Volume 1
Capítulo 03: Cultivo
O tempo passou rapidamente e em um piscar de olhos, mais sete anos se passaram e agora Liu Qin Xa estava com 11 anos de idade.
Um dia, quando ela estava quietamente na biblioteca lendo sobre as inacreditáveis criaturas desse mundo, um dos servos do seu pai chamou ela para o salão de reuniões da família Liu.
O pai de Liu Qin Xa lhe disse que já estava na hora dela começar a cultivar, e lhe deu uma técnica de cultivo de baixa classe para que ela começasse a reunir o Qi em seu corpo para refiná-lo, e um livro com uma arte marcial que seria a base para a sua força.
Liu Qin Xa estudou bastante desde que aprendeu a ler, e ela aprendeu coisas o suficiente para que as pessoas ao seu redor começassem a pensar que ela era um gênio nos estudos teóricos.
No quesito conhecimento ela já era o número 1 entre os cinco filhos mais velhos da família Liu. Algo que se fosse em sua vida anterior, teria lhe rendido prêmios e uma fama incalculável. Afinal de contas, que tipo de criança de 11 anos já havia lido mais de 3000 livros?
Mas mesmo que isso fosse impressionante, essas pessoas não deram grande importância a isso, afinal nesse mundo a força reina suprema acima de qualquer teoria.
Mesmo se você tiver um grande conhecimento, sem a força para salvar a própria vida em um momento de desastre, de nada lhe adiantará. E esses desastres normalmente eram outros seres humanos que queriam sua cabeça.
...
Nesses últimos 7 anos Liu Qin Xa descobriu que não era bom se crianças abaixo de 12 anos começassem a cultivar, porque nem o corpo nem a mente estavam prontos para lidar com a energia natural mais poderosa e importante do mundo, o Qi.
Cultivadores reúnem e refinam o Qi dentro de seus corpos, com isso eles podem utilizar técnicas sobrenaturais chamadas de Artes Marciais.
As artes marciais variam grandemente em seus usos. E eles são tão diversos que são praticamente infinitos. Algumas focam em aprimoramento físico, dando a quem cultiva a força para agarrar os céus e estraçalhar montanhas.
Enquanto outras se destacam em aspectos mentais, fazendo com que pessoas assumam formas assombrosas capazes de se tornarem intangíveis e indetectáveis.
E também haviam aquelas que se tornavam inigualáveis ao manipular os elementos da natureza. Com um balançar de mãos uma tempestade de raios varreria os céus, e com um chute era possível criar ravinas sobrenaturais na terra. Esses eram os tipos mais comuns e abrangentes de artes marciais.
Mas todas elas tinham algo em comum, nenhuma era perfeita e todos tinha algum risco ao serem praticadas.
As técnicas eram divididas em 3 níveis: Mortal, Espiritual e Divino.
Cada nível tinha 6 classificações que seriam: Inferior, Baixo, Médio, Superior, Alto e Completo.
A arte marcial que Liu Qin Xa recebeu de seu pai era uma mortal de nível baixo, algo apropriado para uma iniciante no cultivo como ela. Mas era completamente inapropriado para uma princesinha de uma família rica, algo que ela também era.
Era algo que todos os discípulos dos anciãos recebiam, assim como os discípulos da família, os guardas e mais um monte de gente.
Até mesmo seu quarto irmão, que era desprezado por não ter muito talento, recebeu uma arte marcial mortal de nível médio. Só com isso era possível ver a estima que seu próprio pai tinha nela.
— Obrigada, senhor. Prometo dar o meu melhor para me tornar um artista marcial que não envergonhará a nossa família. — Liu Qin Xa falou respeitosamente com seu pai, enquanto juntava as mãos em uma reverência e era assistida pelos anciãos da família.
O nome dele era Liu Di Wo, o chefe da família Liu.
Liu Qin Xa foi ensinada a não chamá-lo de pai em público, apenas quando estivesse em família. Mas seu pai quase nunca estava em casa, então às vezes que ela se encontrou sozinha com ele podiam ser contadas nas mãos.
O pai de Liu Qin Xa passava a maior parte do tempo na sede da seita como um dos anciões, e quando estava em casa ficava em seu escritório ou em cultivo isolado a maior parte do tempo.
Mesmo quando estava em família quase toda a sua atenção era direcionada para os três primeiros filhos, o quarto filho recebia muito pouca atenção e Liu Qin Xa praticamente não interagia com seu pai.
Ela começou a se perguntar seriamente se seu pai realmente sabia que ela existia, porque mesmo quando ela estava na frente dele, ele praticamente a ignorava.
— Muito bem. Você receberá uma nova técnica de cultivo e arte marcial quando atingir a 6° camada do Reino da Fundação. Mas lembre-se, se tornar um artista marcial não é o único caminho que existe nesse vasto mundo.
Liu Di Wo respondeu a Qin Xa como se falasse com qualquer outro discípulo da família, como se não se importasse que ela era a sua filha. Seu tom de voz era monótono e até mesmo um pouco de insatisfação era evidente.
— Obrigado pelo conselho, chefe da família Liu. — Liu Qin Xa o saudou, agradeceu e saiu do salão.
Ela então se dirigiu para um pátio velho cheio de mato. Esse era o pátio dela, a quinta filha da família Liu.
Ela tinha visto o pátio de seus irmãos algumas vezes, e eles eram todos limpos e bem cuidados e até mesmo eram maiores, principalmente os dos primeiros três filhos.
Até mesmo o do quarto filho era bem mais cuidado e maior que o dela. Mas o dela era isso, todo mal cuidado e abandonado. Ela algumas vezes se perguntou: — Por que eu mesmo não limpo isso, ao invés de ficar chocada com a frieza com o tratamento que recebo?
Mas quando ela pensou no trabalho que era capinar tantos metros quadrados de grama, toda a sua insatisfação foi embora como se nunca tivesse existido.
Alguém da família precisava se sacrificar e receber a insatisfação, e ela estava mais do que disposta a continuar sendo a jovem senhorita que passa o dia comendo, lendo e dormindo. Havia vida melhor e mais sedentária?
Quando Liu Qin Xa chegou ao pátio ela tinha dois objetos em mãos. Um era o livro contendo a arte marcial Passos da Borboleta Pequena.
Liu Qin Xa levou uns 10 minutos para ler o livro e compreendê-lo. O que foi uma experiência muito estranha, porque o que ela precisava aprender não era o que estava escrito, mas sim a intenção por trás do que estava gravado na escrita.
Para você praticar uma arte marcial, você precisava de uma certa quantidade de energia ou seja, Qi.
Mesmo se você praticar uma arte marcial, sem que a energia tenha atingido os requisitos necessários ela não terá o desempenho que teria se a energia fosse o suficiente, e ainda seria perigoso com risco de aleijar o seu cultivo ou pior.
Mas para você refinar o Qi teria que ter uma certa quantidade de resistência física, o que você iria conseguir se praticasse uma arte marcial.
Se você acumular Qi demais para sua resistência, correria o risco de ter um desvio de Qi, que era muito mais perigoso do que aleijar o seu cultivo.
Então quando você inicia no cultivo, você deve tomar muito cuidado para não perder o equilíbrio entre o Qi e o físico.
"Bem, eu posso pular a parte de tomar cuidado com o equilíbrio e ir direto para a condensação de Qi." Liu Qin Xa pensou em coisas que as outras pessoas achariam um absurdo se ouvissem e chamariam ela de idiota.
Mas Liu Qin Xa tem um ponto para ter essa ideia tão imprudente.
De volta para a sala escura com a deusa, ela escolheu muito poucas coisas. Mas uma delas foi um físico melhor que todos os outros. Então ela sabia que seu corpo naturalmente podia suportar uma certa quantidade de Qi.
Na verdade o corpo de Liu Qin Xa era estupidamente forte, ao ponto de poder rivalizar com qualquer cultivador da 1° camada do Reino da Fundação, que tinham uma força de no mínimo 90 quilos.
Então ela pulou a parte de manter o equilíbrio e com a técnica de cultivo, escrita e um pergaminho, ela começou a ler a forma de cultivá-la.
Depois de ler, Liu Qin Xa começou a cultivar de acordo com o que o pergaminho dizia.
Primeiro ela sentou na clássica posição de lótus. Não era necessário fazer isso, bastava estar em uma posição onde seu corpo e mente estivessem relaxados.
Mas esse era um mundo que possuía uma cultura muito semelhante a da China retratada em romances de época, não fazia o menor sentido ela não se sentar em posição de lótus. Que tipo de absurdo era cultivar sem estar nessa lendária pose?
Então ela ajustou sua respiração uniformemente e começou a meditar.
Enquanto meditava ela começou a circular a técnica de cultivo como dizia a mesma, respirando profundamente. Ela levou mais ou menos uma hora para que entrasse em um estado completamente desligado com o mundo exterior.
Nesse estado ela não percebeu que alguém se aproximou furtivamente dela e pôs algo ao seu lado.
Encarando a criança que respirava uniformemente e tinha um leve sorriso no rosto, aquela pessoa cortou o próprio dedo e deixou uma gota de sangue cair no objeto que estava ao lado da criança de cabelos verdes.
Depois disso ela virou as costas, pulou o muro do pátio e desapareceu das vistas.
Esse foi o ato que serviu de catalisador para eventos imensuráveis e incompreensíveis.
...
Depois de se desligar do mundo, Liu Qin Xa começou a sentir o Qi dos arredores. O que não se demorou para acontecer, foi como se seus sentidos tivessem se expandido e de repente um monte de pequenas bolhas de energia surgissem ao redor dela.
Agora que ela sentia o Qi presente na atmosfera, ela precisava reuní-lo dentro de seu corpo para que formasse seu Mar de Qi. O que também não foi nada difícil, com um pensamento dela, aquela energia começou a entrar e sair dos seus meridianos e poros. Era até divertido fazer isso.
Enquanto reunia o Qi dos arredores, Liu Qin Xa sentia cada vez mais uma sensação prazerosa que fazia com que ela quisesse reunir cada vez mais Qi.
Não era um prazer luxurioso, era mais como comer chocolate escondido da mãe toda vez que ela não estava olhando, era incrível a sua maneira.
Liu Qin Xa não conseguia resistir ao prazer e continuou a reunir cada vez mais Qi. Depois de reunir uma quantidade enorme de Qi, a sensação começou a diminuir, até que Liu Qin Xa não sentia mais a sensação prazerosa de reunir aquela energia.
Como Liu Qin Xa achava que já tinha reunido Qi o suficiente, ela começou a refinar e condençar o que estava dentro dela.
Refinar o Qi servia para que você estabelecesse sua base de cultivo. E isso era extremamente importante, afinal um cultivador não é nada se não puder armazenar o Qi.
Liu Qin Xa não havia percebido ainda, mas o seu jeito de cultivar era completamente superficial. Ela nem mesmo prestou atenção a como era a sensação que o Qi passou, como era circular ele por seus meridianos, ou como era construir seu Mar de Qi.
O Mar de Qi era um local onde o cultivador reunia todo o seu Qi, e Qin Xa escolheu deixar o dela acima do umbigo.
Ela não deu atenção as mudanças que estavam ocorrendo pelo seu corpo, nem focou em perceber as influências sutis e quase imperceptíveis que ocorriam por todo o seu ser.
E no futuro por um longo tempo as coisas continuariam assim, completamente superficiais para ela.
Depois que ela estabeleceu sua base — construiu seu Mar de Qi — ela parou de meditar, e assim ela abriu os olhos e ficou surpreendida com o que viu.
Quando Liu Qin Xa chegou ao pátio era por volta de 8:00 da manhã. Mas agora, quando ela abriu os olhos, já estava amanhecendo!
Ela então se levantou e inspecionou seu corpo.
A cada movimento que fazia, ela sentia uma inacreditável força em seus músculos. Ela agora também podia sentir, um tipo de aura emanando do seu corpo a cada vez que respirava. Era como se... ela estivesse respirando a essência do mundo.
Ela agora se sentia poderosa, tão poderosa que seu sangue se agitou e uma vontade estranha de socar a cara de alguém se espalhou por seu corpo! Mas ela respirou fundo e seus sentidos alertaram ela de algo urgente.
Liu Qin Xa que agora tinha uma espécie de sexto sentido, sentiu algo extremamente urgente vindo de seu estômago e bexiga! Ela conseguiu sentir que um desastre horrendo e horroroso iria ocorrer em seu vestido nos próximos minutos!
Então ela serrou os dentes, e com passos leves e curtos, usou toda a sua concentração para impedir que as comportas dos céus se abrissem um desastre acontecesse.
Enquanto se dirigia para o banheiro.
"Passei mais de 24 horas sem usar o banheiro. Os resultados foram piores do que eu havia imaginado..." Ela pensou consigo mesma enquanto suspirava.
Saindo do banheiro, completamente aliviada e sentindo pena da empregada que iria limpar aquilo, ela parou para pensar e percebeu que mesmo passando um dia sem comer nada, ela não estava sentindo fome.
"Parece que quanto mais você cultiva menos humano você se torna. Sente cada vez menos fome, sede, sono e até mesmo oxigênio se torna cada vez menos necessário."
Liu Qin Xa estava imersa em pensamentos enquanto se dirigia de volta para seu pátio.
Quando ela prestou atenção aos arredores, viu que as pessoas olhavam para ela e sussurravam umas para as outras, ela foi até essas pessoas e perguntou:
— Qual o problema? — seu tom não continha autoridade ou submissão, era apenas uma criança falando com um adulto.
— Parabéns, jovem mestra Liu Qin Xa! — as pessoas falavam, enchendo ela de elogios.
— Obrigado?
— Nossa jovem senhorita é realmente um gênio!
— Mas é claro que eu sou, você esperava o quê de mim?
— Os céus escolheram seu protegido! Jovem senhorita, aceite este presente desse ancião. Parabéns!
"Parabéns pelo quê, seu bando de amaldiçoados?! Eu estou bem na sua frente, pare de manter o suspense e me diga o que eu fiz de tão bom!"
Ela não conseguia entender essas pessoas.
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