Volume 9
Capítulo 28: Sétimo Andar de Aincrad
No momento em que saí da câmara de segurança, um ar frio e seco roçou a nuca.
Esse sétimo andar deveria ser uma zona tropical — lembro que reclamei "está muito quente" pelo menos uma vez por hora enquanto explorávamos. E, no entanto, a zona do labirinto agora parecia significativamente mais fria. Não me recordo de estar tão gelado assim quando subimos ontem, então é provável que a temperatura tenha caído porque o boss do andar, «Aghyellr, The Igneous Wyrm», foi derrotado.
Assim que esse pensamento me ocorreu, uma leve melancolia me invadiu — apesar de ter sido eu quem desferiu o golpe final —, mas não havia tempo para sentimentalismo.
Mesmo com o boss derrotado, os mobs comuns ainda apareciam, e era possível que outros grupos estivessem caçando também. Ainda assim, a maior ameaça agora não eram os mobs — e sim os NPCs: os Elfos Caídos.
A vice-comandante deles, «Kysarah», havia nos aniquilado com técnicas de espada devastadoras. Duvidava que alguém do nível dela aparecesse por aqui de novo, mas mesmo os soldados rasos — Guerreiros Caídos e Batedores Caídos — não podiam ser subestimados. Precisávamos evitar confrontos sempre que possível, por isso «Kizmel» se ofereceu para fazer a patrulha adiante.
Mas SAO é o tipo de jogo que te derruba no segundo em que baixa a guarda. Então concentrei todos os meus sentidos aguçados — aprimorados pela minha transformação em vampiro — para escanear os arredores. Quando me certifiquei de que não havia sinal de jogadores nem de NPCs por perto, fiz um aceno para as garotas.
Sacando a «Doleful Nocturne» da bainha nas minhas costas, assumi a dianteira em formação triangular, com Asuna e «Kizmel» logo atrás.
Como «Kizmel» havia previsto, cerca de cinquenta metros à frente, encontramos três Monitores Revestidos de Armadura — lagartos gigantes com couraças semelhantes a escamas metálicas. Normalmente, suas peles protegidas resistem a quase tudo, exceto armas contundentes, mas ataquei primeiro com a «Light Blade» da «Doleful Nocturne», matando um instantaneamente e atordoando os outros.
Sem hesitar, Asuna e «Kizmel» se aproximaram e acertaram os pontos fracos — a região macia sob o pescoço — eliminando-os com precisão, cada uma enfrentando um.
Depois de uma vitória tão unilateral contra um dos tipos mais fortes de mobs comuns do sétimo andar, era tentador ficar por ali e acumular XP. Mas ataques preventivos com «Light Blade» só são eficazes quando se avistam os inimigos de longe — a ganância seria um erro. Lembrei-me disso e segui em frente.
✗✗✗
Não encontramos mais mobs depois disso, e logo chegamos ao nosso destino: o final de um corredor sem saída.
A parede de pedra ao fundo não parecia diferente das laterais. Se «Nirrnir» não tivesse percebido na vez anterior, nunca saberíamos que havia uma porta oculta ali. Parei diante da parede e olhei para cima.
Forçando os olhos, avistei: uma aranha preta, do tamanho do punho de uma criança, agarrada a uma área sombreada perto do teto. Era uma Pequena Aranha Sorrateira, deixada por «Kizmel» como armadilha sensorial de movimento.
Na natureza, essas coisas caíam silenciosamente do teto das cavernas e mordiam o pescoço de suas vítimas — sempre figurando entre os "insetos mais irritantes" de SAO. Mas saber que ela ficou ali, imóvel, por mais de meio dia, fiel às ordens de uma mestra que provavelmente nunca veria de novo, despertou em mim um estranho sentimento de afeto. Agora eu entendia por que, quando «Nirrnir» deu a ordem, sussurrou um discreto "Desculpe" — apenas alto o suficiente para que eu ouvisse.
— Nenhum sinal de alguém além da parede — disse «Kizmel», trazendo-me de volta ao presente.
Assenti.
— Também não ouço nada, mas é melhor nos posicionarmos dos dois lados da porta antes de abri-la.
— Eu fico à esquerda. Kirito e Asuna vão pela direita — respondeu ela. Decisão inteligente. O espaço restante de cada lado, quando a porta oculta se abrisse, era de apenas 40 centímetros. Não havia como «Kizmel», com sua armadura, e outra pessoa caberem do mesmo lado. Ainda assim, Asuna e eu estávamos com roupas leves — não éramos crianças, mas precisaríamos ficar bem colados, um à frente do outro. Virei-me e perguntei.
— Frente ou atrás — o que você prefere?
Asuna, que estava olhando para a aranha, virou-se para mim. Levou cerca de dois segundos para entender o que eu quis dizer, então fez uma careta.
— Atrás… Não, frente… Na verdade, atrás.
— Beleza.
Sem objeções da minha parte. Embainhei a espada e guiei Asuna até o canto traseiro direito do beco sem saída, posicionando-me à frente dela. Quando «Kizmel» já estava escondida do outro lado, estendi a mão esquerda e tateei as linhas de argamassa na parede com os dedos. Bem onde eu lembrava, minha ponta do dedo encontrou algo — soltei um leve suspiro de alívio. Um pequeno orifício, com menos de um centímetro de largura: a fechadura para abrir a porta oculta.
Recolhi a mão e apalpei o coldre de couro no meu cinto, procurando uma agulha de arremesso. Das cinco que eu carregava, quatro eram de aço compradas em loja, já usadas antes. Mas a da extremidade esquerda tinha um formato bem diferente.
Retirei-a com cuidado. Media pouco menos de dez centímetros de comprimento e cerca de oito milímetros de largura — mais parecia um prego do que uma agulha. O corpo da peça tinha uma seção transversal hexagonal, espiralando suavemente como um parafuso. Era negra como breu, com um brilho úmido, mais parecido com casco ou quitina do que com metal.
(N/SLAG: Está sugerindo que ela parecia ter sido feita de algo orgânico, como se fosse parte de um inseto ou criatura, em vez de um objeto metálico comum.)
Seu nome: Espinho de Shmargor.
Um item raro, utilizado apenas por certos Elfos Caídos. A agulha secretava continuamente veneno paralisante de Nível 2, tornando-se perpetuamente tóxica, não importando quantas vezes fosse arremessada. «Kizmel» possuía um anel abençoado pela Rainha dos Elfos Negros que neutralizava venenos, e Asuna e eu podíamos nos proteger com a habilidade «Meditation». Ainda assim, ser paralisado por espetar meu próprio dedo seria mais do que embaraçoso.
Cuidadosamente, inseri a agulha no buraco.
O orifício também era hexagonal. Girando a agulha espiralada no sentido horário, empurrei-a com suavidade. Já tinha feito isso horas antes, mas não consegui evitar ficar nervoso. Senti Asuna agarrar a parte de trás do meu casaco.
Com um último empurrão, enfiei a agulha até o fim. Um leve clique metálico ecoou — e, no momento seguinte, a seção central da parede começou a deslizar para baixo com um estrondo grave. Olhei para cima e vi a aranha fugindo em pânico, obedecendo ao comando de «Nirrnir»: "fuja se houver perigo". Assim que seu estado de mascote terminar, ela provavelmente voltará a cair no pescoço dos jogadores, como antes.
Valeu pela ajuda e por favor, não morda a gente.
A porta oculta — uma laje de pedra com cerca de 70 centímetros de largura — recuou totalmente para dentro do chão com um baque surdo. O silêncio voltou. Permanecemos escondidos dos dois lados da abertura, ouvindo atentamente por qualquer sinal de vida. Não ouvi respiração, nem o farfalhar de roupas — nada.
Convencido, retirei a agulha e a devolvi ao cinto. Troquei olhares com «Kizmel» e fiz o sinal. Os três entramos rapidamente na sala secreta. Logo após entrarmos, a parede de pedra começou a subir de novo, vinda do chão. Não havia sensores — o mecanismo devia estar configurado para fechar automaticamente alguns segundos após a remoção da chave. Havia outra fechadura igual do lado de dentro, mas não era necessário procurá-la agora.
A sala secreta era pequena, com menos de três metros de largura por lado. Nenhum humano, elfo ou mobs estava presente — exatamente como esperávamos. Em vez disso, um objeto enorme ocupava o centro. Um disco de 90 centímetros de diâmetro e 10 de espessura estava embutido no chão, sustentado por quatro pilares finos presos à sua borda. Estes se estendiam para cima, segurando um segundo disco, a dois metros de altura.
Ambos os discos e os pilares tinham um brilho metálico dourado-esverdeado fosco. Era difícil dizer se eram feitos de metal ou de madeira altamente polida.
Símbolos concêntricos intricados estavam gravados nos discos, e no centro havia duas linhas em zigue-zague — cruzadas em forma de X.
O símbolo do gelo e do trovão, usado pelos Elfos Caídos.
Segundo «Nirrnir», este dispositivo é supostamente um "Antigo Aparelho de Teletransporte". Quando ouvi isso ontem pela primeira vez, fiquei surpreso que SAO tivesse algo tão parecido com ficção científica. Mas, pensando bem, cada cidade principal em todos os andares já possui Portões de Teleporte que cumprem exatamente essa função, mesmo com aparências diferentes. Além disso, tanto os Elfos da Floresta quanto os Elfos Negros usam Árvores Espirituais para se mover entre os andares, então teleportadores em si nem são tão incomuns assim.
O verdadeiro problema é: não temos ideia de para onde esse aparelho leva.
Ontem, depois de roubar a chave secreta, os Elfos Caídos usaram este aparelho para ir a algum lugar. Quando conversamos sobre isso na sala segura com «Kizmel», tivemos que falar em hipóteses — mas, na verdade, isso já está confirmado. O diário da missão da Campanha da "Guerra dos Elfos" — Capítulo 5, "A Chave Secreta Carmesim" — foi atualizado em tempo real e deixou tudo bem claro.
A CHAVE SECRETA CARMESIM, RECUPERADA PELAS FORÇAS DOS ELFOS NEGROS, FOI ROUBADA PELOS ELFOS CAÍDOS. RASTREIE-OS E RECUPERE-A.
OS ELFOS CAÍDOS QUE ROUBARAM A CHAVE DESAPARECERAM NA ZONA DO LABIRINTO. DESCUBRA PARA ONDE FORAM.
UM DISPOSITIVO DE TELETRANSPORTE, SUPOSTAMENTE UTILIZADO PELOS ELFOS CAÍDOS, FOI DESCOBERTO. SIGA-OS E RECUPERE A CHAVE.
Como o sistema do jogo não mente, é seguro assumir que esse disco realmente é um teletransportador — e que os Elfos Caídos o usaram. Mas, apesar do tom casual do diário dizendo "rastreie e recupere", não há garantia de que o destino seja seguro.
— Será que se a gente simplesmente ficar em cima dele, ele ativa? — murmurou Asuna, e «Kizmel» assentiu.
— Não parece haver nenhum tipo de painel de controle, então provavelmente é isso mesmo. Mas... eu tenho uma sugestão...
Antes que ela pudesse terminar, Asuna e eu respondemos em uníssono:
— Vamos com você!
— Mas nós não temos a menor ideia do tipo de lugar ou situação em que podemos acabar.
— Justamente por isso — retruquei, aproximando-me de «Kizmel» e falando com urgência contida. — Seja qual for a situação, três pessoas são mais seguras do que uma. E ainda existe a chance de o dispositivo ser unidirecional, ou que ele não funcione novamente logo depois do uso. E...
Em histórias como essa, quando alguém entra sozinho, sempre acontece alguma coisa e a pessoa se separa. É praticamente uma regra. Pensei em dizer isso, mas me contive e escolhi outras palavras.
— Além do mais, se eu dissesse que iria sozinho, você também não deixaria, né?
— É verdade — disse «Kizmel» com um suspiro, endireitando-se logo em seguida.
— Mas se acabarmos em uma situação perigosa, vocês dois seguirão minhas ordens. Se eu disser para correr, vocês correm. Combinado?
......
Asuna e eu trocamos um olhar e respondemos de novo ao mesmo tempo.
— Entendido.
«Kizmel» suavizou um pouco o semblante e sorriu, com um toque de nostalgia na voz.
— Quando «Tilnel» e eu respondíamos assim quando crianças, nossa mãe sempre suspirava e dizia: "Vocês só são boas em responder."
(N/SLAG: "返事だけはいいんだから" Uma frase parental japonesa comum. Traduzido como "Você só é bom em responder". Diz que vai fazer algo, mas não cumpre ou não faz bem feito.)
— Ah... Acho que já ouvi isso antes também — comentei.
— Minha avó costumava me dizer isso — acrescentou Asuna.
«Kizmel» assentiu com um curto "Entendo", depois se virou para o dispositivo de teletransporte, seu sorriso desaparecendo.
— Então — vamos.
— É.
— Certo.
Mais uma vez, Asuna e eu falamos juntos e nos posicionamos ao lado de «Kizmel» — eu à esquerda, Asuna à direita. O disco parecia ter espaço justo para três pessoas se espremendo, mas os espaços entre os pilares tinham pouco mais de 60 centímetros, então não dava para entrar lado a lado. «Kizmel» subiu primeiro, e Asuna e eu a seguimos rapidamente.
Havia a possibilidade de enfrentarmos inimigos no destino, então considerei sacar minha espada. Mas fazer isso agora poderia causar mais problemas do que resolver, então apenas me preparei para puxá-la se necessário.
Durante o beta teste, jogadores que carregavam armas em teleportes às vezes esbarravam nos outros ao chegar, ou causavam acidentes ao avançar correndo. Por isso, virou etiqueta guardar as armas e caminhar calmamente ao teleportar — um costume que sobreviveu até a versão oficial. Claro que este não era o momento para se preocupar com boas maneiras, mas como «Kizmel» também não havia sacado a espada, talvez os Elfos tivessem chegado a uma conclusão semelhante por experiência.
Foi nesse instante que me virei sutilmente, alinhando minhas costas às delas. E então, aconteceu.
Os símbolos esculpidos no disco abaixo dos nossos pés e no disco acima de nossas cabeças começaram a brilhar em azul, das bordas para o centro. À medida que a luz avançava, nossos corpos foram envolvidos por esse mesmo brilho azulado. Um som baixo — buuuunnn, buuuunnn — pulsava no mesmo ritmo da luz. Ao olhar para o disco sob mim, percebi que um símbolo não brilhava: o brasão dos Elfos Caídos. E assim que pensei nisso—
Um clarão azul inundou completamente minha visão. Por um breve momento, senti meu corpo flutuar, e então as solas das minhas botas tocaram uma superfície sólida de novo.
Antes mesmo de a luz desaparecer completamente, me agachei, pronto para sacar a espada ao menor sinal de perigo.
Minha visão azulada voltou lentamente ao normal. A primeira coisa que vi foi uma parede de pedra — áspera, texturizada e surpreendentemente parecida com a da sala oculta de antes. Por um instante, achei que tivéssemos sido teleportados de volta ao mesmo lugar. Mas havia algo... diferente. O tom da pedra parecia ligeiramente distinto.
— Essa sala parece... meio igual — murmurou Asuna atrás de mim, e «Kizmel» respondeu em voz baixa.
— De fato.
Elas estavam certas. A estrutura, as dimensões, até os discos acima e abaixo eram praticamente idênticos. Mas o tipo de pedra era sutilmente diferente. Onde quer que tivéssemos parado, ao menos não havia inimigos por perto.
Dei um passo à frente, esperando Asuna e «Kizmel» saírem da plataforma. Em seguida, voltei rapidamente para o disco.
— Ei — Kirito! — exclamou Asuna, alarmada.
Fiz um gesto com a mão para mostrar que estava tudo bem e olhei para baixo. O símbolo mais externo começou a brilhar azul novamente. Saí imediatamente da plataforma. Asuna pareceu entender o que eu estava fazendo, porque assim que a luz se apagou, ela abaixou a voz e me lançou um olhar irritado.
— Da próxima vez, avisa antes de tentar uma coisa dessas.
— Foi mal, foi mal. Só queria ver se esse negócio levava a gente de volta.
Ela me lançou um olhar cortante — Sinceramente — e depois olhou ao redor da sala.
— Também não tem porta aqui...
— Provavelmente outra oculta, como na última sala.
— O que significa... que vai fazer barulho de novo quando abrirmos. Espero que não tenha inimigos por perto. E... em que andar a gente tá, afinal?
Asuna inclinou a cabeça, e eu pisquei, surpreso, antes de responder.
— Espera — isso aqui não é o oitavo andar?
— Não precisa ser, né? Os Portões de Teleporte podem conectar a andares bem distantes também.
— É, mas... será que o jogo mandaria a gente pra outro andar justo agora na história?
Enquanto eu murmurava, «Kizmel» interveio com um tom curioso.
— Se não sabem... por que não investigam?
— Hã...? Investigar? Como?
Quando Asuna e eu nos viramos ao mesmo tempo, a cavaleira deu de ombros casualmente e passou os dedos da mão direita pelo ar.
— Claro, podemos usar a Arte Humana. Ela não mostra pelo menos em qual andar estamos, mesmo que nunca tenhamos estado aqui antes?
……
Asuna e eu trocamos olhares novamente. Agora que ela mencionava, ela estava absolutamente certa. Quando você abre o mapa de um andar que nunca visitou, ele aparece todo acinzentado, e só dá para ver os arredores imediatos — mas o número do andar aparece bem claro.
Incentivado pelo olhar de Asuna, pigarreei e levantei a mão direita. Com o dedo indicador e o médio alinhados, fiz um movimento vertical para abrir o menu e troquei imediatamente para a aba do mapa.
E então—
— Eh…!?
— Não pode ser!?
Não fui só eu — Asuna, que espiava por cima do meu ombro, também arfou em voz alta.
Eu estava completamente convencido — ou melhor, já esperava — que o mapa apareceria todo cinza. Mas, em vez disso, ele brilhava em azul. Parecia que estávamos dentro de uma dungeon, com corredores e salas intricados já mapeados em detalhes. Menos de 20% da área ainda estava inexplorada. O corredor mais próximo da sala onde estávamos também estava cinza, mas ficava a menos de três metros de distância. O que significava que... eu já tinha passado por essa sala antes.
Sem perder tempo, desloquei o olhar para o canto superior direito do mapa para verificar o número do andar—
— O Quarto Andar!?
Mais uma vez, Asuna e eu gritamos em uníssono. Ao ouvir aquilo, «Kizmel» soltou um discreto "oh" de surpresa.
Com os passos de «Kizmel» se aproximando, comecei a dar zoom out no mapa, beliscando com dois dedos repetidamente. Quando terminei, o mapa da dungeon deu lugar à visão geral do andar, de forma circular.
Nossa localização atual era na extremidade sul. Isso significava que esse dungeon provavelmente era a torre do labirinto.
A noroeste da torre havia uma região montanhosa, e ao nordeste, um grande lago. Um rio sinuoso desaguava nesse lago e atravessava o andar todo, indo em direção ao norte, até a cidade principal. Julgando pelo terreno característico, não havia dúvidas — esse era o memorável Quarto Andar.
— Havia uma sala secreta assim no labirinto do Quarto Andar…?
Murmurei em voz alta e, de repente, percebi algo.
— Espera — se tivéssemos encontrado essa sala naquela época, será que poderíamos ter pulado direto pro Sétimo Andar, ignorando o Quinto e o Sexto?
— Duvido que fosse tão fácil assim — respondeu Asuna. — Ou a porta não teria aberto, ou o dispositivo nem teria ativado.
Assenti com a cabeça. Realisticamente, mesmo que tivéssemos sido teletransportados para o labirinto do Sétimo Andar com nosso equipamento e nível do Quarto, não teríamos a menor chance — nem contra os monstros mais fracos, muito menos contra o boss.
Dei zoom in no mapa de volta para a visão da dungeon. Depois, com dois dedos, girei e inclinei o mapa para revelar uma seção transversal vertical dos andares empilhados da torre.
— Essa sala fica... no 18º andar de um total de 20. Será que dá tempo de descer tudo…?
Assim que falei isso sem pensar, a voz de Asuna ficou um pouco mais séria.
— É… temos só cerca de três horas até o amanhecer. Não dá pra chegar em «Rovia» a tempo.
— Pois é. Quando limpamos essa torre pela primeira vez, levamos só trinta minutos até o topo, mas naquela época, estávamos com a Argo e o Visconde.
— O Visconde era absurdamente forte…
Asuna e eu assentimos, quando de repente «Kizmel» falou em um tom levemente magoado..
— Só para deixar claro… vocês não esqueceram que eu também estava lá, né?
— C-Claro que não!
Balancei a cabeça com força, e Asuna apressou-se a completar.
— A gente só tava comparando a composição do grupo daquela época com a de agora. De jeito nenhum esqueceríamos o quanto você nos ajudou, «Kizmel».
— Heh… eu só estava provocando.
«Kizmel» soltou uma risadinha curta antes de retomar o tom sério.
— Sem dúvida, o Visconde era formidável, e as habilidades furtivas da Argo eram impressionantes. Mas Asuna e eu ficamos mais fortes. E quanto a você, Kirito… eu diria que é capaz de fazer o trabalho de nós três juntos.
— Ehh… no máximo o de dois e meio.
Asuna me lançou um olhar do tipo não força, então pigarreei e continuei.
— De qualquer forma, agora conhecemos o layout. E não tinha nenhum mob particularmente irritante aqui. Devemos conseguir chegar ao térreo em, no máximo, uma hora. Mas, como a Asuna disse, não tem como chegar à «Rovia» em duas horas. Então... e se formos para vila mais próxima — «Usco»?
— Nem pensar!
Asuna descartou a sugestão imediatamente, sem nem me dar tempo de reagir.
— Ainda são quatro quilômetros até «Usco». E não esquece — esse andar exige transporte por barco. Lembra do rio? Teríamos que subir o rio até «Usco». Pode até ser que haja barcos ancorados na base da torre — deixados por outros grupos — mas não há garantia de que conseguiríamos subir o rio em duas horas.
— Você tem razão.
Assenti com relutância diante do argumento lógico dela. Ainda assim, faltavam quase 14 horas até o pôr do sol. Ficar em uma sala secreta usada pelos Elfos Caídos era perigoso. Podíamos voltar ao labirinto do Sétimo Andar e descansar numa sala segura, ou subir até o Quinto Andar e seguir até a cidade de «Karluin»…
Foi então que—
— Como assim? Achei que estivessem falando do Visconde justamente porque era para lá que pretendiam ir.
«Kizmel» disse isso de forma tão natural que Asuna e eu inclinamos a cabeça ao mesmo tempo.
— Pretendíamos… ir pra onde?
— Por que não ir ao Castelo Yofel? Não há necessidade de buscar uma cidade ou vila humana. A jornada rio acima é limitada, e boa parte do trajeto pode ser feita com a correnteza.
……
Assim como quando ela nos mandou olhar o mapa, olhei para Asuna — e ela olhou de volta.
O Castelo Yofel era uma fortaleza construída pelos Elfos Negros no lago ao nordeste do labirinto. O "Visconde" de quem estávamos falando — «Leyshren Zed Yofilis» — era o Lorde daquele castelo. Sua habilidade com a espada estava entre as melhores de qualquer NPC que conhecemos, e no meu ranking pessoal de "Melhores NPCs de Todos os Tempos", ele ficava fácil no top cinco. Mas será que ele nos receberia de braços abertos às quatro ou cinco da manhã?
— Bem… ele parecia ser do tipo noturno, então talvez não se importe?
Asuna leu meus pensamentos, mas sua expressão estava longe de confiante. E, honestamente, "parecia" era só uma intuição. Mas «Kizmel» apenas sorriu e respondeu com calma.
— Não se preocupem. Vocês dois foram essenciais na batalha contra os Elfos da Floresta no lago. De dia ou de noite, ele os receberá como heróis.
— Uma recepção de heróis... não que a gente precise de tanta atenção assim…
Sorrindo de canto, dei uma última olhada no mapa e memorizei a parte sul do Quarto Andar. Então fechei a janela e estiquei as costas. O horário marcava pouco depois das 3h da manhã.
— Certo. Vamos chegar ao térreo da torre em uma hora e tentar alcançar o Castelo Yofel em no máximo trinta minutos.
Apesar de eu ter acabado de estabelecer uma meta bem ambiciosa, tanto Asuna quanto «Kizmel» responderam sem hesitação.
— Certo.
— Entendido.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios