Volume 2
Capítulo 5: Uma Medida Desesperada
Kaito e Vlad trocaram olhares. A expressão de Vlad erá de excstasy, sem qualquer descrição de sua parte. Ele lentamente cerrou seus olhos carmesins e curvou levemente a cabeça, então se lavantou.
Ele estalo os dedos e a cadeira feita de ossos desapareceu. A sala de pedra mais uma vez estava vazia.
Olhando para Kaito da cabeça aos pés, sua expressão mudou para um sorriso perverso.
— Entendo, que esplêndido! Então devo entender que você finalmente resolveu se juntar ao lado daqueles que tomam dos outros?
— Não, nem um pouco — Kaito respondeu com indiferença. Vlad ficou surpreso.
Alguns segundos ded silêncio se passaram.
O rosto de Vlad tornava explícito o quão fora de suas espectativas aquilo estava. Kaito, por outro lado, recebeu sua resposta com frieza. Vlad cruzou seus braços e falou em tom de desagrado.
— Você já deu o primeiro passo. Parabéns, você deixou de ser um resto. O Kaiser o reconhece como um candidato para formar um contrato. Eu posso ter dito ser um teste, mas hávia uma probabilidade considerável de simplesmente ser devorado. No fim das contas, ele é uma besta capaz de testar mil homens e resolver devorar todos. Com deleite, você conseguiu atingir minhas expectativas e chamar sua atenção. Ainda sim...
— Pois é, eu mais ou menos sabia. Seria mais que uma surpresa você colocar um contrato seguro na minha frente.
— Ainda sim, por mais que queria formar o contrato, diz não ter intenções ir para o lado daqueles que tomam dos outros. Oque exatamente está pensando? Se seu desejo for fraco, isso eventualmente vai lhe consumir. Se não possui a capacidade de vestir o manto de tirano como se fosse nascido para tal, as chances de conseguir fechar o contrato são baixos.
— É, não tenho nem duvidas disso, mas mesmo depois de fechar um contrato com um demônio, eu não planejo torturar pessoas. Isso é algo de que não vou abrir mão.
Kaito obstinadamente balançou sua cabeça. Fazer isso o faria mergulhar no mesmo nível de seu pai, cujo abusou por toda sua vida. Ele não tinha intenção de ser o mesmo que a aranha que devorou Neue. Houve um tempo em que quis levar adiante sua vingança, mesmo que fosse necessário se juntar àqueles que atormentam os outros, mas agora que o fantasma de seu pai não mais lhe assombrava, está escolha já não era mais viável para ele. Kaito não tinha planos de perdoar aqueles que massacravam os outros, mesmo que essa pessoa fosse ele mesmo.
Vlad franziu o cenho ao ouvir estas palavras.
— Demônios buscam a dor dos homens para transforma-la em poder. Como você pretendo lutar com o Réi sem a vontade de tomar dos outros? Se tudo que fizer for firmar o contrato, você ainda será um peso morto. Você está me dizendo que é possível enfrentar os demônios sem sujar suas próprias mãos?
— Exatamente. Eu tenho um plano sabe... Quer ouvir?
Então Kaito começou a contar para Vlad o método que inventou.
Vlad escutou silenciosamente a explicação de Kaito e eventualmente torceu os lábios de empolgação e olhou incrédulo para o teto. Um brilho ambivalente brilhou em seus olhos, um o qual sugeria tanto seu descontentamento quanto seu facínio.
Depois de terminar sua explicação, Kaito perguntou para Vlad sobre a viabilidade de seu plano.
— É possível, mas é um plano desprovido de qualquer sanidade desde o momento que nasceu. Eu nunca esperei você ser tão criativo e revolucionariamente tolo. Que tolice. Que homem tolo você é. Tiro meu chapéu para você.
Vlad esfregava seu queixo enquanto observava Kaito com seus olhos carmesins.
— Posso perguntar uma coisa?
— Pergunte.
— Por que ir tão longe?
Era uma pergunta clara e sensata. Kaito desviou o olhar um momento.
Vlad levantou seu dedo indicador e elaborou melhor suas dúvidas.
— Se você quissese fugir, o faria, carregando vastas riquezas consigo e com uma boneca para servi-lo como sua guarda-costas e companheira. A vida de um homem é curta e você poderia viver uma bem abastada e tranquila. De certo modo, Elisabeth está colhendo aquilo que plantou. Depois de se tornar a Princesa da Tortura e lutar contra os demônios, ser perseguida pela humanidade era um caminho óbvio para ela. Como você vem de outro mundo, aquilo feito pelos demônios não deveria lhe dizer respeito. Porque, então, iria tão longe?
— Porque ela é minha heroina.
Kaito falou com franqueza. Vlad provavelmente não entendeu as nuances da palavra "heroina", mesmo assim, não buscou explicações.
Até mesmo porque o rosto de Kaito estava repleto de uma sincera admiração.
Ao mesmo tempo, hávia um fato o qual Kaito tomou ciência. Elisabeth salvou ele por conta de um mero capricho. Mero egoismo. Em algum momento, prestando atenção no qual irracional aquilo era, houve um tempo em que Kaito queria morrer novamente. Como resultado, ele disse a ela que caso se sentisse em perigo, iria correr para a Igreja e que não tinha intenção de acompanho em seu caminho até o inferno, mas mesmo assim.
Quem diria que ele iria passar a acreditar em heróis logo em um mundo desprovido deles...
Quem diria que ele iria pensar que Deus poderia existir em um mundo desprovido de Deuses...
Elisabeth foi a responsável por um milagre absurdo.
— Pelo bem dela, estou disposto a encontrar um destino pior que a morte.
Esse era o tanto que ele valorizava Elisabeth por ter dado a ele, alguém que antes nunca hávia sentido nada além de dor e medo, uma nova vida.
— Pelo meu bem, Elisabeth Le Fanu deve viver. Está foi minha decisão.
Por toda a vida sangrenta de Elisabeth Le Fanu, ela foi acompanhada por um único servo tolo.
Kaito hávia decidido viver uma vida que resultasse na história indo por esse caminho e não pretendia voltar atrás de sua palavra.
— Não vou me arrepender, não importa o quanto queira, não irei tolarar nenhum arrependimento.
— Para destruir a sí mesmo por admiração, para entrar fundo na trevas sem esperança e para escolher a dor para poder lutar... Quanta teimosia.
Vlad suspirou fundo. Ele balançou sua cabeça, como se lamentasse e cobriu seu rosto. Seus olhos brilhavam por entre as fresta de seus dedos e ao longo de seus rosto estava um sorriso grande o bastante para partir seus lábios.
— De fato, meu tipo favorito de arrogância.
Vlad bateu palmas com força.
Um vento com o cheiro da besta assoviou alto a seu redor. Milhares de gritos ferozes foram ouvidos. Eles ecoavam em vários tons, ao ponto de parecer uma orquestra.
Pétalas índigas e trevas se agitavam entre as mãos de Vlad. Suas mãos começaram a se abrir, espalhando uma grande quantidade de sangue pelo chão. Kaito tentou definir a natureza do fluido. Não era sangue de verdade. Era o próprio mana de Vlad fluindo para fora de sua pedra e rastejando pelos seus pés como uma criatura viva, formando um intrincado circulo de invocação.
— Muito bem, meu caro sucessor! Esta sua trágica decisão! Esta sua trágica determinação! Este seu julgamento louco! Mostre-me o quão longe isso pode te levar! Meu corpo já está morto! Vamos apostar quanto irá abdicar de seus ideais ou quando irá falhar e se tornar meu verdadeiro sucessor! Meu Deus, isso será muito divertido, não importa como os dados caiam! Seu sangue carmesin mudou de cor em um instante e se tornou índigo incandescente. Os glifos no circulo de invocação se fundiram e os ponteiros longos e curtos de um relógio surgiram no centro do círculo e foram entalhados no chão, embora estivessem prestes a se sobreporem.
— A magia negra é acompanhada pela dor e o poder dos demônios demando isso. Mostre-me as profundesas de sua determinação!
Kaito levantou sua mão ensanguentada.
Quando o fez, a cena anterior correu como um raio por sua mente.
Hina sorriu enquanto chorava e envolvia a ferida dele com suas mãos.
Kaito cerrou seu punho, abriu novamente e comentou.
— Desculpe, Hina.
Ele então a colocou sobre a de Vlad.
Sua mão esquerda derrpente foi arrancada de seu pulso.
Grande quantidade de sangue jorraram da ferida. Vlad riu em ecstasy e Kaito gritou do fundo de seus pulmões.
O sangue, cujo foi lançando sobre o círculo mágico, carregou de energia os glifos. Os dois ponteiros do relógio se juntaram. Os uivos bestiais ficaram cada vez mais alto.
O som de uma porta sendo aberto foi ouvido de algum lugar.
A porta da cela de algo que não pertencia ao mundo dos homens foi aberta. Um incomparável cão de caça, digno de todos os elogios dos montros de todo mundo, fez o trajeto que já havia feito antes.
O som dos indomáveis passos ecoaram nos ouvidos de Kaito e seu respirar húmido foi sentido em seu nariz.
Vlad libertou a mão de Kaito e desapareceu dentro da mandíbula da besta. Os pelos do cão de primeira classe brilhavam elegantemente quanto lançou seu corpo no ar.
Um rugido, semelhante a uma risada humana, ecoou.
Uma voz humana podia ser ouvida junto dele.
— Vlaaaaddd!
O rugido do Kaiser ecoou pela sala.
Sem um mínimo de hesitação, o cão abriu suas presas para Vlad, com seus olhos e boca queimando com o fogo do inferno. Suas garras impiedosamente arranham seu corpo, mas Vlad se manteve imóvel, calmamente tremendo seus ombros.
"Sinto muito, mas não possuo mais uma forma física. Prezado Kaiser, certamente sabe que estes corpo não passa de um fantasma, certo? Quando penso assim, talvez, estar morto não seja tão ruim no final das contas."
"Pare de mecher seus lábios, seu pedaça de carne insolente que morreu longe de meu alcance. Sua morte patética sujou meu nome e meu orgulho como um cão de caça. Você pensa que estar perdoado, Vlad? Você pensa que isso é algo que eu posso perdoar? Eu escutei seu discurso quando se negou a se fundir comigo e eu aprovei. Eu não queria me misturar com uma forma de vida inferior como você, entretanto, seu mago arrogante, se envergonhe por me mostrar um fim tão ridículo como aquele!"
"Oque está feito, está feito, meu amigo. Teria a graça de me passar este sermão para meu antigo 'eu'? Por mais que eu possa arrumar uma desculpa, eu estarei condenado enquanto me ter como responsável."
— ...Vlad...?
— O que é, meu caro sucessor?
— ... Então o Kaiser pode falar?
Kaito conseguiu fazer uma pergunta, mesmo com seu desconforto. No passado, Kaito no máximo podia entender um rugido que mais parecia um riso. Ele não tinha idéia do fato dos demônios poderem falar com as pessoas, mas, quuando escutava mais de perto, o som não parecia mudar com a distância.
As palavras do Kaiser só existiam dentro da mante de Kaito.
— Aaa, ele pode. Para ser mais preciso, deveria dizer que ele possui a capacidade de mandar palavras diretamente para a mente do contratante. Além dele, o Réi, o Vice-Réi, o Príncipe e o Monarca, também podem usar a linguagem humana, embora o monarca seja um tanto suspeito quanto a isso.
— Isso é surpreendente... Demônios e pessoas tem padrões de pensamentos parecidos?
— Não é isso... Antes de serem invocados, eles existem em uma dimensão mais elevada. Eles não possuem pensamentos humanos, nem fala ou sentidos. Quando os demônios de maior hierarquia se materializam, eles refletem seu invocador e se rebaixam a um ponto onde são capazes de entender um ao outro. Se não o fizessem, nós humanos não seriamos nem mesmo capazes de compreender sua existência.
— ... Então eles usam seus invocadores como pontos de referência para se reestruturarem?
— De fato. Um vez, como fui eu quem invocou o Kaiser, fui capaz de influênciar uma grande parte dele. Bem, isso explica o orgulho dele, enretanto, alguns dos outros invocadores, dos quais com poder para rivalizar com Deus, poderiam sem dúvidas forçar todas as criaturas de nosso mundo a entender-los sem precisarem se rebaixar e já viriam munidos de um grande intelecto e vocabulário... Mas levaria mais uns dois mil anos antes que alguém capaz de invoca-los... Oh, melhor tomar cuidado.
Enquato Vlad falava, o Kaiser tentou novamente morde-lo. Sua forma fantasmagórica ondulou por um momento, mas rápidamente retornou ao normal. Vlad deu de ombros, ainda sim, os ataques não cessaram.
— Parecia que o Kaiser estava em uma violenta tempestade de ráiva.
— Você teria a gentileza de adiarmos isso? Mesmo que minha morte tenha posto em dúvida sua força, isso não tem muito pouco haver comigo agora... Oh, temo que com isso tenha apenas colocado lenha na fogueira, estou certo?
As prezas do Kaiser atravessaram Vlad de novo e de novo. Kaito pensou sobre quando eles foram derrotados.
O Kaiser era forte o bastante para subjulgar Hina e Elisabeth, mas devido a morte de de contratante, ele perdou a âncora que o mantinha neste mundo e desapareceu. Vlad disse uma vez, "Ele tem seu orgulho como um cão de primeira classe a ser levado em conta". A morte dele sem dúvidas foi um escárnio contra a imagem do Kaiser.
— Imperdoável! Imperdoável!!! Mas que criatura mediocre você é! Jamais terá meu perdão, Vlad!
O Kaiser despejava ódio, mas depois de constatar que sua capacidade linguística era sólida, a tensão de Kaito desapareceu. Mesmo que o Kaiser fosse um demônio, ele pelomenos era capaz de comunicar suas intenções.
Como se lesse sua mente, o Kaiser ergueu sua cabeça e olhou para Kaito. Seu olhar, de uma criatura que estava em um nivel diferente dos outros horrendos e retorcidos demônios, perfurou seu peito.
Assaltado por uma forte aura de morte, Kaito revirou seu estômago.
O Kaiser apertou os olhos e falou baixo.
— Ah, se não é aquele que deixei segurar meu rabo. Você tem um corpo falso, então seu sangue é o mesmo daquela bruxa e seu coração é de uma pessoa? Sua alma é desprezível e ainda sim consegue ser interessante. Muito Interessante. Sua forma é deformada. Muito bem, você vai servir. Sim, você vai me servir muito bem.
— Não é mesmo, Kaiser? Eu achei que ele fosse lhe interessar, dado seu gosto repulsivo.
Vlad falou com excitação, práticamente cantando. Ele caminhou pelo lado do grande cão preto e colocou sua mão sobre o ombro de Kaito, graciosamente apresentando ele e incitando o Kaiser.
— Devemos dar inicio ao teste cerimonial?
O cão negro não deu resposta, apenas olhou com a cabeça erguida para Kaito, com seus movimentos com tanta eficiência que beiravam a elegância.
"... Que?"
As presas do Kaiser cortaram sem misericórdio Kaito.
— // — // —
"Isso machuca... Isso machuca muito!"
A dor era a única coisa ocupando os pensamentos de Kaito. Os dentes do cão háviam mordido a metade de baixo de seu corpo.
Vlad estava em pé logo acima, dizendo algo em um tom de espanto.
— Ora, mas que infortúnio. Ele falhou em atender suas espectativas? Ainda sim, fazer isso derrepente foi um pouco rude... Ai, ai, eu não esperava ele morrer de tal jeito antes mesmo de começar. Que decepção.
Kaito tremia e convulsionava aos pés de Vlad. Toda vez que fazia, sangue e fluidos jorravam de suas entranhas retorcidas e manchavam o chão. Normalmente, perder tanto sangue seria suficiente para fazer sua alma desaparecer, entretanto, possivelmente por causa dele estar no meio da invocação do Kaiser, a alma dele, estando sendo usada como intermediária, ficou presa em seu pelo.
Aterrorizado por estar preso entre a vida e a morte, Kaito tentou gritar, mas o ar já estava escaço demais em seus pulmões.
— Bem, eu suponho que não tenha oque ser feito. Esta, também, é uma forma válida para este espetáculo terminar. Apostas podem ser vencidas, mas trágicamente elas também podem ser perdidas. É assim que as coisas são.
Com movimentos afeiçoados, Vlad deu de ombros. Seu corpo estava começando a se transformar em penas negras e flores índigas da cabeça aos pés. Parecia estar desistindo do plano de usar o mana de Kaito para permancer no mundo. Seu julgamento foi irônico como sempre. Vlad desapareceu antes mesmo que Kaito tivesse tempo de pedir para ficar.
O cão negro também deu as costas e começou a voltar pelo caminho de onde veio. A energia perversa que mantinha a alma de Kaito no lugar sumiu conforme a pelagem desaparecia.
A alma de Kaito começou a deixar o seu corpo junto com seu sangue.
No momento seguinte, invez de ver uma luz no fim do túnel, Kaito foi invadido por uma intença visão do futuro.
"Hina provávelmente vai encontrar meu corpo depois disso."
Dado a situação de Elisabeth, seria impossível para ela invocar a alma de Kaito novamente. Hina iria se desculpar para Kaito por faze-lo esperar um pouco, ajudaria Elisabeth a lutar contra o Marquês e o Supremo Marquês e seria destruida. A princesa da Tortura também teria toda a dor que o mundo tem a oferecer, concedida a ela pelo Réi, até ser brutalmente assassinada.
Ela teria uma morte solitária.
A única coisa que continuaria seria o mundo dos homens. Todos estariam seguros em nome de seu Deus.
"Isso é terrível. Não posso deixar acontecer."
Kaito não queria morrer daquela forma miserável, não sendo capaz de dar nada em troca para aquelas duas.
Inundado pelo desespero e por suas próprias lamentações, Kaito desmaiou em agônia.
Quando isso acontecu, o sangue em seu corpo começou a liberar um estranho calor. Seu corpo inteiro começou a esquentar, como se estivesse se transformando em chamas. Era como se um tipo mágica tivesse sido ativada por conta própria.
Enquanto ela assolado por aquela sensação, sua visão ficou escura.
Nas profundezas da escuridão, tudo que ele sentia era o aquela desagradável dor vinda do calor em seu corpo.
Quando voltou a sí, ele se encontrava sobre um tatami húmido.
"... Co... Como?"
Moscas sumbiam em seus ouvidos.
Ele chegou seus arredores. Um bulbo florescente estava balançando no teto. A janela quebrada estava coberta com fita e seus dentes arrancados rolaram por baixo da mesa de chá.
Então Kaito olhou para seu corpo. A camisa presa em seu torso esquelético estava endurecida de suor e vômito. Seu braço direito estava coberto de lacerações e seu esquerdo, imóvel, coberto em manchas vermelhas escuras. Seu tornozelo estava torcido em um ângulo incomum. A dór que sentia em seu estômago era provavelmente de um orgão rompido.
"Esta é... A sala onde eu estava no japão quando morri... Espere, oque foi que eu fiz?"
Kaito coçou sua cabeça. Quando hávia sido invadido pelo desespero e arrependimento, seu sangue ficou tão quente que parecia estar queimando, então, chegou a conclusão de ter incoscientemente ativada alguma mágica.
"Não me diga que voltei no tempo?"
Está era a hipotese de Kaito, uma tendo observado seus arredores e sentindo uma dor familiar correndo por seu corpo. Talvez almas não tenham o conceito de tempo. Apenas corpos, vivos de fato, eram presos a isso. Talvez, sua alma, a beira de desaparecer do corpo de golem feito por Elisabeth, tenha queimado o restante de mana em seu sangue e retornado no tempo.
Embora seu raciocínio estivese prejudicado pela dor e má nutrição, esta era a conclusão alcançada por Kaito.
— Se for o caso... Não tenho tempo a perder.
Ele tentou fazer seu corpo se mover. Não tinha um único cabela nelo que não estivesse machucado. Seu corpo era praticamente pele e osso. Apenas respirar era o suficiente para lhe encher de dor. Ele, também, não consegui parar de convulsionar, provavelmente como resultado da desidratação, mas nada disso importava.
Sua prioridade era correr de voltar o mais rápido possível para o outro mundo.
"Eu vou salva-las. Desta vez, vou fazer questão de fazer tudo que conseguir."
Arrastando sua perna quebrada, ele se arrastou para frente. Diante dele estava um cinzeiro cheio de bitucas de cigarro, o mesmo que hávia sido usado para socar seu rosto alguns dias antes.
Ao pega-lo, atirou-o contra a janela o mais forte que era capaz. O vidro quebrado fez um som alto.
Até mesmo este mínimo esforço fez seu corpo cambalear, tendo problemas para se manter de pé. O que hávia dentro dele era perto de zero. Lágrimas correram de seus olhos com as desagradáveis convulsões que assolavam seu estômago vazio. Mesmo com isso, ele engatinho para frente, empurrado apenas pela força de vontade.
Seu pai logo voltaria para casa e quando caisse a noite, ele seria estrângulado até a morte, mas ele não tinha tempo para isso. Ele precisava ser o mais rápido possível.
— Eu tenho pressa. Eu tenho muita pressa.
Com seus dedos trêmulos, Kaito segurou um caco de vidro, cortando sua mão, embora já não conseguisse sentir a dor.
O imagem de Hina e Elisabeth sendo brutalmente assassinada era muito mais terrível. Mais que qualquer outra coisa, ele queria desperdiçar o menor tempo possível naquele lugar tão distante delas.
"Mesmo não conseguindo fazer nada, eu ainda quero estar a seu lado."
Elisabeth era a pessoa de sua admiração. Hina era a mulher que ele amava.
E ele só as encontrou depois de ter morrido.
Este mundo não tinha uma única pessoa com a qual ele chamaria o nome com afeição.
Então ele ouviu a porta de casa de abrir. Aquele homem hávia retornado mais cedo que o esperado, provavelmente pelo fato de Kaito ter quebrado a vidraça. Seu pai corria violentamente pelo corredor. Ele abriu a porta corrediça e estava prestes a gritar algo com raiva, quando, dada o quão incomum era a cena diante dele, demonstrou uma expressão de espanto.
— Kaito, seu pedaço de merda, o que está fazendo?
— Fugindo pro inferno.
Após sua resposta simbôlicamente certa, Kaito pressionou o vidro contra seu pescoço.
Entre uma respiração e outro, ele cortou sua artéria. Sangue jorrou e até mesmo o teto foi tingido de vermelho.
Conforme o calor foi gradualmente deixando seu corpo, um calafrio correu por ele, bem diferente da sensação de perder sangue que sentio antes e uma a qual o preencheu com um sentimento de perda. Kaito finalmente se deu conta de uma possibilidade.
"Espere, tudo que aconteceu até agora... não terá sido só um sonho?"
Naquele momento, seu pensamentos congelaram.
A única vida de Kaito Sena hávia chegado ao fim.
Normalmente, alguém com uma morte tão sentido como uma minhôca e de forma cruel, ridícula e grotesca, não deveria ter uma segunda chance na vida. Seria ridículo alguém ser capaz de ir para um mundo de sua escolha após sua morte.
Em resumo, a conclusão era simples. Não existiam milagres.
E essa era a mais pura verdade.
— // — // —
Quando voltou a sí, Kaito se encontrou flutuando nas trevas.
Ele não tinha um corpo. Tudo que existia era sua consicência. De fato, não podia nem mesmo dizer se existia ou não.
Eles dizem: Penso, logo existo.
Em um spaço vazio sem a sensação do tato, visão e audição, é difícil dizer se a presença da consciência por sí só é o suficiente para provar a existência de alguém. Não hávia ninguém para observa-lo. Ninguém estava lá para toca-lo ou defini-lo. Não existia nada capaz de confirmar suas próprios sensações.
Este fato por sí só era extremamente cruel.
"Por quanto tempo vou ficar aqui?"
Kaito pensou consigo mesmo. Até a passagem do tempo era ambígua. Ele era incapaz de suprimir a própria curiosidade do porque sua consciência se mantinha, embora seu cérebro já não estava mais presente. Tudo que estava fazendo era existir.
"Eu acho que este deve ser o pós-vida."
Kaito era familiarizado com o conceito de céu e inferno. Sua conclusão era que tanto ele quanto Elisabeth iriam para o segundo, entretanto, nunca esperou sua verdadeira natureza ser deste jeito.
O fato da humanidade ainda ter de obter informação a respeito do pós-vida ainda era óbvio.
A pior parte de estar na trevas era sua incapacidade de se apegar a memórias.
Em um lugar como aquele, onde tudo era vazio, a única coisa em que ele era capaz de confiar era na próprio consciência e nas memórias, mas Kaito já não tinha mais fé nestas.
"As memórias do tempo que passei com Elisabeth e as outras pessoas daquele mundo foram mesmo reais?"
Ou tudo não panssou de uma alucinação do própio Kaito para escapar da dor?
Naquele ponto, não hávia mais nada que pudesse usar para ter certeza. Eles poderiam não ter sido nada além de um sonho incrívelmente realista. Dado o fato dele estar preso no pós-vida, esta possbilidade parecia provável.
Kaito nadou em suas alucinações até ter perdido a linha que as separava da realidade e dai se matou.
Se fosse este o caso, então a vida de Kaito Sena estava realmente sem salvação.
Talvez não existisse tristeza maior.
Eventualmente, até mesmo o tempo em que sentiu a desesperança desapareceria.
Cercado pela escuridão, exentendida até o infinito, Kaito mergulhou mais e mais profundo para dentro de sí. Procurando por salvação, ele ruminou suas memórias, as observou e então, a beira da loucura, chegou a uma certa condição mental.
Ele estava incrivelmente furioso.
"Espere um pouco. Quero dizer, hipoteticamente, mesmo se aquele mundo era falso..."
Realmente significa que ele não teve um sentido?
Por todos os 17 anos de vida de Kaito Sena, as únicas memórias tidas por ele como preciosas, eram daquele mundo.
Naquele lugar, mesmo podendo ter sido só sua imaginação, as experiências acumuladas por ele trouxeram uma inegável mudança para dentro de sí.
Uma delas foi sua capacidade de reunir ráiva, mesmo a beira da irracionalidade.
"Eu estou realmente bem em ficar aqui remoendo meus arrependimetos? Minha vida inteira foi sem sentido até o fim? Antes disso, foi tudo revertido para mesmo para a estaca zero?"
Entre as trevas, Kaito violentamente forçou os neurônios de seu cérebro inexistente. Sua recordações daquele mundo foram sacudidas. Terríveis memórias que continham uma pequena colher de brilho. Elas incentivaram o espírito de Kaito. Ele de forma alguma poderia pensar que aquelas memórias foram sem sentido.
"Esta situação não está tentanto duro demais fazer com que eu acredite que tudo não passou de um sonho, uma alucinação que nunca aconteceu?"
De fato, este pensamento fazia bastante sentido. Kaito começou a se dar conta das incongruências dos recentes acontecimentos e todos eles sussuravam sem seus ouvidos que suas memórias eram falsas e de que ele deveria se entregar ao desespero.
"É isso. Eu acho que alguém está tentanto me fazer sentir arrependido."
Eles queriam faze-lo desperdiçar seu tempo chorando. Eles queriam feze-lo desperdiçar o resto de seus dias em desespero, mas Kaito não iria aceitar isso.
No começo estava definitivamente desesperado.
Kaito desperdiçou alguams horas, alguns anos, talvez até mesmo um século dentro de sua mente a beira da loucura, entretanto, pouco a pouco, ele retomou sua compostura.
Mesmo que aquele mundo que aquele mundo nunca tenha existido...
— Não importa que tipo de pessoa se torne, você sempre será meu mestre, meu amado, meu prometido e meu eterno companheiro. Eu sempre serei sua.
— Seu tolo... Se grande imbecil... Você teve o privilégio de receber uma segunda chance... Só pare com isso. Vai... Ficar tudo bem. Você já fez o bastante.
As memórias feitas por ele tinham sua beleza e as coisas que experimentou háviam sido reais.
Mesmo que fossem falsas, o fato de alguém ter se importado com ele ainda era real.
Em um mundo desprovido de heróis e deuses, existia uma mulher a qual ele podia confiar e isso era a mais pura realidade.
"Se esse for o caso, então não tenho motivos para me lamentar, certo? Dependendo da situação, se alguém realmente planejou tudo isso, não irei perder meu tempo sentindo pena de mim mesmo."
De dentro das trevas Kaito juntou as incongruências de novo e de novo.
Aquele lugar era desnecessáriamente terrível. Era como se fosse a personificação da situação que Kaito mais temia: Morrer de maneira cruel e nunca ter ido ao outro mundo. A escuridão hávia silenciosamente imposto angústia sobre ele e tentou tornar suas memórias sem sentido repetidas vezes.
Alguma coisa sobre aquilo era estranho, sendo assim, ele precisava confirmar, mesmo não possuindo pés, corpo ou alma.
"Ainda que não tenha sido uma trama de alguém."
Enquanto não desistisse, ele poderia eventualmente descobrir a verdade.
Todo aquele raciocínio era absurdo. Não hávia nenhum base lógica, mas, mesmo sabendo disso, esta era a conclusão que Kaito chegou.
"Eu não ligo se for mentira. Esta é minha conclusão. Eu continuarei tentando encontrar a fonte destas incongruências. Enquanto eu tiver minhas memórias, nunca irei desistir e nunca irei me perder."
Sua boca não deveria existir, ainda sim, sua voz foi a mesma, além do mais, agora ele claramente sentia outra entidade. Como seu uma névoa tivesse se dissipado, Kaito retomou sua percepção.
Hávia alguma coisa diante dele.
Kaito a encarou e falou oque vinha a mente.
— Ei, já terminou? Mesmo se seguir com isso, nada vai mudar. Não importa quanto tempo passe eu sempre saberei que estou sendo testado.
Derrepente, Kaito sentiu uma dor correr por seu corpo. A sensação nostálgica traçou seu contorno, o criou e o delimitou.
Quando se deu conta, ele se encontrava impalada por várias presas de cachorro. Correntes se extendiam delas, fixando seu corpo no lugar. Ele estava içado no ar, preso por inúmeras correntes.
Se desse um único passo, não háva dúvida de que seu corpo seria rasgado e seu sangue se espalharia livremente.
Um garoto estava a sua frente.
O garoto de cabelos ruivos olhou para Kaito. Seu olhar parecia perguntar se ele estava bem com aquilo, do mesmo modo o reprovando por saber de seu erro.
Por um segundo, Kaito foi atacado por um sensação de vertígem.
Aquele garoto realmente existiu? Ele realmente desejou a felicidade de Kaito?
Até mesmo agora estava incerto, embora estivesse olhando para ele e sorrindo.
— Tudo bem, Neue. Só estou protegendo as coisas que escolhi proteger.
Kaito sacudiu seu corpo. As correntes chacualharam e o sangue escorreu. As presas se afundaram nele, cortando sua carne. Seus braços se dilaceraram enquanto extendia sua mão e suas pernas foram rasgadas quando começou a andar.
Quando o fez, ele fez uma promessa com um voz brilhante e animada.
— Vou fazer questão de proteger a promessa que eu fiz a você também.
Enquanto seu corpo de despedaçava, Kaito extendeu suas mãos para a esperança;
Então, nas profundesas das trevas, ele segurou o rabo do cachorro negro.
— // — // —
— Muito bem! Muito bem! Eu pegou um gosto por você! Sua devoção cega a esperança e a loucura! Sua incomum familiaridade com dar! Um mármore de vidro, joga e horrivelmente torcido, ainda sim se mantém claro o tempo todo! Muito bem! Você tem a capacidade de me entreter, de entreter o Kaiser!
Chamas índigas ganharam vida. O cão negro chutou o chão de pedra com suas patas majestosas. Toda fez que ele saltava, o cheiro de bestas selvagens se espalhava pela sala e o piso tremia. Os olhos de Vlad piscavam e ele ria enquanto sua capa e cabelos eram sacudidos pelo vento.
Antes que se desse conta, Kaito estava de volta a sala do corredor subterrâneo. Sua mão esquerda hávia desaparecido e ele estava coberto de sangue, ainda sim, deu um olhar determinado para o Kaiser.
O circulo de invocação brilhava sobre o chão, em uma cor azul-índigo. Pétalas índigas e penas negras dançaram vigorosamente pelo ar, como se destribuissem bençãos. Entre os rugídos de incontáveis bestar, o Kaiser fez sua declaração.
— De hoje em diante, você será meu mestre! Kaito Sena! Aquele que é a acumulação de 17 anos de dor!
Então tudo ficou quieto.
Com um sopro, tudo foi varrido da sala. O Kaiser, Vlad e as penas e pétalas dançantes, todos desapareceram.
Tudo que restou foi Kaito.
Nada a respeito da sala hávia mudado desde quando entrou. Ele observou suas paredes de pedra incrédulo.
Era como se tudo tivesse sido um sonho ruim.
"Mas não era um sonho."
Kaito lentamente levantou o braço esquerdo. No lugar de sua mão decepada surgiu uma pata negra.
Ele abriu um sorriso discreto, então fechou os olhos e inspecionou o mana em seu corpo.
O poder de um demônio fluia dentro de seu coração, entretanto, não parecia ser capaz de usa-lo ainda. O acumulado de dor experenciado por toda sua vida era longe de ser o suficiente.
"O que fazer agora?"
Kaito começou a analisar o plano que propôs a Vlad. Justamente quando terminou seu raciocínio a porta tremeu. Alguém gritava seu nome.
Derrepente a lâmina de uma alabarda atravessou as tábuas espeças. A porta quebrou, lançando pedaços para todo lado.
Hina estava do outro lado, provavelmente por ter escutado Kaito gritas ou os rugidos do Kaiser. Ela gritou com uma voz tensa.
— Mestre Kaito, Você está...?
— Hina.
Quando ela escutou seu nome, seus olhos se abriram e ela perdeu a voz. Ela olhou para ele. Depois de ver seu pulso esquerdo, fez uma expressão de susto, como se soubesse oque aquilo significava.
Kaito sorriu de volta para ela.
"Era deste rosto que estava com saudade."
Ele sentiu muita falta dela. Com toda a confiança e afeto de que tinha, Kaito olhou para Hina como se estivesse vendo ela em sua mente, então abriu sua boca.
— Se você ainda me ama, então, por favor, lute a meu lado.
— Você disse que não importava oque acontecesse, iria ficar na frente de todos os meus inimigos. Você disse que se fosse para dizer algo de você, que fosse para me proteger ou lutar a meu lado... Se não se importa em me acompanhar, se não se importa de receber minha confiança, então irei fazer de tudo para corresponder seus sentimentos... E se você pensa que não sou mais merecedor de seu amor depois de ter mudado, então que seja. Ainda que esse seja o caso, tem uma coisa que eu quero que se lembre. Eu te amo, Hina... Ah, entendi. É isso que é amar.
Dai ele olhou para seu olhar esmeranda e fez uma pergunta a mulher a qual lhe prometeu amor, a pessoa para quem pediu que lutasse a seu lado, sua eterna companheira, a qual assentiu em concordância.
— Hina, você pode morrer por mim?
Hina olhou em seus olhos. Seu rosto estava pálido.
Um sorriso caloroso se abriu em sua face. Estava cheia de um deleite no qual não hávia um pingo de falsidade;
— Sim, estou agradecida.
Hina respondeu e se ajoelhou para ele.
Kaito simplesmente acenou em resposta.
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