Volume 3
BARCAROLLE OF FROTH - QUARTO ANDAR DE AINCRAD, DEZEMBRO DE 2022 (PARTE 4)
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4
EU FUI INGÊNUO. Eu nunca percebi que era tão forte assim.
Precisão e poder verdadeiramente surpreendentes. Essa era a única descrição possível para a combinação das habilidades de espada de Asuna e a «Chivalric Rapier» +5.
— Viu? Eu disse que poderíamos vencer.
Ela comentou com um sorriso ao fim da nossa batalha de cinquenta minutos contra a besta — metade desse tempo foi gasto apenas correndo para fazer com que ela derrubasse árvores.
Eu só conseguia olhar para ela. Embora ela parecesse um pouco cansada, isso não era nada comparado ao meu esgotamento. Ela verificou seus itens soltos com agilidade. Quando ela abriu a aba de itens recém-adquiridos, soltou um breve grito de empolgação.
— Oh, uau! Eu consegui quatro Gorduras de Urso Lendárias. Também há algumas peles, garras e... o que é isso? Palma do Urso de Fogo?
— Eu não pegaria isso se fosse você. Deve ser nojento.
Eu avisei, levantando-me para abrir minha própria janela.
Eu tinha mais três depósitos de gordura de urso. Isso deveria ser suficiente para a missão. Também tinha peles e garras, mas nenhuma pata, para melhor ou para pior. Em vez disso, havia um Chifre do Urso de Fogo. Devia ser um dos chifres da testa do «Magnatherium».
Com um último olhar para o horário, fechei meu menu e bocejei. Passava das onze da noite, e embora eu tenha dormido um pouco à tarde, agora, eu estava completamente exausto.
— Umm... Asuna?
— O que?
— Quando voltarmos à cidade, você vai completar a missão imediatamente?
— Claro que vou.
— Claro que vai.
Se ao menos o velho construtor de navios estiver realmente acordado, pensei.
No caminho de volta à cidade, tivemos apenas um encontro com o mob planta Nepenthes Vistoso, então a viagem de retorno ao portão sul de «Rovia» foi bastante tranquila. Chamamos uma das gôndolas, que aparentemente funcionavam vinte e quatro horas por dia, e nos dirigimos ao setor noroeste da cidade.
Quando chegamos à casa do velho, eram 11:50, mas a janela ainda estava iluminada, então batemos sem hesitação. Como de costume, o velho construtor de navios estava afundado em sua cadeira de balanço, alternando interminavelmente entre a garrafa e o cachimbo.
— Trouxemos a gordura de urso.
Asuna disse, produzindo a gordura de urso, que felizmente se materializou em um pequeno jarro, em vez de ficar exposta ao ar. O velho ergueu uma sobrancelha.
— Aquele fedor... Vocês conseguiram a gordura do rei, não é?
A garrafa de uísque caiu no chão. Sua mão ossuda arrancou o jarro de gordura e, com um pequeno tilintar, nossos registros de missão foram atualizados.
— Hmph. Mas isso não é suficiente.
Ele colocou o jarro na mesa próxima com um baque. Eu troquei um olhar com Asuna e tirei um jarro meu desta vez. O velho ainda balançou a cabeça, e por um momento fiquei apavorado com a possibilidade de termos que lutar contra o mob urso novamente, mas finalmente, no quarto jarro, o tilintar soou novamente.
— Hmph. Muito bem. Vocês realmente querem que esse velho saco de ossos construa um navio para vocês, né?
— Claro. Precisamos da sua ajuda, senhor!
Implorou Asuna, não que ele pudesse ser realmente movido por isso. O velho colocou seu cachimbo na mesa e levantou as mãos. Seus dedos, cicatrizados e desgastados, vibraram no ar por um momento, depois caíram e ficaram pendurados novamente.
— Como eu disse, a Guilda dos Transportadores de Água controla todos os suprimentos agora. Para fazer um barco para vocês, vou precisar de muita madeira. E tem que ser bétula sólida ou carvalho da floresta sudeste.
Ele fez uma pausa para efeito dramático, então continuou.
— Mas a melhor madeira para construção de navios é o teca. Posso fazer uma embarcação verdadeiramente resistente se vocês puderem me entregar o núcleo sólido de um teca maciço e envelhecido. Novamente, isso pode estar além da capacidade de lenhadores amadores...
O registro de missão foi atualizado, iniciando a parte dois da "Missão do Construtor de Navios Ancestral". Asuna e eu prontamente fomos aos nossos menus, produzindo Núcleos de Madeira Nobre.
No instante em que os troncos avermelhados bateram em uma grande pilha, pensei ter detectado os olhos do velho se arregalarem brevemente. Não, devia ser minha imaginação.
🗡メ
Quando o construtor de navios se levantou de sua cadeira para começar a construir a gôndola de dois lugares que encomendamos, Asuna e eu descarregamos quatro Gorduras de Urso Lendárias, oito Núcleos de Madeira Nobre, seis Garras de Urso de Fogo — para serem tratadas e esculpidas em pregos — e duas Peles de Urso de Fogo para estofar os assentos.
Observei o velho com cuidado, aliviado por termos tudo o que precisávamos. Ele atravessou a sala bagunçada e parou em frente a uma porta na parede sul, depois puxou uma chave do bolso para remover o cadeado resistente.
A porta pesada se abriu com um estrondo, revelando um depósito de carpintaria. Eu avistei serras enormes, martelos, formões e plainas amontoados no espaço, todos polidos até brilharem.
— Pensar que eu teria a chance de usar isso novamente um dia.
Murmurou o velho nostalgicamente.
Provavelmente você terá uma enxurrada de pedidos amanhã, pensei.
Asuna e eu parecemos ser os únicos atualmente trabalhando na "Missão do Construtor de Navios Ancestral", mas não íamos manter isso em segredo. Os membros dos «Cavaleiros do Dragão» e do «Esquadrão da Libertação» estavam nadando nos canais e rios para completar as várias tarefas da missão fora da cidade.
Eu não podia deixar de desejar poder contar aos orgulhosos pioneiros, cantando em fila com seus calções de banho e boias, mas deveríamos relatar nossas descobertas a Argo em breve para que ela pudesse disseminar a informação. Como um beater já, eu não tinha medo de uma má reputação, mas não queria que Asuna sofresse por minha causa.
Afinal, ela já havia atraído muita atenção pelo poder de sua «Chivalric Rapier» na batalha contra o boss do terceiro andar. Se a notícia se espalhasse de que ela tinha uma slot de habilidade extra por causa da Garrafa de Cristal de «Kales’Oh», os dois principais poderes da linha de frente ficariam realmente sérios em recrutá-la. Eles poderiam até mesmo...
Os passos de volta do velho me tiraram dos meus pensamentos. Olhei para cima para vê-lo espalhando um pergaminho enorme na mesa. Ele bateu no pergaminho branco puro com a mão e disse: — Diga-me como vocês querem que o barco seja construído.
O registro de missão foi atualizado e trouxe uma janela roxa diante de nossos olhos. Parecia ser um diálogo de design de gôndola, cheio de campos de entrada de texto e menus suspensos. No topo, meu nome e o de Asuna estavam listados no campo "proprietário". A missão deve ter sido projetada para dar direitos de propriedade compartilhada a todo o grupo.
— O que é isso? — Perguntou Asuna, esticando o pescoço. Achei ter detectado um brilho em seus olhos. — Oooh, uau. Então, mesmo em uma gôndola de dois lugares, podemos decidir sua forma, cor, nome e tudo mais!
Ela estendeu um dedo para explorar as opções, e eu me movi para dar espaço para ela, mas a janela me seguiu.
— Espera aí.
Eu disse, abrindo o menu de configurações do grupo e mudando a posição de líder para Asuna. O progresso da missão era compartilhado entre todos os membros do grupo, mas em muitos casos, pontos onde decisões detalhadas precisavam ser tomadas eram restritos apenas ao líder.
Agora que ela herdou o controle de mim, Asuna tinha estrelas nos olhos.
— Qual cor devemos escolher? Parece que temos um círculo RGB inteiro para escolher.
— Eu não me importo com a cor... Você escolhe, Asuna.
— Não, a propriedade é para nós dois, então temos que discutir e escolher corretamente.
— Er, certo... Nesse caso, eu escolho pre--
— Nada de preto! Eu sinto que afundaria imediatamente.
— Oh… ok. Bem, então...
Eu só queria terminar logo para que pudéssemos voltar à pousada, mas ela saberia — e ficaria com raiva — se eu não levasse a sério, então tentei ser lógico.
— Umm... bem, o barco não vai caber no nosso armazenamento de itens, o que significa que precisaremos amarrá-lo onde quer que o deixemos. Talvez uma cor que se destaque à noite seja boa. Algo branco ou laranja...
— Entendi. Acho que branco seria bom — mas não branco puro, isso é chato. Talvez algo mais próximo do marfim.
— Eu… não vejo por que não.
— Vamos ver... bem aqui.
Asuna disse, traçando o círculo de cores com o dedo até selecionar um branco marfim elegante. Mal suspirei, quando vários outros submenus apareceram, pedindo as cores complementares que adornariam a proa, popa, decorações, lados e assentos do barco.
— Uh, vou deixar o resto com você.
— Oh, tudo bem... Eu escolho tudo, então.
Asuna disse, com aparente irritação, apesar das estrelas continuarem em seus olhos. Afastei-me dela e sentei-me numa cadeira redonda ao lado da mesa.
O velho, que ainda estava pacientemente segurando os planos do navio na mesa, resmungou.
— Sempre disseram que uma jovem leva três vezes mais tempo para projetar seu barco.
— Uh… entendi. Isso é… bom saber. (*Kirito)
No final, só conseguimos finalizar a coloração detalhada, o design do navio com várias características cosméticas, a colocação e a forma dos assentos, e outros detalhes por volta da uma da manhã. Mas quando Asuna se virou para mim, ela não parecia nem um pouco cansada.
— Por fim, vamos dar um nome ao nosso barco.
— Uh… um n-nome, né...?
Para ser honesto, eu não tinha nenhuma confiança na minha habilidade de nomear. Até o meu nome de personagem, Kirito, era apenas uma reorganização do meu nome real.
— Umm... Eu também deixo isso ao seu critério.
Eu ofereci esperançosamente, mas para minha surpresa, Asuna já parecia estar em profundo pensamento.
— Na verdade, um ótimo nome me veio à mente mais cedo.
— Oh... tipo o quê?
— Bem, eu li que em muitos países estrangeiros, eles dão nomes femininos aos barcos... e me ocorreu que deveríamos nomeá-lo em homenagem à irmã de «Kizmel».
Meus olhos se arregalaram de surpresa.
A cavaleira elfa negra «Kizmel», que conhecemos no terceiro andar, me contou a história de seu passado em frente a uma lápide no canto do acampamento deles. Ela tinha uma irmã mais nova, uma herbalista, que morreu em uma batalha com os Elfos da Floresta.
E o nome dela era...
— «Tilnel», certo? Então será a «Tilnel»... Por que não?
Eu disse, acenando com a cabeça. Asuna sorriu para mim. Ela digitou as letras no campo no topo da janela uma de cada vez, depois me chamou.
— Esta grafia está correta?
Levantei-me da cadeira e olhei para o que ela havia digitado: «Tilnel». Eu assenti.
— Então vamos apertar o botão FINALIZAR juntos.
— O quê?!
— O que? Você não quer?
— Er, não, não é isso, claro.
Eu disse, balançando a cabeça. Estendi meu dedo indicador em direção ao botão no canto inferior direito. Asuna fez o mesmo, depois olhou para mim, mexendo os lábios para formar as palavras: — Preparar, apontar...
Quando estávamos prestes a apertar o botão juntos, agarrei a mão dela e gritei.
— Não, espera!
— O-O que?!
— Olha, este campo ainda está vazio…
Apontei para um menu suspenso intitulado Equipamento Opcional. Asuna olhou para ele e deu de ombros.
— Ah, isso. Bem, não tinha nenhuma opção nele.
Ela tocou o menu para mostrar que a lista que apareceu estava de fato vazia. Provavelmente significava que não tínhamos itens que poderiam ser equipados no barco.
— Hmm... Você se importa se eu verificar por mim mesmo, só por precaução?
— Vá em frente.
Com a permissão dela, voltei a ser o líder. Quando verifiquei o menu suspenso por mim mesmo—
— Ooh, há algo lá!
— O quê? O que é?!
Colocamos nossos rostos juntos, bochecha contra bochecha, para espiar na pequena janela, que apresentava uma única opção.
— Chifre do Urso de Fogo...?
Senti uma terrível premonição crescer no meu peito ao ler as palavras. Asuna também parecia preocupada.
— Chifre... como o tipo de chifre que os antigos galeões costumavam ter? Por que uma gôndola precisaria de algo assim?
— Eu não sei se você precisaria disso ainda. Especialmente porque parece que as opções não aparecem a menos que você já tenha os itens necessários...
Depois de pensar sobre isso, achei melhor apenas perguntar, então olhei para o velho ao lado da mesa.
— Um…
Comecei, mas percebi que não sabia como chamá-lo. Verifiquei o cursor do NPC e vi que seu nome era «Romolo».
— Um, Sr. «Romolo». Precisamos desse chifre opcional?
Tentei fazer a pergunta da forma mais simples possível, só por precaução, mas o velho «Romolo» não respondeu de imediato. Tive receio de ter perguntado algo que seus parâmetros não conseguiam responder, mas ele bufou antes que eu pudesse reformular a pergunta.
— Você não vai precisar se for apenas andar por «Rovia». Mas se você for para fora, talvez precise eventualmente.
— Quer dizer... talvez tenhamos que lutar contra mobs com o barco?
— Talvez precise... talvez não. — Ele disse de forma pouco útil. Ele bateu novamente no pergaminho aberto. — De qualquer forma, este é o seu barco. A decisão de colocar o chifre ou não é sua.
….…
Minha parceira e eu trocamos outro olhar. Asuna falou primeiro.
— Você é quem tem os materiais, Kirito, então vou deixar você decidir.
— Uh, s-sério?
— Bem, você me deixou escolher praticamente tudo sobre o barco, então vou deixar você decidir uma coisa no final.
Pareceu sarcástico saindo de seus lábios, mas havia uma preocupação genuína em seu coração. Ou pelo menos, eu imaginei que havia.
— Hum... não sei se gosto da ideia de colocar uma arma feia na nossa gôndola. Mas seria pior se o barco afundasse porque não o colocamos. Talvez tenha sido o destino ter conseguido um drop exclusivo do chifre de urso. Vamos fazer isso. — Ok. Concordou Asuna. Eu adicionei. — Além disso, tenho certeza de que o chifre provavelmente ficará preso abaixo da linha d'água, então não teremos que olhar para ele na maior parte do tempo. Então, vamos ativar o chifre e...
Coloquei minha mão sobre o botão FINALIZAR novamente. Contamos até três e realmente apertamos desta vez.
A janela se fechou com um som imponente e majestoso, e o velho começou a desenhar um modelo tridimensional do barco no pergaminho. Em apenas alguns segundos, ele terminou, e o nome «Tilnel» estava escrito no topo em tinta preta escura.
«Romolo» pegou cerimoniosamente o pergaminho e assentiu com satisfação.
— Agora vou me retirar para minha oficina. Sejam pacientes, e informarei quando terminar o meu trabalho.
E, enrolando o pergaminho em um rolo novamente, o velho artesão desapareceu na sala de ferramentas. A porta se fechou e uma vibração muito forte percorreu o chão. Aparentemente, todo o depósito dele era um elevador.
Eu realmente queria ver a oficina dele, mas não queria correr o risco de ser repreendido e possivelmente arruinar a missão, então desisti de espiar e bocejei em vez disso.
— Mmmm... Cara, este foi um dia longo.
— Eu me pergunto quanto tempo leva para terminar um barco.
Asuna ponderou impacientemente.
Eu sorri de forma irônica.
— No mundo real provavelmente leva meses, mas aqui pode levar um dia no máximo... talvez até menos — três horas, cinco horas. Se anunciarmos os detalhes da missão, as pessoas estarão batendo na porta dele tentando conseguir seus próprios barcos.
— Eu me pergunto o que acontece nesse caso. Será como o acampamento dos Elfos Negros no terceiro andar... uma coisa de instância? Onde há tantas versões desta casa quantos jogadores existirem?
— Não sei, estamos no meio da cidade... Aposto que se alguém estiver no meio da missão, a porta simplesmente não vai abrir...
— Espere... você quis dizer que se levar três horas, a próxima pessoa terá que ficar parada esperando do lado de fora da casa?
— Mais como três horas e meia, contando o tempo para escolhas de design. Então, no máximo, ele poderia atender seis ou sete grupos por dia... Por outro lado, três horas é só um palpite, então pode ser menos...
Dei de ombros e Asuna me deu um olhar indescritível.
— O problema com seus palpites é que eles são estranhamente precisos.
— D-Desculpe...
— Não peça desculpas para mim. Graças a você, terminamos o nosso primeiro... Bem, vamos confiar que três horas está certo e vamos voltar para a pousada.
— Esse é o problema. Acabei de perceber enquanto falava com você que, se sairmos desta casa, podemos tratar a transação do barco como uma nova missão...
— O que significa que se descobrirmos que está pronto e corrermos para cá, e outro grupo já estiver no meio da missão deles, teremos que esperar do lado de fora da casa até eles terminarem?
— Acho bem possível. Se a porta permanecer fechada até a pessoa voltar para pegar o barco concluído e ninguém nunca voltar, isso significaria que ninguém mais pode começar a missão depois de você.
— Entendi. — Asuna assentiu lentamente. Ela deu uma olhada ao redor da sala bagunçada. — O que significa... que não temos escolha a não ser esperar aqui até que esteja terminado.
— Sim...
Eu olhei ao redor também e me perguntei onde o Sr. «Romolo» dormia. Não havia cama, sofá ou cobertor à vista. As portas levavam à entrada e à oficina, e eu não senti que havia portas secretas.
Depois de uma varredura pela sala, ambos nossos olhares acabaram pousando na grande cadeira de balanço em que Romolo estava sentado não muito tempo atrás. Era o único lugar na sala que parecia suportar qualquer tipo de sono.
Afastei um breve momento de tentação e fiz uma oferta cavalheiresca.
— Posso dormir no chão se você quiser a cadeira de balanço.
— Mas...
No perfil dela, vi ainda mais hesitação do que quando estávamos decidindo se colocávamos ou não o chifre na gôndola. Ela provavelmente estava tentando ter consideração comigo, mas não tinha coragem de dormir no chão empoeirado. Era uma preocupação muito apropriada para a meticulosa Asuna.
— Está tudo bem, de verdade. Comparado a acampar nos quartos seguros dos labirintos, estou apenas feliz que este lugar tem um teto. Além disso, tenho uma habilidade pessoal de dormir onde eu quiser. Você pode relaxar e pegar a cadeira de balan--
— Podemos nos apertar nela.
Ela disse, interrompendo a segunda parte da minha oferta de cavalheiro.
— Hã?
— É uma cadeira de balanço grande. Se nos virarmos de lado, nós dois podemos caber nela.
De lado?!
Espere, não essa parte.
Nós dois?!
Minha lembrança do quarto da pousada em «Zumfut» no terceiro andar ainda estava fresca, onde Asuna jogou uma fruta não identificada diretamente na minha cabeça. Ela já tinha uma poderosa barreira pessoal para começar, e agora estava sugerindo que nos apertássemos juntos em uma cadeira de balanço apertada.
Eu não sabia o que decidir: recusar agradecido ou aceitar a oferta? Eventualmente, ela se virou irritada, guardou seu florete no inventário e sentou-se na cadeira de couro, virando noventa graus para fora.
— Vou começar a dormir. Se você quiser usar o espaço vazio, fique à vontade.
Ela anunciou, de costas para mim, e ficou em silêncio.
Após dois minutos inteiros parado, fui sorrateiramente até a cadeira. Estava curioso para ver se Asuna realmente estava dormindo ou não, mas isso exigiria que eu desse a volta e isso parecia cruzar uma linha.
Por dentro, coloquei a mão nas barras do encosto e empurrei levemente. A cadeira balançou para frente e para trás com um leve rangido. Asuna não se moveu nem reagiu.
Nesse ponto, eu realmente não tinha ideia do que fazer. Minha mente estava em branco enquanto a cadeira continuava a balançar quando--
— Mmh...
Asuna resmungou e caiu na minha direção. Seus olhos estavam firmemente fechados. Se eu me concentrasse, poderia ouvir o som da respiração de sono vindo de seus lábios ligeiramente entreabertos. Ela definitivamente estava dormindo agora.
Era um milagre para mim que a espadachim, que tinha sido tão sensível quando a conheci no primeiro andar, agora estivesse tão ousada... mas então mudei de ideia.
Na hora em que ela me disse que eu tinha a escolha de usar a cadeira ou não, o cansaço deve ter a vencido. Ela só fez essa oferta porque não queria que eu percebesse o quão próxima estava de um logout de sono — embora esse termo de MMO não se aplicasse mais a Aincrad.
Eu não podia culpá-la. De manhã, ela havia saído da pousada e corrido pela torre do labirinto do terceiro andar até chegarmos ao boss do andar. Após a batalha, subimos para o quarto andar, descemos o rio, e nos envolvemos naquela perseguição louca com o girino que parecia um tubarão; tivemos um breve descanso na cidade antes de começar a missão de construção do barco, lutamos contra vários mobs, e terminamos enfrentando um urso gigante que cuspia fogo tão poderoso quanto um boss. Ela nunca disse uma palavra sobre estar cansada, mas tinha que estar exausta o suficiente para desabar assim que voltássemos à cidade.
— Aproveite o descanso.
Sussurrei, e puxei o banquinho redondo da mesa em direção à cadeira de balanço.
Não havia espaço suficiente lá agora que Asuna havia rolado, e mesmo que houvesse, eu não queria arriscar acordá-la.
Coloquei a mão no encosto e balancei suavemente novamente. Um leve sorriso apareceu no rosto infantil de Asuna enquanto ela dormia.
Talvez ela estivesse sonhando com o «Tilnel» terminado navegando pelo canal. Eu tinha estimado três horas para o velho Sr. «Romolo», mas enquanto balançava a cadeira silenciosamente, não me importava se ele levasse um pouco mais de tempo.
🗡メ
O log da missão vibrou por volta das quatro e meia da manhã, quando a escuridão fora da janela estava começando a clarear.
A janela dizia: O NAVIO QUE VOCÊ ENCOMENDOU ESTÁ COMPLETO. VÁ ATÉ A OFICINA DO CONSTRUTOR.
Era uma e meia quando Romolo desceu para sua oficina, então o tempo de construção foi de três horas cravadas, exatamente como eu havia estimado.
Asuna deve ter ouvido o efeito sonoro também, mas ainda estava desmaiada na cadeira de balanço, olhos fechados. Eu estava pensando em continuar balançando-a suavemente por mais uma ou duas horas de sono.
Mas eu tinha a sensação de que, se fizesse isso, ela me repreenderia mais tarde por não acordá-la. Decidi que, uma vez que pegássemos o barco terminado, poderíamos voltar para a pousada para um sono adequado. Levantei-me e inclinei-me sobre Asuna.
— Hum, olá? Acho que nosso barco está pronto.
Suas sobrancelhas se contraíram no sono, e ela murmurou algo inaudível, mas não acordou. Coloquei a mão em seu ombro e sacudi suavemente. Percebi que a estava balançando suavemente nas últimas três horas, então um pouco mais de vibração não faria efeito.
Decidi aumentar gradualmente a pressão do meu balanço e comecei a chamar.
— Bom dia. Acordaaa...
De repente, Asuna se levantou com um som bizarro.
— Hwulyuh?!
Tive que recuar para evitar levar uma cabeçada no queixo. A espadachim olhou ao redor, com os olhos turvos, até que seus olhos focaram em um ponto vazio no ar bem na frente dela.
— Esse barulho estranho... veio dessa janela...? O que é isso...?
Ela murmurou. Balancei a cabeça.
— Não, é só o log da missão atualizando... Não, espera...
Isso não fazia sentido. Ela teria ouvido aquele som ao mesmo tempo que eu, e isso foi há muito tempo para ela estar acordando agora. Então, seja lá qual fosse a janela que Asuna estava vendo, tinha que ser...
— Ah, entendi... Então eu posso simplesmente fechar isso.
Ela murmurou, estendendo o dedo.
— Ahhh! Espera, espera! Pare! Pareee!!
Eu gritei. Aquele grito a acordou 70 por cento, e sua mão saltou e parou.
— O quê?!
— Não pressione!!
— Huh...? Hum...
Ela olhou para meu rosto desesperado e gritando com desconfiança, depois olhou mais de perto para a janela que só ela podia ver.
— Ativar teletransporte automático do sujeito devido à violação do código de assédio...?
Ela de repente abraçou o próprio corpo e olhou para mim. Os 30 por cento restantes de sonolência evaporaram instantaneamente, e suas sobrancelhas dispararam para o alto.
— O q-q-que você fez comigo enquanto eu estava dormindo?!
— Eu não fiz nada!! Eu estava apenas tentando te acordar!!
— Se fosse só isso, então o código de assédio não teria disparado!!
— A-A culpa é sua por não acordar!!
Antes que pudéssemos descer mais naquela espiral de discussão sem sentido, levantei a mão.
— E-Espera. Algo não está certo... A ordem de ativação do código de assédio está errada…
— O que você quer dizer?
Ela perguntou, ainda cautelosa. Escolhi minhas palavras com muito cuidado.
— B-Bem... Quando o código de prevenção de assédio ativa em caso de contato inapropriado, ele dá tanto um aviso quanto afasta a mão ofensiva, eventualmente desenvolvendo-se em teletransporte forçado se o contato continuar, pelo que eu entendo...
— Quer dizer que quando você estava me tocando, você deveria ter recebido avisos também?
— M-Mas não houve nenhum. E não afastou minha mão... Então continuei te sacudindo, tentando te acordar, até que você simplesmente saltou assim.
— Hmm...
Ela finalmente estava se acalmando um pouco, abaixo de seu estágio de cautela nervosa. Asuna olhou para baixo para reexaminar os detalhes da janela de aviso, mas eu ainda estava nervoso. Se ela pressionasse o botão SIM, mesmo acidentalmente, eu seria instantaneamente teletransportado para a área de prisão sob o «Black Iron Palace», no primeiro andar.
Felizmente, ela apenas examinou os detalhes da janela antes de dar de ombros.
— Não diz nada além de perguntar se eu quero ativar o código. Então devo pressionar NÃO, certo?
— P-Por favor...
— Certo, pressionado.
Dei um longo suspiro de alívio por ter evitado o perigo da prisão e me desabei no banquinho. Ela apenas balançou a cabeça e se levantou da cadeira de balanço.
— Não tenho ideia do que é tudo isso... mas podemos perguntar para a Argo, suponho. De qualquer forma... você chegou a dormir?
Eu honestamente não tinha certeza de qual seria a reação de Asuna se eu dissesse que passei três horas apenas balançando a cadeira dela sem motivo enquanto ela dormia, então mantive a resposta vaga.
— Erm, talvez eu tenha cochilado um pouco.
— Onde?
— No banquinho ali.
— Ah.
Ela olhou para a cadeira de balanço onde tinha dormido e decidiu mudar de assunto sem mais comentários.
— E por que você tentou me acordar tão vigorosamente a ponto de ativar o código de assédio?
— P-Porque o barco está pronto.
Ela instantaneamente olhou para o log da missão com uma concentração feroz, e seu rosto se iluminou.
— Você deveria ter dito isso antes!
— Foi a primeira coisa que eu disse...
Mas a espadachim ignorou minha resposta e correu para a porta da frente, então parou bruscamente no terceiro passo.
— Espera, o log diz para ir à oficina, mas isso aqui é a loja em si.
— Bom ponto. E não parece que o velho está voltando aqui... o que significa...
Fui até a porta do depósito de ferramentas na parede oposta à entrada e segurei a maçaneta ligeiramente brilhante. Ela girou lentamente, abrindo-se pesadamente apenas uma fresta.
— Acho que é aqui, Asu--
Antes que eu pudesse terminar, algo empurrou minhas costas e me fez tombar para frente no depósito. Asuna basicamente me deu um empurrão enquanto corria para a sala. Mal fechei a porta e ela se virou para mim e exigiu.
— E então?!
Olhei ao redor rapidamente e encontrei uma alavanca sugestiva na parede. Seria uma coisa se isso fosse um dungeon, mas decidi que não poderia haver armadilhas no meio de uma cidade. Era seguro puxar.
A sala inteira roncou e começou a descer. O depósito era, na verdade, um grande elevador que descia para a oficina subterrânea.
Depois de cerca de vinte segundos, o roncado parou e Asuna abriu a porta impacientemente.
— Ooooh!
Ela maravilhou-se. Eu assobiei. Era enorme. A sala acima parecia bastante espaçosa, mas essa era mais próxima de uma fábrica inteira em escala. O chão, as paredes e o teto eram todos feitos de pedra sólida, e havia plataformas de trabalho maciças, guindastes de madeira e várias pilhas de materiais para construção naval, com bastante espaço de sobra.
Mas o que mais chamou minha atenção foi uma piscina — não, um cais — instalado no centro da sala. Era um canal de cerca de quatro metros e meio de largura, cheio de água clara que passava pela sala e até uma porta maciça de um lado. Deve estar conectado aos canais da cidade através daquela porta.
«Romolo» estava parado ao lado do cais, com as mãos nos quadris. Ele olhava sobre a superfície da água para a forma graciosa de uma gôndola de dois lugares que brilhava sob as inúmeras lâmpadas da oficina.
Segui Asuna até o barco novinho em folha. Havia um ponto de interrogação sobre a cabeça do velho, o que significava que precisávamos falar com ele para avançar na missão, mas eu não conseguia parar de olhar para a gôndola nova em folha.
Ela tinha cerca de sete metros de comprimento e pouco mais de um metro e vinte de largura. O corpo estava pintado de um branco marfim brilhante, enquanto os lados e a proa eram de um verde floresta profundo. Os dois assentos de couro e o restante do interior eram em tons calmos de marrom. Como eu esperava, o chifre provavelmente estava afixado sob a proa e era apenas visível através da água.
Por fim, não pude deixar de admirar a bela caligrafia fluida do nome «Tilnel» na lateral.
Finalmente me virei para o idoso construtor de barcos.
— Muito obrigado por este ótimo barco, Sr. «Romolo».
— Hmph. Faz muito tempo que não fico tão satisfeito com uma embarcação. — O velho murmurou feliz, coçando suas costeletas, antes de subitamente adicionar. — No entanto! Depois de forçar este pobre idoso a entrar em sua oficina, é melhor não deixá-lo afundar!
— Não vamos! — Asuna gritou. Ela parecia que o sangue estava subindo para sua cabeça, e aquelas estrelas estavam de volta em seus olhos. — Passamos por um inferno para reunir os materiais para criar este barco. Vamos tratá-la bem, Vovô! Obrigada!
Eu temia que o velho construtor resmungão objetasse ser chamado de "Vovô," mas «Romolo» bufou em aparente satisfação, depois deu um passo para trás.
— Nesse caso, o barco agora é seu. Vou abrir o portão para você, e então você pode remar para onde quiser.
— Sim, senhor!
Asuna borbulhou e pulou na gôndola. Levantei a perna para entrar no barco depois dela, então parei no ar.
– E-Ei... Sr. «Romolo», onde está o barqueiro?
A «Tilnel» foi construída com dois assentos, exatamente como pedimos, mas o espaço na proa para alguém manusear o remo estava vazio. Não havia sinal de qualquer outro NPC na oficina espaçosa.
— Kirito, a pessoa que rema uma gôndola é chamada de gondoleiro.
Asuna disse de forma afetada do assento da frente, mas eu não me importei com isso.
O velho ergueu uma sobrancelha à minha pergunta, depois abriu as mãos nodosas.
— Barqueiro? Não há barqueiro.
— Não há?! Então... como vamos mover o barco?!
— Isso é óbvio. Você fica ali e puxa o remo.
— C-Com licença?!
Eu gritei, atônito.
Asuna não se abalou nem um pouco.
— Ah, então é assim que funciona. Vamos lá, Kirito!
Eu devia estar muito feliz por haver um manual de controle de barcos no jogo, ou muito irritado com quem decidiu inundar o quarto andar, pensei enquanto segurava o remo comprido com hesitação.
Se o manual que acompanhava a gôndola fosse correto, controlar o barco não era tão complicado. Se inclinasse o remo para frente, ele avançaria, e se o segurasse na vertical, ele frearia. Inclinar para trás faria a gôndola recuar, e empurrar para a esquerda ou direita resultaria na curva apropriada. Os gondoleiros em Veneza, sem dúvida, precisavam de habilidades muito mais complexas na vida real, mas simplificaram o processo para o jogo para torná-lo mais divertido.
Ainda assim, eu não tinha mais experiência em pilotar um barco do que tinha nos velhos pedalinhos no Parque Aquático de Kawagoe com minha irmãzinha quando éramos crianças — estava aterrorizado que de repente eu pudesse despedaçar o barco contra o cais. Só depois de tentar reposicionar o remo várias vezes, fiquei confiante o suficiente para olhar para Romolo e acenar.
— Vou abrir o portão!
Ele avisou, puxando a alavanca. As enormes portas duplas em frente ao cais se abriram para a esquerda e para a direita. A luz pálida do amanhecer e uma névoa branca pura invadiram a oficina.
— E-E-Então lá vamos nós! Segure-se firme!
Gritei para Asuna. Sua resposta estava totalmente desprovida de qualquer tipo de nervosismo. Respirei fundo uma última vez.
— Agora lançando a «Tilnel»!
Anunciei, realizando o sonho de todo menino que sempre quis ser capitão, e empurrei o remo para frente. O barco avançou com tanta facilidade que foi quase decepcionante.
Ei, isso pode não ser tão difícil, afinal, pensei por um breve momento.
— Esquerda, Kirito! Você está inclinando para a esquerda!
— Hã? E-Esquerda?
Empurrei o remo para a esquerda em pânico, o que apenas fez a proa virar mais forte.
— Não, o oposto! Vá para a direita!
— D-D-Direita?
Inclinei o remo para a direção oposta, mas sua reação foi lenta. Houve uma sensação de resistência pesada por um momento, então, quando o barco finalmente começou a virar, senti um arranhar desagradável através do chão. Aparentemente, o chifre saindo da proa na parte inferior do barco havia raspado contra a parede do cais.
— Hum, está tudo bem?!
— Eu, uh... acho que está tudo bem.
Murmurei em um tom que sugeria que não estava tudo bem. Claramente, eu precisava olhar mais à frente do que apenas onde minhas mãos e a proa estavam apontando.
Quando finalmente alinhei corretamente a direção, o barco passou pelo portão aquático.
— Voltaremos, Vovô!
Asuna gritou, acenando para «Romolo». Inclinei o remo para fazer uma curva à direita.
Finalmente nos canais de «Rovia», virei a «Tilnel» para o leste e remei com todas as minhas forças. A gôndola cortou a névoa da manhã e ganhou velocidade. Asuna abriu os braços e gritou de alegria.
— Aaah, isso é tão bom! Vamos direto para fora da cidade!
— Não tenho certeza se sair é uma boa ideia... Eu estava esperando praticar um pouco a direção na segurança da cidade. Lembre-se, prometemos ao Sr. «Romolo» que não a iríamos danificar.
Sugeri. A espadachim olhou para trás, insatisfeita, mas concordou quando viu meu controle incerto do remo.
— Ah, está bem. Então nos leve em um pequeno tour pelos canais.
— Sim, senhora.
Respondi, voltando para a frente com um suspiro de alívio.
A sombra de outra embarcação surgiu correndo na nossa direção através da névoa espessa. Tentei lembrar de que lado o tráfego usava ali e comecei a virar para a esquerda antes de lembrar que era para a direita — direita!
Não estávamos indo muito rápido, mas a embarcação claramente manobrava mais devagar do que um carro automático. Minha única experiência dirigindo era em outros jogos de VR, mas essa gôndola era tão falsa quanto eles, então a comparação funcionava. Uma vez que minha virada desesperada foi concluída, a grande gôndola pilotada por um NPC passou à esquerda com apenas centímetros de folga.
— Olha por onde anda, palhaço!
Baixei a cabeça de vergonha e endireitei o barco. Nesse ritmo, ficou claro que eu deveria manter-me no lado direito dos canais.
— Ele não precisa gritar só porque o barco dele é maior.
Resmungou Asuna. Tentei acalmá-la.
— Calma, calma. Ele provavelmente está programado para reagir assim se as gôndolas chegarem muito perto.
— Então ele teria dito algo pior se realmente tivéssemos colidido.
— Ha-ha, tenho certeza que sim...
Mal terminei de falar e outra gôndola, do mesmo tamanho que a «Tilnel», passou correndo pela nossa esquerda.
— Saia da frente seu barbeiro! Não bloqueie os canais!
O barqueiro gritou antes de desaparecer na névoa.
— Q-Que foi isso? Persiga-o, Kirito — preciso dar uma lição nele!
— N-Não posso. Não vou conseguir fazer a curva se for tão rápido.
Reclamei para a dona do barco agressiva, então parei para refletir.
Quando um jogador ganhava seu próprio barco, isso significava que os gondoleiros NPC com quem compartilhava os canais se tornavam seus inimigos? Tecnicamente, estaria atraindo a ira dos passageiros dos NPCs, então não era nada, mas isso parecia estar se tornando mais problemático do que eu queria de um jogo.
— Não, espera.
Murmurei, empurrando o remo com cuidado.
«Romolo» tinha afirmado que desistiu do negócio de construção de barcos porque a Guilda dos Transportadores de Água monopolizou os materiais de construção. Por que a guilda estava tão desesperada para excluir «Romolo», que claramente não era um membro? Havia algum motivo para que eles precisassem controlar tanto a construção de barcos quanto a indústria de transporte aquático aqui em «Rovia»?
Na verdade, isso me lembrou que o primeiro gondoleiro que encontramos na cidade disse algo curioso. Quando perguntei se havia outros barcos que poderiam nos levar para fora da cidade, ele afirmou que não podia responder à pergunta.
E se essa resposta não fosse uma reação padrão a uma pergunta que ele não entendia, mas algo relacionado à Guilda dos Transportadores de Água?
Talvez houvesse barcos que saíssem da cidade, mas as circunstâncias o impediam de falar sobre isso...?
……..!
Atingido por um pensamento repentino, reabri a janela do registro da missão "Construtor Naval de Yore", que eu presumira ter terminado. Como eu suspeitava, havia uma nova linha de texto bem no final.
OS BARCOS DA GUILDA DOS TRANSPORTADORES DE ÁGUA ESTÃO AGINDO ESTRANHO. FALE COM O VELHO ARTESÃO NOVAMENTE.
— Desculpe, Asuna, precisamos ver o Vovô de novo!
Gritei, diminuindo a velocidade do barco. Ela quase caiu para frente de seu assento e virou-se com olhos ardentes. Sua boca fechou quando viu meu rosto, no entanto.
Uma vez que a gôndola estacionária terminou sua volta de 180 graus, usei toda a minha força para remar para frente.
🗡メ
Trinta minutos depois, a «Tilnel» estava de volta aos canais de «Rovia». Asuna e eu nos encaramos, com a cabeça inclinada no mesmo ângulo curioso.
— A história dele não fez muito sentido...
— Concordo... mas a missão ainda continua...
Asuna endireitou o pescoço e bocejou adoravelmente. Eram 5:40 da manhã, aproximadamente a hora em que os jogadores noturnos voltariam à cidade e os madrugadores estariam acordando. Se eu fosse algo, seria uma coruja, mas dormir no acampamento dos Elfos Negros ajustou meu horário para ser mais matinal. Eu estava exausto.
Depois que me juntei a ela em um bocejo, minha parceira me deu uma leve repreensão.
— Eu te disse que poderíamos ter compartilhado a cadeira de balanço.
— Bem, você ainda parece bastante cansada depois de usá-la.
— É porque esse barco balança você para dormir... mas se quiser voltar para a pousada e descansar de verdade, não vou discutir.
— Obrigado por ser compreensiva...
Ponderei sobre nossa situação. «Romolo» não explicou exatamente qual era o motivo do antagonismo dos outros gondoleiros ou o que aconteceu entre ele e a guilda. Em vez disso, ele nos deu um mistério para considerar.
— Se realmente querem saber, encontrem o grande barco carregando caixas de madeira em vez de passageiros, e sigam-no sem serem notados. Ele deve sair da cidade para o sudeste ao anoitecer. Apenas tomem cuidado para não serem vistos. Eles têm rufiões a bordo — mas, depois do rei urso, vocês não têm nada a temer.
— O que você acha, Asuna? Já temos nosso barco. Devemos continuar com a missão?
Perguntei, contando com o fato de que a espadachim tinha sorte o suficiente para ganhar dois itens incrivelmente raros.
Ela piscou surpresa e assentiu como se a resposta fosse óbvia.
— Claro que sim. Não me sentiria bem de outra forma.
— Ah, ok. Bem... Eu me sentiria mal em enviar informações incompletas para a Argo... Vamos voltar para a pousada, então...
— Mmm.
Ela respondeu. Esperei para continuar remando até que ela estivesse de volta ao seu assento.
Seguimos para o sul pelo canal principal e nos dirigimos para a praça do teletransporte, suportando os insultos contínuos dos gondoleiros. Eu estava planejando deixar a pousada temporária com vista para a praça para mudar para um hotel adequado no bairro sudoeste, mas ocorreu-me que manter nossa base no centro da cidade tornaria mais conveniente viajar.
Depois de vários minutos remando, um enorme cais de pedra apareceu à vista. As gôndolas operadas por NPCs só atracavam na extremidade sul da ilha central, enquanto os cais voltados para leste e oeste apresentavam apenas alguns pequenos barcos amarrados. O cais oeste estava logo à frente, então eventualmente recuei a gôndola até um píer com grande dificuldade.
Asuna se levantou e agradeceu pela minha pilotagem, então pareceu ter uma ideia.
— Ei... não podemos colocar a «Tilnel» no nosso inventário de alguma forma? Temos que deixá-lo para trás?
— De acordo com o manual, podemos fixar o barco no lugar soltando uma âncora ou amarrando-o a uma amarração no cais. Uma vez fixado, apenas o proprietário pode desbloquear o barco, diz... então acho que não precisaremos nos preocupar com roubo...
— Eu esperava uma resposta mais confiante. — Asuna reclamou. Ela pegou uma corda enrolada que estava na frente da gôndola. — É essa a corda que usamos?
— Acho que sim.
— E isso é a amarração?
Ela apontou para um poste gordo e arredondado ao lado do cais.
— Acho que sim.
— Então eu vou fazer isso.
Ela anunciou, e pulou no cais, colocando o laço da corda sobre o poste. Foi só isso — uma mensagem do jogo apareceu, informando que o «Tilnel» estava fixado no lugar.
Deixei o remo de lado e pulei para o cais para aproveitar um bom e longo alongamento.
Tinha sido um dia muito longo. Apesar de algumas pausas aqui e ali, eu essencialmente estive ativo por um período de vinte e quatro horas após a luta contra o boss do terceiro andar.
Mas, enquanto olhava para a linda gôndola branco-marfin e verde-floresta, parecia que o tempo tinha sido bem gasto. Nunca me ocorreu que eu poderia ter meu próprio veículo que eu pudesse controlar em Aincrad.
— Você gosta da combinação de branco e verde?
Perguntei. Asuna olhou para sua própria roupa.
— Hmm… Em termos de preferência pessoal, eu escolheria branco e vermelho.
Isso fazia sentido, dado seu casaco branco e capa vermelha escura. Enviei-lhe um olhar questionador, e ela exibiu um raro sorriso gentil.
— Os sinais de segurança ou meio ambiente geralmente são uma cruz verde em um fundo branco, certo? As cores surgiram na minha cabeça quando decidimos usar o nome de «Tilnel» para o barco. Por outro lado… esse símbolo da cruz verde só é reconhecido no Japão.
— Entendi…
Imaginei uma imagem de «Tilnel», a herborista, uma pessoa que eu nunca conheci, mas ouvi falar várias vezes de «Kizmel». Quando falei, foi em um tom deliberadamente alegre para disfarçar o raro nó que subiu em minha garganta.
— Uma vez que percebi que teria que remar sozinho, deveríamos ter feito um assento único. Poderíamos ter economizado nos materiais, e seria mais fácil de manobrar…
— Considere como uma pechincha: Construímos uma gôndola para dois lugares que pode realmente acomodar três.
— Isso realmente é… uma pechincha…? — Não tinha certeza, mas com meu cérebro funcionando em capacidade reduzida, não tive escolha senão concordar hesitante. — Umm… sim. Claro. De qualquer forma, vamos voltar para a pousada…
Dei um enorme bocejo à luz do sol da manhã no perímetro externo, e desta vez foi Asuna quem pegou o bocejo de mim.
— Fwah… Que horas devemos nos encontrar?
— Ummm… Dez — não, onze, por favor…
— Entendido.
Ambos com pouco sono, viramos as costas para a praça de teletransporte que estava despertando lentamente e seguimos para nossa hospedagem temporária.
🗡メ
Minha mente ficou em branco no instante em que caí na cama, e parecia que o alarme me acordou apenas momentos depois.
Não foi o suficiente de sono, mas de qualquer forma, era hora de começar o Dia Quarenta e Seis. Notei a data (22/12) na janela do meu menu e não pude deixar de sentir que algo importante estava por vir, mas saí antes de me apegar ao que era.
Asuna e eu nos encontramos no primeiro andar da hospedagem e fomos para os carrinhos de comida italiana na praça para uma refeição. Minha fome superou meu sono no instante em que senti o cheiro do queijo derretido. Ontem eu escolhi o sanduíche de panini, então estava tentando decidir entre a pizza ou o peixe frito ou talvez pegar os dois para compensar a falta do café da manhã — oh, mas isso deixaria nada novo para tentar amanhã…
— O que é?
Ouvi um murmúrio ao meu lado.
Pensei na minha resposta.
— Bem, estava de olho na refeição de peixe frito…
— Não, quero dizer aquilo.
Ela alcançou e segurou a parte de trás da minha cabeça para girá-la oitenta graus para a direita.
Vi mais do que alguns jogadores correndo direto pela praça para o oeste. As expressões em seus rostos não sugeriam uma emergência, mas claramente algo estava acontecendo. Ajustei meus ouvidos e pensei ter ouvido um som ainda maior vindo da direção para onde eles estavam correndo.
— Provavelmente devemos ir ver o que está acontecendo.
Asuna observou seriamente. Olhei longinquamente para os três carrinhos antes de encarar a situação.
A praça de teletransporte aqui era um quadrado real cercado por água, então, enquanto havia pousadas, carrinhos e outras estruturas nos cantos, geralmente tinha uma excelente vista de todos os lados.
Assim, no instante em que contornamos o portão e caminhamos para a metade ocidental, notamos a multidão contra o cais. Havia pelo menos cinquenta jogadores lá, mas não poderia haver nada além deles, exceto o cais. E as gôndolas públicas não paravam nos cais leste ou oeste.
— Tenho um mau pressentimento sobre isso.
Murmurou Asuna. Concordei com a cabeça. Aceleramos o passo e fechamos a distância restante de uma vez.
Ao deslizar para a borda direita da multidão, vimos que nossas expectativas estavam metade corretas e metade completamente erradas.
A causa do alvoroço parecia ser uma gôndola nova atracada em um dos píeres — a «Tilnel». Mas o que atraía a atenção dos espectadores não era o barco, mas dois grupos que estavam se enfrentando no início do píer. Ambos pareciam ser compostos por seis membros: o máximo para um único grupo.
O grupo do lado esquerdo estava totalmente equipado com gibões azuis. Não havia como confundir o uniforme da «Brigada dos Cavaleiros Dragões», uma das guildas de elite da linha de frente.
Enquanto isso, o grupo da direita estava em verde musgo. Como a outra equipe, eram uma das guildas bem conhecidas no jogo: o «Esquadrão de Libertação de Aincrad».
Enquanto observava em silêncio, um homem com mechas de cabelo espetados como uma estrela da manhã à frente do ALS deu um passo à frente e rosnou.
— Você ainda não entende como as coisas funcionam por aqui, entende?! Ouça, encontramos este barco primeiro, e isso significa que temos o direito de investigá-lo primeiro!
O alvo de sua raiva era um homem esguio no centro dos «Cavaleiros Dragões» com longos cabelos azuis amarrados atrás da cabeça. Embora sua irritação fosse evidente, ele manteve uma postura mais composta do que o homem de cabelo de cacto.
— Você afirma que o encontrou primeiro, mas como o responsável ali, você chegou dois minutos depois de mim. Já começamos nossa investigação — por que não guarda suas reclamações infundadas para outro momento?
— Reclamações infundadas?! Não, enfie essa lógica sem sentido no rabo! Você não tem o direito de agir todo pomposo, quando foi você quem empurrou meu guarda para fora do caminho!
— Estamos dentro da cidade. Você sabe muito bem que não poderíamos ter forçado seu homem a se mover. Essas desculpas são risíveis!
Nenhum dos dois líderes de guilda mostrou o menor sinal de recuar. Uma voz com a mistura perfeita de apreensão e exaustão soou no meu ouvido direito.
— Eu nem sei o que dizer…
Pensei bem e ofereci o meu melhor conselho.
— Nessa situação, acho que um simples "ugh" já serve.
— Hmmmm. Ugh.
Olhei para Asuna e decidi ser um pouco mais construtivo desta vez.
— Embora não haja muito o que dizer além de "ugh", talvez devêssemos elaborar um plano… Aqui está o Plano A: Voltamos para a praça, almoçamos e depois furtamos o barco quando todos tiverem se acalmado. Plano B: Nos intrometemos na discussão deles, revelamos tudo o que sabemos sobre a missão de construção do barco e fazemos com que entendam.
— Você realmente acha que eles vão se acalmar?
Ela respondeu instantaneamente. Considerei isso.
A «Tilnel» estava fixada ao cais pelo próprio sistema do jogo. Nenhum outro jogador além de mim ou Asuna deveria ser capaz de movê-lo. Com isso em mente, supus que ambas as guildas teriam que desistir eventualmente, mas não tinha certeza disso. Se eu estivesse na posição deles, poderia imaginar o suspiro daquele barco novo implorando por um passeio, me deixando louco até descobrir como movê-lo.
Além disso, o líder da guilda rival estava bem ali. Eles provavelmente não desistiriam e se retirariam, sabendo que o outro lado poderia descobrir uma maneira de mover o barco.
— Hmm. Talvez eles não se acalmem…
— Isso é o que eu penso.
— O que significa que não temos escolha a não ser explicar toda a missão para eles.
Eu disse, resignado, mas Asuna não concordou.
— E você pode imaginar o que vai acontecer depois disso, não pode?
— Hã…? O que você quer dizer?
— Vocês não têm permissão para nos passar à frente! Vocês têm que nos ajudar na missão até conseguirmos nosso próprio barco!
A imitação do sotaque Kansai de Kibaou por ela foi tão precisa que não pude evitar um arrepio na espinha.
— Sim, isso é definitivamente mais do que apenas um — ugh… — E deveríamos estar rastreando aquela grande gôndola para o Velho Vovô «Romolo»…
— Tem outra coisa que me preocupa também. — Asuna disse, olhando pensativamente para a «Tilnel». — O barco atualmente está classificado como um Objeto Imóvel, certo?
— Deveria estar.
— Isso significa que também é um Objeto Imortal?
— Deveri…
Parei antes que o último "a" saísse dos meus lábios.
Em um RPG comum, veículos que o jogador poderia obter essencialmente nunca eram destruídos, a menos que fosse parte da história principal. Em muitos MMORPGs, montarias eram impossíveis de atacar. Depois de toda a paixão que Asuna colocou na «Tilnel», eu esperava desesperadamente que esse fosse o caso em SAO — mas o equipamento opcional do barco me preocupava.
Aquele aríete feito do Chifre do Urso-de-Fogo devia ser para o propósito de afundar outros barcos em uma colisão. Se essa função estava programada, então fazia sentido que todos os barcos tivessem uma classificação de durabilidade que os afundaria quando chegasse a zero.
Lamentei não ter verificado a janela de propriedades da «Tilnel» quando tive a chance, mas agora era tarde demais para isso.
— Na verdade, talvez não esteja rotulado como imortal. Sinto que provavelmente está protegido aqui na cidade, mas não quero dizer com certeza até verificar o manual novamente…
— Nesse caso, provavelmente deveríamos mover o barco antes que essas pessoas decidam que a investigação exige um monte de pancadas nele.
Eu não achava que nem mesmo eles desceriam tão baixo… até me lembrar da cena no cais público ao sul na noite passada. Os «Cavaleiros Dragões» haviam se intrometido na longa fila de turistas como se fosse um direito divino. Certamente havia uma chance maior que zero de que eles se sentissem no direito não apenas de bater no barco, mas de destruí-lo se não pudessem tê-lo.
— Então isso seria… Plano C: Avançar à força?
— Eu não gosto de me destacar por razões ruins, mas isso os salvará de perder tempo. Vamos com esse.
— Tudo bem. Eu pulo no barco primeiro para me preparar para remar enquanto você remove a corda.
Ela acenou silenciosamente, e compartilhamos um olhar para sincronizar nosso tempo antes de pular do cais para o atracadouro, cerca de um metro e meio abaixo.
Gritei educadamente.
— Com licença, estamos passando.
Enquanto corríamos para o cais. As partes azul e verde ficaram surpresas o suficiente para que pudéssemos passar e pular na «Tilnel». Asuna puxou a corda de amarração enquanto eu tirava o remo da junção em U para me preparar para navegar.
Ao ver a corda anteriormente imóvel ser removida do poste sem problemas, Kibaou, o líder do «Esquadrão de Libertação de Aincrad», gritou furiosamente. Mas Asuna simplesmente pulou na gôndola sem olhar para trás. A corda em sua mão foi automaticamente enrolada na frente do barco, e eu prontamente comecei a remar o mais forte que pude.
No instante em que a «Tilnel» deixou o cais, foi o líder dos «Cavaleiros Dragões», Lind, quem falou.
— E-Ei, você aí! Como conseguiu---?
Finalmente me virei e gritei.
— Os detalhes sobre a missão de construção do barco estarão no próximo guia de estratégia! Apenas espere por isso!
— N-Não, voltem aqui! E… não vocês dois de novo!
Kibaou esbravejou, brandindo os punhos. Fiz uma saudação com minha mão direita e depois aumentei nossa velocidade.
Depois de fazer meia volta ao redor da extremidade sul do canal principal e entrar em um dos canais menores do quadrante sudeste, parei o barco e verifiquei o manual de operação acessível pela janela de propriedades da gôndola. Ao fazer isso, aprendi alguns fatos.
A «Tilnel» não era, de fato, um Objeto Imortal — ela tinha um valor de durabilidade definido. Como eu temia, esse valor seria diminuído por ataques de grandes mobs, colisões com obstáculos e batalhas com outros barcos. Se atingisse zero, o barco viraria, mas poderia ser restaurado visitando um construtor de barcos ou usando a habilidade de «Carpentry».
Felizmente, o valor de durabilidade estava protegido quando ancorado e desocupado. Então não havia necessidade de temer que o barco fosse destruído quando não estivéssemos lá para vigiá-lo, como no incidente anterior.
— Não sei se devo me sentir aliviada com essa informação ou não.
Asuna comentou. Concordei.
— Acho que é muito improvável que entremos em guerras de colisão com outros barcos, mas sinto que é bem provável que eu tenha alguns encontros com obstáculos…
— Pratique direção defensiva!
— Certo, claro. Então... quanto à missão, ele disse que o navio em questão aparecerá no quadrante sudeste à noite, certo?
Ela assentiu.
— Então vamos comer algo agora, depois nos encontramos com a Argo e damos os detalhes da missão para ela. Eu estava esperando fazer isso depois de terminarmos de vez, mas estou com medo do que pode acontecer se atrasarmos mais.
— Concordo. Eu queria ver todos eles nadando em suas boias, no entanto.
— Ha-ha, é. Eu estava esperando por mais uma última As---
Parei de repente quando percebi o erro que estava prestes a cometer. Mas a audição sobrenatural da espadachim — praticamente o domínio completo da habilidade de «Eavesdropping» — entrou em ação, e ela se virou para mim com um sorriso.
— O que foi isso?
— Eu estava esperando por mais uma última... mordida de aspargo…
Terminei de forma fraca. O sorriso dela foi de morno para abaixo do ponto de congelamento.
— Por que não comer algo assim no almoço, então?
🗡メ
O quadrante sudeste de «Rovia» era um distrito comercial dividido por seus inúmeros canais.
Quando estávamos usando as gôndolas da guilda, não me preocupava em verificar cada loja, sabendo que cada vez que pisávamos em terra firme, tínhamos que pagar a taxa novamente. Mas agora que tínhamos a nossa própria, eu podia passar o tempo que quisesse navegando. Podíamos parar o barco e olhar as mercadorias expostas e atracar em um píer se estivéssemos interessados em comprar. O tempo simplesmente voou.
Asuna estava mais atraída pelas lojas que vendiam artigos e acessórios menores, o que me fez pensar.
— Ei, o que você acha de melhorar sua armadura? Você está usando essa couraça desde o segundo andar, certo?
Asuna se afastou da vitrine da loja de itens, sua expressão perdida em pensamentos.
— Isso é verdade, mas... Eu realmente não quero aumentar o peso do meu equipamento. As que têm defesa muito alta são todas tão pesadas.
— Bem, não há nada que você possa fazer sobre isso.
Admiti, depois analisei seu traje de cima a baixo.
O único item de metal que ela usava era a couraça fina; suas luvas, botas e saia eram todas de couro. Eu não tinha problemas com sua filosofia de manter o peso baixo para se concentrar em desviar em vez de defender, mas era assustador considerar o que poderia acontecer se ela fosse paralisada, atordoada ou caísse.
Além disso, mobs fracos cujos padrões podiam ser reconhecidos eram uma coisa, mas o terceiro andar me ensinou que não só você tinha que lidar com mini bosses com padrões variados, mas também com a perspectiva ainda mais aterrorizante de inimigos cujas ações não podiam ser previstas.
Toquei levemente meu peito, lembrando a sensação daquele combo crítico de machado, «Double Cleave».
— Considere isso pelo que vale, vindo de um cara que só usa couro e pano. Se você tem a habilidade de «Light Metal Equipment», por que não aproveitar mais a parte 'metal'? Você verá que apenas trocar suas luvas ou botas por armadura com tachas ou placas fará uma grande diferença.
— Tachas? Quer dizer... tem tachas de metal cravadas?
Ela perguntou. Agora foi a minha vez de ficar confuso.
— Tachas? Você quer dizer, como... aquelas coisas pontudas de moda punk?
Nenhum de nós parecia entender o ponto do outro. Ela franziu os lábios.
— Eu não entendo muito bem. Posso ver como é na loja antes de decidir?
— Claro. Agora, acho que a loja recomendada para o quarto andar era...
Mesmo encharcada de água como estava agora, o layout da cidade era o mesmo de antes, então consultei minhas memórias da versão beta, apontando para leste-sudeste.
— Por ali, acho. Há um pequeno restaurante agradável lá, então podemos comer depois de fazer compras.
Embora eu nunca tivesse prestado muita atenção ao termo em inglês antes disso, descobri que o nome — armadura com tachas — realmente vinha das tachas de metal cravadas na armadura, e elas não precisavam necessariamente ser pontiagudas.
— Então é por isso que chamam de couro com tachas... Cara, é difícil de dizer.
Resmunguei. Enquanto isso, a voz de Asuna chegava cerca de 20% mais rápido do que o ritmo normal dela.
— Kirito, você já decidiu o que vai comer? Eu estava pensando no gratinado de caranguejo, mas é difícil resistir às amêijoas ao vapor. Quer pedir os dois e compartilhar?
A razão para a excitação dela provavelmente era o novo conjunto de armadura. Sua couraça havia sido atualizada de bronze para um aço mais resistente, mantendo o peso baixo. Sua saia de couro agora era de couro com placas, o que significava que placas de aço planas haviam sido costuradas nas laterais. Suas luvas e botas agora eram com tachas, mas eram lisas e arredondadas, não pontiagudas, então não a faziam parecer imponente.
A túnica branca que ela usava sob a armadura e a capa vermelha com capuz ainda eram as mesmas de antes, mas claramente era a maior atualização de equipamento que ela já teve de uma só vez, e era adorável como ela ocasionalmente se olhava e ria satisfeita...
— Olha, se você não quer as amêijoas ao vapor, então peça outra coisa. Estou morrendo de fome aqui.
— D-Desculpe. Isso serve.
— Então vou fazer o pedido. Vou apenas escolher algo para beber.
Assim que Asuna terminou de fazer o pedido de comida e bebida para a garçonete NPC, ela olhou novamente para sua couraça e traçou o design sutil de plantas. Sua voz finalmente voltou ao normal.
— Na verdade, sempre tive aversão a armaduras realmente armadas.
— Oh...? Por quê?
— São pesadas e volumosas... e eu sempre senti que usar uma armadura significava ceder e finalmente ser uma verdadeira residente deste mundo em corpo e espírito…
— O quê? Mas, por essa lógica, sua arma seria… — Pausei brevemente. — Oh, isso significa que você escolheu uma rapieira porque tinha experiência com esgrima na vida real?
Asuna fez uma careta e balançou a cabeça.
— Não, de jeito nenhum. Mas havia uma espada fina semelhante à da lareira na minha casa quando eu estava crescendo. Quando eu era criança, tirei-a e balancei. Nossa, como eu me meti em encrenca por isso.
O primeiro pensamento que surgiu na minha mente foi: O que é uma lareira? Mas apenas fiz um gesto para que ela continuasse com os olhos.
— Então... por causa disso, talvez eu tenha pensado que a rapiera tinha algum tipo de conexão com o meu eu real. Algo apenas dentro do limite do aceitável... o que é hilário de se considerar, neste ponto.
Fiel à sua palavra, ela riu.
— Então por que a couraça? Você também tinha uma dessas em casa?
— Não, não. Isso foi meu compromisso entre teimosia e fraqueza. Eu não queria usar uma armadura enorme, mas estava com muito medo de sair da cidade só com roupas. Antes de te conhecer, perdi muitos pontos de HP com ataques de kobolds naquela primeira torre do labirinto, então provavelmente foi uma boa ideia ter a armadura afinal.
— Sem dúvida. — Sussurrei, soltando um longo suspiro. — Neste mundo, fraqueza e covardia são praticamente virtudes. Você nunca pode ter uma margem de segurança grande o suficiente.
— Não quero ouvir isso de alguém com uma armadura mais leve que a minha.
Ela disse, irritada. Eu não tinha defesa: minha única armadura de metal era uma proteção ultrafina que nem podia ser chamada de armadura de placas e ombreiras no meu casaco. Tive que admitir que não estaria aqui se não fosse pela proteção daquela fina peça de metal quando Morte me atingiu com seu machado no terceiro andar.
— D-De qualquer forma, vou garantir que vou manter isso o tempo todo.
Assegurei a ela, apontando para o meu próprio peito brevemente antes de virar o pulso para apontar para sua nova couraça.
— Não seja tão exigente com a armadura, Asuna. Você quer cobrir pelo menos aquele ponto... Oh, e por — aquele ponto —, quero dizer seu coração.
Eu recuei minha mão para meus joelhos. Asuna olhou para o próprio peito, depois exibiu um sorriso pelo menos cinquenta graus mais frio do que o depois do comentário sobre aspargo.
— Claro. Você escolheu para mim, então vou cuidar bem dele.
Felizmente, o gratinado, as amêijoas ao vapor, o vinho e o pão chegaram para derreter sua aura gelada. Ela pegou a colher tão rápido quanto seu florete e declarou.
— Vamos trocar depois de comer metade de cada prato!
E com uma grande bocada de gratinado de caranguejo enfiada na bochecha, seus olhos se estreitaram de prazer. Embora ainda houvesse ocasiões em que meus comentários descuidados provocavam uma resposta aterrorizante de Asuna, parecia que eu a via sorrir com mais frequência desde que chegamos ao quarto andar. Parte disso se devia à cidade dos canais, às gôndolas e à culinária de frutos do mar, mas eu suspeitava que Asuna finalmente estivesse aceitando sua vida em um mundo virtual.
Se esse fosse o caso, eu esperava pelo menos mantê-la afastada de qualquer coisa assustadora ou triste enquanto estivéssemos neste andar.
Enfiei uma grande amêijoa carnuda na boca, rezando para que ela me desse forças para alcançar esse objetivo.
CONTINUA NA PARTE 5 DIA 06/08
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