Trovão Infinito Brasileira

Autor(a): Halk


Volume 1

Capítulo 12: Nem Todo Dia É Dia De Felicidade (3)

Vou para cima do primeiro inimigo vestido de branco à minha frente. Ele tenta me acertar um golpe, mas consigo desviar e lhe desferir um soco no estômago. Isso o arrasta para trás, o que me dá um pouco de folga.

O problema é que isso dá espaço para os outros dois me cercarem. Consigo desviar da investida de um, porém o logo deste consegue me chutar bem nas costas.

Sou lançado para frente e caio nos braços de um deles, que me vira em direção aos outros adversários e prende meus braços, impossibilitando que eu fuja. Ele é forte, não consigo me soltar.

De repente, todos os dois que eu havia lutado estão na minha frente ,em pé e prontos para me transformar em carne moída. A tarefa vai ser fácil, afinal eu continuo preso.

Me balanço de um lado para o outro e até consigo livrar meus braços, mas o que estava me segurando dá um abraço completo no meu corpo, impedindo que eu possa escapar. 

Os outros dois da frente começam a me bater. Diversos socos no meu rosto, outros no meu estômago, sinto vontade de vomitar. Meus ossos parecem que vão se partir a qualquer momento. 

Cuspo sangue e sinto o gosto ferroso, o líquido gelatinoso queimando minha garganta até chegar no chão. Isso aqui não é apenas uma simulação normal. Estou sentindo a dor que sentiria na vida real.

Enquanto sou espancado sem conseguir fazer nada, lembro que mais adiante tem aquele registro de eletricidade, a alguns metros de distância. Isso me faz lembrar: Eu tenho poderes. E tenho de usá-los agora. 

Só que não é tão fácil me concentrar naquela sensação de eletricidade enquanto sua cabeça é socada, sendo jogada para um lado e para o outro. A cada novo golpe, fico tonto e com mais vontade de cair no chão e dormir.

 

ϟ [SAÚDE: AMARELO!*] ϟ
ϟ (!): Por favor, pise no freio e procure um curandeiro. Pode ser público. Dá tempo. ϟ

 

Um curandeiro público dentro de uma simulação? Nem se eu quisesse isso iria rolar. Vou ter que me livrar sem o uso dos poderes.

Espero uma oportunidade dos dois inimigos à minha frente acabarem vacilando. Ajo no exato momento em que pegam mais impulso para me acertar um golpe.

Antes que me acertem, dou uma cabeçada para trás, acertando aquele que me segurava, o fazendo andar para trás com a mão no nariz. No último instante eu desvio de um dos golpes do adversário a minha frente. 

Aproveito o momento e dou um soco na barriga do mais próximo. Isso faz ele se curvar de dor e ficar em uma posição quase de joelho. Sou um chute em suas costelas e ele cai de vez no chão.

O outro que sobrou vem em minha direção com agressividade. No mundo real eu daria um jeito em dois e o terceiro sairia correndo, mas parece que essa simulação só não imita a realidade nos pontos que lhe convêm.

Tento me defender de um de seus golpes, porém o seu soco é tão potente que sinto que os ossos do meu antebraço quase se partiram. Mais um soco. Dessa vez desvio para o lado e dou um chute na parte lateral de seu joelho. Ele dá um ganido de dor e cai no chão com a mão na perna.

Essa doeu até em mim. Mas não tenho tempo para ficar cantando vitória, os outros dois que eu derrubei já estão se recuperando. Corro em direção ao registro na esperança de que a missão seja concluída assim que eu a alcançar.

Enfio as mãos na caixa do registro e uso toda a minha força para abri-la. De início nada acontece, na verdade até parece que não vou conseguir. 

— Vamos! Abre… Abre!

Ouço os sons de passos se aproximando. Isso não vai ser bom, se eles chegarem vou ter de dar um jeito neles de novo e isso pode me custar alguns ossos. Não é como se eu quisesse ser um saco de pancadas mais uma vez.

De repente algo acontece comigo. Sinto uma pulsação esquisita, o meu corpo formigando e o barulho de pequenos raios viajando pela minha pele. 

Assim que um arrepio passa pelos meus braços, uma força que nunca pensei possuir me ajuda a retirar a tampa do registro com facilidade. 

Até cambaleio um pouco, não estava esperando tudo aquilo. Amassei uma porta de metal, presa com um cadeado muito grosso, apenas com minhas mãos como se essa fosse feita de papel.

Na minha mão há uma portinhola de ferro amassada e à minha frente um painel cheio de fios perigosos e alavancas vermelhas. Vou colocar minha mão aí…

Alguém me abraça por trás. Um dos inimigos de branco consegue me segurar e os outros dois já estão próximos o suficientes para golpes. Só que dessa vez sinto algo diferente, como se ainda estivesse forte.

Dou um chute no que estava se aproximando demais e ele é mandado alguns metros para trás. Não parece que o golpe fez algum dano real nele, pois logo ele se levanta e vem correndo. Só consegui atrasá-lo.

Isso vai ser mais difícil do que pensei. Cravo meus dentes no braço do que insiste em tentar continuar me segurando e imediatamente ele me solta com um grito de dor. Por sorte não sinto nenhum gosto de sangue, mas tenho certeza que na vida real eu teria arrancado uma boa porcentagem de seu braço.

Corro em direção ao registro, me sentindo mais rápido, ao menos um pouco. Quando estou prestes a enfiar minha mão naquele monte de fios, outra mão me puxa pelo ombro..

Olho brevemente para trás e vejo que dois daqueles assistentes já me alcançaram e estão tentando me impedir a todo custo de fazer o que quero fazer. Isso só me dá mais vontade de fazer!

Continuo me esforçando para ir para frente enquanto eles continuam me puxando para trás. Minha camisa vai se rasgando enquanto ponho força.

Me esforço, quase explodo de tanto esforço até que uma mão, agora na minha cabeça, puxa os meus cabelos para trás. Isso dói muito e me deixa puto de raiva! Ninguém puxa meus cabelos!

Seguro seu braço e sem pensar duas vezes enfio meu outro braço no meio daquele monte de fios. E então…

 

ϟ [SAÚDE: VERDE!*] ϟ
ϟ (!)*: Sinto muito, mas, com essa força, você não morrerá tão cedo. ϟ

 

Sinto a eletricidade passando pelo meu corpo. Meus dentes trincam, mas só por uma fração de segundos. Logo aquela sensação de bem-estar me faz ficar eufórico. Não fico relaxado, fico mais alerta, mais desperto. Eletrizado, seria a palavra certa.

Quando olho para os inimigos, vejo que estou fritando um deles, já os outros dois conseguiram manter um nível de distância. Isso não vai ficar assim. Largo o que estou segurando no chão, tendo espasmos patéticos, pouco tempo depois desaparece. 

— Menos um. Agora, toma!

Aponto minha mão em direção aos outros dois, que por sorte ainda estão bem perto, e um raio se lança sobre os dois, os fazendo torrar. 

A sensação da eletricidade passando do gerador até a minha outra mão é a mesma de quando se está tomando banho e você faz uma ponte de água com as mãos. É difícil de explicar, mas para mim isso faz sentido. 

Sinto que consigo controlar a direção do raio apenas mudando a posição da minha mão. Faço um leve movimento com os dedos e agora ao invés de dois raios, diversos outros, menores e mais finos, são enviados em uma área muito maior. 

Continuo fritando os dois canalhas artificiais até que me dê por satisfeito, que acontece exatamente no momento em que a energia do registro acaba. 

Imediatamente os raios param e os corpos dos dois inimigos desaparecem. A sensação de bem-estar, de energia, continua no meu corpo. Sinto como se tivesse dormido o melhor sono da minha vida.

Olho para os meus braços e vejo que alguns raios continuam viajando pela minha pele, sem direção, apenas indo para lá e para cá. Sinto que tenho de dispensar essa energia em algum lugar, estou cheio dela.

Uma nova mensagem aparece na minha frente:

ϟ [MISSÃO COMPLETADA] ϟ

ϟ [NOVA HABILIDADE: Drenagem Elétrica (I)] ϟ
(a): Você pode drenar a energia de pontos elétricos, recarregando a sua energia. Além de recarregar suas habilidades, o uso dessa habilidade cura seu corpo de quaisquer lesões que tenha sofrido recentemente.

(b): A recuperação não é instantânea, depende do tempo em que você se mantém conectado à eletricidade e ao tanto de carga que tem no reservatório de energia. Essa ligação pode ser interrompida.

(c): Essa habilidade pode ser aperfeiçoada, gerando novas características.

ϟ [NOVA HABILIDADE: Eletrocinese] ϟ
(a): Com essa habilidade, é capaz de canalizar eletricidade dentro e fora de seu corpo, que pode ser feito uso como uma arma.

(b): Habilidade base. Podem haver ramificações.


— Parabéns — fala a voz de Remi. — Você completou o teste. 

— É — falo bancando o desinteressado. — Modéstia a parte, eu sou foda para caralho, não acha, não?



Comentários