Transcendendo a Existência Brasileira

Volume 1

Capítulo 04: Expulsa e Enxotada

Nesse momento Liu Qin Xa estava no escritório de seu pai, o chefe da família Liu. E ela estava muito irritada, e com uma ótima razão. 

— Como você fez isso? — Liu Di Wu, indagou com uma voz rouca. 

— Fiz o quê, exatamente? — ela perguntou de volta, como se não soubesse o conteúdo da conversa. Ela estava realmente muito irritada.

— Não se faça de idiota para perder o meu tempo. Eu estou lhe perguntando, como você alcançou a segunda camada do Reino Da Fundação, em apenas um único dia?

O pai de Liu Qin Xa falou em um tom repreensivo enquanto olhava para ela com olhos acusadores.

— Eu fiz isso igual todo mundo, cultivando. — Liu Qin Xa estava irritada não porque estava sendo interrogada, mas sim porque seu pai nem sequer a parabenizou por ter feito um avanço significativo no cultivo. 

Pelo tom que seu pai falava, parecia que ele estava a acusando de um crime gravíssimo.

— Não diga besteiras! — seus olhos ficaram frios ao fitarem ela. — Não tem como alguém ultrapassar uma camada de cultivo em um período tão curto de um dia, e ainda por cima sendo que cultivava pela primeira vez. Agora responda, que tipo de tesouro você usou para fazer isso?

Liu Qin Xa ficou estarrecida, além de não darem a ela os créditos merecidos, ainda acusaram de fraude, quase um roubo confirmado.

No escritório havia 4 pessoas, o pai de Liu Qin Xa, Liu Di Wo, o primeiro Ancião da família, Dan Tai e o ancião da regulação da família, Sei Dong. E ela, afinal.

— Então você não vai confessar seu crime, não é?

O ancião Sei Dong falou acusadoramente.

Foi então que nesse momento, o pai de Liu Qin Xa estendeu a mão por cima da mesa e do nada um tipo de pedra marrom quebrada apareceu. 

— Isso foi roubado a alguns dias do salão do tesouro da família, e hoje foi encontrado no seu pátio.

Ele apontou para a coisa. Enquanto olhava para ela.

— Se você admitir que roubou os tesouros do salão, eu farei com que sua punição seja amenizada, pelo menos um pouco, já que você é minha filha.

— Eu nunca vi essa coisa antes.

Liu Qin Xa falou depois de uma olhada superficial na pedra.

Para começar ela mesma ficou atordoada quando disseram-na que ela tinha atingido a segunda camada do Reino Da Fundação.

Então por volta de meia hora após dizerem a ela seu feito, os guardas vieram com a ordem do chefe da família para levarem ela para o escritório, e agora essa é a sua situação.

Mesmo com o conhecimento que Liu Qin Xa adquiriu, ela realmente não sabia o que era essa pedra. Ela nunca a viu antes, isso era certeza.

— Porque você não facilita para si mesma e admite seu erro? — vendo que ela permaneceu completamente silenciosa e fingindo que ele não estava falando com ela, ele completou: — Tudo bem, essa é a sua escolha, que você sofra as consequências de seus atos.

 O pai de Liu Qin Xa como se não quisesse continuar mais com a conversa levantou-se de sua cadeira e se dirigiu em frente a ela e disse:

 — Por roubar sua própria família por motivos egoístas, eu como chefe da família Liu, renego de você a posição de quinta filha da família Liu e te expulso da cidade Pássaro Azul. Se você usar cruzar os portões para entrar nessa cidade no futuro você será capturada e executada sem piedade. 

Liu Di Wu deu seu decreto sem nem mesmo considerar as palavras de Liu Qin Xa.

Liu Qin Xa tinha sentimentos complexos nesse momento. Ela não odiava família Liu, mas, dizer que ela gostava era mentira. Entretanto, ela passou mais de 10 anos nesse lugar e tinha um certo apego a ele, pequeno, mas tinha.

— Escotem-na para os portões da cidade imediatamente!

O pai de Liu Qin Xa berrou para os guardas que ficava o dia todo do lado de fora do escritório. Eles então vieram e a levaram para fora da mansão segurando-a pelos braços, em um aperto frouxo demais.

Liu Qin Xa não disse uma palavra em sua defesa, e muito menos mudou de expressão enquanto estava sendo arrastada. Mas no fundo dos seus olhos uma chama de decepção brilhava fracamente.

No caminho para fora da cidade.

— Ei, o que está havendo? Porque a quinta filha da família Liu está sendo escoltada?

— Ela foi renegada da família e expulsa da cidade por roubar um dos tesouros da família.

— Sério? Que vergonha!

— Não dá para acreditar nisso. Ela é tão jovem e já está trilhando um caminho desses.

— É o que se espera de alguém que não se conforma com um talento tão baixo como o dela.

— Mesmo sendo filha do chefe da família ela não está isenta de ter uma índole tão maligna. Que desprezível roubar a própria família!

...

Alguém na rua se perguntou, e alguém na rua respondeu, então as pessoas se perguntaram e mais pessoas responderam. Em poucos minutos esse era o mais novo assunto da cidade Pássaro Azul. 

E como Liu Qin Xa estava andando para fora da cidade pela estrada principal, logo, ela ouviu os murmúrios e viu os olhares desdenhosos. Ela se sentiu constrangida e envergonhada com isso, sua maior vontade agora era sair correndo e se esconder.  

Mas onde ela encontraria forças para fazer uma coisa dessas naquela situação? Dois homens grandes e fortes estavam olhando para ela friamente por trás, ela só podia andar e ouvir os insultos.

"Eu não roubei nada, então por que isso está acontecendo comigo?! Esse não era a porcaria do acordo, maldita deusa de merda!"

Liu Qin Xa chingou internamente. Ela estava começando a ficar furiosa, frustrada e o pensamento de 11 anos atrás, quando ela ainda estava em sua outra vida, passou pela sua mente novamente, encurralando sua mente para que essa fosse sua única opção.

Mas então, nesse momento, do fundo de sua memória vieram palavras que pareciam que foram ditas exatamente para quando essa situação acontecesse.

— ... Só você pode fazer com que sua vida seja a melhor possível... A única coisa que garantirá isso é você mesmo.

Essas palavras surgiram na cabeça de Liu Qin Xa, então ela subitamente parou de andar. Por alguns segundos a mente dela girou, pensou, pensou, e lembrou, então calculou, assimilou e chegou a uma conclusão!

Era a única coisa que ela conseguiu pensar nessa história. 

As pessoas ao redor ficaram curiosas com a súbita parada de Liu Qin Xa. Então quando os guardas estavam prestes a mandar ela se apressar e continuar andando.

Liu Qin Xa começou a rir.

— Hahahaha, então é isso! Eu fui realmente uma estúpida por ter esquecido algo tão óbvio mesmo estando nessa porcaria de mundo violento e abominável!

Liu Qin Xa estava se referindo a um acontecimento extremamente comum em romances de cultivo. Pelo menos os que ela leu.

A porcaria da traição.

Primeiramente, não tem nem em sonho como ela, da forma como está agora, conseguir invadir e roubar o tesouro da família. Aquele lugar é cheio de guardas e todos eles são cultivadores pelo menos na 4° camada do Reino da Fundação. 

Liu Qin Xa é simplesmente fraca demais para invadir um lugar assim, não importa de que perspectiva se olhe.

E as pessoas que a acusaram deviam saber disso tão bem quanto ela, se não ainda mais.

Mas eles nem pareciam estar considerando todo o cenário da coisa, e apenas a acusaram de roubo, não lhe dando chances de se defender. Afinal de contas se eles duvidassem dela, sua decisão de expulsar ela da família não teria sido tão decisiva.

Ela novamente começou a andar em direção a saída da cidade.

"Eles nem sequer pensaram no que estavam fazendo. Mesmo que eu realmente tivesse roubado, o máximo de punição que receberia seria alguns meses de detenção. Me expulsar da cidade e deserdar da família Liu é um exagero sem precedentes para um delito tão pequeno."

Mesmo nas piores famílias desse mundo, a pior punição por roubar é cortar um ou dois dedos, no máximo a mão toda.

"É certo que alguém da família Liu está usando energia mental para manipular os pensamentos do chefe da família e os anciãos nesse caso. Mas porque me expulsar da cidade e não me eliminar de vez? Isso seria dez vezes mais fácil do que ter que roubar o tesouro da família e plantar aquela pedra no meu pátio enquanto eu estava cultivando. E depois ainda ter o trabalho de ir tirar ela antes que eu recobrasse a consciência. Eu tenho certeza que não havia pedra nenhuma quando acordei..."

Liu Qin Xa não tinha a resposta para suas próprias dúvidas e se perguntava quem era a entidade por trás de tudo isso. A razão para ela acreditar na existência de uma entidade que manipulava seu pai e os anciãos era que... toda essa situação era muito burra e apressada demais.

Num dia ela começa a cultivar, no outro ela é acusada de um crime, e minutos depois, seu pai lhe pune pesadamente demais para um crime tão pequeno como o roubo de uma simples pedra. Que até agora ela nem sabia a história por trás. 

Ela não conhecia os membros da família Liu bem o suficiente para saber se algum deles era especialista em energia mental, o que agora parecia ter sido um erro da parte dela não interagir proativamente com eles. 

E a energia mental era misteriosa o suficiente para que fosse muito difícil encontrar formas de se defender, então não era difícil imaginar que toda essa situação era manipulada. E era uma manipulação bem mixuruca. 

A saída da cidade, ou entrada, já estava a vista e ela ainda não conseguiu pensar em ninguém que usasse energia mental. 

Mas com toda a certeza dela ela sabia que essa situação não era normal. Alguém queria ela fora da família e isso era um fato para ela, mas, pensando por outra perspectiva, o que ela tinha a perder com isso tudo mesmo? Ela já tinha planos de ir embora, essa pessoa só apressou um pouco as coisas. 

...

Depois de sairem uns 500 metros para fora da cidade, os guardas que a estavam a escoltando pararam de andar, e ficaram vendo ela ir embora. Um deles moveu os lábios para dizer alguma coisa, mas no fim, ele permaneceu em silêncio. 

Essa jovem senhorita sempre foi solitária e silenciosa em seu modo de agir, então ele tinha uma boa impressão dela. Pelo menos comparada com a de seus irmãos mais velhos que eram arrogantes e irritadiços por conta do seu talento.

Mas o que ele iria dizer? Qualquer coisa que ele dissesse poderia cair nos ouvidos de Liu Di Wu, e esse guarda ainda precisava manter seu emprego. Simplesmente não compensava sentir simpatia por essa criança. 

Ele assistiu silenciosamente Liu Qin Xa sair trotando pela longa e vazia estrada de terra, enquanto sua figura pequenina e solitária era banhada pela luz do sol que acabou de nascer.

...

— Então é isso que quer dizer ir embora com uma mão na frente e outra atrás.

Depois de andar mais uns 6 quilômetros esse pensamento passou pela cabeça de Liu Qin Xa, e escapuliu da sua boca.

As únicas coisas de pertences que ela tinha eram suas roupas e um prendedor de cabelo. Isso era praticamente a mesma coisa de não ter nada, então o pensamento não estava errado.

"Ir a outra cidade vai ser difícil e vai demorar muito, a vida é realmente injusta, miserável, desprezível, egoísta, maldosa e impiedosa."

Se a vida fosse uma criatura consciente se sentiria muito ofendida. Não é culpa da vida que a vida das pessoas é ruim, isso é culpa das próprias pessoas.

Apesar desse mundo ter uma população ridiculamente grande, não existiam vilas ou povoados. Apenas cidades e só. E a distância entre cada uma delas era algo bastante considerável. 

A razão para isso é a segurança que as cidades fornecem contra as Bestas, que atacam pessoas e comem elas quando estão com fome. E quando não estão com fome, elas atacam, matam e comem para se fortalecerem.

As Bestas são diferentes dos animais em um nível fundamental.

Bestas são capazes de reunir o Qi dentro de seus corpos e evoluir conforme vão se fortalecendo. Mas nesse processo em quanto mais elas se fortalecem, mais ferozes e sanguinárias se tornam.

Dentro dos conhecimentos de Liu Qin Xa ela sabia que a maior conquista de uma Besta era o intelecto desenvolvido, porque depois de desenvolver seu intelecto as Bestas não era diferente dos humanos ou de outras raças como os Demônios, Sereias, ou Gigantes. 

Enquanto os animais não são capazes de reunir Qi. Mas em comparação com as Bestas, os animais não representam nem 1% da sua população total. Então as cidades normalmente eram a única, maior e mais importante estrutura que as pessoas normais poderiam usar para se protegerem da natureza selvagem.

Liu Qin Xa continuou andando alegremente na direção em que acreditava ser a cidade mais próxima, até que ela escutou um barulho de vôo. O ar estava sendo rasgado, mostrando que a velocidade de vôo daquele ser ultrapassava a velocidade do som, ou chegava perto disso. Não fazia diferença. 

— Incrível! Então humanos podem voar!

Um homem passou voando por cima de onde ela estava a uma velocidade bem alta, deixando aos olhos dela nada mais que um borrão no céu. 

Kap

Mas então um o som ensurdecedor de um trovão suou e um relâmpago atingiu o homem em pleno vôo. Qin Xa que estava sorrindo quase engasgou. 

"Esse mundo é realmente violento demais, nem voar em paz as pessoas podem mais!" ela pensou isso, antes de ficar apavorada.