Tokyo Ravens Japonesa

Tradução: Nie

Revisão: Math


Volume 2

Capítulo 5.2: Oni de Um Braço

PARTE 2

O homem escapou pela porta dos fundos do edifício da Academia Onmyo com o rosto pálido. O velho homem, que via a cena, suspirou em decepção.

O velho estava sentado no banco de trás de uma limusine parada em um estacionamento da rua que não era muito distante da porta. Ele abriu a janela do carro, olhando com raiva para as costas do homem que desesperadamente escapava.

“Que desperdício de expectativas.”

Sua boca forrada de rugas soltou uma voz inesperadamente jovem.

“Ou eu deveria dizer que essas crianças tiveram um desempenho melhor que o esperado...? Mas é realmente uma monstruosidade ver um homem tão digno decair tanto.”

O velho usava um kimono escuro como breu, com óculos de sol vermelho-sangue em seu rosto. Sua cabeleira branca e fina estava arrumada e limpa.

Ele parecia um idoso, de forma mais precisa, um homem morto há muito tempo. Embora ele estivesse de óculos de sol, nenhuma expressão era visível em seu velho rosto. Ele só falava movendo indiferentemente seus lábios.

No entanto, seu tom de voz era hovem e mostrava ricas emoções, completamente discordante com a aparência cadavérica que possuia, como se uma pessoa jovem e abundante de vigor fosse colocada em um corpo de um velho moribundo.

O homem que escapava do edifício virou uma esquina, sua silhueta desapareceu.

Só então, a escuridão repentinamente caiu sobre a janela traseira.

Era como se o sol tivesse se escondido atrás de uma nuvem escura, mas o que bloquou o sol não era uma nuvem.

“... Yo.”

A voz rouca que vinha de cima da janela do carro era a de um homem. Ele bloqueara a luz solar. Ele se inclinou sobre a limusine, olhando para dentro do carro pela janela, sem aviso prévio.

Ele era um homem enorme, seu corpo tinha cerca de dois metros de altura, com impressionantes músculos por toda sua estrutura.

Debaixo de seus cabelos dourados havia um pequeno rosto que contrastava com o corpo, com profundas características de origem do sul europeu.

As sobrancelhas do homem eram bonitas, e seus olhos se estreitavam em fendas. Seu nariz era grande, e os lábios, ricos. O terno listrado moderadamente regulamentado desregrava o homem, dando uma impressão astuta. Por outro lado, cada parte desse corpo gigante exalava um temperamento áspero e carnívoro, que não podia ser escondido, mesmo que quisesse. Mas, cada movimento que o homem fazia era claramente maduro, mundano, e elegante, formando uma espécie de encanto como um perfume que flutuava em sua presença.

Mesmo alguém cego podia ver que ele não era uma pessoa normal, e “líder da máfia” seria uma descrição apropriada para ele. Sua idade deveria ser algo maior que 30 anos, embora não parecesse que já tivesse chegado aos 40.

O homem colocou o braço robusto no teto da limusine, falando com o velho dentro do veículo.

“Você não poderia usar o nome das pessoas como bem entender.”

Essas palavras soaram como uma denúncia, mas não havia raiva em seu tom. O velho respondeu também com um tom de lazer, como se estivesse caçoando.

“Você me pegou.” Sua rosto ainda com a mesma expressão cadavérica, e ele não falava com qualquer peso na consciência, estando claramente entusiasmado, como se estivesse se divertindo.

“Você está realmente muito curioso.”

“Não exatamente.”

“Que frio, estes 60 anos não se passaram em um instante?”

“Eles não foram curtos anos, não é um passado para sentir nostalgia.”

O homem falou com calma, e o velho riu secretamente enquanto ouvia.

“Sério? Acumulei algum ressentimento ao longo destes 60 anos. Posso realmente chamar aqueles momentos de nostálgicos.”

“Não leve isso tanto a sério assim.”

“Você diz isso, mas eu sempre tive essa disposição.”

“Realmente... Você deve apenas ficar nos bastidores. Sempre que você sai, há mais e mais problemas.”

O homem falou como se estivesse irritado, mas era claramente fingimento, e não estava de fato preocupado. No final, ele ainda não tinha planos de intervir, mesmo que as situações problemáticas aumentassem.

O velho pareceu ficar com raiva de seu ar despreocupado, perguntando teimosamente.

“Você não está verdadeiramente alheio?”

“Eu não posso dizer que estou completamente despreocupado, mas não vou me envolver, especialmente apenas para confirmar. Meus métodos são diferentes de Hishamaru.” O homem respondeu com impaciência.

“Hmph. Entendo... Então, você ainda não consegue fazer contato com Hishamaru? Esse cara é muito frio.”

“Isso não é da sua conta.”

O homem respondeu com frieza. A interação entre os dois parecia gélida, mas suas respostas pareciam familiarizadas umas com as outras, fazendo com que se tornasse duvidoso se os dois já se conheciam ou não. Na verdade, as relações entre os dois existiram desde um tempo incrivelmente longínguo.

“Certo, a presença fantasmagólica de seu corpo é um pouco forte demais. Você não poderia escondê-la um pouco melhor?”

“Desculpe, tem muito tempo que não me preocupo com isso.”

“Você realmente já está velho... Ah, você vê, você até me fez ser notado, e mesmo por aquele jovem! Realmente...”

O velho murmurou com nojo. Se a sua expressão pudesse mudar, seu rosto estaria definitivamente contorcido agora.

O homem inclinou-se sobre o carro e virou o robusto pescoço.

“... Aquele cara, não é? Ele não me parece tão ruim quanto você diz. Vocês se conhecem?”

“Nos conhecemos antes. Aquele sujeito arrogante desistiu de uma perna para poder escapar do meu alcance.”

O velhou amaldiçoou ressentido. O homem sorriu, sinceramente falando.

“Esse cara tem um futuro promissor.” Tais palavras fizeram o velho infeliz.

“Em todo caso, a diretora da Academia Onmyo é uma adivinha brilhante, e talvez já tenha visto através de seus planos.”

“Lutar em desvantagem é o mais interessante.”

“Isso realmente é um péssimo gosto.”

O homem segurou o ombro do lado oposto, seu corpo deixando a proximidade que estava com a janela da limusine.

“De todo modo, eu não planejo falar sobre o quão ruim são seus interesses, mas não use o meu nome para seus jogos bobos. Só vim avisá-lo sobre isso.”

Ele virou as costas para a limusine. O belho não instou-lo a ficar, nem sequer abriu a boca para se despedir.

Assim, enquanto se distanciava, o homem parou repentinamente. “... Certo, de onde exatamente aquele moleque é?”

“Hm? Que moleque?”

“O tigre.”

“Ahh, ele parece ser uma criança da família secundária. Sua força não é tão ruim. Com isso, o tigre e o dragão estão lado a lado, mas o tigre ainda é realmente fraco... Você tem algum interesse nessa pessoa?”

O velho perguntou sem entender. Alguém familiarizado poderia perceber que havia curiosidade escondida na voz do velho.

“... Não, não é nada. Lembre-se de não exagerar, Doman.”

“Hey hey, não é você que está mostrando interesse nas outras pessoas?”

O velho respondeu insinuando sobre a criança. O homem sorriu ironicamente, finalmente deixando a limusine.

Ele caminhou de costas para o velho e o edifício da Academia.

“... Você não mudou nada, ainda tão leal.”

Ninguém mais do que ele mesmo ouviu este murmúrio. O homem caminhou lentamente para longe. Sua mão direita dentro do bolso da calça. O braço esquerdo de seu terno batendo suavemente contra o vento.

...

“Droga... Droga... Bastardo...”

Lágrimas escorriam pelo rosto do Investigador Mágico enquanto ele fugia, com os olhos subindo e descendo, acompanhando a respiração.

As coisas não deveriam ter tomado aquele rumo, tudo estava horrivelmente errado. Por que ele havia caído em tal destino miserável? Ele não conseguia entender.

“Por quê? Eu sou Hishamaru, eu sou Hishamaru, mas Kakugyouki... Ahh, droga, o que deverei pagar para me responsabilizar com este grande homem!?”

Sua mente não funcionava corretamente devido a confusão e desespero. Naquele momento, ele só poderia voltar para o lado de seus companheiros e ouvir as instruções do grande homem.

Aquele velho que um dia, repentinamente apareceu diante dele, e contou-lhe sobre sua vida passada, e permitiu-lhe se reunir com o seu amigo do passado Kakugyouki. Ele acreditava profundamente que o grande homem definitivamente tinha uma maneira de resolver aquelas dificuldades diante dele...

“... Embora eu tenha estado fora por um tempo, a qualidade dos Investigadores Mágicos decaiu um pouco.”

O Investigador Mágico gritou e parou de se mover, sem saber de onde a voz tinha vindo.

Ele não viu ninguém, mesmo se olhasse em seu entorno. Mas...

“... Eu acho que Desastres Espirituais tem aumentado, uma vez que as pessoas de excelência estão tornando-se exorcistas. Que terrível, é realmente um jogo muito perigoso...”

A voz vinha de trás dele ~ e, além disso, repentinamente soou de uma distância tão próxima que seria mais do que suficiente para se alcançar. Ele queria saltar para trás e virar-se, mas seu corpo não se movia, mesmo que apenas um dedo ~ não, ele não podia mover nem mesmo sua língua dentro de sua boca.

Esta era uma magia. Era diferente da fraca magia lançada sobre Natsume; este era um método de subjugação Shugêndo, Ummoving Golden Chains. Mas, a outra parte tinha usado sem um mantra, e ele ainda não sentia a presença do usuário. Magia de discrição. Mas não uma magia de discrição comum ~ ele temia que fosse o Marici Stealth Tantra.

A presença atrás dele se aproximou lentamente, fazendo um som pesado de passos. Um frioe duro soar diferente de sapatos pisando no chão ecoavam no vazio local.

O praticante que o tinha prendido apareceu na sua frente, mas, ao mesmo tempo, a magia que prendia seu corpo também invadiu sua visão, prendendo sua visão e impiedosamente mergulhando-o nas trevas.

Ele segurou seus olhos abertos enquanto eles escureciam gradualmente, obrigando-o a ver apenas os pés do praticante. Uma bengala e uma perna falsa de madeira. Naquele momento, as memórias despertaram em sua mente.

Quando ele estava como Investigador Mágico, havia um rumor de um determinado Investigador Mágico extraordinário que tinha se tornado uma lenda. Esse homem possuía as qualificações para se tornar um Onmyouji Nacional de Primeira Classe, um dos Doze Generais Divinos, mas seu nome nunca se tornou público por causa do sigilo de sua posição.

Ele havia deixado a linha de frente, depois de perder a perna direita, e dizia-se que apenas alguns superiores hierárquicos sabiam para onde este Onmyouji havia ido. Ele tinha inicialmente acreditado que o boato era falso, e ele nunca pensou que poderia encontrar este homem neste local.

Depois...

Enquanto estes pensamentos passavam por sua mente, a magia que o prendia também começou a vincular-se até mesmo com seus pensamentos.

Ao mesmo tempo que a luz desaparecia de seus olhos, a sua consciência também caia em escuridão.

“Ora ora, este jovem me fez trabalhar horas extras. Que desgastante.”

Ohtomo abaixou a cabeça para olhar para o Investigador Mágico que caira aos seus pés, murmurando em aborrecimento.

Só então, um pequeno gato malhado entrou no beco onde Ohtomo estava.

Ohtomo franziu a testa imediatamente ao ver o gato. Por outro lado, o felino não prestou qualquer atenção à reação de Ohtomo, silenciosamente caminhando próximo a sua falsa perna.

Ele verificou o Investigador Mágico caído e, em seguida, olhou para Ohtomo.

“Você trabalhou duro, Ohtomo-sensei.”

A voz da diretora Kurahashi veio da boca do gato, e Ohtomo respondeu com um rosto sem vontade: “Não foi nada.”

“Ele era apenas um peixe pequeno, para colocá-lo de um modo não muito repugnante, mas, acho que ainda existem desses tipinhos de pessoas por aí.”

“Ele provavelmente foi influenciado por um longo tempo. De acordo com o que eu vi na arena, a sua personalidade tem uma séria divisão.”

“Oh, essa pessoa tinha dois papéis? Você também previu isso, diretora?”

É claro que eles são meus preciosos alunos.”

A expressão do gato permanecia inalterada, e Ohtomo virou a cabeça, murmurando.

“... Você por acaso está me monitorando, certo?”

“O que foi isso, Ohtomo-sensei?”

“Não, eu não disse nada, diretora.”

Ohtomo falou inocentemente, sorrindo e mostrando um falso e incomum sorriso.

O gato endireitou a postura.

“Deixe-me agradecer novamente, Ohtomo-sensei. Mas, o espetáculo que os alunos participaram desta vez foi um pouco perigoso demais, e eu não posso aprovar. Você feve ter pisado no mesmo quando ele convocou o falso Kakugyouki.”

“Isso seria bastante difícil. Esqueça um perseguidor idiota, o que acontece com os dois figurões que estávamos de olho? Seu eu perder minha última perna, minha futura carreira como professor seria problemática.”

“Eu poddo criar um Shikigami cadeira de rodas especialmente para você. Oferta gratuita.”

“Uwahh... Que terrível... Por que está velha não se apressa em morrer...?”

“O quê?”

“Não, nada.”

Ohtomo respirou rapidamente, se encolhendo de volta.

“E tomei precauções há muito tempo. Ver que a espada de madeira quebrou me alertou. Apesar de ter sido uma ferramente mágica que fiz muito rapidamente, eu nunca pensaria que superaqueceria! Mas, por cauda dessa lição, você poderia chamar o shakujou de ‘meu orgulho’, e ele realmente foi útil, não é? E também, sua neta fez muito bem! Você viu os efeitos da minha estratégia de ontem; a amizade entre eles aumentou por causa do planejamento do sensei, e é por isso que eles puderam exercer suas forças através de sua bela amizade para lidar com o falso Oni!”

Ohtomo dançou e arbitrariamente se gabou de seu trabalho. O Shikigami gato ficou sem palavras, apenas lançando um olhar penetrante para o Onmyouji de perna falsa, mostrando juntamente o cético olhar de um gato.

“Além disso, pode ser que você tenha se desorganizado desta vez, diretora? Você sabia que este idiota era um fanático de Yakou há muito tempo, certo? Mas acho que você o deixou ir... Isso é um pouco arriscado demais.”

O gato torceu a cauda ao ouvir o sarcasmo de Ohtomo, claramente não se preocupando em absoluto.

“Tudo o que eu sabia de antemão era que ele era afiliado ao Sindicato dos Chifres Gêmeos, nada além disto. Esta foi uma boa oportunidade para nós.”

“Então você quer dizer que você está realmente usando os alunos como isca, e você ainda diz coisas como ‘Eu não posso aprovar’ para os outros.”

“Por favor, me acostumei com estas pequenas coisas rapidamente. Além disso, eu avisei as partes envolvidas há muito tempo.”

O gato falou claramente, e Ohtomo franziu a testa em desagrado. “... Hipócrita...”

“O quê?”

“Não, não é nada.”

O gato suspirou para o fingido Ohtomo, então virou-se de costas para ele, deixando a sensação de um sorriso irônico.

“Eu tenho que informar a Agência Onmyo, por isso, deixo o resto com você.”

“... Eu receberei pagamento pelas horas extras?”

“Oh meu Deus, isso não era para seus bons alunos? Dinheiro não deverá ser um problema, certo?”

“... O problema não é o dinheiro, é a sinceridade...” Ohtomo reclamou, e o gato nada mais perguntou.

O gato saiu do beco com passos leves, e seu subordinado assistiu o Shikigami ir, infantilmente mostrando a língua para a direção na qual o gato havia ido.



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