Tokyo Ravens Japonesa

Tradução: Nie

Revisão: Math


Volume 5

Story 3: A Cauda do Dever

Tsuchimikado Harutora gostava de animais.

Ele gostava de cachorros, de gatos, de coelhos e hamsters. Basicamente, ele gostava de qualquer animal desde que tivesse pelos macios.

No entanto, ele estava atualmente estudando na Academia Onmyou de Tóquio e morava no dormitório. O dormitório proibia animais de estimação. Nem ele, nem seus amigos tinham animais de estimação. Em outras palavras, não havia animais atualmente em torno dele para que ele pudesse os acariciar livremente.

Mas...

Quer fosse boa ou má sorte, a criança Shikigami sob a guarda de Harutora tinha um par de orelhas fofas e uma cauda fofa.

 

 

Durante a hora do almoço, Harutora sentou-se sem expressão na cadeira da sala de aula do prédio da Academia Onmyou, uma instalação de preparação de Onmyouji.

Ele já havia almoçado no refeitório da Academia e, como não tinha nada para fazer, havia voltado para a sala de aula e estava se distanciando antes das aulas da tarde.

Mas...

“...”

“...!”

“...”

“... Ah!”

Havia um objeto peludo deitado na mesa de Harutora. Aquela coisa fofa parecia um lençol de pele de animal. Harutora olhou para o céu, sem prestar muita atenção na coisa sobre a mesa, mas sua mão inconscientemente começou a brincar com ela.

Toda vez que a mão dele esfregava aquela coisa, um suspiro infantil vinha de algum lugar. Não, não era apenas uma voz. Toda vez que a mão dele se movia, a coisa tremia como se estivesse coçando – ou como se estivesse segurando algo.

A mão de Harutora esfregava...

“... Nn...”

A mão de Harutora agarrava...

“... Uh...!”

As pontas dos dedos de Harutora varria levemente

“... Ah...”

“Harutora!”

Um grito repentino e furioso fez Harutora gritar em surpresa, e ele pulou de seu assento.

Ele se virou para olhar. Ali estava sua colega de classe e amiga de infância, assim como sua mestre, Tsuchimikado Natsume. Sua cabeça de cabelos negros estava amarrada com uma fita, e ela parecia uma jovem bonita e andrógina – mas na verdade, ela era uma garota obedecendo à ‘tradição familiar’ e posando como um homem.

Por alguma razão, o corpo de Natsume tremia de raiva, e ela olhava para Harutora com os olhos apertados. Atrás dela estava seu amigo Ato Touji. Suas mãos estavam presas nos bolsos, observando Harutora com um sorriso alegre.

Harutora franziu a testa e olhou de volta para os dois.

“O... O que foi isso, Natsume? E Touji também. Por que você gritou repentinamente...?”

“Cale-se, Bakatora. Exatamente por quanto tempo você está pensando em segurar isso!?”

Natsume interrompeu a pergunta de Harutora, apontando para a coisa em suas mãos e gritando tão alto que a saliva voava.

“Uwah!” O coração de Harutora saltou e ele moveu o olhar para as mãos, soltando a coisa com pressa.

Ele tinha acabado de tocar continua e inconscientemente em uma cauda.

Em algum momento, a dona da cauda havia liberado sua invisibilidade, e ela se ajoelhou na mesa de Harutora. Ela era uma garota cuja idade parecia ser, no máximo, a de uma aluna do ensino fundamental. Ela usava um suikan e hakama, com cabelos bem penteados, muito parecida com uma boneca japonesa. Mas os olhos dela eram de um azul brilhante, uma cauda em forma de folha saía de trás das costas e um par de orelhas pontudas brotava de sua cabeça.

Ela era a Shikigami de Harutora, Kon.

“... Ahem.” Com grandes movimentos, Kon gentilmente balançou a cauda que Harutora soltara e tossiu levemente, virando o corpo para encarar Harutora e os outros, mantendo a postura ajoelhada e sentando-se na mesa.

“Oops... Eu estava tocando sua cauda novamente? Desculpe.”

“... Vo... Você não precisa se desculpar...”

Encarando Harutora, que tentava encobrir as coisas com uma risada, Kon respondeu que não se importava. Em seu rosto infantil, uma leve coloração vermelha surgira em suas bochechas.

Por outro lado, Natsume ficara arrogante, olhando com raiva para o par.

“Não pense que você pode deixar as coisas assim. Kon até estava chorando, por que você não percebeu mais cedo?”

“Isso foi porque... eu estava divagando...”

“Sério...” Natsume murmurou, seu tom cheio de suspeita. Parecia que ela não confiava na desculpa que Harutora encontrara.

“Harutora, parece que recentemente você está sempre inconscientemente tocando a cauda da Kon... Poderia ser de propósito...?”

“De... De jeito algum! Mas eu não acariciei nenhum animal há tempos, então ocasionalmente eu quero acariciar um...”

Harutora coçou a cabeça embaraçosamente, mas isso fez Natsume parecer desdenhosa.

 

 

“Isso é ridículo... Ouça, Harutora. Na Academia Onmyou, há poucos primeiro anistas que possuem Shikigami defensivo. Em outras palavras, você e Kon são centros das atenções aqui. Para não envergonhar o nome da família Tsuchimikado, você tem que tratar seu Shikigami de uma maneira prudente, entendeu?”

“Oh...”

Harutora assentiu, mas sua atitude não parecia muito confiável. Natsume franziu as sobrancelhas com raiva novamente.

“... E Kon, você também. Eu te avisei muitas vezes, não faça esse tipo de ação vulgar. É verdade que você é uma Shikigami, mas você ainda é uma garota... Você tem que ser prudente em suas palavras e boas maneiras.” Natsume não se esqueceu de advertir Kon também.

“... Perdoe minha petulância...” No entanto, ao contrário de seu mestre, esta Shikigami parecia ouvir, respondendo de uma maneira calma. “Desde que o mestre deseje, o Shikigami deve fazer o máximo possível para atender ao pedido.”

“Ha... Harutora não mencionou esse tipo de pedido.”

“Meu mestre não precisa se dar ao trabalho de falar. Uma vez que minha cauda esteja ao seu lado, Harutora-sama sempre irá acariciá-la vigorosamente.” Depois de dizer isso, Kon virou a cabeça, acenando com a cauda provocativamente. A cauda se enrolou ao redor de seu corpo, cobrindo sua boca. Então, ela olhou para Natsume daquele jeito, com a cauda cobrindo a boca.

“É muita sorte que Harutora-sama goste da minha cauda... Eu não sou alguém sem-vergonha, mas estou disposta a aceitar o amor de Harutora-sama se isso preencher o vazio em seu coração...”

“O que você disse...!”

Kon enrolou a cauda, fingindo que não tinha visto Natsume tremendo de raiva. Ela sempre falava gaguejando na frente de Harutora, mas uma vez que encontrasse outra pessoa além de Harutora, sua atitude imediatamente se tornaria desdenhosa. O tom com o qual ela falou e o olhar que ela direiconou para Natsume emitia um elevado sentimento de superioridade.

Natsume rangeu os dentes ferozmente, olhando furiosamente para Kon. Touji, que estava assistindo a discussão, não fez nenhuma tentativa de esconder o sorriso irônico em seu rosto.

“De todo modo, você deve ser um pouco cuidadoso. Não brinque com uma garotinha em público ou você pode ser tomado por um criminoso. No entanto, esse tipo de ação é um crime em primeiro lugar.”

“Touji! Cuide da fechar a sua boca!”

“É como Harutora-sama disse. Como uma Shikigami, não há necessidade de me preocupar com um toque inescrupuloso...”

“Kon! A maneira como você fala sobre isso faz parecer cada vez pior!” Harutora gritou apressadamente.

“No... No entanto...” Kon conseguiu responder. “Ha... Ha... Harutora-sama, perdoe minha petulância, mas você não deseja acariciar animais?”

“Is... Isso é verdade...”

“Nes... Nesse caso, embora eu não possa ajudar muito, realmente me entristece vê-lo tão preocupado com os outros...”

“Uh, sério? Mas...”

“Se detesta o jeito de olhar dos outros, pode apreciar minha cauda quando estiver sozinho e sem ser observado em seu quarto...”

“Kon!”

Harutora e Natsume gritaram em uníssono, e Touji, impotente, encolheu os ombros.

 

 

Este incidente aconteceu depois das aulas do dia seguinte.

“Aquele idiota... Bakatora!”

“Uwah... Oh não, eu acidentalmente...!”

Harutora novamente começou a acariciar inconscientemente a cauda de Kon. O rugido de Natsume fez com que ele se apressasse em parar.

Harutora e os outros estavam atualmente no refeitório do dormitório masculino. Felizmente, não havia outros estudantes do dormitório no refeitório. Harutora relaxou. Kon se ajoelhou na mesa ao lado dele, tossindo clara e casualmente, mas Natsume olhou para Harutora com um olhar frio.

“... Há claramente algo errado com suas ações. Será que você gosta tanto disso, Harutora?”

“Des... Desculpe, realmente não é de propósito... Além disso, sério, por que você não falou nada, Kon?”

“Eu não me importo, Harutora-sama... É apenas contato com a pele...”

A Shikigami kitsune não tinha remorsos, como sempre. A expressão no rosto de Harutora se tornou ainda mais indefesa.

“... Sim, isso realmente não é nada bom. Esses rumores misteriosos finalmente pararam de se espalhar na classe, mas agora eu posso suspeitar de novo...”

Só por causa da aparência exterior de Kon, Harutora muitas vezes sofria o ridículo e cinismo daqueles ao seu redor. Embora não abordasse o ‘contato com a pele’ que Kon havia falado, se ele tocasse muito nela, poderia levar a mais mal-entendidos desnecessários.

“Eu preciso ser um pouco mais cuidadoso... Huh? Natsume, que tipo de coisa você está segurando?” Harutora perguntou quando acabara de notar que Natsume, que havia entrado no refeitório, estava segurando uma pequena caixa de papelão em seus braços.

Natsume colocou a caixa na frente de Harutora sem falar nada. A caixa não tinha tampa e Harutora se inclinou para a frente, olhando o conteúdo.

“Ah!” Então, ele exclamou. Havia um gato na caixa.

O fundo da caixa estava coberto com uma toalha e um gatinho estava enrolado na toalha, dormindo profundamente.

Era um pequeno gato preto, preto como tinta da cabeça à cauda. Tinha um corpo pequeno e não parecia ter meio ano ainda. Kon, que também se inclinou para frente, também teve uma expressão de surpresa, uma exclamação também vindo de sua boca.

“O... O que há com isso?”

“... Alguém abandonou esse gatinho ao lado do dormitório.”

“Um gato abandonado? Mas, por que você...”

“Vamos temporariamente cuidar dele.”

“O que você quer dizer com cuidar?” Harutora perguntou, com o rosto perplexo. A expressão no rosto de Natsume era de clara satisfação.

“Fujino-san está ajudando a encontrar um novo dono para este gatinho. Ela nos pediu para ajudar a cuidar dele até encontrar um dono.”

“Nós? Por quê?”

Natsume repreendeu-o com um ‘Idiota’.

“Você não disse que queria acariciar um gato ou cachorro?”

“Eu... Eu disse isso... Mas criar um gato é realmente difícil, especialmente porque eu tenho de ir para a aula durante o dia...”

“Você não precisa se preocupar com isso, eu vou fazer um Shikigami simples para ajudar a cuidar dele. Em outras palavras, vamos deixar o gatinho com o Shikigami durante o dia, e você cuida dele após voltar ao dormitório, depois das aulas.” Natsume falou prontamente.

Harutora, que a princípio se sentira confuso, demorou algum tempo até finalmente entender a situação. Seus olhos brilhavam.

“Eu entendi, então você está deixando para que eu cuide dele hoje à noite, certo?”

“Certo. Eu já comprei comida de gato na loja de conveniências, aqui perto.” Depois de dizer isso, Natsume deu a caixa de papelão para Harutora, colocando latas de comida de gato na mesa.

Harutora olhou intensamente para o gatinho adormecido, admirado.

“É macho ou fêmea?”

“Fêmea, ao que parece.”

“Nome?”

“Não demos um. É melhor esperar até encontrarmos um dono e deixar que o dono decida esse tipo de coisa.”

“Isso é verdade. Ela é toda preta, então por que não a chamamos de Kuro por enquanto?”

“... Seus nomes são sempre tão diretos.”

Natsume sorriu ironicamente e murmurou. A gatinha era a única coisa na mente de Harutora.

Durante a calmaria, Natsume passou a olhar para Kon que estava ao lado de Harutora. No momento em que seus olhares se encontraram... “... Haha.” Ela riu levemente, parecendo muito satisfeita, e as orelhas de Kon se contorceram bruscamente.

“... Posso perguntar qual é o problema, Natsume-sama?”

“... Não, nada.”

Natsume sorriu levemente e as orelhas de Kon contraíram com constância.

Os olhares de sua amiga de infância e sua Shikigami se encontraram e emitiram faíscas intensas – é claro, Harutora não notou essa anormalidade.

“Harutora, o resto é com você. Lembre-se de ‘amá-la’ apropriadamente.” Depois de dizer isso, Natsume saiu imediatamente do refeitório.

“Sim!” Harutora animadamente respondeu. Seu olhar nunca deixando a gatinha. Na contramão, Kon franziu as sobrancelhas, vexando as costas de Natsume enquanto ela saía.

“Esta gata realmente gosta de dormir.”

“... Sim.”

“Não está com fome?”

“... Eu... Não tenho certeza...”

Kon se ajoelhou na mesa respeitosamente, respondendo respeitosamente ao seu mestre que só tinha a gatinha em mente, seu olhar frequentemente olhando para o rosto de seu mestre.

“Ha... Harutora-sama, você gosta de gatos?”

“Eu? Claro que não os odeio.”

“En... Entendo... En... Então, em comparação com os cães...?”

“Sim, eu gosto dos dois.”

“En... Entendo... En... Então em comparação com as raposas...”

“Ah, está acordada!”

Kon reuniu sua coragem e estava prestes a fazer sua pergunta quando a gatinha que originalmente dormia abriu os olhos imediatamente.

“Ohh, seus olhos são tão grandes.”

Os olhos da gatinha se abriram surpreendentemente. Ele olhou para Harutora sem desviar o olhar ou piscar, como se seu corpo estivesse congelado.

“Huh? O que está acontecendo, será que tem medo de mim?”

“Ma... Mas é apenas uma gatinha, então não vai chegar perto de humanos...”

“Venha aqui, você não precisa ter medo, eu não sou uma pessoa má...”

“Ha... Harutora-sama? Você realmente não precisa se insinuar...”

Harutora estendeu o dedo indicador para o focinho da gatinha, movendo-o levemente algumas vezes. A gatinha se aproximou ao, repetidamente, farejar o cheiro de seu dedo. Então, levantou a cabeça para olhar para Harutora, suavemente miando: “Miau.”

“Wah!!”

Ao mesmo tempo em que a boca de Harutora se abriu em um sorriso... “Hmph.” Kon inflou as bochechas.

A gatinha miou, tomando a iniciativa de se aproximar de Harutora, usando a cabeça para tocar sua mão com movimentos um tanto desajeitados. Kon mostrou os dentes em raiva pela atitude destemida dessa gatinha, mas Harutora estava extremamente animado.

“Kon, olhe, de repente está apegada a mim!”

“... É... É verdade, Harutora-sama é incrível, como esperado...”

“Venha aqui.”

“Ah... E... E pensar... que você iria colocá-la em seu colo...!”

Harutora pegou a gatinha da caixa de papelão, colocando-a em seu colo.

A princípio, a gatinha parecia ter entrado em pânico e, assim que se sentou no colo de Harutora, seu corpo endureceu novamente. “Huh, o que há de errado?” Harutora acariciou-a gentilmente, e Kon acenou com a cauda, parecendo anormalmente irritada.

“O que foi, você está com frio?”

“Es... Estar no colo de Harutora-sama e chamá-lo de frio é muito arrogante...!”

“Mas você deveria relaxar um pouco agora, certo?”

“Es... Estar no colo de Harutora-sama e se sentir tão confortável é muito presunçoso...!”

“Ah! Está se movendo... Haha. Que fofa.”

“...”

Kon moveu a cauda como se estivesse torcendo vigorosamente uma toalha. Por outro lado, a gatinha sentada no colo de Harutora ficava cada vez mais relaxada, miando suavemente em direção a Harutora.

“Aqui, aqui.” Harutora também sorriu, estendendo os dedos para brincar com a gatinha.

“...” Kon ficou indiferente por um tempo, mas então ela imediatamente se revigorou, fingindo calma e balançando a cauda grandiosamente, fazendo-a ondular.

“... Ta... Ta... Ta... Talvez uma gata jovem cuja pele ainda não tenha desenvolvido seja fofa, mas considerando como é, não se compara a...”

“Certo, eu vou levá-la para o meu quarto.”

“Ah! Ha... Harutora-sama...”

“Kon”

“Sim.”

“Ajude-me a trazer a caixa e a comida de gato.”

“Às... Às suas ordens...”

Harutora saiu do refeitório do dormitório segurando a pequena gatinha, caminhando alegremente sem sequer olhar para Kon.

A cauda de Kon se inclinou em desânimo e ela se sentou na mesa por um tempo. Pouco depois, lentamente colocou a comida de gato enlatada na caixa de papelão, depois levou a caixa com as duas mãos, pulando da mesa.

“... Ha... Harutora-sama realmente trata os animais gentilmente... ah... ahaha...” Ela mostrou um sorriso, resmungando como se não se importasse e perseguindo Harutora com passos rápidos.

 

 

“Uma gatinha? Nosso dormitório não proíbe animais de estimação?”

“Bem...”

Harutora explicou alegremente o que acontecera durante a noite anterior ao confuso e intrigado Touji.

Como eles não tinham se visto no refeitório naquela manhã, ele não tivera a oportunidade de mencionar a gata para Touji. Harutora só poderia aproveitar o tempo antes da primeira aula começar para explicar. Touji não parecia muito interessado no conteúdo de sua explicação, olhando para ele com um olhar desconfiado enquanto falava.

“Uma gatinha, hein?” Touji torceu a boca em zombaria depois de ouvir a explicação de Harutora. “Eu não faria algo tão cansativo quanto cuidar de uma gata.”

“Cuidar dela não é cansativo, na verdade. Essa gata se apegou muito a mim.”

“Cuidar de um animal que se apega em você não é problemático?”

“Não, ela realmente me escuta! Foi realmente obediente esta manhã, como se percebesse que eu estava prestes a me atrasar! Além disso, miou antes de sair, como se estivesse me dizendo para ter cuidado!”

“Isso deve ter sido coincidência.”

Harutora se inclinou sobre a mesa enquanto falava, recebendo a refutação e o sorriso irônico de Touji.

“Além disso, o fato de você ter dormido demais esta manhã tem a ver com a gata?”

“Sim, porque ela me incomodou demais querendo que eu brincasse com ela durante a noite toda e não me deixou dormir bem.”

“Vê, realmente é problemático.”

“Mas não me sinto cansado! Pelo contrário, sinto que meu humor fica feliz quando a vejo!”

“Sério? Aquela gatinha não nasceu há pouco? Como poderia uma gatinha que acabou de ser abandonada se aproximar de alguém tão facilmente?”

“Quê? Tudo o que eu disse é verdade.” Harutora falou animadamente. “Certo, Kon.” Então, ele pediu concordância de sua Shikigami. “Essa gatinha não é muito fofa? Ela realmente não se apegou a mim?”

Como uma Shikigami defensiva, Kon estava sempre se escondendo em volta de Harutora, mas uma vez que Harutora chamasse, ela apareceria imediatamente.

Mas, por algum motivo, ela não respondeu quando Harutora a chamou.

“Isso é estranho, Kon?” Harutora chamou novamente.

Só então...

“... Sim.”

Uma Shikigami com orelhas e cauda de raposa apareceu ao lado de Harutora, com uma incomum presença sombria que irradiava de todo o seu corpo.

As orelhas e a cauda estavam caídas, indiferentes, e até o pelo dela parecia sombrio. Harutora não pôde deixar de ficar perplexo, e Touji também não conseguiu esconder sua surpresa.

“... Você tem ordens, Harutora-sama...?”

“Uh... Não, na verdade. Ma... Mas, o que há de errado com você? Aconteceu alguma coisa?”

“... O que você quer dizer?'

“Huh? Você parece... Como se estivesse exausta.”

Depois de ouvir Harutora dizer isso, a boca de Kon se moveu levemente, sorrindo pesarosamente como um cacto ressequido.

“... Harutora-sama não precisa se preocupar, eu estou como sempre...” Kon torceu a boca novamente ao dizer isso, seu sorriso perdido e arrependido e seu olhar vazio e lento. Em uma noite, o seu ‘eu’ satisfeita, enquanto deixava Harutora acariciar sua cauda, deixara de existir.

“... Ela não foi atacada, então o que há com o fenômeno de lag?” Touji disse.

Lag acontecia principalmente com Shikigami que recebia impactos externos, levando a uma instabilidade de sua forma materializada. Era um fenômeno em que distorções ou manchas apareceriam na forma externa. Simplificando, Kon estava sofrendo um trauma equivalente a um impacto externo.

“... Se me permite perguntar... você tem alguma ordem, Harutora-sama? Eu sou sua fiel Shikigami, então eu vou dar meu máximo para cumprir os pedidos de Harutora-sama...”

“Na verdade, não é nada de mais... Enfim, Kon, por que parece que o tom com o qual você está falando está um pouco resignado?”

“Não é nada... Por favor, ordene-me como quiser, Harutora-sama.”

“Uh, não é nada realmente importante... É só a Kuro. Parece que ela realmente se apegou a mim, certo? Eu só queria te pedir para dizer isso a Touji.” Harutora falou com um pouco de apreensão.

A boca de Kon torceu novamente ao ouvir isso.

No entanto, o sorriso dela desta vez fora diferente de antes. Não fora triste, mas desdenhoso. Embora fosse fugaz, ela já havia mostrado claramente – Sim, é verdade, eu sei que seu coração só tem aquela coisinha, eu sei, de qualquer maneira – esse tipo de atmosfera desamparada.

“Sim, Harutora-sama. É como Harutora-sama diz, aquela gata é extremamente, anormalmente extremamente apegada a Harutora-sama.” Kon respondeu.

“Certo? Touji, foi o que eu disse. Além disso, Kon, ela não é muito fofa?”

“Sim, Harutora-sama. É como Harutora-sama diz, aquela gata é extremamente fofa, não há excessos nem lisonjeiros nestas palavras.”

Kon se ajoelhou corretamente com as costas retas, cantando palavras que ecoavam a seu mestre. Ela parecia vazia, com a expressão fraca, e muitas vezes acenava com a cauda como uma criança descontente.

Ouvindo a conversa deles – na verdade, notando as atitudes desse par, Touji mostrou uma expressão perspicaz, dizendo casualmente: “... Ah... Não me envolva com esse tipo de coisa, é realmente muito problemático...”

“Huh, você não estava ouvindo, eu não acabei de dizer que não é problemático? Certo, Kon?”

“Sim, Harutora-sama. É como Harutora-sama diz...”

“É realmente muito fofo, não estava disposto a se aproximar de mim no começo, mas depois ele começou a se agarrar a mim e se recusou a sair -”

“Sim, Harutora-sama. É como Harutora-sama diz ......”

“E ficou miando a noite toda, tentando fazer com que eu a mimase.”

“Sim, Harutora-sama. É como Harutora-sama diz...”

“Uma vez que encontrou uma oportunidade, ela correu para brincar comigo, e sempre lambe meu rosto.”

“Sim, Harutora-sama. É como Harutora-sama diz...”

“... Harutora, pare de falar.”

“Huh? Por que?”

“Você não precisa dizer mais nada.”

“Sim, Harutora-sama. É como Harutora-sama diz...”

Kon repetiu a mesma frase e Touji suspirou profundamente.

“... Não importa, o movimento de Natsume funcionou. Parece que o seu desejo por animais está saciado.”

“Haha, isso mesmo. Eu só preciso pensar que verei Kuro quando voltar para o dormitório e eu naturalmente não precisarei mais acariciar a cauda de Kon... Kon, eu realmente sinto muito por fazer isso com você antes.”

“... Você não precisa se desculpar...”

A atmosfera em torno de Kon se tornou mais e mais pesada, e Kon parecia que estava abafada pela atmosfera.

As palavras de Harutora pareciam ter lhe dado o golpe final. Sua figura começou a desaparecer lentamente enquanto se escondia por vontade própria, sem esperar pela aprovação de seu mestre.

No entanto, só então...

“Mas, a cauda de Kon ainda é a mais fofa, sem dúvidas a melhor.” Uma vez que essas palavras foram pronunciadas, os olhos mortos e sem alma de Kon instantaneamente se arregalaram.

“Ha... Ha... Ha... Ha... Harutora... Harutora-sama! Isso é verdade?”

“Huh? Claro, é completamente diferente...”

O mestre ficou confuso com a mudança repentina de atitude de sua Shikigami, mas ele ainda assentiu. Kon inconscientemente se virou, cerrando os punhos com força. Quase podia ouvi-la aplaudindo ruidosamente dentro de seu coração.

“E... E... Exatamente! Embora Kuro seja fofa, infelizmente é uma gatinha recém-nascida! Seu pelo é meramente medíocre... Não vale a pena mencionar.”

“Sim, isso mesmo...”

Harutora ficou surpresa com o impulso de Kon, assentindo novamente. Kon endireitou as orelhas e a cauda, parecendo pronta para uma final de competição que estava entrando na prorrogação.

Touji sorriu ironicamente, sua expressão complexa. “... Então.” Ele coçou a bandana que era como sua marca registrada. “Antes de encontrar um dono, você está temporariamente cuidando dela? O que está fazendo agora? Você deixou a gata no seu quarto?”

“Certo, mas eu não a deixei sozinha. Natsume fez um Shikigami simples que dever estar ajudando a cuidar dela... Ah, talvez possamos descobrir o que estão fazendo agora. Natsume já está na sala?”

“Como ela pode se atrasar... Mas, pensando bem, eu também não a vi na cafeteria do dormitório hoje.”

Harutora e Touji olharam para a sala de aula, rapidamente identificando a figura de Natsume em um assento perto da janela. Mas ela parecia estranha. Sua cabeça balançava para frente e para trás, como se ela estivesse dormindo em seu assento.

“Huh? Natsume está dormindo?”

“Que curioso.”

Os dois se entreolharam, levantando-se e caminhando em direção ao assento de Natsume.

“Natsume?”

Natsume acordou imediatamente quando Harutora a chamou.

“Huh? Ah... Ha... Harutora-kun...?”

Ela inconscientemente soltou sua voz original, e a escondeu apressadamente. Ela olhou para Harutora de seu assento, um rubor emergindo em seu rosto.

“Natsume, você está bem?”

“Eu estou bem, eu acidentalmente caí no sono...!” Ela abaixou a cabeça, respondendo timidamente. Ela disse que estava bem, mas suas ações eram muito suspeitas.

“Isso é estranho, você está como Harutora. Por que nenhum de vocês dormiu o suficiente hoje?”

“Is... Is... Isso não tem nada a ver com Harutora.” Aturdida depois de ouvir a observação de Touji, Natsume imediatamente repreendeu-o, claramente em pânico e zangada. “Eu dormi muito tarde ontem à noite para fazer o Shikigami que cuidaria da gata!”

“Certo, Natsume, vim lhe perguntar sobre isso. Consegue descobrir o que Kuro está fazendo agora?”

“Eu... Não coloquei essa função desde que foi um trabalho de última hora.”

“Huh? Mas você disse que trabalhou até muito tarde...”

Harutora não havia entendido. Só então, o sino da aula tocou.

“Apresse-se e volte ao seu assento.” Natsume pediu que voltassem para seus lugares.

“... O que essa garota está fazendo?”

“Quem sabe?”

 

 

Depois que a escola acabou, Harutora voltou para o seu quarto do dormitório um pouco atrasado porque ele tinha que ficar para receber aulas extras depois das aulas. Ele estava preocupado com Kuro e correu para o quarto. A gatinha estava deitada nos lençóis que Harutora não havia arrumado, enrolada e dormindo profundamente.

Harutora relaxou.

“Oi, você voltou muito tarde.” Touji, da porta ao lado, se aproximou. “Essa coisa é a gata que você estava falando, certo? Eu a vi agora, está dormindo o tempo todo.”

“Entendo, isso é bom. A atitude de Natsume pela manhã foi muito estranha, então eu pensei que havia algum problema com o Shikigami simples ou algo assim.”

“O Shikigami ainda estava cuidando da gata quando eu voltei para o dormitório. Natsume acabou de levar o Shikigami de volta. Ela está em seu quarto ajustando-o.”

“Entendo, eu deveria ir devidamente agradecer a ela daqui a pouco.” Harutora sentou-se diretamente no tatame depois de dizer isso, tocando levemente a cabeça da gatinha com as pontas dos dedos.

“Essa coisa dorme como um porco. Todos os gatos dormem assim?” Touji falou com os braços cruzados.

“É porque ela brincou muito na noite passada.”

“Oh... Mas parece que não há brinquedos com os quais um gato possa brincar neste quarto.”

“Ela é um pouco diferente dos outros gatos, não gosta de brincar com bolas e lã, ela só gosta de subir em mim.”

“Seria bom se você fosse assim tão querido pelas garotas.”

“Eu prefiro que seja por gatos.”

Harutora respondeu calmamente à provocação de Touji.

Talvez ouvindo as conversas dos dois, a gatinha acordou. Ele olhou para Harutora, miando vagarosamente e brincando com o dedo que acariciava sua cabeça.

“Oh, você acordou, sua pequenina...”

Harutora alegremente fez cócegas na gatinha. Uma alegre cena se desenrolou.

“Então é assim que as coisas são. Não é de admirar que a raposa tenha estado tão ciumenta.” Touji riu baixinho enquanto falava.

“Ha... Ha... Harutora-sama.” Nesse momento, Kon apareceu repentinamente ao lado de Harutora, o rosto imaturo incomumente severo, como se decidisse ir à ofensiva.

“O que foi?” Harutora perguntou. Kon respirou fundo.

“Se... Se me permite ser tão presunçosa, eu acredito que é inapropriado deixar alguém não familiar subir na cama de Harutora-sama...!”

“O que há de errado, Kon, por que você está dizendo esse tipo de coisas? Eu não posso fazer nada sobre isso, Kuro pula direto pra cima quando eu me deito...”

“Meu... Meu... Meu ponto é, deixar isso pode... Não, você não deve mimar tanto es... essa gata é apenas um animal! Ha... Ha... Harutora-sama, por favor, reconsidere...!”

Sua respiração estava irregular enquanto ela levantava oposição. Parecia que ela havia acumulado muita depressão só com uma noite.

“É verdade que seria problemático se pulgas entrassem nos lençóis. Você deveria pelo menos dar banho nela.” Touji propôs casualmente.

“Gyah!” Kon gritou, o rosto pálido como se visto uma assombração.

“Isso é verdade.” Harutora acenou com a cabeça em concordância. “Nesse caso, está decidido dar banho nela o mais rápido possível. Touji, quer ajudar?”

“Eu vou depois de comer.”

“Certo, então eu vou primeiro...”

“Por... Por... Por favor, espere!”

Assim que Harutora estava pegando a gatinha, Kon rapidamente agarrou sua perna, impedindo-o de se mover.

“Ba... Banho!? Ba... Banho!? Vo... Você vai tomar banho com ela?”

“Certo.”

“E... E pensar que vocês já estavam nesse nível?” A cauda de Kon tremeu por causa do grande choque. “Não... Não... Não só compartilham a mesma cama, mas tomam banhos juntos? Ha... Harutora-sama, o que te leva tão longe?”

“Estou apenas ajudando uma gatinha a se lavar, você não precisa ficar tão chocada.”

“Esta é uma questão importante! Eu ainda esperava... Ah, não! Por favor, não entenda mal... Uh... Ha... Harutora-sama não precisa ser incomodado, por favor, permita-me lavar a gata...!”

“Está tudo bem, eu já dei banho em gatos antes.”

A atitude de Harutora era casual, contrastando fortemente com a Shikigami em pânico. A propósito, como uma Shikigami defensiva, Kon estava sempre em volta de Harutora, e Harutora apenas ordenava que ela não entrasse quando ele estava nos chuveiros ou no banheiro.

“... Que estranho. O que há com ela, por que ela está subitamente tão rígida?”

Harutora piscou, olhando para a gatinha que segurava no peito. Quando a gatinha que estivera brincando alegremente a princípio ouviu falar sobre tomar banho, seu corpo congelou instantaneamente.

“Oh... Talvez saiba que está prestes a tomar um banho?”

“Não seja arranhado.”

“Sim, mas no começo era assim mesmo quando eu a segurava, então ele deveria se acostumar a tomar banho antes, certo?”

Harutora falou descontraidamente, saindo do quarto enquanto carregava a gatinha. Touji saiu com ele, e apenas a devastada Kon fora deixada no quarto.

“... Ne... Nesse caso...”

 

 

O dormitório contava com chuveiros e uma casa de banhos. Natsume, que estava posando de homem, usava chuveiros individuais, mas Harutora usava a casa de banhos.

“Droga, há tantas pessoas.” Ele entrou no vestiário enquanto sorria ironicamente, rapidamente tirando as roupas.

Enquanto ele tirava a roupa, a gatinha originalmente congelada repentinamente perdeu a calma, se virando no lugar e, obviamente, um pouco em pânico. Nesse caso, seria melhor terminar rapidamente, pensou Harutora. Ele carregou a gatinha pelo pescoço com uma mão e caminhou em direção ao banho.

O banho estava cheio de vapor. A gatinho chorava.

“Yo... Tsuchimikado, você veio cedo hoje.”

“Huh? O que há com o gato na sua mão?”

“Desculpe, eu vou dar banho nela, serei rápido.”

Harutora inclinou a cabeça e pediu desculpas aos senpais que haviam entrado na casa de banhos à sua frente enquanto avançava. A gatinha sendo segurada pelo pescoço miava, obviamente aterrorizada. Harutora escolheu o assento mais do canto para não perturbar os outros.

“Tudo bem, acalme-se.” Harutora apertou a gatinha contra seu peito nu. O pelo do corpo da gatinha o fez coçar.

A gatinha miou estranhamente e até os pelos eriçaram. Felizmente, ela não mordeu nem arranhou, apenas deixando o som da respiração pesada.

“Não se preocupe, você não precisa ter medo, é apenas um banho.”

Harutora tentava tranquilizar a gatinha com um sorriso, e a gatinha rígida não conseguia mais se impedir de tremer. Ele não entendeu o que acontecia. Ele pensou que talvez a gatinha estivesse excessivamente tenso e pudesse perder momentaneamente o controle.

Tanto faz... Harutora desistiu do pensamento de dar banho na gata. Só então...

“Eu estou aqui!”

Uma jovem correu para a casa de banhos.

“Ha... Ha... Harutora-sama! Me perdoe, mas eu vim lavar suas costas! Harutora-sama, onde você está!”

Aquela garota era Kon.

As mangas de seu suikan estavam amarradas com cordas e uma toalha estava enrolada em volta da cabeça. Ela não estava usando sapatos, mas segurava firmemente uma esponja e sabão.

O interior da casa de banhos ficou em silêncio por um tempo.

Então, as exclamações dos senpais começaram a soar, instantaneamente reverberando por todo o local.

“Tch! Kon! O que você está fazendo aqui?”

Harutora gritou, atordoado, mas os outros rapazes gritaram grosseiramente um por um, cobrindo sua voz. Mas a tolerância de Kon também tinha limites. Seus olhos azuis estavam arregalados, especialmente porque – embora as áreas privadas estivessem cobertas de toalhas. Afinal de contas, esse lugar era a casa de banhos masculina.

“Ei, Não... Não bloqueie o caminho! Ha... Ha... Harutora-sama! Harutora-sama!”

Bolas de fogo disparavam em todas as direções e gritos estridentes soavam por todo local. Os estudantes do dormitório correram para fugir da casa de banhos.

Alguns escaparam para as banheiras, alguns chuveirinhos jorraram em direção ao fogo que Kon tinha disparado, e alguns jogaram água das banheiras – baldes inteiros – em direção ao fogo. Névoa e vapor subiam suavemente e gritos enchiam o ar. Bolhas de sabão e toalhas estavam por toda parte.

Os senpais nus fugiram por toda parte. Kon ficou ainda mais em pânico com a casa de banhos em desordem. Ela estava completamente encharcada, e o grito emitido de sua boca ecoava no banho como um ultra-som.

“Kon! Pare!”

Harutora não pôde deixar de se levantar e a gatinha aproveitou a oportunidade para pular de seu braço. A gatinha saltou, girando reflexivamente o corpo e se enroscando com a toalha em volta da cintura de Harutora. Ela caiu no chão com a toalha, correndo direto para a saída da casa de banhos, ainda arrastando a toalha de Harutora.

“Ah! Kuro, não corra...!”

“Ah! Harutora-as...”

Kon notou Harutora soltando um grito estridente e cobrindo os olhos às pressas com as mãos. Assim, o sabão em suas mãos caiu e deslizou sobre os azulejos da casa de banhos. Além disso, a gatinha, cuja visão estava semi-obscurecida pela toalha, correu e acabou pisando no sabonete.

A gatinha escorregou instantaneamente.

“Miau!” A gatinha gemeu, debatendo seus membros enquanto escorregava, colidindo perfeitamente com Kon. A gatinha estendeu as garras, agarrando ferozmente o corpo de Kon.

Havia um grito atrás do outro.

A gatinha escorregou e Kon também caiu. A corda em suas mangas se afrouxou e se enroscou com a toalha. Os gritos da gatinha e de Kon se sobrepuseram quando seus corpos se entrelaçaram. Fogo se espalhou por toda parte e os gritos dos estudantes do dormitório ressoaram através da casa de banhos...

“... Por que... Isso se tornou assim...”

Aturdido e completamente nu, Harutora olhou para a cena diante dele.

Naquela noite, os gritos miseráveis na casa de banhos do dormitório continuaram por quase dez minutos antes de Harutora forçar Kon a desmaterializar-se.

A gerente Fujino deu um sermão feroz para Harutora durante um tempo, e sua punição acabou sendo ficar sem jantar naquele dia.

 

 

“Eu Es... Es... Es... Estou extremamente arrependida...!”

Na manhã seguinte, Kon inclinou a cabeça e pediu desculpas pelo problema que havia criado para os alunos no refeitório do dormitório. No final, ela se ajoelhou na mesa, pedindo desculpas ao seu mestre Harutora.

Embora Harutora estivesse aborrecido, ao ver sua Shikigami com a cabeça inclinada na mesa, ele disse, impotente: “De qualquer forma, as coisas acabaram.”

Na verdade, ele também desejava poder esquecer o incidente assim que possível. Os estudantes que estiveram envolvidos no problema definitivamente também tinham os mesmos pensamentos.

“Sorte minha não ter ido tomar banho primeiro.” Touji falou enquanto tomava café da manhã.

“Você ouviu que a gata foi levada por Natsume?”

“Sim, parece que Natsume estava ajudando a procurar um dono junto com Fujino-san. Depois que a comoção aconteceu ontem, ela pensou apressadamente em alguém que poderia cuidar dela. E aproveitou ontem à noite para dar a gata e encerrar o assunto.”

Mesmo depois daquela terrível comoção, a expressão de Harutora ainda parecia um pouco solitária quando ele explicava o assunto. Ele não tinha sido capaz de dizer adeus a Kuro.

“Mas de qualquer forma, o dormitório proíbe animais de estimação, por isso foi bom encontrar rapidamente um dono para ela. Espero que possa ser feliz lá... E Kon também.”

“O... O... O... O que isso significa?”

“Por favor, deixe-me acariciar sua cauda ocasionalmente. De vez em quando será o suficiente.”

“Ha... Harutora-sama...!”

Ao ouvir seu mestre dizer aquelas palavras em tom brincalhão, as lágrimas momentaneamente surgiram nos cantos dos olhos de Kon.

“Mas estou um pouco preocupado, não sei se Kuro se machucou ou não. Eu sinto que vi efeitos de lag.”

“O que, você viu a gata ficar transparente?”

“Meus olhos provavelmente estavam me enganando, só estou com medo de que talvez tenha sido afetado pela aura de Kon. Seria melhor se isso não acontecesse.” Harutora falou preocupado.

“Idiota.” Touji riu. “”Isso prova que você também entrou em pânico na hora. Se não era um Shikigami, como poderia ter lag?”

“E... E... Exatamente, Harutora-sama. Se a gata fosse um Shikigami, não seria capaz de me enganar!”

“Além disso, quem faria esse tipo de coisa? Quem ficaria entediado o suficiente para fazer um Shikigami de gato abandonado e até mesmo fazê-lo com tantos detalhes que nenhum de nós notaria...”

Touji, que inicialmente descartara essa ideia, repentinamente franziu a testa depois de falar, ficando em silêncio.

“O que foi?” Harutora perguntou, e Kon olhou para Touji com um rosto preocupado.

Só então...

“Bom... Bom dia! Harutora!”

Natsume apareceu no refeitório do dormitório, cumprimentando-o.

Por alguma razão, ela gaguejava igual a Kon, nem olhava para Harutora quando o cumprimentava. Ela virou a cabeça para evitar o olhar de Harutora. Podia-se ver que todo o rosto dela estava vermelho.

A expressão de Touji ficou ainda mais séria, já que suas ações eram muito antinaturais. Ele olhou para Natsume com um olhar penetrante.

Como sempre, Harutora não percebera que Natsume não estava bem. “Ah, Natsume. Desculpe sobre ontem, eu te dei tanto trabalho...” Ele se sentia culpado, se desculpando com Natsume.

Ele criou um monte de problemas e até mesmo fez Natsume ajudá-lo com o resultado. É claro que ele se preparara para ser repreendido por ‘manchar o nome da família Tsuchimikado’... Mas, estranhamente, Natsume não estava zangada.

“Não... Não havia nada que você pudesse fazer sobre ontem! Não... Não tinha o que fazer! Pen... Pensar que tal coisa iria acontecer na casa de banhos, ninguém poderia esperar, então não tinha o que fazer!”

“Você acha? Estou realmente comovido por você dizer isso... Ah, Kon, apresse-se e peça desculpas a Natsume!”

“Às... Às suas ordens! Estou extremamente envergonhada do problema que instiguei...”

“Está tudo bem, você não precisa se sentir mal com isso! Vamos apenas fingir que nada aconteceu ontem! Foi um sonho! Foi apenas um sonho, definitivamente um sonho, de todos os ângulos...!”

Natsume estava inexplicavelmente agitada, seu olhar nunca se voltando para Harutora. Harutora não entendia o que estava dizendo, mas ela felizmente parecia disposta a perdoá-lo, então ele não perguntou mais nada, apenas respondendo: ‘Tudo bem!’ e assentindo.

Os três comiam o café da manhã.

“Tudo bem, então eu vou fazer o meu melhor hoje também!” Harutora disse, levantando-se e pegando seus pratos.

Kon seguiu seu mestre, e Natsume também – suas bochechas ainda vermelhas – levantou-se da cadeira.

“... Natsume.” No final, Touji, que não dissera uma palavra depois que Natsume aparecera, falou em voz baixa.

“O que?”

“Sua cauda está aparecendo.”

Natsume virou a cabeça reflexivamente, olhando para a cintura e inconscientemente falou.

“Miau?”



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