas e coisas assim só para me acalmar.

Finalmente uma informação útil: “Teias de aranhas são ótimas condutoras de calor! Dá para estudar isso e fazer bons cabos elétricos.”

O que fonte de calor e eletricidade tinha a ver, eu nunca descobri, e não é agora que pensarei sobre isso. Mas de fato, as teias são ótimas condutoras de calor.

Olho para uma poça daquela gosma bizarra e me aproximo dela. Dou um chute e faço o ácido respingar na aranha. Meu pé começa a arder e meu tênis vai embora. Porém, logo a dor passa. Tenho que fazer isso rápido, essa forma não dura para sempre.

Uso toda a energia em minhas mãos, acumulando em uma granada. A criatura começa a chegar perto de mim, irritada.

Mas para meu azar, a minha energia acaba instantes antes de eu conseguir finalizar a granada elétrica. Caio no chão, morto de cansaço, como se tivesse acabado de correr uma maratona sem parar por nenhum instante.



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