Volume 2
Capítulo 112: A Peça; O Líder da Revolta
Zhao Piao se encontrava em sua sala, caminhando de um lado para outro com passos apressados.
Seus passos soando pesados.
Ombros tensos, rosto em completa aflição. Mil palavras que não tinham para quem ser ditas pairavam no ar e em sua expressão.
A porta foi aberta sem um rangido, e seus olhos voaram até a figura que antes parecia tão imponente e simpática — agora era um reflexo de crueldade e frieza.
— Pai... — Zhao Piao começou, mas quando viu o olhar do General Vermelho, as palavras morreram na sua boca.
...
Qin Xa conhecia bem aquela expressão. Era a mesma expressão que todos os artistas marciais loucos por luta tinham. Mesmo que ela não houvesse interagido com muitos deles, ela nunca foi cega. E aquele modo de agir era muito comum e presente nos artistas marciais.
Sem dúvidas até ela agia daquele modo durante uma luta.
Uma frieza arrepiante e uma vontade matar silenciosa e vertiginosa. Tão medonho. Tão macabro. E tão antigo quanto o sangue.
...
— O que foi? Em breve nobres e comerciantes virão aqui em busca de conexões. É seu dever fazer negócios com eles e fortalecer nosso território, para que aumentemos ainda mais nossa força contra a Corte Real.
Zhao Piao engoliu seco. — Pai, você sabe do que está falando?! Por que você matou os membros do conselho!? Agora o reino inteiro está mergulhado no caos e tudo porque você está liderando essa revolta!
Vermelho sorriu e bateu no ombro do filho com uma mão, por um momento fazendo o corpo do rapaz curvar sob aquela força. — Não precisa ficar inseguro. Era inevitável. O conselho estava encaminhando nosso reino em direção à ruína com suas decisões estúpidas sobre aumentar impostos e fechar o reino. Você sabe disso melhor do que eu...
Qin Xa mordeu os lábios ao ver Zhao Piao suar frio, e reunir a coragem de uma vida toda para falar mais uma vez. Querer expressar em palavras o que seu corpo lutava para conseguir fazer.
Sua voz quase falhou.
Seus olhos não conseguiam focar em um único ponto.
— Não precisava ter matado eles... — suas palavras morreram mais uma vez quando a mão em seu ombro apertou. Sua expressão se distorceu em medo.
Vermelho não pesou suas palavras, nem sua indignação. — Deixe de ser imbecil Zhao Piao! Você acha que eu estou fazendo isso apenas pelo progresso do país?
Zhao Piao engoliu seco, tremendo, e criando um desgosto ainda maior em seu pai.
O que era indignação se transformou em raiva.
— Pare de tremer, seu idiota. Você é um homem ou um cachorro que fica tremendo com gritos? Parece que foi um desperdício eu ter te poupado do serviço militar!
O rosto de Zhao Piao mudou de cor, passando de pálido para vermelho. — Pai...! — sua voz ficou rouca. — Por que eu sou um desperdício, se foi você mesmo quem sempre me impediu de ser um soldado? Sempre insistindo que eu fosse comerciante?
O General Vermelho soltou um bufo, com um olhar carregado e opressor.
— Por que não me responde?! Você por acaso enlouqueceu? Qual a finalidade de criar uma revolta no reino e matar o conselho dos nobres? Em poucos dias todos os nobres irão fazer investimentos milionários, querendo toda a nossa família morta!
Zhao Piao gritou, talvez fosse esse o primeiro momento de sua vida em que sua voz subiu tanto.
O General parou, e virando a cabeça por cima do ombro fez uma pergunta: — Zhao Piao, você não concorda que é estranho que todos tenham que obedecer a família real?
"Oi!?" Qin Xa sentiu seu coração quase parando de susto, assim como todas as outras pessoas da plateia.
O espanto e horror na expressão de Zhao Piao era tão severo quanto o de milhares que estavam assistindo ele.
Até mesmo os velhos, que mantinham uma calma mórbida, ficaram tensos e sem chão para apoiar os pés.
"Quem foi o imbecil que escreveu esse roteiro?! Vivemos em uma monarquia absolutista, uma maldita ditadura, e há algum maníaco que tem a audácia de questionar o regime político?! Num mundo onde com um sopro é possível varrer essa cidade inteira do mapa?"
— O PAI QUER DESTRONAR A FAMÍLIA REAL?! — aterrorizado, Zhao Piao deu passos instáveis para trás.
— Sim. Em todos os meus anos servindo a família real, a única coisa que ganhei foram terras minúsculas, um punhado de criados e a responsabilidade de cuidar de uma região inteira! Me diga!
O General Vermelho se virou para o lado direito de Zhao Piao, olhando diretamente para a plateia.
— Eu sou um General de Guerra! Um homem que com uma lança pode acabar com um exército! Onde que eu preciso e devo fazer um trabalho tão banal como cuidar de terras?!
Zhao Piao se encontrava ainda pálido.
Seu pai estava querendo ir contra a coroa?
Queria usurpar o trono?
Donde lhe veio tanta coragem?
Como poderia, aquele homem simpático, de repente se tornar tão audacioso a esse ponto?
— Eu travei guerras por este reino e tudo o que eu ganho é desonra! Se esta é a estima que um rei tem por seu povo, então que direito ele tem de ser rei? Responda, meu filho!
As palavras do General Vermelho causaram uma onda de murmúrios na plateia. Espalhando medo, muito medo, e ainda mais medo!
Não era para sentir nada além de medo com essas declarações. Dentro do sangue de cada um havia algo dizendo para eles sentirem apenas medo!
Qin Xa, sabia que não tinha experiência nenhuma com a classe alta e a nobreza desse mundo, então não fazia ideia de como ela funcionava de fato.
Porém, ela conhecia o peso do poder. E ver o discurso desse ator, ver ele espalhar essas palavras por entre as pessoas comuns, era um crime atroz.
Se ela mesma, uma artista marcial medíocre, fraca e patética — apenas com palavras já deixava uma pobre velha procurando um deus para oferecer suas orações, o que alguém na Classe Ouro não poderia fazer?
Essas pessoas estavam por aí espalhando seu terror, caos e destruição! E isso apenas por existirem.
E quanto a uma Classe Ouro Roxo? Até as leis do mundo impediam ela de vislumbrar o que esses seres poderiam fazer. O quão aterrorizante uma criatura precisa ser, para que o mundo ponha restrições naqueles mais fracos do que ele, apenas para protegê-los?
"Ao mesmo tempo que esse discurso é praticamente um crime contra o império... ele também é irremediavelmente patético. Os nobres e o Imperador estão, sem dúvidas, em um patamar de poder que nenhuma moralidade tem significado... espera! Essa peça não se passa no império! Ela se passa em um reino! E aqui não é um reinado!"
— Pai, ainda dá tempo de desistir dessa ideia! Nós não podemos fazer uma coisa tão grave quanto uma rebelião!
Nojo transbordou da expressão do homem enquanto ele olhava para o jovem pálido e trêmulo, cujo coração sem dúvidas estava quase parando.
— Desistir? — escárnio inundou seu tom quando ele deu um soco na parede, fazendo o palco inteiro tremer. — Eu nunca mais irei desistir de nada! Eu serei o próximo rei! Eu serei aquele que terá a verdadeira honra de um herói que salvou nosso país! E eu não terei mais que viver em humilhação! Eu sou um guerreiro, não a merda de um fazendeiro que quer passar o resto dos dias pisando em lama, e vivendo com gente imunda!
Sem dúvidas havia um ódio profundo em seu âmago.
A plateia prendeu a respiração.
Qin Xa acompanhou de perto, acompanhou como que um pai, em questão de minutos, se transformou em um monstro.
— Gente imunda? — Zhao Piao indagou, com a fúria borbulhando em seu tom. Nenhuma emoção era tão intensa quanto a raiva. E em instantes a palidez do garoto perdeu sua presença. — Pai, você tem noção de que está insultando minha mãe e toda a nossa família?! Ela nasceu, viveu e morreu nessas terras! Passou anos ao seu lado! E você está dizendo que todos aqui são "gente imunda"!?
O General Vermelho só lhe lançou um sorriso de canto, enquanto sua disposição cruel por um momento oscilou. — Sua mãe?
Zhao Piao estava esperando uma explosão de raiva, uma repreensão severa. Talvez algo mais violento. Uma surra...
Mas o General Vermelho, que estava explodindo com fervor... apenas virou as costas para ir embora, mas o som dos seus passos era forte. — Faça como eu disse e se prepare para os negócios. Você é meu filho, e se eu cair nessa ação, a sua cabeça também vai rolar!
Zhao Piao apertou os punhos.
E nesse momento, o narrador começou a falar: — Como é fácil para qualquer um imaginar sua vida dando uma volta completa. Quem antes era um jovem mestre de uma mansão, com inúmeros criados e riquezas a disposição, agora não passava de um criminoso da coroa.
Sua vida deixou de ser sua e passou a estar nas mãos de quem o capturasse primeiro. Se seu pai falhasse em tomar o trono, toda a sua família seria executada, e mesmo se ele tivesse sucesso, os nobres apoiadores do rei nunca iriam aceitar de bom grado um General de Guerra no topo do reino..."
Qin Xa, ouvindo o narrador descrever o quanto Zhao Piao estava desesperado, não sabia mais o que pensar dessa peça. Era um desespero diferente do que ela costumava passar em suas lutas mais difíceis... que foram poucas.
— Sim! Mesmo que eu seja um criminoso, eu ainda posso recorrer a alguém... eu preciso obter o perdão! — exclamou Zhao Piao começando a escrever uma carta, enquanto as cortinas se fechavam.
Conforme a peça se seguiu, mostrou que o rei estava furioso com o General Vermelho, e mandou mobilizar o Exército Real para suprimir a rebelião.
Os ministros discutiam com muita atenção a forma mais barata de fazer isso, já que as finanças do reino não estavam com as pernas estáveis.
Nenhum dos nobres ou ministros queriam desperdiçar mais do que tinham para suprimir essa rebelião, mas eles também não podiam manerar na força usada para deter os rebeldes.
O dilema deles eram como fazer o necessário, gastando a menor quantidade possível. Mesmo que isso significasse fazer um trabalho meia boca.
...
"Esse é seu problema em servir como um provedor eterno de matéria prima. De onde vem a sua soberania como país se você nem mesmo produz o alimento que seu povo come? A economia desse lugar é horrível porque não produz quase nada além da alimentação básica, e o que produz não é rentável o suficiente. A ideia de fechar o país e se forçar a se desenvolver é uma solução... não é das melhores, mas é uma solução."
Era muito melhor se eles forçassem os outros reinos a ensinarem suas tecnologias para seus cidadãos, investir na formação de novos profissionais e melhorar suas próprias fábricas aos trancos e barrancos.
Qin Xa parou de pensar nisso ao soltar um bufo. "Nem ferrando que eu vou me focar na trama política dessa peça ou desse mundo... que seus reinos e impérios colapsem... assim a peça fica mais interessante."
...
O rei, que parecia extremamente zangado, em poucos minutos de discussão foi convencido pelo seu pessoal de que, se o General Vermelho não acatasse as ordens para suprimir a rebelião, ele seria caçado e teria toda a sua família executada.
Mas se ele fizesse o que foi mandado, seria poupado da execução e poderia aumentar suas riquezas, já que os motivos dele ter matado os membros do conselho foi para ajudar o país. Uma ou duas transgressões poderiam ser perdoadas se fosse em prol do reino...
Eles estavam do mesmo lado não era? Deveriam então lutar como amigos, não inimigos.
Em visão de um lucro que nem existia, o rei preferiu recuar na supressão do líder de uma rebelião que buscava sua cabeça.
Qin Xa zombou. "O soberano é um covarde ganancioso e facilmente manipulado... O General Vermelho querer a cabeça dele é totalmente justificado nesse mundo. Nenhum país deveria conceder perdão a um criminoso e ainda deixar ele no poder, isso só estará levando ele a ruína..."
Cortando a cena para a mansão da família Lin, o General Branco recebeu as ordens reais para tentar negociar com o General Vermelho.
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