Volume 5
CÂNONE DA REGRA DE OURO (INÍCIO) - SEXTO ANDAR DE AINCRAD, JANEIRO DE 2023 (PARTE 3)
Este Capítulo foi traduzido pela Mahou Scan entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!
3
QUANDO RETORNAMOS A «STACHION», A PRAÇA DE TELETRANSPORTE estava lotada de jogadores. A maioria parecia ser de turistas do primeiro andar, mas havia também um número surpreendente de "atrasados" equipados com itens razoavelmente decentes.
Esse segundo grupo tinha começado um mês ou dois depois do grupo atual de avanço e não estavam em um nível alto o suficiente para sobreviver fora da zona segura, mas fazer compras na cidade era perfeitamente seguro. E como é costume em RPGs que, quanto mais distante a cidade no jogo, melhor o equipamento, cada novo destino era uma chance de adquirir uma nova rodada de itens — se você pudesse pagar por eles.
Nesse sentido, a ALS de Kibaou e seus objetivos declarados de compartilhar dinheiro, itens e informações amplamente não estavam errados. Se os grupos da linha de frente usassem seus ganhos para ajudar a equipar os jogadores, eles poderiam ganhar XP com mais segurança — e alcançar a linha de frente muito mais rápido.
Mas o método real de distribuição era bastante complicado. Não é como se o grupo de avanço estivesse nadando em dinheiro, então você só quereria distribuir recursos para os jogadores que estivessem realmente comprometidos em chegar à linha de frente. Mas, para identificá-los em meio aos demais, seria necessário realizar verificações de histórico e testes de habilidades que consomem tempo. Nem mesmo a grande ALS tinha pessoal suficiente para lidar com algo tão complexo, e se tivesse, agir como uma polícia ou exército severo poderia apenas gerar desconfiança.
Quando derrotei o boss do quinto andar e peguei a bandeira da guilda primeiro, Kibaou me agradeceu silenciosamente. Ele deve ter entendido que fomos forçados a fazer isso para evitar que a coalizão dos grupos da linha de frente se fragmentasse. Ele pode ter uma boca suja, mas não era uma pessoa má. Era por isso que ele era tão dedicado à nobre causa de redistribuir recursos para dar a todos uma chance justa.
Por outro lado, Lind, da DKB, era o oposto total — um homem que propunha concentrar recursos. Ele queria criar um grupo de heróis que acumulassem todo o dinheiro, equipamento e experiência, brilhando intensamente na linha de frente do jogo. A ideia era que isso inspiraria os jogadores de níveis inferiores a se esforçarem ainda mais na esperança de se juntar à sua equipe — uma escolha de ideais que parecia em desacordo com a realidade.
Mas uma coisa era certa: se o item único bandeira da guilda fosse funcionar melhor na ALS ou na DKB, seria claramente na DKB. Asuna e eu precisávamos explicar os efeitos insanos da bandeira para a guilda de Lind, além dos requisitos para que realmente entregássemos o item.
— Só mais cinco minutos agora... Eles já decidiram um lugar? — perguntou Asuna depois de sair do teletransportador. Eu verifiquei minhas mensagens instantâneas.
— Diz que vamos nos encontrar em uma estalagem chamada Pegasus Hoof. É aquela ali — eu disse, usando minha memória do beta para apontar para um prédio branco no lado norte da praça. Era muito maior que o Fifteen Numbers, onde estávamos hospedados.
«Stachion» era organizada como uma série suave de degraus, com o lado norte sendo mais alto e o sul mais baixo. Eu usava a palavra "degraus" em vez de "colina" porque o chão era feito daqueles azulejos de oito polegadas, então não havia uma inclinação natural a ser encontrada. Não era tão simples como apenas degraus uniformes alinhados por toda a cidade, mas se você viajasse bastante para o norte ou sul, sem dúvida acabaria subindo e descendo escadas.
Enquanto caminhávamos em direção à estalagem, Asuna olhou para o lado norte e perguntou.
— Então... quem mora no maior prédio no fim do norte?
— Essa é a mansão do lorde. Ele é, uh, um cara chamado Cylon, com uma barba. Ele te dá um monte de missões, então estaremos lá algumas vezes. Fica realmente cansativo subir todas essas escadas... Há algo mentalmente exaustivo sobre escadas, ao contrário de uma colina comum.
Asuna não comentou nada disso. Ela franziu a testa e murmurou.
— Cylon... De onde eu conheço esse nome...?
— Não era o vilão de O Senhor dos Anéis?
— Esse era Sauron, idiota... Bem, tanto faz. Quantos minutos faltam?
— Uh... um minuto e vinte e dois segundos.
— Eles vão ficar tão convencidos se nos atrasarmos. Vamos correr!
A espadachim saiu disparada pelos azulejos em direção ao nosso destino, e eu tive que correr para acompanhá-la. Passamos pela grande porta do Pegasus Hoof com sete segundos antes das doze e meia, mas o homem de cabelos azuis sentado no sofá do saguão prontamente e alto disse.
— Vocês estão atrasados. É prática comum chegar a qualquer reunião cinco minutos antes do horário combinado.
Se fôssemos ser criticados de qualquer forma, eu gostaria de ter chegado cinco minutos atrasado. Em vez disso, não tive escolha senão acenar para Lind, líder da guilda «Dragon Knights Brigade», e seus oficiais Shivata e Hafner.
— E aí. Vocês já comeram?
Por mais jovens que pudessem parecer, eles tinham pelo menos seus últimos anos de adolescência, então, como um aluno de ensino fundamental, eu deveria ter perguntado:
— Vocês, senhores, já desfrutaram do almoço?
Mas era Aincrad, a terra dos fora da lei. Além disso, as pessoas pareciam achar que eu tinha dois, três, talvez até quatro ou cinco anos a mais do que realmente tinha, então toda essa verborragia extra só serviria para entupir minha conexão online com dados de voz.
Lind não parecia incomodado com a minha atitude. Era mais o conteúdo da mensagem que o ofendia, uma ruga se formando em sua testa.
— Estamos esperando aqui há quinze minutos. Onde encontraríamos esse tipo de tempo?
Parecia-me que era bastante tempo, mas decidi manter a cordialidade e sugeri.
— Então por que não conversamos durante uma refeição? Vocês vão sair para mais aventuras à tarde, não é?
Essa era uma estratégia profunda para os meus padrões, esperando que a atitude de Lind pudesse suavizar com uma boa comida, mas o mestre da guilda de cabelos azuis balançou a cabeça.
— Não, não quero nenhuma chance de sermos ouvidos... Vamos conversar em uma sala que minha guilda reservou para esse propósito.
— Entendi — eu disse após uma pausa. Se Lind estava alugando o quarto, ninguém mais poderia destrancar a porta, mas ela ainda abriria por dentro, e estávamos dentro da cidade, então não poderiam nos forçar a ficar lá. Eu não achava que o líder de uma guilda poderosa se rebaixaria a esse tipo de coisa, mas a bandeira da guilda tinha todo o apelo mágico, então eu precisava ser cuidadoso.
Lind se levantou do seu assento e levou Shivata e Hafner — que eu secretamente apelidei de atleta de corrida e jogador de futebol, respectivamente — em direção a uma escada no fundo do saguão. Se fosse para adivinhar, Lind parecia mais um membro do clube de caligrafia, embora isso pudesse ser porque o rabo de cavalo nas suas costas me lembrava a ponta de um pincel.
Enquanto eu seguia o trio, minha mente vagava por assuntos realmente inúteis. Talvez, se eu precisar escrever algo em pergaminho e tiver tinta mas nenhuma pena, eu poderia mergulhar aquele rabo de cavalo na tinta e...
Eles nos levaram à suíte no terceiro andar do Pegasus Hoof. Parecia um sinal claro de que eram uma grande e rica guilda... exceto por um detalhe que me chamou a atenção.
— Ei, vocês entraram nesse quarto antes? — perguntei, logo antes de chegarmos à porta.
Lind se virou e respondeu irritado.
— Não, apenas alugamos o quarto na recepção.
— Entendi... então vocês ainda não tentaram resolver esse enigma — eu apontei para um objeto de metal muito complicado e bagunçado colocado em um nicho ao lado da porta.
— O que é isso? — Hafner perguntou, levantando uma sobrancelha espessa. Mas Asuna parecia ter reconhecido o que era o objeto.
— Onde a DKB ficou ontem à noite? — ela perguntou a eles.
— Bem, estávamos nos divertindo em grupo na festa de fim de ano... e acabamos dormindo no quarto em «Karluin», onde estávamos comemorando. Só subimos para o sexto andar hoje de manhã.
— Entendi.
Asuna me lançou um olhar. Aparentemente, explicar a situação era meu trabalho, então eu tossi.
— Bem, tenho certeza de que vocês perceberam que esta cidade — na verdade, este andar inteiro — está cheio de quebra-cabeças... e os hotéis não são exceção. Praticamente todo hotel exige que você resolva algum tipo de enigma antes de abrir a porta do quarto. O tipo varia de acordo com o estabelecimento, e o Pegasus Hoof é especializado em quebra-cabeças de metal fundido... que são como grandes e pesados enigmas de desmontar. Os quartos mais baratos têm quebra-cabeças relativamente simples, como ferraduras, mas quanto mais caro o hotel, mais difícil o enigma...
............
Os membros do clube de corrida, futebol e caligrafia olharam para o objeto de metal no nicho da parede. Após trocarem uma série de olhares que sugeriam "Não, você vai primeiro", Shivata desistiu e estendeu a mão para ele.
O quebra-cabeça era composto por três partes em forma de U firmemente entrelaçadas, com pequenas saliências que pareciam chifres de veado. Duas das partes estavam presas à parede por correntes, e a terceira tinha a chave da porta presa a ela. Ela não se soltaria a menos que deslizasse na posição e ângulo corretos. Devia ter sido necessária muita precisão e dados para recriar um enigma tão complexo com modelos 3D.
Shivata mexeu no quebra-cabeça por uns trinta segundos antes de jogar as mãos para cima e desistir. Hafner não durou nem vinte. Lind foi o terceiro, irradiando uma aura de "Pela glória da guilda!"
Observando uma distância de quase dois metros, Asuna sussurrou para mim.
— Acho que o nome Pegasus Hoof era uma dica sobre esses quebra-cabeças de ferradura.
— Os quebra-cabeças no nosso hotel eram muito melhores, não? — perguntei.
— Uma vez que você descobre o truque, talvez…
Lind continuou tentando resolver o enigma enquanto conversávamos, mas ele também parou após cerca de um minuto.
— Não está saindo. Algo deve estar preso.
— Ora, ora, Lind, não seria um verdadeiro quebra-cabeça se não houvesse solução.
— Então faça você, Haf.
— Olha, eu não sou bom nessas coisas...
Parte de mim queria continuar observando essa rara cena dos membros da DKB agindo de maneira descontraída, mas a conversa que deveríamos ter já seria difícil o suficiente, então era minha deixa para intervir e ajudar.
— Com licença — eu disse, interrompendo com um pequeno golpe de mão e pegando o emaranhado quebra-cabeça de metal. Fazia quatro meses que eu havia resolvido os enigmas dessa cidade no beta, mas a memória muscular para esses quebra-cabeças de metal fundido ainda estava lá... ou assim eu esperava.
Naquela época, se você dormisse em uma cama de hotel, o NerveGear o desconectava automaticamente do mergulho, de modo que, quando acordasse, estaria novamente em seu quarto no mundo real. O logoff do sono era um truque popular entre os testadores beta porque permitia evitar a embriaguez habitual de sair de um mergulho completo, mas eu não tive a oportunidade de usá-lo mais do que algumas vezes antes do fim do teste.
Enquanto isso, mantive minhas mãos em movimento, deslizando lentamente por uma saliência após a outra, até que a parte com a chave se soltou.
— Aqui — eu a entreguei a Lind, que parecia dividido sobre o desfecho. Ele a colocou na fechadura e girou para a esquerda. A fechadura fez um clique pesado.
— Então... o que faço agora com essa ch — ele começou a perguntar, mas a chave subiu da sua mão por conta própria e voltou ao nicho na parede. Ela se entrelaçou novamente com as duas peças acorrentadas até que o quebra-cabeça estivesse de volta à sua posição original.
— Mas o que foi isso? — Shivata perguntou.
— É meio que mágica, meio que uma maldição. O senhor daqui vai explicar para você — eu disse, dando um tapinha no ombro de Lind. — Vamos lá, vamos iniciar essa conversa. Tenho certeza de que vocês também são ocupados.
✗✗✗
A suíte do Pegasus Hoof era, de fato, bastante luxuosa — além de uma grande sala de estar, tinha dois quartos separados, uma pequena cozinha e um banheiro. A fixação de Asuna ativou brevemente quando ela olhou para a porta do banheiro, mas como ela tinha acabado de se banhar no acampamento dos elfos negros, seu "medidor de banho" estava estável por enquanto, e ela passou sem dar mais atenção.
— Por que vocês alugaram um lugar tão caro? — perguntei, olhando pela grande janela para a cidade de «Stachion» abaixo.
Não foi Lind, mas Hafner quem respondeu.
— É uma questão de segurança. Se alguém estiver esperando do lado de fora com a habilidade de «Listening», é mais provável que fiquemos fora do alcance deles se o quarto for bem grande, certo?
— Ah, entendi...
Isso ao menos confirmou o quanto a DKB considerava essa conversa séria. Havia um conjunto de sofás no meio da sala de estar, mas Shivata e Hafner decidiram movê-lo para a janela no lado sul, por precaução, deixando-o o mais longe possível da porta. Eu estava prestes a sugerir que eles apenas colocassem guardas do lado de fora, mas então percebi que provavelmente já havia outros membros da guilda escondidos no saguão abaixo.
O conjunto de móveis incluía um sofá grande o suficiente para três pessoas e duas poltronas. Presumi que Asuna e eu ocuparíamos as poltronas, mas Lind nos fez sinal para sentarmos no sofá, então seguimos sua liderança.
Lind e Hafner se sentaram nas poltronas, e Shivata ficou de pé ao lado. Não sabia se eles decidiram nos fazer sentar enquanto um dos seus ficava em pé como pressão psicológica, ou se foi apenas coincidência.
De repente, Hafner disse.
— Shivata e eu explicamos a Lind o que aconteceu com o boss do quinto andar. Incluindo o motivo pelo qual vocês quiseram atacar o boss antecipadamente e por que decidimos participar.
Pisquei duas vezes, surpreso, e disse meio sem jeito.
— Ah. Vocês contaram?
Quando Shivata e Hafner decidiram se juntar ao nosso grupo improvisado, eles não haviam dito nada a Lind, o mestre da guilda, sobre isso. Achei que manteríamos isso em segredo ou usaríamos essa revelação como ponto de partida — mas parece que eles já tinham nos poupado o trabalho.
A essa altura, provavelmente poderíamos ir direto ao ponto, mas Asuna, sentada à minha direita, lançou um olhar para Shivata. Segui seu olhar e vi que o espadachim de cabelo curto nos enviava algum tipo de sinal muito estranho com os olhos.
Eu semicerrei os olhos, tentando entender qual mensagem ele estava tentando passar, mas Lind notou minha expressão e virou-se para a direita para olhar para Shivata. Imediatamente, Asuna disse.
— Então você já deve saber tudo sobre a bandeira da guilda, Lind.
Com a menção do item central de toda a situação, Lind voltou a atenção para frente novamente.
— Sim... mas apenas o conceito. E, para ser sincero, ainda não tenho certeza se acredito nisso ou não. Antes de negociarmos, eu gostaria de ver o primeiro item.
O uso da palavra "negociar" em vez de "discutir" era preocupante, mas não era motivo suficiente para encerrar tudo naquele momento.
— Tudo bem — eu disse, abrindo meu menu. Mas antes de materializar o item, decidi preparar uma medida de segurança.
Primeiro, fui ao meu manequim de equipamento e arrastei o ícone da «Sword of Eventide» +3 do slot da mão direita para o inventário. Eu já havia removido meu equipamento antes de entrarmos no prédio, então essa ação não mudou nada na minha aparência.
Em seguida, escolhi a «Flag of Valor» da categoria de armas no meu inventário e a coloquei no manequim. Era uma arma de duas mãos, então o ícone da lança apareceu nos slots das mãos direita e esquerda. A luz brilhou nas minhas mãos antes de se transformar na longa e estreita arma — ou melhor, bandeira.
Ao retirar armas do armazenamento de itens, simplesmente escolher materializar faria o item aparecer no ar acima da janela. Mas ao equipá-lo, a arma apareceria em um de dois lugares.
Se você já tivesse selecionado a localização da sua arma com antecedência — para uma lança, ela aparecia nas costas por padrão —, ela surgiria diretamente nesse local. Mas, se a configuração estivesse no estado inicial ou se você não tivesse espaço físico suficiente para guardá-la, o item apareceria nas suas mãos. Como eu estava com as mãos apoiadas na janela, o grupo de Lind não conseguiria dizer se eu tinha simplesmente retirado a bandeira da guilda como um item comum ou se eu a estava equipando.
No momento em que ele avistou a lança de platina de três metros de comprimento, os olhos de Lind se arregalaram. A base da lança quase tocava a janela, enquanto a ponta cruzava os joelhos de Asuna e se projetava além do sofá. O quarto superior do cabo estava envolto em um pano branco, e o fio que o prendia era de prata. Suas estatísticas como arma eram francamente pouco impressionantes, mas os detalhes finamente entalhados no cabo, as bordas belas do tecido da bandeira — o "peso" informacional de todos esses dados detalhados — deixavam claro que era um item especial.
Se eu tivesse apenas tirado a bandeira em um único movimento, Lind poderia agarrá-la e sair correndo do quarto. Se ele escapasse por cinco minutos enquanto Shivata e Hafner me impedissem de usar o comando "Materializar Todos os Itens", a posse da bandeira seria transferida para ele. Mas, como eu a equipei primeiro, meu período de posse automática duraria uma hora inteira.
Eu avaliava as chances de eles tentarem tal façanha em no máximo 0,1%, mas Lind apenas tocou o cabo para abrir a janela de propriedades, leu com atenção, suspirou e devolveu. Ele esperou que eu guardasse a bandeira no meu inventário, então se recostou no assento e resmungou.
— Sim... entendo... Parece ser um item bastante desequilibrado para aparecer já no quinto andar...
— Não sei exatamente o quão bem ele funciona sem testá-lo — admiti.
O mestre da guilda deu de ombros.
— As propriedades listadas não são falsas. 30 metros de diâmetro com quatro buffs diferentes... Só por isso, já é quase poderoso demais para ser real. Não culpo Kibaou por tentar passar à frente de todos para consegui-lo — mesmo que eu o ache insuportável.
Ele não parecia tão irritado quanto eu imaginava que estaria. Asuna teve a mesma impressão.
— Você já conversou com a ALS? — ela perguntou.
— Não, não dissemos nada. Eu fiz um brinde com Kibaou na festa de ontem à noite, mas eu não sabia da existência dessa bandeira na época — disse Lind, com um sorriso autodepreciativo no canto da boca. Ele olhou para o lado, onde Hafner coçava a cabeça com culpa.
Isso significava que Lind só havia ouvido a explicação nas últimas horas. Então, talvez o fato de ele estar tão calmo e tranquilo sobre o assunto fosse um sinal de que, assim como Kibaou, enquanto a outra guilda não tivesse o item, ele estava bem com isso. Eu certamente esperava que sim.
— Bem, agora que você já viu com seus próprios olhos, vou explicar as condições sob as quais eu a entregaria — continuei. — Naturalmente, são as mesmas condições que dei à ALS. A primeira situação é se outra bandeira de guilda aparecer em algum lugar. Se isso acontecer, tenho certeza de que ou a ALS ou a DKB conseguirá pegá-la desta vez, então, nesse caso, eu entregaria a bandeira à guilda que não receber o drop, sem nenhum custo. A segunda situação é se a ALS e a DKB se fundirem em uma única guilda. Se isso acontecer, entregarei a bandeira incondicionalmente.
Quando sugeri isso à ALS na câmara do boss do quinto andar, eles gritaram comigo: "Isso nunca vai acontecer!" e "Você só pode estar brincando!" Mas Lind já podia saber sobre isso, porque ele mal piscou os olhos.
Em vez disso, ele me fez uma pergunta bastante curiosa.
— Kirito, no teste beta, você não conseguiu derrotar o boss do décimo andar, certo?
— Uh... sim, isso mesmo. O labirinto era um lugar de estilo tradicional japonês chamado «Castle of a Thousand Serpents». Nós só chegamos até a metade.
— E a bandeira da guilda não caiu de mais nenhum boss até aquele ponto?
— Não... Eu acho.
— Certo — murmurou Lind. — Isso significa que é muito provável que a primeira situação não possa acontecer antes do décimo andar...
Assenti. Se a bandeira caiu no quinto andar, parecia que o décimo seria uma boa aposta, mas não adiantava fazer promessas. A essa altura, eu desejava que tivéssemos nos esforçado mais no beta e realmente derrotado o boss do décimo andar, mas não havia como reclamar sobre isso agora. Além disso, os mobs no «Castle of a Thousand Serpents» — especialmente o samurai serpente, Guarda de Elite Orochi, e o ninja serpente, Assassino de Elite Kuchina — eram devastadoramente poderosos, e só de pensar que, se continuássemos, seríamos forçados a enfrentá-los em breve, um arrepio percorreu minha espinha. Eu nem queria imaginar o boss do andar que os comandava.
Ah, como eu adoraria uma xícara de chá verde quente, pensei, esperando ele continuar. Mas Lind não comentou sobre a viabilidade da segunda opção. Ele abriu sua janela. Observei seus movimentos com cautela, mas o que ele trouxe não foi uma arma, e sim um enorme saco de couro.
Ele pegou o saco em cima da janela e o colocou na mesa baixa. Fez um som pesado e metálico ao arrastar.
— Tem trezentos mil col aí dentro — anunciou Lind, para nossa surpresa. — É o máximo que a DKB pode te oferecer neste momento. Você nos venderia a bandeira da guilda por esse preço?
Mais tarde — bem mais tarde —, Asuna riria e diria para mim:
— Se você tivesse concordado em vender na hora, eu teria pegado o saco de dinheiro e jogado pela janela.
Mas, naquele momento, eu fiquei olhando para o saco de couro na mesa, sem conseguir responder. Eu não estava atônito pela mera presença de 300 mil col diante de mim, nem estava preso entre as opções de vender ou não vender. Não, minha mente foi tomada por um súbito flash do passado.
Foi há cerca de um mês: na noite de 2 de dezembro de 2022. Lembro da data porque foi o dia da primeira reunião de estratégia de bosses, na cidade de «Tolbana», no primeiro andar, e também foi o dia em que conheci Asuna pela primeira vez, nas profundezas do labirinto — embora a lembrança que veio à mente não estivesse relacionada a nenhum desses eventos.
Através de Argo, a Rata, a agente de informações, alguém fez uma oferta para comprar minha «Anneal Blade» +6. A oferta era de 29.800 col, que subiu para 39.800 algumas horas depois.
A «Anneal Blade» ainda tinha duas tentativas de upgrade restantes — o que significava que eu a tinha levado até +6 sem falhar —, o que a tornava bastante valiosa na época, mas, no máximo, valia trinta e cinco mil. Desconfiado, eu dobrei a taxa de silêncio de Argo, de quinhentos col para mil, e ela revelou que seu cliente não era outro senão Kibaou. Fiquei ainda mais cético depois disso, mas só durante a batalha contra o boss do primeiro andar percebi que Kibaou também estava agindo como intermediário.
O homem que realmente estava tentando comprar a «Anneal Blade» era Diavel, o cavaleiro, líder do primeiro grupo de ataque de SAO. A ideia dele não era se fortalecer, mas me enfraquecer, para que pudesse conseguir o bônus do Last Hit no boss e consolidar sua posição como líder do jogo.
Mas o padrão de ataque de «Illfang the Kobold Lord», havia mudado completamente desde o beta, e Diavel, como um ex-beta tester como eu, caiu na armadilha criada por seu próprio conhecimento e expectativas do passado, e acabou perecendo.
Apesar de sua distância exterior, Kibaou reverenciava Diavel o suficiente para assumir o trabalho sujo de comprar a arma de outra pessoa secretamente para ele. Lind tinha sido seu fiel e dedicado membro de equipe. Ambos queriam assumir sua posição, mas suas discrepâncias significativas em ideais os levaram a formar suas próprias guildas, que agora eram as duas maiores do jogo.
Os 300 mil col sobre a mesa agora eram dez vezes o valor que Diavel oferecera pela minha «Anneal Blade». Isso tinha que ser coincidência; Lind não saberia o que Diavel estava fazendo em segredo. Se algum dia eu me encontrasse bebendo com Kibaou, teria que perguntar por que ele aceitou aquele pedido de Diavel e o que ele pensava sobre isso...
Saí do meu breve devaneio, olhei diretamente para Lind e balancei a cabeça.
— Não... Eu não venderia isso nem por dez vezes esse valor. Além disso, a ALS me enforcaria por fazer isso, e eu digo literalmente... Além do mais, sejamos realistas. Você não achou realmente que eu iria dizer sim, achou?
O líder da guilda deu de ombros e disse.
— Não mesmo. Mas é importante colocar isso na mesa. Se você estivesse disposto a vender, valeria a pena, e se você recusar, eu tenho você registrado dizendo que não pode ser comprado por dinheiro.
— Ah, entendi o que quer dizer. Mas, se estivermos falando de cem vezes... talvez trinta milhões de col me convencessem a... Huk!
Terminei minha frase em algum estranho dialeto de semi-humano, graças a Asuna se inclinando com uma expressão presunçosa e me espetando na lateral com a mão. Lind não reagiu, mas tanto Hafner quanto Shivata reviraram os olhos.
Limpei a garganta e voltei ao assunto principal.
— De qualquer forma, posso concluir que a DKB aceita e entende os termos para receber o item agora?
— Sim... Terei que reconhecer a situação atual como o compromisso mais razoável. Eu também não desejo que o impasse entre nós e a ALS piore. Mas, depois de ver as estatísticas com meus próprios olhos, é uma pena terrível que não possamos usar a bandeira da guilda na próxima luta contra o boss.
— Concordo. Vamos tentar pensar em uma maneira de utilizá-la, e estou sempre em busca de ideias, então me mande uma mensagem se pensar em algo.
— Entendido.
Com isso, Lind e Hafner se levantaram. Eu ia apenas observá-los partir, mas então me lembrei de que era a DKB que havia alugado esse quarto, então me levantei às pressas.
Saímos da sala em fila, e então Lind se virou para mim.
— A propósito... as outras estalagens também estão equipadas com esses quebra-cabeças irritantes?
— Sua resposta é meio sim, meio não — disse eu, sorrindo. Lind pareceu cético. — Em resumo, não são apenas as estalagens. As lojas de NPC, as casas, os outros lugares... Além das portas da frente, todas as portas de todos os quartos desta cidade têm um quebra-cabeça. Então, divirta-se com isso.
Dei um tapinha no ombro do mestre dos pincéis, que estava atônito, e desci as escadas apressado.
CONTINUA NA PARTE 4
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