Sputnik Saga Brasileira

Autor(a): Safe_Project


MUTTER

Capítulo 11: Caça aos Traidores

Novos indivíduos surgiram no campo de batalha, quatro no total. Vast os analisou e definiu que eram humanos por causa da falta da aura vampírica. Infelizmente, amigável era uma característica totalmente ausente no semblante de cada um.

— Vocês! Digam de qual família vocês são!!

Vast se retorceu nas correntes. Uma aparente dificuldade em se soltar.

Aquele que aparentava ser o líder deu mais alguns passos à frente antes de continuar.

— Nós aparecemos logo depois de um Transformado, e eu ainda por cima usei as habilidades de uma Maldição pra te capturar. Você ainda tem dúvidas de quem nós somos?

— E você acha que é a primeira pessoa que tenta me matar? A vida de um príncipe como eu já é 90% baseada na ideia de evitar ser assinado a cada minuto.

Tsc! Tanto faz! Sim, nós somos da casa Baskerville — gesticulou intensamente, como alguém que sofre um derrame. — E repito: Você já está morto!

Os cortes se repetiram em outro dos dois capangas restantes. Quando o corpo morto colidiu com o chão, mais três correntes brotaram, finalmente pegando os braços de Vast.

"Entendo. Ele sacrifica alguém pra prender outro..."

Algumas outras observações puderam ser feitas, mas nada digno de ser explicado dado o fato de que todos nós sabemos aonde toda esta situação vai dar.

— Me diga, você é o líder da família?

Kehe! Acha que tá com tanta bola assim? Eu sou só um mero empregado! O líder do esquadrão de abate, por assim dizer. Ninguém na casa considerou você digno sequer de ouvir a voz do líder, então me mandaram no lugar. Mas bem, eu ganhei uma Maldição poderosa recentemente, então já é mais que suficiente pra dar cabo de você.

Uma breve troca de olhares entre os dois. Desprezo de ambas as partes, a diferença era que um tinha misturado aquele clássico olhar de masoquista enrustido.

— Você... já está morto.

O último do trio atrás dele foi fatiado, e as correntes brotaram desta vez para colocar Vast na coleira. Seu tronco, braços e pescoço, tudo estava preso.

Para maior conveniência, o masoquista, digo, o líder do esquadrão explicou:

— Um minuto. Este é o tempo que você precisa ficar preso para que o ritual seja completo. — Não foi necessária a pergunta por parte do príncipe. — Assim que este tempo passar, uma boca irá brotar do chão e te engolir vivo! Nem eu sei para onde ela leva, então tente mandar uma cartinha depois me avisando.

Vast ficou em silêncio, tirando um curto riso vitorioso do inimigo não nomeado. No entanto, apesar de demoradas, as palavras saíram.

— Você... tem algum problema, por acaso?

Um huh!? totalmente indignado pôde ser ouvido, mas nada além disso. Quaisquer outras palavras seriam suprimidas pelas do príncipe.

— Maldições são poderosas, realmente, mas só se você souber usá-las corretamente. — O total de 9 correntes começou a colapsar ao mero mover de seu corpo. — Eu sou um Amaldiçoado desde que me entendo como gente. Acha mesmo que vou perder pra alguém como você?

Sem que se desse conta, o rapaz deu alguns passos para trás. No entanto, nem mesmo sua mais rápida corrida seria capaz de afastá-lo daquela fera.

Todas as correntes se partiram no único longo passo que Vast à frente. Todos puderam sentir o desperdício de potencial — e a possível broxada intensa — que aquele inimigo era.

— Me-Merda…! Você não pode simplesmente fazer o que bem entender!! — Apontou, indignado.

— Eu sou o príncipe, então tecnicamente eu tenho permissão para tudo. — Guardou o nunchaku, apontando apenas com o Atirador Rubro. — E agora, eu sentencio os traidores à morte!

O rapaz deu saltos para trás, chamando por qualquer ajuda que pudesse escutá-lo agora. Infelizmente, nem mesmo qualquer Deus estava ao seu lado neste instante.

Um feixe invisível à olho nu atropelou o ar, sua rápida existência revelada apenas pelo curto estrondo que se fez quando a linha vermelha atravessou a cabeça do jovem, que caiu como uma marionete cujos cordões haviam sido cortados.

"Certo, problema resolvido." Apenas entre algumas aspas.

Aqueles eram, sem dúvida alguma, membros da casa Baskerville. Dado a localização, fazia sentido terem aparecido de tal forma. A casa principal da família era nas proximidades, e só não percebeu mais cedo por causa do foco em recuperar o tempo perdido.

"Será que ainda tenho tempo pra isso?"

Seus punhos ardiam com a vontade de ir de encontro com a face dos líderes da família, mas a distância para a Torre e o tempo restante antes que a maldição lhe matasse eram verdadeiras pedras no sapato.

No fim das contas, Vast olhou decidido na direção de uma cidade próxima, especificamente aquela pela qual os traidores eram responsáveis até então.

"Claro que não vou deixar meu povo nas mãos desses vermes!"

Após isso, virou-se para o nobre que sofreu com a transformação. Infelizmente já estava morto.

— Sinto muito por não conseguir lhe dar um enterro digno, mas prometo que aqueles que lhe fizeram isso irão pagar com as próprias vidas.

Desde o começo isto estava longe de ser apenas uma questão pessoal de Vast. Em qualquer que fosse o reino, traidores deveriam ser executados o mais rápido possível. Porém, ao se tratar de um pacto com vampiros, o nível de periculosidade escalonava para alturas incompreensíveis.

"Melhor continuar andando…" Mirou a direção que deveria seguir. Uma linha reta até a próxima cidade, mas não sem antes olhar para trás.

Todos os cidadãos daquela comunidade lhe observavam, tímidos — Russisch e sua esposa incluídos. Os olhares misturavam admiração e preocupação. O salvador de todos estava prestes a ir para o poço de cobras, cada uma mais venenosa que a outra.

Sendo um príncipe, Vast se esforçou muito para se tornar imune aos mais variados tipos de veneno, mas isto não vinha ao caso.

Ante todas aquelas pessoas, ele não precisou de nada além de um simples sorriso agradecido para se despedir. E, desta maneira, ele partiu em direção à mansão. O objetivo cada vez mais perto, uma contagem regressiva feita pelos dias que lhe restavam antes de ser levado por sua própria maldição.

 

***

 

No fim, um dia inteiro passou. Restavam 12 dias. Graças à potencialização de força da [Mutter], correr até lá havia sido mais fácil do que imaginava, mas o cuidado agiu como limitador para sua velocidade.

Ignorando estes inconvenientes, lá estava ele, na cidade daquela maldita família, bem na situação que esperava.

Seu pai, Vast Los, provavelmente já havia decretado a família como traidores, então a informação já era pública. Os cidadãos pelo jeito já haviam se revoltado contra a família na cidade — o deserto que tudo estava agora —, mas para onde eles foram exatamente?

Desconhecia algum tipo de abrigo subterrâneo. A Igreja Ghost tinha um mega túnel debaixo da terra, isto era algo sabido pela realeza de todas as regiões, mas o lugar não era acessível para ninguém além de Cardeais e Papas.

"Eles tem que estar por aqui em algum lugar…"

A mansão talvez fosse óbvio demais, mas em nada podia duvidar das pessoas que mandaram aquele quarteto incompetente para matá-lo. Ainda sequer acreditava que tinha se livrado deles tão facilmente, mas nunca reclamaria.

Após alguns minutos andando pela cidadezinha e sem encontrar uma única alma viva, a opção que restava era, de fato, a mansão da família. Visível de praticamente qualquer ponto da cidade, ostentava no alto daquele morro as grandes paredes impenetráveis, muros decorados e janelas que permitiam ver um interior tão luxuoso quanto do próprio castelo de Von Legurn.

"A maneira mais prática deve ser invadir num ataque surpresa. Como não sei se realmente são eles ou inocentes lá dentro, melhor evitar qualquer grande destruição."

Se tivesse uma forma de ter certeza, poderia apenas usar o Atirador Rubro à distância para causar danos em pontos cruciais da estrutura, ocasionando no desmoronamento e assim esmagar todos que lá estivessem. Porém, o destino nunca seria tão bom assim.

Deu um passo adiante, decidido. Combinaria o nunchaku com o Atirador e arrebentaria o rosto dos malditos que tanto feriram seu futuro reino e súditos.

— Ei, você de roupa chique… — Era sua pretensão até esta voz surgir. — Tá indo pra onde?

Vast se virou e lá estava ele. No fim da rua pela qual seguia surgiu um jovem rapaz, talvez com a mesma idade que ele. Vestia roupas leves e um sapato estranho, com o que aparentava serem pinos de ferro na sola. O short um pouco curto destacava o fenomenal par de coxas, enquanto a camisa toda suada se colava ao corpo para exibir um físico invejável. Estampado naquele tecido branco, não um número, mas a letra T.

— Quem é você? — perguntou, nenhuma aura de Vampiro à vista. Era sem dúvidas uma pessoa normal. — É um morador? Sabe onde estão os outros?

— Não se preocupe, eu vou responder todas as suas perguntas. Isto é… — Ele fez um jogo de pés sinistro, uma malemolência que impediu Vast de descobrir de onde surgiu a bola de futebol ao seu lado. — Se me vencer num Gol a Gol, príncipe Vast.

"Um Amaldiçoado!" Puxou o nunchaku e entrou em posição defensiva. "Outro membro da família, eu imagino. Merda! Ele já deve ter me puxado para alguma habilidade, é perigoso demais atacar agora!"

Analisou os arredores, nenhum sinal de mudança. Talvez algo que exigisse uma ação específica do príncipe. Era impossível descobrir. O melhor cenário teria sido pegar aquele rapaz desprevenido e acabar tudo num golpe só, mas como agir quando o contrário acontecia?

— Gol a Gol? O que quer dizer com isto?

— Ora! Vamos lá, não me diga que não sabe o que é isso, princepezinho!

Notoriamente ele tinha noção, afinal era um esporte popular entre as crianças. O problema era o fato do rapaz querer atrasá-lo. Queria simplesmente começar o jogo de uma vez para sair de qualquer que fosse a Maldição, mas era uma ação perigosa. Antes disto, tinha que tirar algumas informações do oponente.

— Diga-me as regras do jogo. Obviamente eu não posso jogar algo injusto, então espero que tenha o mínimo de decência e faça algo equilibrado.

O rapaz deu um sorriso ansioso — um toque do masoquismo do último amaldiçoado.

— É bem simples. Jogaremos num campo de futsal, cada um defendendo seu próprio gol, assim como no jogo básico. Quem fizer 30 gols primeiro ganha, não importando a diferença de pontos. Claro, intervenções que sejam consideradas externas ao próprio jogo vão resultar em eliminação imediata.

Vast franziu o cenho. — E quanto ao perdedor?

O rapaz alargou o sorriso e disse: — Vai para a coleção!

Ele virou de costas, exibindo marcas no tecido branco que, mesmo à distância, Vast foi capaz de reconhecer. Semelhantes à emblemas militares que caberiam na palma de sua mão, se estendiam da gola da camisa até quase a barra. Incontáveis rostos humanos.

Antes que o príncipe contestasse, o rapaz continuou:

— Estes são todos que tentaram me derrotar antes de você. E olha só! Ainda tem espaço para pelo menos mais uns dez rostos! — Inclinou o corpo para frente em busca de apreciar o rosto pálido do príncipe. — Que pena, não é? Você, um príncipe, será apenas outro entre vários rostos nesta camisa!

— Quem liga?

— O quê?

O olhar de Vast se estreitou ao mesmo passo que a testa enrugou. Uma aura passou a ser expelida de seu corpo, uma que apenas outros Amaldiçoados eram capazes de sentir.

— Quem liga para o quão importante eu seria? Você fez mal aos meus súditos, e com isso extinguiu toda e qualquer chance que poderia existir de eu te perdoar. Em outras palavras… — Num movimento rápido, começou a aplicar sangue no nunchaku. — Você pediu pela sentença de morte.

Hoo~! Um gemido animado foi o sino para o início da coisa real.

— Vamos ver por quanto tempo esta confiança se mantém, príncipe Vast.

O chão começou a mudar. A terra substituída por concreto áspero, pintado de forma que imitasse um campo de futsal. Atrás de cada um deles, um gol também apareceu, junto de uma contagem acima do meio de campo, onde uma foto de ambos ficava logo acima do número 0, indicando a quantidade atual de gols.

Vast esticou o nunchaku, as correntes rubras firmes o bastante para parar qualquer que fosse a bola que viesse em sua direção. Contra um Amaldiçoado cujo potencial ele desconhecia, a luta começava agora!

 

 


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