Sword Art Online Progressive Japonesa

Tradução: slag

Revisão: Shisuii


Volume 2

CONCERTO DE PRETO E BRANCO - TERCEIRO ANDAR DE AINCRAD, DEZEMBRO DE 2022 (PARTE 2)


Este capítulo foi traduzido pela Mahou Scan. Entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!


2

SE ESSA MISSÃO, A "CHAVE DE JADE", TIVESSE SE DESENVOLVIDO como aconteceu na versão beta, o seguinte deveria ter ocorrido:

Quer nos aliemos ao elfo da floresta ou ao elfo negro, ambos acabariam mortos. O elfo com quem nos aliássemos ficaria vivo por alguns segundos extras, tempo suficiente para dizer: "Entregue esta chave para tal e tal", antes de morrer. Esse "tal e tal" seria a base do elfo da floresta no extremo norte da floresta ou a base do elfo negro ao sul. Uma vez que os corpos tivessem desaparecido, uma pequena bolsa de folhas costuradas seria deixada para trás, contendo uma grande e bela chave esculpida em pedra verde.

Nesse ponto, é claro, o jogador deveria levar a chave ao acampamento do norte ou do sul; ele poderia vendê-la em uma loja de NPCs se quisesse, mas isso o impediria permanentemente de terminar a missão. Se entregue corretamente sem cair em tentação, o comandante da base dos elfos ofereceria uma recompensa especial e iniciaria a próxima missão.

Mas eu não tinha ideia de que havia um caminho alternativo na missão, um em que o elfo aliado sobrevivia à batalha. Se eu não sabia disso, ninguém mais sabia — nem mesmo Argo. Tivemos que esperar uma história totalmente nova e desconhecida à frente.

A uma curta distância de mim, estavam Asuna e a elfa negra «Kizmel», que ainda permanecia em silêncio. O corpo do elfo da floresta desapareceu com um breve estalo. Recebemos uma quantidade considerável de experiência e col, junto com alguns itens raros, mas eu não tinha tempo para verificar isso agora.

Uma bolsa de folhas familiar estava no chão onde o corpo do elfo da floresta havia estado. Itens abandonados precisavam ser reivindicados rapidamente, antes de desaparecerem no ar, mas eu nem tinha certeza se deveria pegar. E se eu tocasse nele, e isso fosse o gatilho que tornasse «Kizmel» hostil?

— Umm... gee, o que é isso?

Eu disse sem convicção. Asuna se abaixou para pegar a chave como se nada estivesse fora do comum, então eu rapidamente agarrei o capuz de sua capa, o que me rendeu um olhar furioso. Finalmente, «Kizmel» reagiu.

Ela se abaixou e segurou a bolsa cuidadosamente em suas luvas de couro preto. Um suspiro de alívio deixou seus lábios enquanto ela a segurava contra o peito.

— Pelo menos podemos proteger o santuário agora.

Ela murmurou para si mesma, colocou a bolsa em sua pochete e se levantou para nos encarar. A maneira sutil como a ferocidade retornou aos seus olhos, apesar de sua hesitação vacilante, não parecia possível para um mero objeto controlado pelo sistema.

— Devo agradecê-los. — Ela disse, sua armadura chacoalhando enquanto ela se curvava em saudação. — A primeira chave secreta foi protegida. Sua ajuda é apreciada. Venham comigo para nossa base, e o comandante dará recompensá-los por sua ajuda.

Novamente, um ? apareceu sobre sua cabeça para indicar o progresso da missão. Eu estava internamente aliviado, embora fizesse o meu melhor para não demonstrar. Parecia que a missão prosseguiria normalmente, mesmo depois de vencermos o elfo da floresta nós mesmos.

No entanto, meu plano original era me intrometer na luta deles, deixar ambos os elfos morrerem, pegar a chave e voltar para a cidade principal. Não tínhamos feito uma pausa para refrescar e reabastecer desde que vencemos o boss do segundo andar. 

A euforia de alcançar um novo andar estava mascarando minha fadiga, mas o cansaço aqui era mental em vez de físico e atingia o jogador como uma tonelada de tijolos do nada. Minha parceira atual, Asuna, tinha desmaiado de exaustão logo após nosso primeiro encontro no labirinto do primeiro andar. Embora fosse raro chegar a esse ponto, lapsos de concentração levavam a erros, e controlar essa fadiga de forma segura era uma ferramenta vital para qualquer jogador solo.

Eu olhei de soslaio para a espadachim. Ela deu um passo à frente sem olhar para mim e falou diretamente com «Kizmel».

— Neste caso, seria uma honra.

…..…

Eu não fui o único a segurar a língua. «Kizmel» olhou para Asuna em silêncio. NPCs em Aincrad — tecnicamente, o elfo negro «Kizmel» era classificado como um mob — não respondiam aos comentários dos jogadores, a menos que viessem em uma forma clara de sim ou não.

Eu tossi de maneira constrangedora, pronto para dar uma resposta mais simples, mas antes que eu pudesse tirar as palavras da minha boca, a cavaleira assentiu e se virou.

— Muito bem. O acampamento base fica no extremo sul da floresta.

Meu registro de missões foi atualizado, e o ? sobre sua cabeça desapareceu. Ao mesmo tempo, uma mensagem apareceu no canto superior esquerdo indicando que um terceiro membro do grupo havia se juntado, e uma nova barra de HP foi adicionada à lista.

«Kizmel» saiu andando com frieza, e Asuna saltou atrás dela. Eu fiquei parado por três segundos antes de correr para alcançá-las.

A elfa deve ter captado um tom afirmativo na resposta de Asuna. Mas pelo que eu sabia, os NPCs no teste beta não tinham essa habilidade de conversa.

Talvez fosse tão simples quanto o banco de respostas dos NPCs ter sido expandido entre o final do beta e o início do jogo completo. Mas algo no discurso e nas expressões de «Kizmel» parecia natural demais para explicar isso. Ela era como qualquer outro jogador.

Eu caminhei na retaguarda do time de três pessoas, examinando seu cursor de cor apenas para ter certeza. Era o amarelo de um NPC — tecnicamente, um mob de evento — e seu nome estava listado como «Kizmel»: GUARDA REAL ELFA NEGRA. Os jogadores não podiam replicar títulos de monstros em seus nomes, então isso era prova de que «Kizmel» era de fato nada mais do que um objeto móvel controlado pelo sistema. Se SAO fosse um jogo funcionando normalmente, poderia haver uma pequena chance de que ela estivesse sendo jogada por um membro da equipe do jogo, mas isso não poderia ser verdade agora que era mortal.

…Deve ser minha imaginação.

Acelerei para alcançar as duas mulheres.

 

🗡メ

 

Ser um beater pode ter criado uma situação perigosamente imprevisível nesse caso, mas havia uma maneira em que isso era uma melhoria definitiva. Chegar à base dos elfos negros exigia sair do caminho e atravessar a floresta, aumentando as chances de encontrar inimigos. E, dadas as névoas espessas e cegantes que davam nome à floresta, era muito fácil perder de vista a própria localização.

Mas «Kizmel» nos serviu de forma valiosa de várias maneiras: seu sabre eliminava rapidamente qualquer inimigo que cruzasse nosso caminho, e como elfa, ela parecia saber exatamente para onde ir através da densa névoa. Como um admirador da eficiência, considerei aproveitar esta oportunidade para vagar e lutar contra mais mobs com «Kizmel», mas mudei de ideia. Eu não queria dar à orgulhosa e elite guerreira elfa um motivo para se irritar comigo.

Assim, só levaram quinze minutos de caminhada pela floresta para alcançar a visão de muitas bandeiras negras ondulando ao vento.

— Não demorou muito.

Asuna disse ao meu lado, e eu tive que concordar relutantemente. «Kizmel» parou de marchar e se virou para nos encarar. Ela falou com o que eu achei ser um tom de orgulho na voz.

— Um feitiço de Afundamento na Floresta foi lançado no acampamento. Você não o teria encontrado tão facilmente sem mim.

— Uh, um feitiço? Isso é como magia? Eu pensei que não houvesse magia neste mundo. 

Asuna comentou ousadamente. Senti um arrepio descer pela minha espinha. Além do tom excessivamente informal, não tinha certeza se o que Asuna disse era compreensível para a NPC e sua matriz de respostas predefinidas. Parecia que «Kizmel» poderia não ser capaz de responder, mesmo que entendesse o significado.

A razão pela qual a magia não existia em SAO era permitir que o jogador experimentasse o combate corpo a corpo diretamente no ambiente VRMMO — eles não queriam transformá-lo em um jogo de tiro à distância.

— Escuta, Asuna, isso não é…

Comecei, tentando ajudar «Kizmel» a explicar o conceito. Mas mais uma vez, minha consideração foi totalmente desnecessária.

— Nossos feitiços não estão ao nível da magia. — A elfa negra disse, com os longos cílios baixos. — Se for o caso, eles são apenas um leve resplendor da grande magia de outrora. Quando fomos separados da terra, o povo de «Lyusula» perdeu toda a magia...

O choque do que ela disse me atingiu cinco segundos depois — foi o tempo que levou para processar o que ela disse.

Perdemos toda a magia porque fomos separados da terra.

Tive a sensação de que ela não estava apenas dando uma explicação de por que as habilidades mágicas não existiam em Sword Art Online. Isso pode ser algo que correspondia diretamente à existência do castelo flutuante, Aincrad.

Agora que penso nisso, nunca tive nenhuma exposição à história de fundo de SAO. Devorei inúmeros artigos e entrevistas após o anúncio do jogo, mas nada mais foi dito sobre o cenário além de que era um castelo flutuante no céu feito de cem andares com seus próprios mapas mundiais. Isso era estranho, porque seja single player ou multiplayer, a história de fundo de um RPG, de como o mundo surgiu, geralmente era tão importante quanto o próprio sistema do jogo.

Mesmo no teste beta, o pano de fundo do mundo era opaco. Completei essa missão de campanha naquela época, mas me lembro de que a história era bastante simples e desconectada das origens de Aincrad — os elfos da floresta e os elfos negros estavam lutando por algum "santuário" sagrado, seja lá o que fosse isso.

Quando o jogo foi lançado oficialmente e prendeu todos os seus convidados dentro, senti que entendia por que o pano de fundo de SAO era um quadro em branco. A falta de história, de qualquer tipo de fundo descritivo, era um desafio do próprio desenvolvedor. Kayaba estava nos dizendo, O palco está montado; agora é com você para criar a história.

Isso era só minha imaginação falando, é claro, mas não parecia muito rebuscado neste ponto. Nesse caso, as palavras de «Kizmel», a guerreira elfa — como uma extensão do sistema SAO – ultrapassavam até as intenções de Kayaba.

Fui tomado por um desejo de bombardear a guerreira elfa com perguntas enquanto caminhávamos. Se este «Lyusula» era um continente, um reino ou uma cidade. Por que os elfos negros foram arrancados de sua terra natal. Por que estavam presos aqui neste castelo flutuante. O que realmente era este castelo e por que foi construído.

Provavelmente, nenhuma dessas informações tinha qualquer relação com nosso objetivo principal: vencer o jogo e voltar à realidade. A única razão pela qual comecei esta missão de campanha foi pelos abundantes pontos de experiência e recompensas de alto nível. Não havia apego emocional às forças dos elfos negros. Se Asuna tivesse insistido, eu teria me aliado ao elfo da floresta contra «Kizmel» anteriormente.

Sufoquei meu súbito surto de curiosidade com uma respiração profunda e continuei minha marcha silenciosa atrás da cavaleira.

 

🗡メ

 

Quando nos aproximamos das bandeiras negras ondulantes, as névoas se dissiparam de repente como se nunca tivessem estado lá, e meu campo de visão retornou.

Estávamos muito perto do extremo sul da floresta; paredes de rocha recortadas se estendiam à esquerda e à direita. Uma passagem estreita com pouco mais de quatro metros de largura prosseguia pela rocha, com pilares finos de cada lado.

No topo dos postes, tremulavam as bandeiras negras marcantes, adornadas com brasões de chifres e lâminas.

Parados diante dos dois postes estavam soldados elfos negros, orgulhosamente empunhando glaives e vestindo armaduras mais pesadas que as de «Kizmel» — embora ainda leves comparadas às disponíveis para os jogadores. 

Nossa companheira avançou até os guardas.

Quando fiz essa missão no beta, «Kizmel» havia perecido contra o elfo da floresta, e nosso grupo de quatro teve que se aproximar desses guardas sem um intermediário. Mas foi essa situação que me deixou mais nervoso. Asuna se inclinou e sussurrou.

— Acho melhor perguntar... Não vamos ter que lutar neste acampamento, vamos?

— Não vamos... Não deveríamos. Contanto que não ataquemos nenhum deles, pelo menos. Ou talvez eles simplesmente cancelem seu progresso e te expulsem...

— É melhor você não tentar descobrir.

Ela me lançou um olhar penetrante, depois reuniu coragem e acelerou o passo.

Felizmente, os guardas não fizeram nada pior do que lançar olhares suspeitos enquanto passávamos por eles. Após uma curta caminhada pela passagem estreita, ela se abriu em um espaço redondo de cerca de 45 metros de diâmetro. Aproximadamente vinte tendas negras e roxas de vários tamanhos preenchiam o espaço enquanto glamourosos elfos negros desfilavam pelo terreno — tudo somado, uma visão impressionante.

— Uau... o acampamento é muito maior do que era no beta. 

Murmurei, baixo o suficiente para que «Kizmel» não pudesse ouvir. Asuna me olhou desconfiada.

— Antes estava em outro lugar?

— Sim, mas isso não é estranho. A maioria desses locais relacionados à campanha são instâncias temporárias.

— Ins... tâncias?

Asuna havia se esforçado muito para aprender a linguagem dos jogos no último mês, mas esse termo era desconhecido para ela. Expliquei enquanto caminhávamos em direção à maior tenda no fundo do cânion.

— É um local que é criado temporariamente para cada grupo que está fazendo a missão, eu acho que você poderia dizer. Veja, vamos falar com o líder dos elfos negros para avançar na missão, mas se outro grupo aparecer, isso complicaria as coisas, não é? Algumas missões são como a missão 'Ervas da Floresta' no primeiro andar, e eles simplesmente fecham a área para acesso geral se alguém estiver falando com o NPC.

— Então... você está dizendo que você e eu temporariamente desaparecemos do mapa do terceiro andar para nos mover para essa base?

— Isso mesmo. 

Eu disse, impressionado com a rapidez de sua compreensão.

Ela estreitou os olhos e me deu um olhar ardente.

— Podemos sair a qualquer momento, certo?

 

🗡メ

 

Os procedimentos foram bastante irregulares, mas a reunião com o comandante das forças avançadas dos elfos negros correu bem. Claro, sendo presumivelmente mais forte que «Kizmel», o comandante poderia ter nos massacrado em segundos se algo desse errado.

Ele ficou encantado com o retorno seguro de «Kizmel» e da Chave de Jade, concedendo-nos consideráveis recompensas e equipamentos. Ainda melhor, tivemos a escolha de vários itens. O sabre decorado como a espada de «Kizmel» chamou minha atenção, mas minha «Anneal blade» +6 era mais forte, então optei por um anel que adicionava um ponto à força. Asuna fez uma escolha semelhante, optando por um brinco com +1 de agilidade.

O comandante finalizou iniciando uma nova missão, a segunda etapa da campanha, e Asuna e eu deixamos a tenda.

De volta ao cânion gramado, o teto formado pelo andar acima, que servia como nosso céu, estava se tornando da cor do pôr do sol. Devia ser perto de cinco horas. Agora que meus nervos haviam se acalmado, o cansaço estava batendo forte. Era hora de descansar pelo dia.

«Kizmel» se alongou de uma maneira realisticamente natural e se virou para nós, um leve sorriso em seus lábios.

— Guerreiros da humanidade, permitam-me agradecer novamente por sua ajuda. Espero que vocês nos ajudem na próxima operação.

— N-Nós ficaríamos felizes em ajudar.

— Agora que penso nisso, ainda não ouvi seus nomes. Quais são eles?

Meus olhos quase saltaram das órbitas novamente. Um mob nunca havia perguntado o meu nome antes — não, eu não podia continuar tratando-a como um mob. Ela era uma NPC.

— Hum... meu nome é Kirito.

— Ah, seus nomes humanos são difíceis de pronunciar. É... Kilito?

Sua entonação estava um pouco errada, então repeti.

— Kirito.

— Kirito.

— Perfeito.

Aquilo devia ser a sequência do sistema para ajustar a pronúncia dos nomes. Um tanto aliviado que ela estava finalmente fazendo algo reconhecidamente de NPC, observei «Kizmel» repetir o processo com Asuna.

Depois que ela ficou satisfeita com a forma como nossos nomes eram ditos, a cavaleira continuou.

— Kirito, Asuna, por favor, chamem-me de «Kizmel». Deixarei o momento da partida a critério de vocês. Se quiserem retornar à cidade humana, posso enviá-los para perto com outro encanto, ou podem passar a noite em uma de nossas tendas.

Finalmente, algo estava acontecendo exatamente como eu lembrava, pensei.

No beta, tirei várias sonecas nas tendas para economizar tempo na viagem de volta à cidade. As camas eram boas, a comida era boa e, mais importante, eram gratuitas. Isso só durava enquanto a missão estava ativa, mas seria um desperdício não aproveitar esse valor.

Asuna leu minha mente como um livro. Com um encolher de ombros exasperado, ela respondeu.

— Nesse caso, aceitaremos graciosamente sua hospitalidade.

— Talvez devesse economizar seus agradecimentos. Afinal...

É isso mesmo, é assim que... espera, isso não está certo.

Nesse ponto, nos foi concedido o uso de uma tenda vazia, já que seu dono havia morrido no início da missão. Em outras palavras, era originalmente o quarto de «Kizmel» que eu e meus três membros do grupo (todos homens) havíamos pegado emprestado. Mas agora a cavaleira estava viva. O que significava...

— Sem uma tenda sobressalente, vocês precisarão compartilhar a minha. Será apertado para nós três, mas são bem-vindos.

— Não, ficaríamos felizes em... nós três?

Asuna parou. «Kizmel» parecia estar esperando uma declaração mais definitiva, então eu peguei a deixa.

— Obrigado. Ficaríamos felizes em usá-la.

— Ótimo. Estarei aqui dentro do acampamento, então me chamem se precisarem de algo. Até logo.

A orgulhosa elfa negra fez uma reverência novamente e caminhou em direção à tenda de refeições. Asuna ficou parada por três segundos inteiros, depois se virou para mim, seu rosto passando por cerca de três expressões diferentes.

— É possível voltar atrás e pedir para ela nos encantar até a cidade?

Infelizmente, eu já sabia a resposta. Um dos nossos no beta tentou exatamente isso. Como beater, era meu dever passar a informação que tinha.

— Hum... não.

 

🗡メ

 

Assim como o próprio acampamento base, a tenda de «Kizmel» havia sido melhorada desde o beta.

A dona havia descrito como um "apertado para três", mas na realidade, seis de nós poderiam montar camas com espaço de sobra. Pelos grossos e luxuosos estavam espalhados pelo chão, confortáveis o suficiente para dormir até de manhã.

O tecido da tenda que servia como paredes era espesso e bem trançado, suficiente para bloquear todo som vindo de fora. Em frente ao pilar central havia um aquecedor com um formato estranho que emitia um brilho laranja e um calor agradável.

Caminhei até o centro do espaço agradável e confortável e me sentei, suspirando de contentamento. Preguiçosamente, levantei a mão para abrir minha janela e lentamente removi minha espada e vários artigos de armadura.

Quando rolei de costas, acidentalmente encontrei o olhar frio de Asuna. A espadachim deu alguns passos até mim e gentilmente cutucou meu lado com a ponta de sua bota.

Submeti-me à pressão silenciosa dela, rolando e rolando até atingir a parede esquerda da tenda, momento em que Asuna removeu a bota.

— Esse é seu lugar. Imagine que há uma fronteira bem aqui.

Ela traçou uma linha imaginária com sua bota a cerca de um terço do caminho para dentro da tenda. Eu tinha que descobrir.

— E... o que acontece se eu tentar invadir sua fronteira?

— Este acampamento não é considerado uma zona segura, é?

— Entendi perfeitamente.

Eu disse acenando com a cabeça no chão. Ela sorriu de volta e caminhou para o outro lado da sala. A tenda redonda tinha cerca de sete metros e meio de diâmetro, então havia uma boa distância de parede a parede. Observei-a atravessar, então remover sua couraça e rapieira, sacudindo o cabelo longo antes de se sentar sobre os pelos. Ela encostou as costas em um pilar e refletiu sobre algo por um momento antes de também guardar suas botas longas.

Asuna esticou os pés longos e brancos, olhou para o teto e soltou um suspiro lento e constante. Quando finalmente olhou para mim, eu estava olhando de volta de forma rude. Desviei o olhar rapidamente e falei desajeitadamente em voz alta.

— Então, hum, não me importo de dormir do lado de fora, se preferir. Tenho um saco de dormir e tudo mais...

— Está bem, contanto que você respeite a fronteira.

Respondeu ela, com a voz surpreendentemente neutra. Arrisquei outro olhar através da tenda. Asuna estava esfregando os pelos no chão com a mão enquanto mudava de assunto para algo que lhe interessava.

— Então, sobre esta série de missões... ainda não tenho certeza do objetivo. Não é algo sobre como os elfos negros ou elfos da floresta são bons ou maus, certo?

— Eh? Hum... sim, está certo. Supondo que o ponto principal seja o mesmo que no beta, há um andar acima com um lugar chamado Santuário, com algum item incrivelmente poderoso selado dentro dele. E os elfos negros e os elfos da floresta estão lutando por isso.

— Hmm... Então aquela chave no saco de folhas era para o Santuário?

— Sim. Se bem me lembro, há seis no total, escondidos em todos os andares, então coletá-las é o foco principal da missão.

— Entendo... Era isso que eu estava me perguntando. Você disse que quando avistamos «Kizmel» e o elfo da floresta lutando, podíamos escolher de que lado ajudar, certo?

— Eu disse.

— Quer dizer que alguns jogadores podem escolher o lado dos elfos da floresta e estar trabalhando no outro lado da história ao mesmo tempo que nós, certo?

— Isso mesmo. — Eu disse e finalmente percebi o que Asuna estava querendo dizer. — Ah, e você está se perguntando se encontrarmos jogadores do lado dos elfos da floresta enquanto estamos fazendo a missão...

— Talvez acabemos competindo ou lutando com eles.

Ela completou, as sobrancelhas franzidas de preocupação. Eu fiz um sorriso desajeitado para tranquilizá-la.

— Não se preocupe, não vai chegar a esse ponto. Não é como aquelas missões de matar um certo número de inimigos ou coletar uma quantidade específica de itens, onde você tem que competir com outros jogadores para alcançar sua meta. Essas missões de história fazem com que cada jogador ou grupo tenha sua própria, hum, como posso dizer...

Tentei explicar de uma forma que uma noob em MMOs entenderia, mas Asuna já havia compreendido.

— Ah, como este acampamento base? Então, vários grupos podem estar em diferentes pontos da história e alcançar finais completamente diferentes?

— É, é basicamente isso. Então, não precisamos nos preocupar com grupos seguindo a missão do acampamento inimigo tentando pegar os itens de nós. Não é como se um lado completar a missão significasse que o outro lado perderia.

— Ahh...

Asuna acenou com a cabeça em aparente entendimento, mas sua expressão não se dissipou de um jeito que sugerisse que seus medos haviam sido eliminados. Ela se levantou novamente para sentar-se e cruzou as pernas, me encarando diretamente.

— Algo ainda está te incomodando?

— Umm, não sei se está me incomodando ou se é difícil de entender. Se você estiver certo, e este acampamento base... instância? Se existir uma diferente para cada grupo fazendo a missão, então isso significa que o mesmo número de «Kizmel»s e comandantes também existem. Isso parece meio...

— Ah, sim...

Finalmente entendi a natureza da confusão de Asuna; era a maior contradição das missões em um jogo online. Normalmente, um incidente só deveria ocorrer uma vez. Por exemplo, na missão "Ervas da Floresta" do primeiro andar, a menina doente Agatha precisava de ervas especiais de cura que só podiam ser coletadas de monstros do tipo planta. Eu coletei facilmente —ok, não foi tão fácil assim — todos os materiais da missão, a mãe de Agatha fez um remédio com eles, e a menina se recuperou.

Mas o próximo jogador que visitasse aquela casa encontraria uma Agatha doente. Enquanto houvesse jogadores para aceitar a missão, ela estava presa em um ciclo eterno de doença dolorosa e recuperação.

A missão da campanha que Asuna e eu começamos era uma versão expandida deste conceito. Após uma batalha de vinte minutos, derrotamos o cavaleiro elfo da floresta e salvamos a vida de «Kizmel», mas à medida que mais jogadores aceitassem a missão depois de nós, dezenas, senão centenas de «Kizmel» morreriam, junto com um número similar de belos elfos da floresta.

Mas isso era inevitável. Se cada missão só pudesse ser jogada por um jogador ou grupo para manter a consistência da história, o jogo perderia toda a pretensão de justiça. Poderia ser uma coisa contornar isso criando um número infinito de missões únicas, mas isso não era realisticamente possível — mesmo para um gênio louco como Akihiko Kayaba.

Quando terminei de explicar tudo isso para Asuna, ela acenou lentamente e me agradeceu pela informação, mas eu suspeitava que ela já soubesse de tudo isso. Como ela, havia algo nisso que ainda não me agradava. Afinal, para um NPC relacionado a um evento, «Kizmel» era muito humana — ou elfa.

Uma corneta solitária e melancólica soou dentro do acampamento. Verifiquei meu relógio e vi que já eram seis horas. Atormentado por partes iguais de sono e fome, estava pensando qual dos dois resolver quando a aba da entrada da tenda se levantou.

Era «Kizmel», a dona da tenda. Ela ainda estava vestida com sua armadura de metal brilhante e capa longa. Asuna e eu nos levantamos rapidamente. «Kizmel» olhou para cada um de nós e disse.

— Receio não poder oferecer muito neste humilde acampamento, mas vocês podem usar esta tenda quando quiserem. A tenda de refeições servirá comida a qualquer momento que precisarem, e também há uma tenda simples para banho.

— Vocês têm banheira?

Asuna repetiu instantaneamente. «Kizmel» acenou com a cabeça e apontou para sua esquerda.

— Fica ao lado da tenda de refeições. Novamente, está disponível a seu critério.

— Obrigada. Certamente vou aproveitar isso.

Asuna disse sem hesitação, agradecendo a «Kizmel» e saindo pela aba da tenda sem olhar para trás.

«Kizmel» entrou mais na tenda e disse.

— Acredito que vou descansar. Só digam se precisarem de algo.

Eu ainda estava contemplando se deveria priorizar comida ou sono quando «Kizmel» parou ao lado do aquecedor e colocou a mão na grande jóia que servia como fecho na placa do ombro.

Com um som tilintante, sua armadura, capa e sabre desapareceram em pontos de luz. Tudo o que restou por baixo era uma roupa de baixo translúcida que brilhava como seda. Fiquei tão chocado que não conseguia desviar o olhar. Havia um volume distintamente não-élfico no corpo sob o tecido preto — talvez isso fosse o que a tornava uma elfa negra...

De repente, uma mão agarrou a parte de trás do meu colarinho e uma voz gelada disse no meu ouvido.

— Você também deveria tomar um banho. Você deve ter suado durante aquela luta com o boss.

...Bem, agora. de facto, estou sentindo um suor frio.

Uma força irresistível me arrastou para fora da entrada da tenda. Do lado de fora, o acampamento dos elfos negros parecia ainda mais fantástico com a transição do final da tarde para a noite.

Aqui e ali pelo acampamento, havia gaiolas de malha de aço elegantemente projetadas segurando chamas roxas e silenciosas. Uma melodia restrita de alaúde estava tocando de uma das tendas, à qual os grilos na grama acrescentavam sua própria harmonia sonora.

Mesmo as risadas dos soldados vindas da grande tenda de refeições e o som de martelo do ferreiro dos elfos pareciam instrumentos musicais adicionando à performance. Eu andava atrás de Asuna, concentrando-me nos sons não familiares do acampamento não humano. De repente, lembrei-me de uma missão muito importante e chamei a parte de trás da túnica à minha frente.

— Oh, Asuna.

— O que foi?

Ela diminuiu o passo para que eu pudesse alcançá-la, mas não parou de andar.

— O ferreiro NPC aqui é de nível muito alto, então deveríamos melhorar sua arma ao máximo enquanto pudermos.

— Ao máximo? Tem certeza?

Ela respondeu duvidosa. Ela devia estar lembrando da cena de sua espada favorita sendo destroçada diante de seus olhos vários dias atrás. Claro, aquilo era apenas um substituto falso trocado com o «Quick Change», mas ela não sabia disso na época. O choque visceral ainda permanecia em sua memória.

Eu acenei vigorosamente para tranquilizá-la. 

— Pode ser que não tenhamos cem por cento de chance de sucesso, mas só alguns materiais devem aumentar a taxa ao máximo. Se conseguirmos aumentar a sua para mais seis, isso deve durar até a metade deste andar.

Asuna comprou seu amado «Wind Fleuret» pouco antes da reunião de estratégia para a invasão do boss do primeiro andar. Estatisticamente, não era realmente adequado para o terceiro andar, mas se fosse totalmente aprimorado — cada uma das tentativas de melhoria sendo bem-sucedida — poderia servir por mais um tempo.

Para mim, isso era uma rara priorização de sentimento sobre eficiência, mas para minha surpresa, Asuna olhou para baixo e refletiu. Seus dedos vagaram ao longo da cintura, como se procurassem a bainha do florete que estava atualmente guardada em seu inventário.

— Lembra do que você disse antes? Sobre derreter uma espada para usar como material para uma nova?

— Ah... sim, isso mesmo.

— Posso fazer isso aqui, com o ferreiro deles?

— Claro, se você quiser, mas...

Asuna finalmente parou de andar e virou-se para mim, fazendo-me perceber que eu já havia parado também. Havia um raro traço de sorriso em seu rosto.

— Obrigada pela preocupação. Mas se vamos arriscar tentar melhorar uma espada que eu vou simplesmente descartar em alguns dias, prefiro que ela renasça aqui.

— Entendo… — Se era assim que Asuna se sentia, não era meu lugar dizer o contrário. — Tudo bem. Tenho certeza de que vai resultar em uma lâmina poderosa. Bem, vamos ver essa tenda do ferreiro...

Segui em direção oposta e Asuna segurou minha camisa.

— O banho vem primeiro!

 

🗡メ

 

Não me lembrava se o acampamento base tinha um banho durante o beta. Mesmo que tivesse, nenhum dos nossos colegas do sexo masculino teria se incomodado em usá-lo. Naquela época, se quiséssemos tomar banho, poderíamos simplesmente sair e tomar um banho de verdade. Se algum de nós dormisse nas barracas, era para aproveitar a experiência de acampamento, nada mais.

Mesmo agora que estávamos permanentemente presos aqui, eu não estava particularmente apegado à ideia de tomar banho, mas era claramente uma prioridade para minha parceira temporária. Talvez se houvesse uma fonte termal mágica que oferecesse seu próprio efeito de melhoria... mas nesse caso, eu entraria completamente vestido. A sensação de estar molhado era desagradável e acrescentava um pouco de peso, mas passava logo depois de sair da água.

Como esse banho era o favorito dos elfos negros, talvez tivesse algum efeito mágico próprio. Por outro lado, poderia ter um efeito de brincadeira negativa, como fazer suas orelhas crescerem mais pontudas quanto mais tempo você ficasse na água...

Enquanto eu ponderava sem propósito sobre os efeitos dos banhos de elfos, Asuna e eu chegamos a uma pequena tenda atrás da área de refeições. Paramos e nos olhamos — havia apenas uma entrada para a tenda de banho, e não havia marcação na aba oscilante que designasse masculino ou feminino.

.......

Asuna silenciosamente afastou as abas para espiar dentro, depois puxou a cabeça para fora.

— Só tem uma banheira lá dentro.

— Entendi.

Mesmo sendo um estudante do ensino médio nerd, eu sabia o suficiente para não fazer piada de que isso significava que tínhamos que tomar banho juntos. Fiz a cara mais séria que pude e dei um passo para trás.

— Nesse caso, eu vou só ali do lado pegar algo para comer enquanto você toma banho. Sem pressa, eu volto quando você estiver...

— Eu já perguntei antes, mas você tem certeza de que este lugar está fora da zona de prevenção de crimes?

Pisquei algumas vezes, perplexo com essa pergunta aparentemente sem relação, e então assenti.

— É verdade...

— O que significa que seria perigoso remover todos os seus equipamentos aqui.

— B-Bem, em um sentido geral, sim...

— Nesse caso, faz sentido que um de nós fique de guarda na entrada enquanto o outro toma banho. Podemos jogar uma moeda para ver quem vai primeiro...

Finalmente entendi a preocupação de Asuna. Ela não estava realmente com medo de um ataque repentino de monstros ou jogadores inimigos, mas da possibilidade dos elfos negros masculinos no acampamento entrarem enquanto ela estivesse tomando banho. Parecia bobo se preocupar com NPCs, mas eu entendia o ponto dela.

Considerando que foi minha culpa que Argo, a vendedora de informações, tinha invadido o banheiro enquanto Asuna estava tomando banho antes, eu deveria ser compreensivo aqui. Cheguei a essa conclusão em questão de segundos e assenti para tranquilizá-la.

— Entendido. Eu vou esperar a vez seguinte; você vai primeiro.

— Obrigada.

Asuna sorriu e desapareceu na tenda com uma velocidade impressionante. No breve momento em que a aba foi levantada, vi uma banheira elegantemente esculpida cheia até a borda com água verde pálida. A única coisa separando a área de banho do mundo exterior era uma simples porta de pano que balançava solta ao vento.

Era fácil entender por que uma garota se sentiria insegura em tomar banho sozinha em tais circunstâncias. Se fosse tão ruim assim, ela provavelmente não precisava tomar um banho virtual, pensei, mas ela tinha suas próprias prioridades. Em um mundo onde a morte espreitava a cada esquina, tinha que haver alguma maneira de relaxar e deixar todo aquele estresse acumulado desaparecer. Eu precisava encontrar minha própria forma de recarregar enquanto estávamos aqui, na segurança do acampamento.

Sentei-me e encostei-me em um pilar de suporte. Além da simples camada de lona, ouvi dois pequenos sons de movimento. Deviam ser os comandos para remover toda a roupa, depois toda a roupa íntima. Houve um splash, depois um suspiro contente.

— Como alguém consegue relaxar assim?

Rosnei para mim mesmo, cruzei os braços e assumi uma posição de meditação zen.

SAO tinha uma habilidade de «Meditation», mas não uma habilidade específica de Zen. Orgulhava-me da minha capacidade de focar na minha concentração, no entanto. Talvez não conseguisse relaxar completamente aqui, mas pelo menos podia dedicar minha mente às minhas escolhas futuras de builds e caminhos de upgrade de equipamentos...

— Mmm-mm-mm, hmm-hmm

Veio um zumbido fraco aos meus ouvidos, obliterando toda a concentração.

Neste ponto, parecia que a única solução possível para esse dilema seria se o pilar não suportasse meu peso, me fazendo tombar para trás na tenda. Mas o grosso tronco permaneceu firme, alojado firmemente no chão.

O ataque mental de splash e zumbido continuou sem parar pelos próximos trinta minutos.

 

CONTINUA NA PARTE 3 DIA 17/07

 


Este capítulo foi traduzido pela Mahou Scan. Entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!


 



Comentários