Tokyo Ravens Japonesa

Tradução: Nie

Revisão: Math


Volume 5

Capítulo 3.4: Conferência das Seis Pessoas

PARTE 4

Após o banho, os alunos retornaram aos seus quartos com base em idade e sexo.

Eles se prepararam para dormir. Escusado será dizer que eles tiveram que espalhar seus futons no chão para dormir. Eles também queriam jogar cartas ou ter guerra de travesseiros, mas nem uma única pessoa na classe ainda tinha energia para brincar.

Depois que eles espalharam seus futons, alguém apagou as luzes. Como a porta de madeira ao lado da sacada estava bem fechada, o interior da sala ficou escuro quando as luzes se apagaram. Considerando que isso poderia ser perigoso, eles colocaram uma lâmpada de mesa no corredor como fonte de luz.

“... Ahh... posso finalmente dormir.” Assim que a luz do quarto foi desligada, Harutora deitou-se no futon, exausto de corpo e mente.

Harutora esteve bastante ocupado depois de conversar com Kyouko, Tenma e Suzuka. Sua mente esteve cheia daquelas coisas até agora. Mas a fadiga acumulada em seu corpo já estava se aproximando de seus limites. Ele pensou que a melhor coisa a fazer agora era dormir adequadamente e colocar todas as suas preocupações no fundo de sua mente por enquanto.

Touji e Tenma dormiam perto dele, já deitados em seus futon. Dormiam perto dele, mas não tinham intenção de conversar. Parecia que, assim como Harutora, eles não estavam dispostos a pensar mais.

Havia mais uma pessoa em uma situação semelhante.

“... Você está bem, Natsume?” Harutora virou a cabeça enquanto estava deitado, perguntando baixinho.

Eles podiam identificar vagamente os contornos um do outro pela luz fraca que passava pela porta. Natsume já havia mudado para roupas esportivas e estava aninhada em sua cama.

Natsume tinha colocado seu futon perto do canto da sala, junto à parede. Embora o quarto fosse espaçoso, havia muitas pessoas dormindo, e o espaço alocado a cada indivíduo era pequeno. Na verdade, só havia espaço suficiente para um livro didático entre os futons de Harutora e Natsume.

“... Estamos... Estamos muito próximos.”

“Não... Não podemos fazer nada sobre isso.”

“... Uh... Se você rolar...”

“Não se preocupe, eu não vou rolar... Ah... Não... Eu vou ser cuidadoso e me certificar de não rolar...”

Talvez por não ter confiança em seus hábitos de sono, Harutora tornara-se mais ambíguo enquanto falava. Natsume abaixou a cabeça e não disse nada. Harutora também se sentiu um pouco desajeitado, fechando a boca.

Natsume estava claramente perturbada. Esta era provavelmente a primeira vez que ela dormia no mesmo quarto com tantas pessoas, e era especialmente difícil culpá-la por estar ansiosa, já que todos ao seu redor eram homens e ela era a única garota. Embora Harutora sentisse simpatia, ele não podia fazer nada sobre isso.

“Talvez você devesse deixar o seu dublê aqui e fugir para dormir em outro lugar. Isso pode deixá-la dormir um pouco melhor.”

Ele silenciosamente fez uma proposta, mas Natsume de repente balançou a cabeça ao ouvir isso.

“Está tudo bem, especialmente porque eu estou muito cansada.”

Ela inconscientemente deixou sair sua voz original, mudando rapidamente seu tom. Parecia que ela estava realmente cansada. Natsume havia sentido o maior senso de urgência da conversa agora, então sua energia fora rapidamente consumida.

Então, ela rolou para encarar Harutora e puxou os lençóis para cima, cobrindo a boca.

“Uh... Harutora-kun.”

“O que foi?”

“Uh... Todos aqui são homens, então eu me sinto um tanto desconfortável... Você vai ficar ao meu lado?”

“Oh... Sim...”

Ele não podia ver claramente a expressão de Natsume na escuridão. Harutora sentiu suas próprias bochechas inexplicavelmente avermelhadas quando respondeu.

“... Você não precisa se preocupar.” De repente, uma voz soou entre os dois. Seus corações martelaram e seus corpos endureceram em seus lençóis.

“Hoje à noite, eu serei responsável por proteger Natsume-dono, NÍNGUÉM será capaz de tocá-la.”

Era a voz de Kon. Embora sua figura não pudesse ser vista, seu tom era altivo e especialmente pesado quando ela disse ninguém. Então, ela acrescentou: “É claro que, se os hábitos de sono de Natsume-dono forem ruins, eu irei LIDAR COM ISSO APROPRIADAMENTE, não se preocupe.”

Mesmo que ela não tivesse se materializado, eles visualizaram a imagem de Kon olhando ferozmente para Natsume. Natsume rebateu com uma voz estridente: “Eu... Eu não tenho tais hábitos.”

Independentemente do que Natsume dissesse, era realmente reconfortante ter Kon supervisionando. “Desculpe incomodá-la.” Harutora disse a sua Shikigami.

“... Então vamos deixar assim. Boa noite, Natsume.”

“Uh... Sim... Boa noite, Harutora.”

“...”

“...”

“... Mas realmente estamos muito próximos...”

“... Sim...”

Harutora sorriu secamente e disse algumas palavras desconfortáveis, pensando que o mesmo tipo de sorriso poderia estar no rosto de Natsume. Kon tossiu levemente algumas vezes, claramente irritada por ouvir.

“... Muito próximos...” A atitude de Natsume entrou em pânico, como se de repente ela tivesse percebido que algo estava errado. Ela virou as costas para Harutora, dobrando o corpo – movendo-se como se estivesse cheirando a gola de sua roupa atlética.

“... Huh? O que há de errado?”

“Uh... Nada...” Natsume respondeu em um gaguejar, seu corpo não mais curvado.

“... Foi apenas um dia curto, então por que não tem aqueles ao seu redor tolerando isso?” Mas Kon imediatamente falou, proferindo palavras duras e maliciosas.

Harutora não entendeu, mas Natsume parecia zangada o suficiente para ranger os dentes.

Não muito tempo depois, o corpo que estava de costas para Harutora se contorceu desconfortavelmente de novo...

“... Eu... Vou ao banheiro! Harutora, você pode dormir!”

De repente ela correu para fora de seus lençóis, passando pelo quarto e saindo pelo corredor.

“O que aconteceu?”

Harutora murmurou, sem noção e estupefato. Kon bufou com desdém ao lado dele.

 

 

A água quente provavelmente tinha acabado, mas não era como se fosse impossível tomar banho nesta estação. Natsume correu pelo auditório calmo e silencioso, até o balneário.

Homens e mulheres foram divididos originalmente em banhos distintos, mas agora não era mais distinguível qual lado era para homens e qual lado era para mulheres. De toda forma, não deveria haver ninguém lá dentro, então Natsume entrou sorrateiramente – verificando primeiro o ambiente – no vestiário.

Ela não acendeu a luz no vestiário, tirando apressadamente sua roupa atlética e colocando-a em um armário. Então, ela desatou a fita amarrando seus longos cabelos, deixando seu cabelo preto cair em seu corpo.

Tinha sido o mesmo quando ela começou a morar nos dormitórios. Embora ela tivesse evitado os olhares dos outros, ela sempre mantinha sua guarda quando estava completamente nua em um lugar desconhecido. Apenas por precaução, ela se envolveu com uma toalha primeiro, depois entrou no balneário.

Felizmente, o banho ainda estava quente.

O luar brilhava através da janela embaçada perto do teto, iluminando fracamente o velho, mas ainda elegante, balneário. Ainda havia água quente no banho, então Natsume finalmente relaxou.

Pensando com cuidado, ela sempre tomava banho nos chuveiros do dormitório. Além de quando ela voltava para casa para o Ano Novo, ela não tinha se alongado em um grande banho por um longo tempo. Embora a água quente estivesse provavelmente não tão quente assim, ela ainda se sentia afortunada. Assim enquanto ela sorria alegremente, segurando a toalha e caminhando para o banho...

“Ora ora, você não precisa segurar a toalha assim, não somos duas garotas?

“Ei, o que você está fazendo!? Me devolva a toalha!”

Havia pessoas no outro lado do balneário e as vozes que soavam eram claramente familiares. Sim, eram definitivamente Kyouko e... Suzuka. O coração de Natsume quase parou de bater por medo, seu corpo inteiro endurecendo.

No entanto, ela recuperou o juízo e rapidamente se escondeu, planejando voltar rapidamente para o quarto, mas não pôde deixar de ficar curiosa para saber por que Suzuka e Kyouko estariam juntas. Ela hesitou por um tempo, finalmente decidindo ser prudente e lançar o máximo de magia que pudesse, ficando onde estava. Ela cautelosamente, silenciosamente, sorrateiramente, afundou seu corpo no balneário enquanto fazia o mínimo de barulho possível.

Então, ela animou suas orelhas.

A julgar pelo som, Kyouko e Suzuka ainda estavam conversando no outro lado. Pelo conteúdo do bate-papo, ela descobriu que Suzuka não queria se banhar com as outras, e depois que Kyouko soube disso, ela a puxou à força para tomar banho. Honestamente, isso surpreendera Natsume. Antes da discussão reunida com todos, Kyouko não tinha falado muito com Suzuka, e ela nem deveria saber sobre a verdadeira natureza de Suzuka até então.

Mas o tom com o qual ela falou era familiar e extremamente íntimo.

“Ei, eu sei que não deveria pedir isso a uma General Divina, mas é um pouco estranho usar um tom respeitoso com um kouhai. Posso te chamar pelo seu nome como Harutora faz?”

“Eu não me importo com como você me chama! Faça o que quiser!”

“Hmm, certo então, Suzuka-chan.

“Chan?”

“O que há de errado com isso, nos damos muito bem.”

“Você está brincando? Quem se dá bem com quem? Não entenda errado! Você é alguém de fora que só tem um histórico familiar!”

“Isso não é verdade, amizade não tem nada a ver com posição, certo, Suzuka-chan?”

“Droga! Você é muito chata!”

Os rugidos furiosos de Suzuka vinham do outro lado da divisória.

A julgar pelo som disso, Kyouko estava no controle da situação. Era a primeira vez que Natsume ouviu o tom de voz de Suzuka agitado.

Kyouko era como uma irmã mais velha da turma, responsável por dar um passo à frente para colocar tudo sob controle. Ela tinha uma personalidade destemida, e poderia tranquilamente se passar por uma senpai para a Onmyouji Nacional de Primeira Classe – ainda uma kouhai – Suzuka. Tal capacidade de comunicação e coragem em enfrentar os outros era admirável, como esperado da filha mais velha de uma família famosa.

Ela estava definitivamente sorrindo agora, bajulando Suzuka, que vomitava abusos. Natsume sabia que era inapropriado, mas não podia deixar de sorrir.

“Pare de falar bobagens, me devolva minha toalha! Devolva!”

“Eu já vi tudo de qualquer maneira, então você não precisa da sua toalha, certo?

“Sua pervertida exibicionista! Se você gosta de se expor, então vá se expor em outro lugar!”

“Ora ora, você não pode dizer isso, eu não tenho tais interesses. Eu só não entendo o que há para esconder quando somos as duas garotas...”

“Cale a boca, sua vaca leiteira!”

“Ei, Suzuka-chan, ninguém nunca disse coisas tão rudes para mim.”

“Eu vou dizer isso já que ninguém mais diz, sua vaca leiteira sem cérebro!”

“Realmente, eu não tenho nada do que me orgulhar. Eu estava tomando banho com minhas colegas hoje e vi que há outras pessoas ainda maiores que eu.”

“Sua vadia... Seu tom soa como se você tivesse ganhado, coincidentemente insinuando que você é grande!”

“Não se preocupe, você ainda é jovem...

“Morra! Por que você não se apressa e morre!?”

Desde que se conhecera com Suzuka, Natsume nunca sonhara que haveria um dia em que se identificaria com ela do fundo do coração. Ela até sentiu que as duas poderiam se tornar amigas íntimas.

Mas, Kyouko não tinha nenhuma intenção de se importar, casualmente dizendo: “Eu nunca pensei que pudesse conversar assim com a Prodígio. Estou muito feliz”.

“... Deixe-me dizer isso primeiro... Primeiro devo deixar claro que não tenho esse tipo de interesse!”

“Venha, eu também não. Eu só gosto de homens, como uma garota normal.”

“Sim, sim, isso é bom. Bom, então eu vou dormir!”

“... Ei, Suzuka-chan.

“Eu terminei de tomar banho! Estou saindo!”

“Você gosta do Harutora?”

“Uwah!”

Natsume teve sorte que os outros não a notaram. Ela esqueceu completamente a discrição, gritando de surpresa ao mesmo tempo que Suzuka. Mas, ela entendeu que não deveria entrar em pânico agora, mas sim observar atentamente a situação se desdobrar. Ela ficou invisível, completamente absorta, concentrando sua atenção em seus ouvidos. Ela não podia fazer mais nada.

“Eu vou te matar, vadia! Eu vou te cortar em pedaços!” Suzuka disse.

“Hahaha, você não precisa ficar envergonhada.”

“Aaarrrgghhhh!”

Uma voz que não soava como se viesse de um humano soou do outro lado da divisória do balneário. Natsume sentiu-se profundamente simpática. Mesmo assim, ela ainda se esforçava para animar as orelhas.

“Eu não suporto você, eu realmente não suporto você, estou indo embora!”

“Hoho... Você acha que pode escapar do meu alcance, Suzuka-chan?”

“Não me abrace! Pare de me tocar! O que sua mão está fazendo! Isso é um crime! Pare de me tocar!”

“Ahh, tão fofa. ♪♪

“Aaargh!”

Natsume se encolheu, segurando os joelhos e tremendo. O que estava acontecendo do outro lado da parede? Ela estava muito curiosa, mas não se atreveu a conhecer a situação em detalhes.

Mas ela nunca pensou que Kyouko teria esse lado. Será que era assim que as garotas realmente interagiam? Se ela tivesse entrado na Academia com a identidade de uma garota, ela seria tratada da mesma forma?

Por favor, me poupe! Natsume não pôde deixar de implorar por misericórdia em seu coração.

“Esse idiota tem alguém que ele já gosta! Ele não se importa nem um pouco comigo!” Suzuka lamentou.

Os olhos de Natsume se arregalaram.

“Huh, de jeito algum, sério?”

“Isso mesmo! Deixe-me ir!”

O batimento cardíaco de Natsume acelerou intensamente. Suas bochechas se avermelharam instantaneamente enquanto ela se encolhia no banho, onde a água quente não estava mais sendo fornecida.

Ao ouvir essa resposta, Kyouko ficou bastante calma – até mesmo a expressão dela. Ela murmurou um ‘Oh...’, não prosseguindo mais o assunto.

“... Então, e quanto a Natsume-kun? Você não sabe como se dar bem com ele, certo?” Kyouko perguntou de repente. Não, ela não tinha pensado de repente nessa pergunta, ela provavelmente já havia calculado a oportunidade. Este era seu objetivo.

Suzuka prendeu a respiração e o corpo de Natsume também ficou rígido.

O pesado silêncio invadiu a atmosfera, e então como se para quebrar a tensão...

“Sim, desculpe por perguntar esse tipo de coisa. Mas na verdade, eu posso ver que vocês não se dão muito bem. Mas Natsume-kun é realmente muito fácil de se conviver, ele é um pouco lento...” Kyouko defendeu cautelosamente Natsume.

Suzuka ficou em silêncio, e Natsume não conseguia esconder sua tensão, concentrando toda sua atenção no outro lado da divisória.

Muito tempo passou e todas ficaram em silêncio.

“Você não sabe de nada...” Então Suzuka soltou aquelas palavras murmuradas.

“... O que?” Kyouko perguntou de volta. Então, o barulho de alguém saindo da banheira soou.

“Essa pessoa... É muito esperta. Eu a odeio...”

Ela falou diretamente, espancando brutalmente o coração de Natsume.

O tamborilar de seus passos levava ao vestiário. “Suzuka-chan!” Kyouko a perseguiu.

A porta entre o balneário e o vestiário fora aberta. O som da porta soou do outro lado da divisória e as presenças das duas desapareceram.

Natsume permaneceu imóvel no banho. Ela se lembrou do conselho de Ohtomo – quanto mais você valoriza seus amigos, mais você deve abrir seu coração e ser honesto. Ela fechou os olhos, carregando emoções difíceis de reprimir e puxou a cabeça para baixo da água.

Seus cabelos negros flutuavam na superfície da água. Natsume segurou os joelhos com força. Apenas um pouco de calor fora deixado na água.



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