Sword Art Online Progressive Japonesa

Tradução: slag

Revisão: Shisuii


Volume 2

CONCERTO DE PRETO E BRANCO - TERCEIRO ANDAR DE AINCRAD, DEZEMBRO DE 2022 (PARTE 6)


Este capítulo foi traduzido pela Mahou Scan. Entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!


6

NO PASSADO DISTANTE...

O mundo era dividido no reino dos elfos da floresta de «Kales'Oh», no reino dos elfos negros de «Lyusula», na Aliança Humana dos Nove, no reino subterrâneo dos anões e em várias outras divisões raciais, e, embora houvesse escaramuças às vezes, a terra estava em paz.

Mas, um dia, algo aconteceu, e cem regiões variadas ao redor do mundo foram cortadas em círculos da terra e convocadas ao céu. Os círculos tinham menos de três quilômetros de diâmetro no menor e mais de seis no maior. Eles foram empilhados em uma formação cônica para formar uma gigantesca fortaleza flutuante com cem andares de altura.

Esse castelo abrigava suas inúmeras cidades e vilas, montanhas, florestas e lagos, e nunca mais retornou à terra. Os poderes mágicos que faziam as antigas civilizações florescerem foram perdidos, e com eles, os nove reinos dos humanos. A maioria das cidades voltou a se manter por conta própria, e os andares perderam contato uns com os outros. Um grande período de tempo se passou. Lendas e histórias da Grande Separação ainda existiam entre as duas raças élficas, as únicas que mantiveram seus reinos intactos desde aquele tempo fatídico...

 

🗡メ

 

— E é assim que a história se desenrola.

Eu disse, resumindo a origem de Aincrad da melhor forma que aprendi naquele dia, enquanto me recostava contra a tenda. Uma voz aquosa respondeu de trás de mim.

— Hmm... Então parece que aprendemos algumas coisas, mas nada muito útil.

— Exatamente.

Respondi, olhando para cima com as mãos cruzadas atrás da cabeça. Além do vapor saindo do cano de escape embutido no teto da tenda de banho, o chão do quarto andar brilhava de forma ameaçadora.

Segundo a lenda élfica, alguém havia arrancado o solo diretamente da terra e conectado tudo com uma estrutura de aço e pedra, de forma que as partes fossem empilhadas umas sobre as outras. Claro, os verdadeiros criadores de SAO foram Kayaba e a equipe da Argus, e as lendas da Grande Separação não passavam de informações de fundo adicionadas ao jogo, mas era difícil não ficar curioso sobre tudo isso. Quem havia criado esse castelo flutuante e por quê? Foi um capricho de uma figura divina, ou o trabalho de um humano, ou elfo, ou algo mais?

Asuna estava ponderando um tópico semelhante dentro do banho. Quando ela falou, havia um filtro borbulhante aplicado à sua voz.

— A propósito, não parece que há muitos deuses nessa história. Quando eu lia ou assistia a histórias de fantasia quando era pequena, sempre havia vários deuses com nomes pomposos.

— Hmm, você tem razão. Existem igrejas nas cidades maiores e sacerdotes NPC, mas eu nem sei qual deus eles estão adorando... Por outro lado, isso pode ser adequado, com base na maioria dos games de fantasia. Tudo o que eles têm é uma figura divina vaga.

— Porque o jogador deve preencher a lacuna por si mesmo? Então acho que seu deus deve ser o deus dos bônus de Last Hit. Você conseguiu ganhar outro bônus de Last Hit hoje, afinal.

Tentei responder ao comentário meio brincalhão dela com outra das minhas desculpas cada vez mais fracas.

— N-Não é como se eu estivesse me esforçando para ganhá-los. Eu apenas jogo com uma build que se destaca em poder de ataque, o que acaba aumentando as chances de eu dar o Last Hit... Além disso, se estamos falando de deuses, então o seu deve ser o deus do banho ou algo assim. Garante que em todo lugar que você vá, você encontre alojamentos com banhos... Na verdade, isso me lembra do meu lugar em «Tolbana»...

Uma bola de água atingiu o outro lado da parede da tenda atrás da minha cabeça. Lembrei-me de que deveria ter apagado essa memória e rapidamente mudei de assunto.

— D-De qualquer forma, além de nós, parece que só Lind e o DKB estão trabalhando na missão da campanha. Parece um desperdício, especialmente desde que Argo lançou o Volume Um de seu guia de estratégia da Guerra Élfica.

— E nós adicionamos muitas informações por conta própria. Mas talvez todos tenham visto aquele guia e ficaram um pouco intimidados. Quero dizer, estava escrito lá que a campanha não termina até o nono andar. Até Agil disse: — Não acho que tenho tempo para mexer com uma missão longa como essa.

Eu ri do impressionante desempenho dela imitando Agil.

— Bem, acho que sempre há a opção, uma vez que chegarmos ao nono andar, e voltar correndo aqui para completar toda a linha da missão. Além disso, você estaria em um nível muito mais alto, o que provavelmente aumenta suas chances de salvar o campeão élfico naquele primeiro duelo.

Observei, então percebi algo.

Desafiar uma missão de campanha que abrangia sete andares era baseado na suposição do jogador de que chegaríamos ao nono andar de qualquer maneira. Eu já havia chegado tão longe no beta, e não estava pensando em nada além de subir de nível desde que começamos a missão, mas no momento presente, o nono andar parecia uma fantasia distante, um futuro difícil de imaginar com nosso ritmo atual. Uma vez que você começava a olhar para cima, tinha que pensar no fato de que havia noventa e sete andares acima de nossas cabeças.

— Mas sabe de uma coisa?

Asuna começou de dentro da tenda, como se lesse minha mente. Houve um grande splash e o som de pés molhados batendo contra o deck de madeira. Eu a ouvi se sentar bem do outro lado da aba pesada e pendurada. Ela continuou.

— Não é tão assustador como costumava ser, pensar em todos os andares restantes. Eu ainda estou me esforçando ao máximo para sobreviver a cada dia, mas agora estou ansiosa para ver o palácio da rainha dos elfos negros, por exemplo. Se as dezenas de andares à nossa frente foram todos arrancados da superfície séculos atrás, então deve haver todos os tipos de visões e sons para experimentar. É mais um sentimento de antecipação.

— Entendo. — Respondi, impressionado mais uma vez com a força de espírito de Asuna. Parecia uma declaração inadequada, então procurei algo mais para adicionar. — Aposto que há todos os tipos de banhos lá em cima, também.

Um cotovelo afiado (eu acho) bateu na base das minhas costas através da parede pesada da tenda.

 

🗡メ

 

Domingo, 18 de dezembro.

Três dias haviam se passado desde a primeira reunião estratégica em «Zumfut». Não havíamos retornado à cidade humana desde então, mas permanecemos no acampamento dos elfos negros, completando missões, coletando materiais de upgrade e aprimorando nossas habilidades para ganhar modificações.

Com um novo nível conquistado, eu estava no nível 16 e Asuna no 15. Esse era provavelmente o máximo que conseguiríamos aqui no terceiro andar. Durante o beta, o nível recomendado para enfrentar o boss era três vezes o número do andar — o que provavelmente mudaria conforme avançássemos no jogo — e já estávamos seis níveis acima desse número. Consequentemente, a experiência que recebíamos caiu drasticamente. Matar monstros na floresta e nas masmorras mal mexia na barra de EXP.

Mais surpreendente para mim foi que «Kizmel» realmente conseguiu um nível a mais, alcançando o nível 16 durante nossas jornadas juntos. Eu acidentalmente a parabenizei pelo nível alcançado quando vi o brilho habitual, mas ela já interpretou o número como um tipo de classificação de espada e não fez nada além de me agradecer.

Com a ajuda de nossa ainda mais forte companheira cavaleira, a missão da campanha prosseguiu sem problemas, mas, como Asuna havia notado antes, não aprendemos mais sobre o nascimento de Aincrad do que antes. 

Após a missão "Chave de Jade" e "Eliminação das Aranhas", o terceiro ato da campanha era uma missão de coleta chamada "A Oferta de Flores", na qual reuníamos itens para oferecer em memória do batedor morto na missão anterior. O quarto ato, "Ordens de Emergência", era outra busca por um batedor desaparecido, mas, ao contrário da segunda missão, resgatamos o elfo com sucesso desta vez. No entanto, a quinta missão, "O Soldado Desaparecido", revelou que o batedor que trouxemos de volta ao acampamento não era nada menos que um elfo da floresta usando um charme de disfarce.

Eu já sabia como tudo se desenrolava, é claro, e estava considerando se deveria ou não expor o impostor durante a quarta missão, mas não só eu não sabia como desfazer o charme dele, como também havia a possibilidade de que a campanha pudesse sair completamente dos trilhos naquele momento. Fiquei de olho nele depois que voltamos para a base e dei o alarme depois que ele tentou roubar a Chave de Jade da tenda do comandante, mas logo o perdi de vista graças às suas habilidades élficas de ocultação. 

Foi melhor do que no beta, quando a chave foi roubada sob meu nariz, mas o impostor ainda precisava ser perseguido. Formamos um grupo temporário com os domadores de lobos dos Elfos Negros do acampamento, além de «Kizmel», e seguimos as pegadas do batedor impostor diretamente para um grande acampamento de elfos da floresta.

Foi nesse ponto que tivemos que pausar a missão, pois naquele dia aconteceu a batalha contra o mini boss que guardava a caverna levando ao labirinto.

Derrotamos o boss na primeira tentativa, sem fatalidades. Além do Beater safado entrando e roubando o bônus de Last Hit novamente, foi um sucesso retumbante. Mas não pude deixar de sentir que as fagulhas de raiva que estavam ardendo dentro do grupo estavam rapidamente se transformando em um incêndio furioso com a criação das duas grandes guildas.

— Ei, Asuna.

Eu gritei para a tenda de banho, esfregando o local dolorido nas minhas costas. A única resposta que recebi foi o som da aba da saída sendo levantada. Virei-me para ver uma silhueta esguia saindo da tenda, perfilada contra a luz moribunda.

Ela estava na água apenas um minuto antes, mas a figura vestida com uma capa de couro não mostrava sinais de ter acabado de tomar banho. Uma das vantagens do banho virtual era o efeito de secagem instantânea, mas como a mais vocal admiradora de banhos da equipe de frente, você pensaria que Asuna não gostava da divergência do realismo.

Graças a essa distração mental, a pergunta que eventualmente saiu dos meus lábios não era o que eu tinha a intenção de perguntar.

— Você nunca sentiu vontade de trocar de roupa?

Mesmo na luz fraca, a fenda furiosa entre suas sobrancelhas era clara como o dia.

— Há algum problema se eu não trocar de roupa?

Ela respondeu, com a voz congelante. Eu rapidamente balancei a cabeça para os lados.

— N-Não, nenhum problema. Só me perguntei se você gostaria de usar algo que… combinasse mais com o clima depois de tomar banho. Você sabe, como um yukata, um roupão, ou uma camiseta...

Foi tarde demais para parar as palavras; decidi culpar a última opção por vir do meu subconsciente, trazendo à mente o que minha irmãzinha sempre usava depois do banho, mas Asuna segurou a reação e não fez nada pior do que piscar os olhos por alguns momentos. Ela olhou para si mesma e suspirou.

— Como eu tenho certeza de que você se lembra, eu tenho roupas extras. Na verdade, a maior parte do meu espaço de armazenamento está cheia delas.

Eu me lembrava. Quando eu a forcei a usar o comando MATERIALIZE ALL ITEMS em «Urbus» para recuperar a espada que havia sido roubada dela, o quarto havia explodido com pequenas e delicadas peças de roupa branca.

Asuna me fixou com um olhar afiado para garantir que eu não me lembrasse de muitos desses detalhes, apoiou-se no suporte da tenda e olhou para o céu noturno.

— Mas essas roupas não são para o meu próprio prazer.

— Hã? Então por que você comprou tantas delas?

— Eu não comprei.

Eu pisquei surpreso e então entendi. Muitas cópias dos mesmos itens criados muitas vezes representavam um meio, não um propósito.

— Você está dizendo… que você as criou para aumentar sua habilidade de «Sewing»? — Perguntei suavemente. Asuna assentiu. — M-Mas, quando você fez tudo isso? Não foi depois que nos juntamos no segundo andar, certo? 

— Não, foi antes. Você sabe como quando você faz farming de monstros no segundo andar, acaba com um monte de itens de lã e algodão? Eu apenas decidi usá-los por impulso…

— Entendi. Eu geralmente os vendo para um NPC quando acumulo um grande estoque deles. Estou surpreso por você estar com vontade de trabalhar em uma habilidade de «Crafting». Não é entediante?

Por algum motivo, ela não reagiu. Depois de observá-la ficar em silêncio, percebi algo. No momento, não era o tempo que estava em questão com as habilidades de «Crafting». Era o número de slots.

No nível 1, um jogador começa com dois slots de habilidade. Ele expande para três no nível 6, quatro no nível 12 e cinco no nível 20. A partir daí, a cada dez níveis se ganha um novo slot, até onde eu sabia.

No nível 16, eu tinha quatro slots, e todos estavam preenchidos com habilidades de combate: «One Handed Sword», «Martial Arts», «Searching» e «Stealth». Asuna também tinha quatro slots, mas percebi que nunca perguntei a ela quais habilidades estava usando, além da «Rapier». Ela usava um peitoral de metal quando estava em aventura, então ela devia ter «Light Metal Equipment», mas as outras duas eram um mistério. Se uma delas era «Sewing», por que ela escolheria isso?

Asuna alegou que fez isso para se livrar dos materiais, mas os slots de habilidades são fatores crucialmente importantes na build de um personagem, não algo para ser escolhido por impulso. Como uma jogadora de linha de frente, fazia muito mais sentido abandonar as habilidades de «Crafting» e maximizar seu potencial de combate e sobrevivência com «Stealth» ou «Searching» como eu, ou talvez «Acrobatics» ou «Extended Weight Limit». Asuna não precisava que eu explicasse essas coisas para ela. Ela entendia a lógica.

Asuna parecia reconhecer a confusão no meu olhar. Ela me olhou, olhou para baixo e me surpreendeu mais uma vez.

— Só para você saber, eu removi Alfaiataria do meu slot. E a maior parte das roupas, eu transformei de volta em tecido.

— Sério? Então foi tudo só um capricho, nada mais?

— Foi o que eu disse, não foi? Mas… isso não é tudo…

— Sim…?

— É um segredo. Eu vou te contar algum dia, se eu sentir vontade.

Parece haver um sorriso por trás daquela resposta distante. Asuna se afastou do suporte da tenda. 

— Então, e você? Se quiser tomar um banho, eu fico de vigia aqui fora.

— Ah, não será necessário. Vai levar apenas três minutos. Vá à tenda de jantar.

— Certo. Enquanto estivermos comendo, é melhor você me contar o que conseguiu daquelas aranhas gigantes hoje.

— Sim, sim.

Respondi, levantando-me. Asuna acenou e caminhou para a tenda de jantar próxima. Eu a observei partir e então entrei pela aba da tenda. Nos últimos cinco dias, tínhamos feito uma prática de ir diretamente para esta tenda de banho quando retornávamos ao acampamento, e eu ficava de vigia na entrada enquanto Asuna tomava banho. Em nenhum momento, um elfo negro de qualquer sexo tentou visitar a tenda enquanto alguém estava dentro. Sentia que a vigilância não era nem necessária, mas era difícil superar essa ideia quando a única coisa que separava você de qualquer outra pessoa era uma simples aba de tecido.

Por outro lado, um homem tinha pouca necessidade de segurança em locais de banho. Eu pisei na plataforma de madeira instalada dentro da tenda e pressionei o botão REMOVE três vezes na minha manequim de equipamentos, enviando todo o meu equipamento para o armazenamento. Eu me encolhi com o frio imediato e fui direto para a grande banheira no fundo da tenda. Se não fosse pelo medo de que os elfos negros fossem atraídos pelo som, eu teria pulado na água. Em vez disso, deslizei para dentro o mais graciosamente que consegui.

A banheira tinha pelo menos dois metros e meio de comprimento — esquentar tanta água parecia difícil, mas era apenas mais um charme élfico em ação. A água era de uma cor verde pálido, cheia de um aroma agradável como hortelã ou cipreste. Assim que fiquei até os ombros, senti um calor e pressão deliciosos envolvendo cada centímetro da pele. Faz sentido que Asuna tivesse uma fixação por banhos, mas também era atraente notar as maneiras como não combinava com a realidade. 

Algo sobre isso: simplesmente não parecia líquido o suficiente.

De maneira geral, eu fazia o melhor para não pensar no meu corpo e em tudo em Aincrad como uma criação poligonal. Eu temia que, se imaginasse qualquer coisa como falsa, meu subconsciente poderia pensar que isso não importava, que eu sempre poderia tentar novamente qualquer erro. A luta, a alimentação e o sono eram certamente realistas o suficiente, mas havia momentos em que as rachaduras na edificação eram visíveis.

Isso deve ter sido o motivo pelo qual eu nunca gostei muito de banhos…

Mas… não, isso era uma desculpa. Mesmo no mundo real, eu não era muito fã de banhos quando era pequeno. Talvez os banhos aqui fossem na verdade mais adequados para mim, dado que eu não precisava lavar o cabelo, esfregar o corpo e me secar.

Pequenos potes cheios do que eu supunha ser shampoo e sabonete estavam alinhados na borda do deck, mas eu nunca os usei. Talvez Asuna estivesse usando-os para obter algum tipo de vantagem estatística. 

Será que essa é uma pergunta segura de se fazer? 

Dois minutos haviam se passado. Eu me levantei, pronto para terminar meu breve banho. De repente, alguém levantou a aba da entrada da tenda por fora.

Será que Asuna esqueceu algo aqui? Não, não há nada no deck de madeira.

Outro jogador está vindo para um banho? Não, esta é uma instância.

É um elfo da floresta, assassino, vindo me matar? Não, parece a pele morena de uma elfa negra…

Fiquei ali, congelado, segurando a borda da banheira. Os olhos ônix da visitante piscaram uma única vez, e ela falou como se nada estivesse errado.

— Oh, eu não percebi que você estava aqui, Kirito.

Eu esperava que ela continuasse com um — Desculpe, vou voltar depois — mas a elfa negra armada entrou diretamente pela entrada e estendeu a mão para o fecho da peça de ombro.

— Você se importaria se eu me juntasse a você no banho?

A chave para a sobrevivência em SAO era o julgamento: Observar e identificar rapidamente a situação, analisar todas as ações possíveis e reagir com base nas melhores expectativas. No meio segundo que «Kizmel» esperou pela minha resposta, meu cérebro corria mais rápido do que nunca. Dependendo da minha escolha, eu poderia acabar algemado na prisão sob o «Black Iron Palace».

Lembrei-me de uma entrevista publicada durante o beta, que afirmava que implementar o código anti-assédio foi uma decisão extremamente difícil para a equipe de desenvolvimento.

Diferente dos ataques físicos e furtos, traçar a linha em torno do "contato inadequado" que constituía um crime era uma tarefa muito complicada. No começo, consideraram simplesmente deixar a fiscalização dos modos e moralidade para a base de jogadores. Um sistema de detecção codificado poderia diagnosticar erroneamente certos casos, e havia o medo de que o código pudesse ser distorcido de maneiras não intencionais por jogadores maliciosos.

Mas o fato de que NPCs eram visualmente indistinguíveis dos jogadores e o fato de que era um experimento em um gênero totalmente novo forçou a decisão, e eventualmente adicionaram o código. O fato de que jogadores podiam encontrar NPCs femininas jovens e apalpá-las à vontade no ambiente de imersão total violava os padrões éticos da agência de classificações do jogo. Eu não conseguia entender o que tornava isso diferente de poder PK alguém, mas isso sempre foi uma questão de padrões diferentes. A entrevista de onde veio essa informação foi com a equipe da Argus em vez de Kayaba, mas eles provavelmente tinham suas próprias queixas sobre os fatores reais que forçaram sua decisão.

De qualquer forma, a adição do código anti-assédio ao SAO visava conter ações inadequadas em relação aos NPCs do sexo oposto, não aos jogadores.

Mas, nesse caso, como o sistema reagiria se um NPC decidisse invadir o banho de um jogador? O código permaneceria inalterado desde que o jogador não tocasse no NPC, ou eu violaria o código apenas por olhar para ela com todo o equipamento removido? Ou seria essa situação tão além dos limites regulares do sistema que ignoraria tudo completamente?

Meu cérebro estava no máximo de sua capacidade — eu podia imaginar fumaça branca saindo do topo da minha cabeça.

— P-Pode ir em frente. Eu estou só saindo.

Eu disse. Essa era a resposta social adequada, independentemente de como o sistema funcionasse. Havia apenas um problema: eu estava completamente nu e não conseguia sair da banheira. Alguns jogadores masculinos não se importavam com a nudez virtual e trocavam de roupa no meio da cidade sem hesitação, mas eu infelizmente não compartilhava essa coragem.

Eu me segurei na borda da banheira, esperando o momento em que «Kizmel» desviasse o olhar para sair.

— Entendo. Obrigada.

A elfa disse, virando-se para a estação de lavagem no lado direito da tenda e pressionando o fecho mágico.

Com o mesmo som familiar do outro dia, a armadura e a capa desapareceram com um clarão de luz.

Ela estava vestindo apenas uma roupa íntima de seda. O vislumbre da sua pele morena aparecendo através da fina e transparente renda preta me deixou em choque, mas eu já tinha visto isso antes. Tentei manter o foco e saltei da banheira quando ela se virou. Eu já tinha o menu aberto antes mesmo de tocar o chão, abrindo instantaneamente o botão UNDERWEAR. A segurança do tecido ao redor da minha cintura me deu coragem para continuar para minha camisa e calças—

O som de um sino.

O lindo e perigoso som soou novamente. Eu olhei automaticamente para a direita e vi a roupa corporal de «Kizmel» desaparecendo em uma chuva de luz.

— Nbwha…

Uma sílaba sem sentido escapou dos meus lábios e eu perdi o equilíbrio no ar. Naturalmente, tropecei ao aterrissar e caí em um status de Tumble, aterrissando com um barulho patético no deck de madeira. «Kizmel» começou a se virar.

— O que há de errado, Kiri—

— N-N-N-Nada! Não é nada!

— Oh? Tenha cuidado; a área de banho pode ser escorregadia.

Ela disse, como uma mãe repreendendo uma criança desajeitada. Ela se virou de volta para a parede, antes do ponto sem retorno, e se sentou em uma cadeira de banho de madeira. Pegando um dos pequenos potes alinhados no balcão, ela retirou um líquido espesso e espalhou-o pela pele. Um surto repentino de espuma branca surgiu, cobrindo suas costas nuas.

Eu não fiquei apenas sentado, olhando; eu rastejei em direção à saída de quatro, em vez de esperar a confusão passar. O problema era que meu salto desajeitado havia deixado o deck de madeira escorregadio, desacelerando meu progresso. Eu tinha percorrido cerca de dois metros quando…

— Já que você está aqui, poderia me fazer o favor de lavar minhas costas?.

Veio o pedido da cavaleira, do alto.

 

🗡メ

 

No final, eu não fui enviado ao «Black Iron Palace» por contato inadequado, mas não sabia se isso tinha algo a ver com a natureza única de «Kizmel» dentro do jogo. A tenda de banho tinha seu próprio pincel para esfregar, o que significava que eu não precisava tocar diretamente na pele dela.

O fato de eu não ter recusado sentar na cadeira atrás da cavaleira e esfregar suas costas ensaboadas com o pincel não foi, certamente, para testar os limites do código anti-assédio. Era a confissão de «Kizmel» de que ela não tinha ninguém para esfregar suas costas desde que a alma de «Tilnel» foi chamada de volta para a Árvore Sagrada.

A morte da irmã de «Kizmel» e a própria guerra entre os elfos da floresta e os elfos negros  eram nada mais do que um cenário de fundo aplicado a «Kizmel». Era impossível imaginar NPCs seguindo suas rotinas e realmente lutando e morrendo em combate onde nenhum jogador pudesse ver. Era a velha questão sobre o som de uma árvore caindo sozinha na floresta. As memórias que «Kizmel» mencionou no cemitério atrás do acampamento foram fabricadas para seu benefício.

Mas eu poderia realmente garantir que minhas memórias de quatorze anos e setenta e dois dias eram todas verdadeiras? E se a minha existência fosse um programa, assim como «Kizmel», e tivesse sido carregada no primeiro dia de Sword Art Online, com todas as minhas memórias do "mundo real" sendo apenas ficção? Como eu poderia saber que esse não era o caso?

Eu não estava realmente lutando com essa linha de pensamento. Mas havia uma parte de mim que queria considerar minhas memórias e as memórias de «Kizmel» como fundamentalmente iguais.

Meus pensamentos corriam por esses tópicos filosóficos enquanto meus braços diligentemente esfregavam para frente e para trás com o pincel de pelagem fina.

— Tenho sido atormentada por sonhos estranhos ultimamente.

«Kizmel» disse de repente.

— D…sonhos?

Embora eu não tenha dito em voz alta, eu estava chocado com a ideia de um NPC ter um sonho. Por um breve instante, minhas mãos pararam de esfregar.

— Q-Que tipo?

Perguntei, retomando a limpeza.

— Bem… eu acredito que são sonhos sobre o momento em que você veio em meu socorro quando eu estava lutando contra o cavaleiro elfo da floresta há quatro dias. O estranho é que o que acontece a seguir é totalmente diferente do que realmente aconteceu.

…..…

Continuei a esfregar suas costas em silêncio.

— Primeiro, você está vestido de maneira diferente. E sua parceira não é a mesma. Não é Asuna, mas um grupo de homens desconhecidos…

— Oh? Estranho, eu não estou em um grupo com ninguém além de Asuna há séculos.

— Sim…mas essas são as diferenças mais sutis. No sonho, você e seus companheiros lutam comigo contra o elfo da floresta. Mas, se você me permitir ser rude, suas habilidades não são o que são agora. Não conseguimos manter a posição contra o elfo da floresta. Um cai, depois outro… e para salvar suas vidas, eu libero todas as proteções da Árvore Sagrada, que dá vida aos elfos. O inimigo é morto, mas eu também pereço. Eu caio no chão, e você olha para mim com tristeza nos olhos… Toda vez que tenho o sonho, suas roupas e seus companheiros são diferentes…mas seu rosto é sempre o mesmo no final…

— Ahh.

Sussurrei. Meus olhos se abriram de surpresa, e eu fiquei ali, sem conseguir acreditar.

Aquele sonho.

Seria… Memórias do beta de SAO? Eu estava tão chocado que quase perguntei a «Kizmel», sabendo que ela não poderia compreender.

A única coisa que me impediu foi uma voz firme que surgiu do lado de fora da tenda, além do avental pendurado.

— Kirito, por quanto tempo você vai me fazer esperar? Já se passaram quase dez minutos.

Era, claro, a espadachim que tinha ido à tenda de refeições antes de eu tomar meu banho.

Eu não havia dito a ela que eu só levaria três minutos? Eu me lembrei disso, tarde demais para fazer qualquer coisa a respeito. Além disso, o perigo esmagador da situação — Asuna do lado de fora, separada por apenas um pedaço de tecido, enquanto eu esfregava as costas de uma «Kizmel» totalmente nua — me impedia de formular uma resposta.

Fiquei ali congelado, com o pincel nas mãos, e ouvi uma declaração mais ameaçadora desta vez.

— Bem, diga algo. Vou te dar mais três segundos antes de entrar aí.

Ela estava claramente irritada por ter sido deixada esperando para o jantar. O menu da tenda de refeições provavelmente era peixe branco temperado (o favorito de Asuna) ou o ensopado de raízes marrons. Curiosamente, embora os elfos neste mundo não cortem árvores vivas, também não eram vegetarianos. Eu poderia jurar que li uma vez sobre uma heroína elfa que não comia carne.

Mas este não era o momento para distrações. No ponto de dois vírgula oito segundos, reuni minha coragem e respirei fundo.

— S-Sinto muito! Eu já saio, só me dê mais um minuto!

O avental já estava levantado alguns centímetros naquele momento, mas voltou à sua posição pendurada.

— Vou te dar dois minutos por pena. Vou pedir sua comida também, então passe por lá se quiser comer.

Os passos dela se afastaram. Eu soltei o ar em alívio. Quando «Kizmel» falou, havia um tom jovial e brincalhão em sua voz.

— Vocês guerreiros humanos não costumam tomar banho juntos?

— N-Não, especialmente homens e mulheres juntos. E os elfos?

— No palácio tem áreas de banho separadas, mas aqui é um campo de batalha. Não podemos esperar luxos.

— Entendi. Hum… Você pode me contar mais sobre aquele sonho algum outro dia?

Talvez «Kizmel» possuísse memórias do beta dentro dela. Eu estava fascinado e mortalmente curioso, mas sentia que precisava processar essas informações antes de saber o que perguntar a ela.

Ela se inclinou um pouco em minha direção e murmurou.

— Sim. Eu também gostaria de saber o que aquele sonho significa…

Parece que ela estava falando mais para si mesma do que para mim.

 

🗡メ

 

Onze e quarenta e cinco da noite.

Meus olhos se abriram com um alarme que só eu podia ouvir, e esperei que meus sentidos retornassem completamente antes de me sentar.

A lâmpada pendurada no poste central da tenda e as chamas do aquecedor abaixo estavam apagadas, mas havia luz de lua suficiente passando pelo ventilador no teto para enxergar. No centro do chão coberto de peles, «Kizmel» e Asuna estavam deitadas juntas, profundamente adormecidas.

Os NPCs agiam como os jogadores, indo dormir à noite, mas, no caso deles, apenas fechavam os olhos e se tornavam inativos de acordo com as regras de sua programação. Pelo menos, era isso que eu sempre assumia — e talvez fosse verdade para os NPCs, exceto «Kizmel».

Mas há seis horas, ela me disse que tinha um sonho misterioso todas as noites.

Nesse ponto, a possibilidade de que alguém no mundo real pudesse estar interpretando o papel da cavaleira negra desapareceu completamente. Mencionar o beta destruía a ilusão de um simples NPC, e minha aparência agora era completamente diferente dos dias do beta. Alguém do lado do desenvolvimento saberia disso, e não diria algo como — Seu rosto é sempre o mesmo no final.

Então, assumindo que «Kizmel» era uma verdadeira NPC, o que aquele sonho significava para ela? A função dos sonhos ainda estava amplamente inexplicada para a humanidade. Isso significava que o programa hospedeiro de «Kizmel» ainda estava ativo e calculando enquanto seu processo dormia?

Eu desafiei a missão "Chave de Jade" três vezes no beta, e me lembrei de vê-la morrer em cada caso. Esses dados estavam acumulando em seu sistema, e seu programa estava simplesmente tentando encontrar algum tipo de lógica para essa memória que não deveria existir?

Ela se lembrava do beta porque era uma NPC excepcional?

Ou ela havia adquirido sua natureza excepcional porque essas memórias ainda existiam dentro dela?

Uma brisa suave da noite através das frestas do avental bagunçou meu cabelo. Eu me lembrei do dia em que este jogo de morte começou.

Deixei meu primeiro e único amigo, Klein, na cidade inicial, e corri pelos campos abertos e não parei até chegar à vila de «Horunka», no fundo da floresta. Eu estava indo direto para a missão que me recompensaria com uma «Anneal Blade» — a arma que ainda usava até hoje.

A missão foi oferecida pela mãe de uma criança doente e exigia que eu caçasse monstros vegetais para um erva especial. No meio dessa missão, encontrei pela primeira vez outro beta tester. Ele me convidou para um grupo, e quando coletamos ervas suficientes para um de nós entregar a missão, ele tentou me matar com uma armadilha de monstro.

Em vez disso, eu sobrevivi por pouco e voltei à vila para entregar as ervas à mãe. Quando fiz a mesma missão no beta, peguei minha espada e corri para o próximo lugar de interesse, mas por alguma razão, desta vez assisti ela preparar a medicina e a segui para o quarto da criança ao lado.

Enquanto observava a pequena criança NPC chamada Agatha se recuperar lentamente graças à poção, me lembrei de como cuidei de minha irmã quando ela estava doente. As emoções que estavam se acumulando dentro de mim desde que soube que estava preso em um jogo de morte de repente explodiram, e eu chorei nos cobertores da cama. Agatha estendeu a mão, parecendo preocupada, e esfregou minha cabeça, repetidamente até eu parar...

….……

Respirei fundo novamente e empurrei as memórias para fora da minha mente.

Kizmel e Asuna estavam deitadas juntas, adormecidas como irmãs. Depois de tomar banho e comer, voltamos para a floresta e, com a ajuda de «Kizmel», completamos todas as missões que pegamos em «Zumfut». Teríamos que entregá-las mais tarde, mas depois de quatro horas sólidas lutando contra aranhas, treants e lobos, elas deveriam estar exaustas. Será que os NPCs tinham até mesmo uma estatística de fadiga?

Eu poderia ter dormido mais um pouco, mas havia outra missão a ser realizada naquela noite. Rastejei pelo chão, saindo pela entrada com o mínimo de barulho, e respirei fundo.

Aquele ar fresco e gelado me despertou completamente, e eu me esgueirei pelo acampamento. Passei pelos familiares guardas noturnos com um aceno e segui pelo cânion em direção à floresta pela terceira vez naquele dia.

A Floresta era perigosa à noite; quando a pesada névoa se instalava, não havia nada a ver além de uma névoa azul-acinzentada. No entanto, eu já tinha uma boa noção do terreno. Segui pela floresta, atento à presença de monstros, e em menos de dez minutos, cheguei à conhecida escadaria que descia para o segundo andar.

Banhada pela pálida luz da lua, a estrutura de pedra parecia estar vazia, mas à medida que me aproximava, uma silhueta surgiu do nada, na sombra de um dos pilares. A habilidade de «Stealth» desse jogador estava à altura da de «Kizmel» e seu manto de invisibilidade.

A pessoa com quem eu ia me encontrar sorriu, com três bigodes pintados enrugando sob seu capuz pesado.

— Sete segundos atrasado, Kii-boy.

— Desculpe. Culpe o maquinista do trem.

O capuz dela balançou com um tom de desdém pela minha tentativa sincera de humor.

— Posso te vender algumas piadas melhores, se você quiser.

— Não, obrigado, me viro com o que tenho. Odeio te apressar, mas… você descobriu algo sobre o que eu pedi?

— Você sempre é impaciente. Os ratos mais apressados são os que não voltam para o buraco.

Minha convidada sorridente subiu em um pilar caído próximo e cruzou as pernas. Eu me inclinei contra o pilar de frente para ela.

Argo, a Rata, era a primeira e melhor agente de informações em Aincrad. Eu a conhecia há bastante tempo (se um mês contasse como "muito tempo"), mas quase não sabia nada sobre ela pessoalmente. Eu tinha quase certeza de que era uma garota, quase certeza de que estava na faixa dos seus dezoito a vinte e poucos anos, e quase certeza de que também era uma beta tester. Ela coletava informações de sua experiência no beta, além de infos compradas de mim e de outros beta testers, e as compilava em suas próprias séries de guias de estratégia que vendia em lojas de itens NPC pelo jogo. O mais importante de lembrar era seu lema: Qualquer informação com um preço seria vendida.

Isso significava que, se eu pedisse a Argo para me vender informações pessoais, como altura, peso, comidas favoritas, distribuição de habilidades e assim por diante, ela o faria… desde que eu pagasse o preço.

Felizmente, o custo da informação que eu queria neste caso era bastante razoável. Peguei uma moeda de quinhentos col do bolso do meu casaco e a lancei para ela, que a pegou habilidosamente entre dois dedos. A moeda dançou em seus dedos antes de desaparecer completamente.

— Obrigada. Vou te dizer o que sei até agora. — O sorriso no rosto de bigodes dela desapareceu e ela continuou em um tom baixo. — Parece que só há um jogador que entrou para a Brigada dos Dragões de Lind desde que o terceiro andar foi liberado. O nome dele é Morte, ele usa uma espada de uma mão e nunca tira seu colete de metal, mesmo na cidade… É só isso que eu tenho para você.

— Morte.

Repeti, achando que o nome parecia um tipo de doce. Um homem usando um colete. Esse tinha que ser o homem que eu vi na equipe de Lind aqueles dias. Ele provavelmente era um beta tester como eu e estava passando informações para Lind sobre a missão de campanha...

De repente, percebi uma contradição ali.

— Espera... mas na última reunião de estratégia, que eu presumo que você tenha assistido, a DKB ainda tinha dezoito membros, igual à última luta contra o boss. Então, se Morte entrou, isso significa que alguém saiu? E foi voluntário ou forçado?

Argo afastou minhas suspeitas com um gesto.

— Não, os dezoito na reunião eram os mesmos da batalha contra o boss.

— Você conhece todos os nomes e rostos da DKB?

— Eu não seria muito boa como informante se não conhecesse. O mesmo vale para a ALS.

— Foi bobo da minha parte perguntar. — Eu disse, levantando as mãos em rendição. — Então... Morte entrou apenas no terceiro andar, mas não estava presente na reunião. E a razão para isso é...

— Um mistério para mim, infelizmente.

— Você teria que perguntar a ele ou a Lind para saber o motivo, eu acho.

Revivi minha lembrança da reunião de estratégia em «Zumfut» três dias atrás. Mas eu não conseguia lembrar os rostos dos outros dezessete vestidos de azul. Parte disso era porque eu estava na última fila das cadeiras estilo estádio, então só podia ver as costas dos outros presentes. E na metade da reunião, a maior parte da minha atenção estava preocupada com a iminente explosão de raiva de Asuna.

Ainda assim, tinha que ser um problema que, quarenta dias depois que o jogo começou, ainda estávamos colocando nossas vidas nas mãos de outros jogadores cujos nomes ou rostos nem sequer conseguíamos lembrar.

Eu não ia me envolver com a venda de informações tão cedo, mas não seria uma má ideia dedicar mais esforço para lembrar das pessoas. Simplesmente não era uma habilidade que me vinha naturalmente.

— Então, como esse tal de Morte entrou para a guilda?

Perguntei a Argo.

— Parece que ele fez um pedido para entrar. No dia seguinte à abertura do terceiro andar, Lind o apresentou como um novo recruta aos outros membros principais da guilda DKB — bem, tecnicamente ainda não era uma guilda naquela época.

— Ahh... Então foi Lind quem aceitou seu pedido diretamente. Estou surpreso que Lind tenha apenas aprovado isso assim. Talvez Morte seja realmente forte... Como ele parece para você?

Era apenas uma pergunta curiosa e ociosa, mas Argo fez uma careta no topo do pilar de pedra e balançou para frente e para trás.

— O problema é que eu ainda não vi esse Morte pessoalmente... Eu vigiei o pub que a DKB está usando como base em «Zumfut», mas não vi ninguém que corresponda à descrição.

— Uau... Se até você não consegue encontrá-lo, ele deve estar tentando se esconder...

— É o que eu acho. Se for por ordem de Lind, talvez ele deva ser uma arma secreta para ajudar a ultrapassar a ALS. Tenho certeza de que ele estará envolvido na batalha contra o boss, então, pelo menos, eu vou dar uma olhada lá.

— Por favor, faça isso. Bem, certamente obtive o valor do meu dinheiro em informações aqui.

— Fico feliz em ouvir isso.

Argo sorriu. Ela pulou do pilar de um metro e meio de altura sem fazer barulho e levantou a mão para o rosto. A moeda que eu paguei a ela há apenas um minuto estava lá em suas pontas dos dedos, brilhando à luz da lua.

— A propósito, Kii-boy, tem interesse em vender alguma info?

— Oh? Que tipo?

— Como onde você tem se hospedado com A-chan desde que chegamos aqui.

— Não estou vendendo isso. 

Respondi imediatamente. Argo sorriu novamente.

— Entendi. Você não negou imediatamente que estava hospedado com ela. Mas não se preocupe; eu não vou vender essa informação de prima.

 

 

CONTINUA NA PARTE 7 DIA 22/07


Este capítulo foi traduzido pela Mahou Scan. Entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!


 



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