Sword Art Online Progressive Japonesa

Tradução: slag

Revisão: Shisuii


Volume 4

SCHERZO DO CREPÚSCULO SOMBRIO - QUINTO ANDAR DE AINCRAD, DEZEMBRO DE 2022 (PARTE 9)


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9

EM UMA CLAREIRA NA FLORESTA, A UMA CURTA DISTÂNCIA DE «MANANARENA», os outros membros já haviam se reunido antes de nós. Graças à formidável habilidade de Persuasão de Asuna, vi o Bro Squad de Agil, Shivata, Liten e outros jogadores de cada guilda, todos vestindo suas respectivas cores. Eu havia pedido aos dois para recrutar membros, se possível, sem esperar muito sucesso, então foi uma agradável surpresa vê-los ali.

Nezha foi prestar seus respeitos a Asuna e aos outros, então me aproximei do grupo de Shivata.

— Desculpe por estar tão…

Atrasado — eu ia dizer, mas o grande membro da DKB que estava com Shivata girou ferozmente e me agarrou pela gola.

— E aí, Blackie — disse Hafner, o sub-líder da DKB e usuário de espadas grandes, me chamando pelo apelido que fazia referência à minha roupa. Ele se inclinou para frente, com uma expressão ameaçadora que lembrava a de um jogador de futebol prestes a atacar, e rosnou: — Vou te esmagar se descobrir que você mentiu sobre qualquer uma dessas coisas.

Deixando de lado o fato de que o Código Anti-Crime na cidade e a ameaça de ser marcado como laranja fora dela o impediriam de realmente me esmagar, eu assenti obedientemente. Shivata, com um sorriso desconfortável, colocou a mão no ombro de Hafner e o puxou para trás.

— Haf, essa ideia veio mais do nosso lado. Tudo que Kirito ofereceu foi a informação sobre a bandeira da guilda, e não acho que ele esteja mentindo. Porque ele faria isso? Não há nada a ganhar com isso.

— Bem, você pode ter razão aí. Mas por que ele faria um plano tão perigoso? Ele tem um bom motivo para impedir a ALS de pegar essa tal bandeira?

— Espera aí — interrompi, levantando a mão direita para silenciar o oficial da DKB. — Antes de mais nada, o objetivo dessa operação não é apenas impedir que a ALS consiga a bandeira da guilda. Quando a bandeira dropar, não podemos entregar para a DKB. Se uma das guildas pegar a bandeira, a outra pode acabar colapsando.

Parecia que Shivata já havia explicado esse ponto para Hafner. O jogador de futebol franziu a testa, mas permaneceu em silêncio, então aproveitei a oportunidade para perguntar.

— E quanto a você, Hafner? Tem certeza de que deveria participar? Somos extremamente gratos por sua ajuda, mas, como sub líder da DKB, você estará traindo sua própria guilda.

Hafner bagunçou seu longo cabelo loiro, que estava preso na linha do cabelo por um cordão, e resmungou.

— Sim, não estou muito contente com isso, mas zerar o jogo vem primeiro... e precisamos tanto da DKB quanto da ALS para sair deste MMO de merda. Não posso trair as milhares de pessoas que estão esperando por liberdade, mesmo que isso signifique trair Lind e minha guilda. É por isso que você está aqui, também, certo?

Essa última pergunta foi direcionada a Liten e ao outro membro da ALS, que estavam um pouco afastados. O homem de meia idade, de porte médio — parecia estar na casa dos trinta — carregando uma alabarda nas costas, cerrou os lábios ligeiramente barbeados e assentiu.

— Isso mesmo. Nosso plano de avançar com tudo é o resultado imprudente de alguns extremistas que exploram os medos dos oficiais. Kibaou sabe disso, mas foi forçado a aprovar o plano para evitar que a guilda se fragmentasse. Porém, se conseguir essa bandeira significa destruir a já instável relação com a DKB, então não vale nada — disse o alabardeiro calmamente. Ele caminhou até mim e estendeu a mão. — Já nos encontramos algumas vezes em batalhas contra bosses. Sou Okotan, o líder da equipe de recrutamento da ALS. É um prazer trabalhar com você, Kirito.

— Ah… ob-obrigado por estar aqui…

Fiquei momentaneamente surpreso com o nome, que era meio fofo para um sujeito barbudo como ele, mas recuperei-me a tempo de apertar sua mão. No entanto, um pensamento me ocorreu.

— Então, se você é o chefe de recrutamento, isso significa que foi você quem recrutou Liten para a guilda...?

— Sim, fui eu.

O olhar paternal em seu rosto enquanto olhava para Liten me fez pensar se ele sabia sobre o relacionamento de Liten e Shivata, mas achei melhor não tocar nesse assunto.

Com as saudações concluídas, Hafner deu um tapa forte nas minhas costas.

— Bem, Blackie, eu e Oko explicamos nossos motivos para o grupo. Antes de começarmos essa missão, por que não diz ao grupo por que você está liderando o ataque?

— O que?

Desviei os olhos do jogador de futebol e vi que Asuna, Argo, Nezha, Agil, e os Bros estavam todos reunidos ao redor, esperando para ouvir minha resposta. Não havia escapatória. Limpei a garganta.

— Bem, é o mesmo motivo de Hafner e Okotan... e provavelmente de todos aqui. ALS e DKB são as duas rodas que impulsionam nosso progresso no jogo. Se elas não estiverem presas por um eixo central, ou se perdermos uma delas, todo o carro vai parar. Acho que a única maneira de evitar essa situação é derrotar o boss antes da ALS... E é por isso que reuni todos vocês aqui.

Claro, isso era apenas metade da minha verdadeira motivação.

Okotan descreveu o plano da ALS como o ataque de uma minoria hard-line na guilda, mas havia um lado mais sombrio na história que ele não conhecia. Havia um mal externo que havia se infiltrado na guilda e estava atiçando as chamas do conflito com a  DKB — o misterioso homem do poncho e sua gangue de PKs. Detê-los era minha verdadeira motivação.

Mas eu não podia revelar isso ainda. Sem saber os nomes dos outros membros além de Morte, mencionar o assunto agora só causaria desconfiança e paranoia nas guildas.

Felizmente, todos, exceto Asuna, que já conhecia a verdade, pareceram satisfeitos com o discurso. Até Hafner, embora contrariado, assentiu em concordância.

Nesse momento, Liten levantou a mão direita com um barulho metálico, suas feições mais uma vez ocultas pelo visor de metal. Ela falou com aquele eco metálico andrógino.

— Hum, Kirito, venho querendo te perguntar... se você está tão preocupado com o estado do grupo, por que não se junta a uma guilda? Tenho certeza de que, com o seu talento, você seria colocado como líder de um grupo em qualquer uma das guildas imediatamente...

Um murmúrio percorreu o grupo. Era uma pergunta honesta de alguém novo na cena, mas considerando que ela provavelmente nem conhecia a palavra beater, seria muito difícil dar uma explicação detalhada sobre a delicada situação entre mim, Kibaou, e Lind.

Depois de cerca de um segundo e meio de pensamento frenético, decidi jogar a culpa por aquela pergunta nos dois líderes das guildas.

— Bem, veja, Lind e Kibaou disseram que se eu e Asuna fossemos nos juntar às guildas, teríamos que nos juntar a elas separadamente.

Outro murmúrio percorreu o grupo, o que me deu um breve momento de pânico ao pensar que havia dito algo estúpido. Com o rosto vermelho, Asuna lamentou.

— Por que você diria isso?! — e Liten seguiu com — Ah, sim, eu entendo... Isso é lindo! — Enquanto isso, Agil rugia de tanto rir e Argo dava gargalhadas.

No final, não tive a chance de me defender contra a interpretação errada dela.

 

✗✗✗

 

Quando Argo terminou de distribuir todas as poções e todos haviam emprestado e trocado equipamentos até otimizar cada slot com as melhores estatísticas possíveis, já eram quase três horas da tarde.

De acordo com Okotan, a ALS sairia de «Mananarena» em direção à torre — fingindo estar indo para a festa em «Karluin» — por volta das seis horas, o que nos dava uma vantagem de três horas. Mesmo com uma exploração prévia, provavelmente não levaria três horas para enfrentar o boss, então tínhamos bastante tempo. Ainda assim, não fazia mal economizá-lo com cuidado.

Deixei Argo como nossa guia e corri junto ao final do grupo com Asuna, anotando uma lista estimada da composição do grupo de acordo com o nível.

  1. KIRITO, nível 18, espada de uma mão, armadura de couro
  2. ASUNA, nível 17, rapieira, armadura de metal leve
  3. AGIL, nível 16, machado de duas mãos, armadura de metal leve
  4. HAFNER, nível 16, espada de duas mãos, armadura de metal pesado
  5. SHIVATA, nível 15, espada de uma mão, armadura de metal pesado, escudo
  6. OKOTAN, nível 15, alabarda de duas mãos, armadura de metal leve
  7. WOLFGANG (equipe de Agil), nível 15, espada de duas mãos, armadura de couro
  8. LOWBACCA (equipe de Agil), nível 15, machado de duas mãos, armadura de metal leve
  9. NAIJAN (equipe de Agil), nível 14, martelo de duas mãos, armadura de metal pesado
  10. LITEN, nível 13, maça longa, armadura de metal pesado, escudo
  11. NEZHA, nível 12, chakram, armadura de metal leve
  12. ARGO, nível desconhecido, garras, armadura de couro

— Hmmmm...

Era uma lista bem curta para uma equipe de invasão de boss de andar.

O caminho pela floresta era ladeado por pedras azuladas que faziam ecoar nossos passos, mas Asuna ainda me ouviu murmurar e olhou para mim, em busca de uma explicação.

— O que foi esse 'hmmm'?

— Bem — Eu fiz a anotação visível e a mostrei para ela. — Precisamos decidir uma formação antes de chegarmos à torre do labirinto, e estou percebendo que temos muitos DPSs...

— O que é um DPS?

— Significa 'Damage Per Second', um atacante. Dos doze nesta lista, eu, você, Agil, Hafner, Wolfgang, Lowbacca e Naijan somos atacantes — isso é mais da metade. Shivata e Liten são nossos únicos tanques, e Okotan, Nezha e Argo são CCs...

— CC?

— Crowd Control, responsáveis por controlar os inimigos. Esses são magos na maioria dos outros jogos, mas como não há magia em SAO, isso se resume principalmente a usar habilidades de espada que enfraquecem ou imobilizam os mobs.

— Ah, certo. A maioria das armas de longo alcance tem habilidades de debuff — observou Asuna, que cruzou os braços habilmente para pensar, mesmo enquanto corria, o impulso puxando seu corpo para frente. Ela murmurou para si mesma da mesma maneira que eu tinha feito antes.

— São apenas dois grupos, então podemos pedir a Shivata e Liten para serem um tanque em cada, depois dividir os DPS e CC entre os dois, certo?

— Esse seria o método ortodoxo. O problema é que o golem só tem ataques diretos com as mãos e os pés, mas eles são extremamente poderosos... Os ataques normais são uma coisa, mas nem um escudo vai parar os ataques de habilidade. Então temos que evitá-los a qualquer custo. Shivata é experiente, mas...

— Mas Liten acabou de entrar na guilda, e é um pouco assustador forçar um papel tão difícil nela — Asuna concluiu. Nós gememos juntos, meus braços cruzados também. Olhei para a lista novamente.

Mesmo com uma formação mais simples de doze pessoas, não havia uma única resposta correta. Se fosse uma invasão completa de quarenta e oito pessoas, as possibilidades seriam infinitas. E Lind e Kibaou faziam esse processo para cada boss de andar e de campo.

Essa percepção trouxe uma nova onda de respeito pelos dois, mas o objetivo aqui era vencê-los. Enquanto resmungávamos sobre o dilema, a floresta morta ao nosso redor começou a se dissipar, revelando uma longa muralha de pedra serpenteando à frente.

Seu comprimento e largura eram em uma escala que me lembrava a cidade inicial, mas não havia uma cidade do outro lado dessa fortificação. Em vez disso, era o maior labirinto do quinto andar, que tinha que ser manobrado antes de se alcançar a torre do labirinto.

Havia mobs, é claro, então levaria mais de um ou dois dias para mapear tudo. No entanto, desde que resolvêssemos alguns quebra-cabeças ambientais, poderíamos pegar atalhos em uma linha quase reta pelo labirinto, e tínhamos uma companheira útil conosco nesse aspecto.

Descruzei os braços e acelerei para alcançar Argo, que estava à frente da coluna direita do grupo.

— Hum, senhorita Argo, existe um mapa para…

— O labirinto? Pode apostar.

Suspirei aliviado. Argo me olhou de lado e sorriu.

— E é novinho em folha, então vale cinco mil col, eu acho.

— O quê?! Você vai me cobrar?!

— Argo, a lutadora com garras vai enfrentar o boss com você de graça, mas Argo, a negociadora de informações precisa ganhar a vida.

— Hrrrgh…

Rangei os dentes, desejando ter feito mais caça a relíquias em «Karluin».

— Nya-ha-ha-ha! Não se preocupe, só achei que seria engraçado te provocar um pouco por causa daquele negócio amoroso lá atrás — Argo gargalhou e piscou para mim. — Sim, eu mapeei o labirinto, mas você não vai precisar dele.

— Uh... o que você quer dizer?

— Você vai ver quando chegarmos lá — ela insinuou, e nos virou para a direita.

O labirinto do quinto andar estava no canto nordeste do andar, e o labirinto, que tinha um raio de meio quilômetro, o rodeava em um semicírculo. Isso significava que, em cada extremidade, a imponente muralha de pedra se encontrava com a abertura externa do andar.

Argo estava nos guiando em direção ao extremo sudeste. Saímos do caminho principal, o que nos fez encontrar alguns mobs, mas com doze membros, cada batalha terminava em um instante se lutássemos com toda a força. Em vez disso, usamos um pouco de tempo para mostrar nosso trabalho em equipe, e eram cerca de três e quarenta e cinco quando chegamos ao nosso destino.

— Bom trabalho, pessoal. Isso encerra a caminhada pelo deserto, pelo menos — observou Argo, e paramos agradecidos.

Eu me estiquei e olhei ao redor, observando a paisagem desolada. Ao norte, erguia-se a parede de aproximadamente 18 metros, e ao sul e oeste havia terras cinzentas e estéreis, sem um único pedaço de grama. Além disso, estava a floresta morta pela qual acabamos de passar, tingida em tons monocromáticos pelos raios alongados do sol de inverno.

Quando meus olhos se voltaram para o leste, avistei uma vasta extensão de céu infinito através da abertura próxima. No entanto, o azul acinzentado e desbotado parecia mais sombrio do que majestoso, bem diferente da deslumbrante imensidão estrelada que Asuna e eu havíamos contemplado em Blink & Brink. Virei-me novamente para a parede de pedra escura e olhei para cima.

De acordo com a lenda que Argo contou ao grupo durante a viagem, no centro do labirinto gigante estava o centro de desenvolvimento secreto do antigo reino, e o labirinto foi construído para deter intrusos de entrar. Isso só tornava a parede massiva ainda mais assustadora, mas, para fazer qualquer coisa, primeiro precisávamos de alguma forma ultrapassá-la.

— Então... por onde entramos? — Perguntei à nossa guia enquanto ela bebia água com limão, limpava a boca e sorria. Argo tirou algo brilhante de sua capa. Era uma chave gigante de cerca de quinze centímetros de comprimento.

— Uau... você conseguiu isso das missões?

— Exatamente.

Argo foi até a parede de pedra, girando a chave ao redor de seu dedo com o cordão de couro ao qual estava pendurada. Ela se aproximou dos blocos ásperos e desgastados, procurando por algo, e então enfiou a chave em uma lacuna específica e a girou com um clique.

Todos os outros murmuraram em admiração, esperando que uma parte da parede se abrisse magicamente, revelando uma passagem secreta no interior. Em vez disso, a parede de pedra roncou, alguns blocos afundaram na parede cerca de quinze centímetros — e só isso.

— Uh... Argo, onde está a porta secreta?

— Não há porta secreta.

Ela enfiou a chave de volta em sua capa, colocou a mão em uma das lacunas afundadas e então se levantou, subindo aproximadamente 3 metros acima da parede. Eu olhei para cima, atônito, ao ver que o padrão de blocos afundados continuava direto pela parede até o topo, como uma escada não convencional.

— Espera, temos que escalar? — Agil notou em pânico. Argo olhou para baixo, segurando-se com uma mão, e sorriu maliciosamente.

— Uh-oh, isso significa que o grandalhão mais durão dos pioneiros tem medo de altura?

— Eu-eu não estou dizendo isso... mas você não pode subestimar uma queda dessa altura — Agil retrucou, e ele tinha um bom ponto. Havia muitas fontes de dano em SAO, e a que todos concordavam ser a mais assustadora era o dano de queda. Ao meu lado, Asuna tremia, sem dúvida pensando em sua queda pela trap nas catacumbas.

A parede de pedra tinha mais de 18 metros de altura, e o chão era de terra misturada com cascalho. Qualquer um que caísse do topo e tivesse baixa quantidade de HP corria o risco de morte instantânea. Estava prestes a pedir a Argo que esperasse para que pudéssemos instalar uma corda, mas ela falou antes.

— Oh, bem, aqui está um presente especial só para você — disse Argo, com um olho fechado, e começou a gerar vários itens grandes de seu inventário. Eles caíram e quicaram suavemente no chão: grandes almofadas para casas de jogadores, que quase nenhum jogador ainda era rico o suficiente para começar a se preocupar. Elas eram bastante leves para o tamanho, então ela deve ter enchido seu inventário com essas coisas.

Empilhamos as almofadas ao lado da escada de mão, e Argo caiu de costas sobre elas. Ela pousou com um bafo forte, mas não sofreu nenhum dano. Com a demonstração concluída, ela se levantou rapidamente e me lançou um olhar de soslaio.

— Eu vou por último para poder pegar as almofadas. Você é o primeiro, Kii-boy.

— Uh... e-eu? Bem, tudo bem...

Olhei para Asuna, que fez um gesto silencioso de "Você primeiro". A única pessoa usando saia presente certamente não estava ansiosa para subir com todos os cavalheiros abaixo. Eu assenti, subi na pilha de almofadas e agarrei a parede.

Assim que comecei a escalar, percebi que os apoios alternados eram bastante profundos e fáceis de segurar, o que tornava o processo físico relativamente simples. O verdadeiro problema era a pressão mental que surgia quando você estava na metade do caminho. Eu sabia que, com as almofadas empilhadas abaixo, não havia como eu morrer se caísse, mas isso não impediu o suor frio de se formar em meus membros.

Escalei o último pedaço da parede, imaginando se aquele suor era apenas uma sensação virtual do NerveGear ou se meu corpo real estava suando pelos poros também. Do outro lado da parede havia uma passarela estreita, posicionada um pouco mais abaixo. Pulei para ela, suspirei de alívio e chamei o grupo abaixo.

— Não é tão difícil, apenas mantenham a calma e vocês ficarão bem!

— Tudo bem, eu vou em seguida! — disse Hafner, começando um processo de dez minutos que terminou com Asuna e Argo. Ninguém caiu, mas isso foi provavelmente graças à segurança mental proporcionada pelas almofadas de Argo — ocorreu-me que seria uma boa ideia manter duas ou três dessas coisas no meu inventário, apenas por precaução. Eu segurei a mão de Argo quando ela finalmente chegou ao topo e a puxei para cima.

Com a fase de escalada concluída, trocamos high fives e voltamos nossos olhares para o norte.

— Você não estava brincando quando disse que esse labirinto seria um grande desafio — murmurou Wolfgang da Bro Squad. Ele usava a mesma categoria de espada longa que o sublíder da DKB, mas enquanto Hafner parecia um cavaleiro pesado em sua armadura de metal, a roupa de couro justa de Wolfgang lhe dava ares de um mercenário veterano.

Como ele disse, era difícil imaginar uma rota fácil pelo enorme labirinto que se estendia à nossa frente, mesmo com um mapa. O layout parecia diferente do beta, então eu não podia nem usar minha memória antiga como guia.

— E a ALS planejava atravessar esse lugar à noite, sem explorá-lo primeiro? — Shivata perguntou cético a Okotan. O alabardeiro, que parecia ser o mais velho do grupo, assentiu sem jeito, com a boca bigoduda torcida em um sorriso constrangido.

— É um pouco embaraçoso admitir, mas esse é o plano deles... Pelo que entendi, temos informações sobre os enigmas e armadilhas de um beta tester. O cronograma previa que todo o processo levaria uma hora.

Asuna e eu trocamos um olhar.

Tinha que ser o mesmo beta tester que lhes falou sobre a bandeira da guilda. Pelo jeito que Okotan falava, parecia que não era um membro da guilda, então era provavelmente um dos homens encapuzados que encontramos nos catacumbas: Morte. O que significava que o outro homem estava infiltrado na ALS.

Dadas as circunstâncias, eu realmente queria contar a Shivata, Hafner e Okotan sobre essa trama, para ajudar a identificar o espião, mas era difícil fazer isso com Argo e o time de Agil presentes. Além disso, tínhamos uma missão urgente em mãos. Se a batalha contra o boss corresse bem, eu sugeriria uma comemoração e encontraria um momento para falar sobre o assunto, prometi a mim mesmo. Meus olhos se voltaram para a direita, para a torre massiva que se erguia sobre o centro do labirinto.

Essa torre era sempre categorizada como "torre do labirinto", mas a escala e o design de cada uma variavam de andar para andar. A única característica comum era a altura de aproximadamente 91 metros, então enquanto algumas eram largas e robustas com uma largura uniforme, outras eram estreitas e esbeltas. A torre do quinto andar era um cilindro ortodoxo, cerca de um terço da largura da altura, o que a colocava no lado menor. Havia uma grande porta de entrada na base, mas a parede onde estávamos em cima se estendia desde a borda do castelo flutuante até a própria torre, terminando em uma pequena porta. 

Em outras palavras, estávamos ganhando um atalho que nos colocava 20% dentro da torre assim que entrássemos. Graças ao trabalho tedioso de Argo completando as missões do boss, estávamos economizando cerca de duas horas de nosso tempo.

— Obrigado, Argo — disse suavemente. Sua cabeça de cabelo encaracolado se virou para mim, piscando de surpresa. Mas isso logo foi substituído por seu habitual sorriso sarcástico.

— Não seja bobo, estamos apenas começando.

— Verdade...

Respirei fundo, me preparando para mover o grupo para frente mais uma vez.

 

✗✗✗

 

Seguimos em fila pela passarela no topo da muralha de pedra e fizemos uma breve pausa em um pequeno mirante onde a muralha se conectava com o exterior da torre. A dungeon mais difícil do quinto andar estava do outro lado da porta, então precisávamos nos preparar.

— Aqui está, pessoal.

Asuna estava tirando um daqueles bolos enormes de seu inventário. Era a única confeitaria famosa de «Mananarena», mas como você tinha que conhecer o café secreto, era novidade para a maioria do grupo. Hafner e o Bro Squad encheram a boca com punhados dele, resmungando sobre como era "bom pra caramba", enquanto Liten e Shivata se acomodavam com alguns garfos contra a parede. 

Olhei ao redor, alarmado, procurando por Okotan, mas ele já estava conversando alegremente com Nezha — o que causou um tipo diferente de alarme em mim, ao imaginar o ex-ferreiro sendo recrutado para a ALS.

Com o bolo todo distribuído, Asuna me trouxe uma fatia e olhou para a torre que se erguia sobre nossas cabeças enquanto comia.

— Então chegou a hora…

— Sim...

Peguei o bolo com os dedos e dei uma mordida. O sabor de banana, que tinha sido tão forte quando comi o mesmo item horas antes no café, mal parecia registrar em minha língua dessa vez. Isso me fez perceber o quão nervoso eu estava.

Isso deveria ser nossa única opção para derrotar esse jogo mortal e escapar da prisão eletrônica que nos prendia. Independentemente de o plano da ALS de avançar ser bem-sucedido ou não, ele causaria uma grande ruptura no grupo de jogadores avançados e dispersaria a energia coletiva que vinha impulsionando nosso ritmo e nos acelerando. 

Iríamos desacelerar, e jogadores como Liten, que estavam fazendo o possível para nos alcançar, perderiam a esperança. O desespero se instalaria em todos os habitantes de Aincrad. Seria como uma noite eterna, sem estrelas cintilantes ou o sol da manhã nascendo...

Coloquei o bolo meio comido de volta no prato, rodeado por uma súbita onda de música. Eu sabia que era uma ilusão, mas fechei os olhos para ouvi-la mesmo assim.

Uma visão assustadora apareceu em minhas pálpebras fechadas.

Três silhuetas dançantes cambaleando contra um pôr do sol vermelho-sangue ao som de uma melodia, acelerada e zombeteira. As barras de mantos e ponchos negros como breu agitavam-se como asas de morcego. A boca da figura à direita tornou-se visível, exibindo um sorriso distorcido familiar.

E se até mesmo minhas próprias ações aqui forem um resultado intencional de sua provocação...?

O pensamento repentino fez meus membros congelarem como gelo.

Aqui, no quinto andar, lutaríamos contra um boss de andar muito mais difícil do que qualquer outro anterior. Eu havia alertado Asuna sobre isso repetidamente, e acreditava estar me preparando adequadamente. E, por mais que eu racionalizasse minhas ações atuais com base no que estava acontecendo no jogo, eu estava liderando um pequeno grupo de doze pessoas contra aquele boss.

Havia uma maneira de vencer. Iríamos explorá-lo vigorosamente.

Se houvesse um problema aqui, era que minhas escolhas e ações não se baseavam em uma crença absoluta e inabalável.

Quando saí da cidade, priorizei minha própria sobrevivência acima de tudo. Asuna e Argo estavam comigo agora, mas eu ainda não havia desenvolvido um novo e grandioso ideal, como proteger todos os jogadores presos em SAO ou vencer o jogo com minhas próprias mãos.

Enquanto isso, os outros jogadores aqui estavam participando dessa estratégia improvisada com base em suas próprias crenças fortemente arraigadas, com pleno conhecimento do risco.

Hafner, por exemplo, era um homem movido pela prioridade de vencer o jogo acima de tudo. Ele se empurrou bruscamente para a frente da fila esperando pela gôndola em «Rovia», no quarto andar, mas isso certamente foi porque ele estava irritado com os turistas. Ele era o tipo de homem que os repreenderia por ter energia para se divertir em vez de ajudar a vencer o jogo. Eu entendia esse sentimento, e suas ações atuais falavam da força de suas crenças, dado que ele estava priorizando isso em vez do lucro de sua guilda.

Então havia Shivata, sobre quem eu só podia especular, mas parecia estar aqui por causa de Liten. Eu não sabia como eles haviam se unido, mas eles haviam sacado suas espadas para garantir que suas guildas não entrassem em conflito. Isso por si só era um motivo admirável.

O grupo de Agil, Argo e Nezha também haviam examinado seus próprios sentimentos em busca de suas respostas. Então, por que eu, o cara que desprezava as guildas e priorizava seu próprio ganho pessoal, estava indo contra minhas próprias crenças, não apenas participando desse grupo, mas também liderando-o?

A resposta para isso tinha que ser meu antagonismo contra Morte e seus provocadores.

Eles tentaram me desafiar para um duelo PK e causaram um terrível susto em Asuna, e agora eu estava movido por uma determinação furiosa para impedi-los de continuar com suas ações.

Nesse caso, eu tinha que admitir que foram eles que atiçaram o fogo dentro de mim. Eu estava perdendo a calma? Estava deixando meu antagonismo e ódio me guiarem para uma estratégia imprudente que acabaria me enviando, e as pessoas que eu me importava, para uma morte certa...?

Percebi que estava rangendo os dentes e olhando para o bolo meio comido. Mas, de repente, minha mão fria e entorpecida foi envolvida por um calor agradável.

Olhei para baixo e vi que, em um ponto escondido do resto do grupo atrás do meu casaco de couro preto e de uma capa de seda, uma pequena mão pálida estava segurando a minha. Levantei os olhos e vi o perfil da face da espadachim.

Sua expressão era a de sempre: distante, vagamente hostil, mas o calor inegável que cobria minha mão era como tocar a luz do sol na primavera. Fiquei ali, atônito, até que seus lábios comprimidos finalmente se abriram.

— Isso é por ter me dado aquele buff no acampamento no terceiro andar.

— Ah... certo, eu tinha esquecido disso...

Eu me lembrei do momento em que ela derreteu seu «Wind Fleuret» para criar sua «Chivalric Rapier» e apertei sua mão de volta.

Por que Asuna concordou com este plano, afinal? A história sobre a bandeira da guilda e a competição entre as duas guildas não poderia significar tanto para ela. Se ela estava aqui por uma crença pessoal inabalável, o que isso poderia ser...?

Eu queria saber, mas não parecia o momento certo para perguntar.

Se derrotássemos o boss e voltássemos para a cidade vivos, então eu perguntaria. Eu faria disso minha maior motivação para lutar e vencer.

Com essa determinação em mente, a música ameaçadora que tocava no fundo da minha mente finalmente se dissipou, junto com as silhuetas dançantes assustadoras.

Sem soltar a mão de Asuna, levantei o prato de papel até meu rosto e virei-o para despejar o resto do bolo na boca. Mastiguei e olhei para a torre novamente.

Era de uma tonalidade mais escura da pedra que compunha todas as ruínas aqui, o lado esquerdo iluminado pelo sol de meio-inverno, brilhando friamente. Era como se os incontáveis mobs dentro e a ameaça do boss do andar estivessem sendo exalados como gelo.

Mas o calor da mão de Asuna fluía por todas as minhas veias, mantendo o frio à distância. Apertei-a mais uma vez, depois soltei e abaixei meu rosto ao nível normal.

Imediatamente, encontrei o olhar zombeteiro de Argo e tive que tossir de forma constrangedora e limpar a garganta antes de poder avançar para falar com o grupo.

— Bem, pessoal, acho que é hora de anunciar minha ideia sobre a formação do nosso grupo.

Depois que todos terminaram de comer o bolo e se reuniram, expliquei: — O Time A será composto por Hafner, Shivata, Okotan, Lowbacca, Naijan e Liten. O Time B será composto por mim, Asuna, Agil, Wolfgang, Nezha e Argo. O que vocês acham dessa divisão?

Isso aparentemente contrariava as expectativas deles, e um murmúrio percorreu o grupo antes que Shivata interrompesse para perguntar: — Então... o Time A são os tanques, e o Time B são os atacantes?

— Certo.

— Isso vai contra a teoria comum. Por que você não nos dividiu de forma equilibrada?

— Não temos tanques suficientes para fazer isso. Shivata e Liten são os únicos com escudos, então, se os colocássemos em grupos separados, eles poderiam não aguentar tempo suficiente para a rotação de poções. Nesse caso, devemos ter um grupo com alta defesa para manter o aggro do boss, o que deve facilitar o gerenciamento do HP. Claro, isso vai criar uma carga maior para os nossos tanques...

Shivata balançou a cabeça com essa última afirmação e disse: — Não se preocupe com isso — antes de continuar com sua resposta. — Mas se tivermos todos os tanques juntos, não conseguiremos lidar com ataques simultâneos de longo alcance. Isso não será um problema?

— Bem, baseando-se apenas na versão beta, o boss golem deste andar não tem ataques em área como Breath. Ele basicamente soca e pisa, com diferentes tempos para cada lado. Então, contanto que gerenciemos seus níveis de agro, um único grupo deve ser capaz de defender continuamente para nós.

— Ahh, entendi —  murmurou Shivata.

Olhei para os outros membros do grupo e acrescentei: — Claro, vou explorar o boss primeiro para garantir que não haja tipos de ataques inesperados. Assim que começarmos pra valer, garantiremos que haja uma rota de fuga clara para quando a barra de HP do boss mudar de cor, para podermos sair correndo em caso de padrões desconhecidos. Sim, estamos lutando com apenas dois grupos, mas temos uma chance real, e não pretendo perder um único membro. Então... para que a festa de contagem regressiva de Shivata e Liten seja um sucesso e para garantir que 2023 seja um ano de esperança para todos nós... vamos unir nossas forças e vencer essa batalha!

Por algum motivo, isso acabou se tornando um pequeno discurso motivacional no final, e por um momento fiquei com medo de ter ultrapassado os limites.

— Isso aí! Vamos nessa!! — Agil rugiu, levantando o punho, seguido por um coro de aprovação do grupo.

Agradeci silenciosamente ao homem e levantei meu punho em solidariedade.

4:15 PM, 31 de dezembro de 2022.  

O ataque ao boss de andar, montado às pressas, abriu as portas de aço e entrou na torre do labirinto.

 

CONTINUA NA PARTE 10 DIA 29/08


 

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