Sputnik Saga Brasileira

Autor(a): Safe_Project


72 SEASONS

Capítulo 6: Conhecidos

— Me responda! Quem é o seu Mestre?

Mesmo o poder do 9° Selo foi incapaz de responder sua pergunta sobre o novo Papa anteriormente, o que confirmou que este tinha alguma relação com o maligno — vampiros —, ou talvez tivesse uma Maldição que interferisse, quem sabe.

Desta vez, com o Quinquagésimo Quarto (54°) Selo, a história poderia ser diferente, sem contar que também mudou a abordagem. Ao invés de Papa, descobriria com qual vampiro estava lidando, assim sendo capaz de…

Meu Mestre é o ******.

— Como é?

Meu Mestre é o ******.

Após isto, a alma desapareceu. Ah, merda! Rag acidentalmente fez duas perguntas, o limite concedido pelo Selo em questão.

"Mesmo assim eu ainda não consegui descobrir? Por quê? É realmente um Amaldiçoado? Não, faria mais sentido se fosse um vampiro."

Nunca teve problemas iguais. Tanto 54° quanto o 9° funcionavam perfeitamente, sempre respondendo exatamente o que perguntava. O que tinha de especial nesta situação?

"Talvez se eu tentar usar duas habilidades ao mesmo tempo… Não, mas o que eu poderia juntar neste caso?"

Refletiu por uns breves segundos, a realidade invadindo sua mente outra vez na forma de uma intensa dor de cabeça que começou do nada. Usou dois selos sem perceber, agora inundado de conhecimento inútil.

.

.

Passou-se mais ou menos cinco horas até que a dor passasse, enfim permitindo que pegasse o item que queria dos robôs. Uma curta procura bastou para localizar um encaixe perfeito da chave, cujo imediatamente abriu uma porta ao ser ativado. O alívio indescritível de ver um horizonte, mesmo que fosse uma linha reta com metal do chão ao teto.

Outra vez, era hora das pernas trabalharem. Não tinha noção alguma de quanto tempo já havia se passado, se preocupou tanto com outras coisas que havia se esquecido do limite de 20 dias até sua Maldição lhe matar.

"O quão longo é esse lugar?"

Na superfície, uma viagem até a Torre demoraria cerca de 15 dias se feita a pé, mas todo o alto clero, Rag incluído, sabia que algum efeito jazia sobre o Corredor Sagrado, um que permitia o indivíduo chegar até a Torre em metade deste tempo ou até menos. Basicamente, o suficiente para que não morresse de fome antes de chegar no final.

"Talvez seja isso que me impede de usar os selos para conseguir respostas, algum tipo de interferência que cobre essas paredes."

Um aviso anterior do demôniozinho lhe veio a cabeça. Havia dito que a estratégia de usar o 33° Selo para teleportar os inimigos para longe não funcionaria mais, o que era uma pena, pois seria a melhor maneira de evitar combates perigosos.

"Melhor parar de ficar pensando nisso." Era o melhor caminho. O passado era irreparável, então remoê-lo apenas atrasaria sua evolução.

Nunca pensou que diria ou pensaria isto, mas teve o prazer de andar por algumas horas sem encontrar uma única alma viva em seu caminho.

O disparo de canhão da Indulgente que enfrentou havia acertado de raspão sua cabeça, mas nada que precisasse se preocupar. Na verdade, apesar de poderosos, nenhum de seus Selos tinha alguma propriedade capaz de curar ferimentos, então tudo que poderia fazer se levasse um golpe fatal seria cruzar os braços e esperar as entidades do outro lado lhe levar para o local merecido.

Por hora, a regeneração natural de seu corpo bastaria, mas a questão residia em sua mente: por quanto tempo?

Após cerca de três horas andando, seus olhos avistaram um novo obstáculo. Para a sua alegria, era uma parede totalmente diferente da do cômodo com os robôs.

A fachada de uma casa bem humilde. Do lado direito havia uma janela, cujo vidro revelava um fundo falso — o desenho de um horizonte radiante feito com os traços de uma criança de cinco anos. Na esquerda havia um pequeno canteiro de flores dotado de um anão de jardim com cara de abusador. A parede era de pequenos tijolos, com seu próprio charme. Por fim, a porta de madeira foi convidativa o bastante para que Rag agarrasse a maçaneta e, com calma, abrisse seu caminho.

Ao contrário de um cômodo apertado, o ambiente era aberto, e ao invés de vazio como todo o corredor até então, diante de seus olhos surgiram várias pessoas. Exato, pessoas! Nenhuma aura de vampiro podia ser visto em canto algum, apenas vários homens e mulheres trajados como pedreiros, realizando um intenso trabalho braçal.

Rag ficou paralisado na entrada por tanto tempo que foi preciso um homem aleatório se aproximar e perguntar:

— Está bem, rapaz? Hum Pelas suas roupas eu diria que você acabou de chegar. Qual o seu nome?

— Eu…? Er — Alguns segundos se passaram. Quando processou toda a informação ao seu redor, respondeu: — É Rag, Rag Forge.

O homem pareceu ter um estalo na cabeça ao ouvir o nome.

— É você? Ora, não seja tão acanhado! Venha, tem uma pessoa te aguardando aqui.

— Alguém me esperando?

Não conseguiu pensar em ninguém. Nenhum dos colegas da Igreja com quem conviveu no passado estavam vivos, e também era isento de qualquer interesse romântico no momento. Talvez fosse seu pai, por mais que nem saberia dizer se era realmente ele, já que nunca o conheceu. Porém, foi longe de qualquer coisa capaz de pensar.

Em poucos passos o homem de nome e aparência ignorável lhe guiou para uma cabana montada rente a uma das paredes de metal do corredor. Atrás da bancada — esta cheia das mais variadas ferramentas — estava a famosa milf de longos cabelos escuros e olhos azuis inconfundíveis, estes cujo azul profundo foi substituído pelo cristal das águas mais claras ao encontrarem os seus.

— RAG!!

— MÃ… MAMÃE!??

Ela usava uma roupa semelhante aos outros, um macacão cinza isento de detalhes. A única coisa que lhe diferenciava dos outros era sua localização e o fato de estar limpa.

— MÃE, O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI, OU MELHOR, COMO CHEGOU AQUI?

Ara~! Eu estava apenas preocupada com meu filhinho, já que ele saiu sem falar absolutamente nada para a pessoa que mais se preocupa com ele.

O tom cujo sentimento era ao mesmo tempo palpável e indescritível sempre seria sua maior fraqueza.

Urgh! É-É… tem razão, eu sinto muito… desculpa.

A mão macia e calorosa afagou sua cabeça, quase fazendo o corpo ceder de tão relaxado que ficou.

— Está tudo bem, eu já estou aliviada de te ver vivo.

— Mamãe… — Ele torceu os lábios, segurando as lágrimas.

— Além disso, eu tive a oportunidade de conhecer este simpático moço! — A mão que afagava o filho juntou-se à outra para envolver o braço musculoso do homem ao seu lado. — Você sabia que ele é um dos inventores mais renomados de toda terra de La Ser… Bonk!

O ataque de uma frigideira contra a cabeça da mulher foi o bastante para que se afastasse.

— CASADO! — disse a dona da voz. — Inventor renomado e CASADO. Entendeu?

A mulher da frigideira afastou com sucesso a rapariga, tendo de permanecer ali até ter certeza de que os "ânimos" da outra haviam se acalmado.

O homem deu uma longa risada, puxando a esposa para perto antes de encarar Rag.

— HAHAHA! Você ouviu ela, meu jovem. — Convidou para um aperto de mão, aceito. — É um prazer, pode me chamar de Russisch.

— Ra-Rag Forge, é um prazer!

Recuperada da pancada, Amelia voltou a falar — à uma distância segura da esposa do homem.

— Bem, de qualquer forma, querido, eu fiquei sabendo que você havia entrado neste lugar, então eu vim aqui com a intenção de ajudá-lo de alguma forma e acabei encontrando estas maravilhosas pessoas.

"Novamente, como você chegou aqui?"

Seus questionamentos nunca seriam respondidos, a única ação de sua mãe ante o semblante confuso foi entregar uma marmita com comida quente.

— Você parece estar faminto, então coma tudo isto antes de continuar!

Passou longe de recusar. Os bolinhos e o café de antes acabaram lhe deixando com mais fome além de tê-lo desmaiado, só o cheiro da comida já fazia o estômago roncar. No entanto, uma discussão mais importante precedia sua alimentação.

— Sr. Russisch, você é algum tipo de líder por aqui, não é? Podemos conversar um pouco?

Ele concordou na hora, guiando o Cardeal até um banco de madeira mais isolado da multidão, uma pequena planta em um grande vaso residia ao lado, aconchegante. Quando se sentaram, Rag iniciou:

— O que você e todas estas pessoas estão fazendo aqui?

Hum Inicialmente fomos chamados aqui para fazer reparos nas paredes do túnel. No entanto, depois que terminamos, percebemos que o Corredor havia ficado diferente. Não importava o quanto andássemos, sempre acabávamos de volta onde começamos. Apareceram alguns vampiros, mas conseguimos derrotá-los com a ajuda de todos. Na verdade demos sorte de que eram vampiros fracos.

"Droga, será que estão sendo mantidos aqui por minha causa?!" Engoliu seco. — Você sabe quem é o mandante de tudo? Eu estou tentando descobrir há um bom tempo, mas até agora não consegui nada.

O rosto despreocupado do homem falava por si só. Estava preso ali esperando por ajuda, mas com um largo sorriso no rosto. De onde vinha tanta alegria?

— Eu não sei quem ou o porquê de ter feito isso, mas eu sei que tudo vai dar certo. — Cruzou os braços, triunfante. — Eu mesmo só estou aqui agora graças ao Príncipe Vast, tenho certeza de que ele vai dar um jeito.

Teve um choque. O nome ressoando várias vezes na cabeça antes do pensamento ser processado de fato.

"É verdade! Como eu pude me esquecer disso…!"

Aquela pessoa! Com tantas informações e conspirações jogadas em sua cara, esqueceu que sua primeira motivação para entrar no Corredor nestas condições foi para encontrar Vast Los Filho no fim da caminhada. Sequer sabia qual era a situação atual do príncipe, mas a vaga chance de alcançá-lo lhe motivava.

Apesar de não dizer em voz alta, adoraria encontrá-lo para que ele salvasse toda a situação. Vast era um rapaz forte e corajoso, literalmente o seu total oposto. Se fosse ele nesta situação, era possível até que já tivesse chegado ao fim do Corredor. Sim, se fosse ele…

Tap! As mãos calejadas de Russisch pressionaram contra seu rosto. A realidade batendo como uma parede, mas desta vez havia alguém do outro lado desta.

Ah! Foi mal, sua cara dizia que você precisava disso — disse um Russisch sorridente, cruzando os braços.

— Di-Dizia? — Esfregou as bochechas, confuso. — Hum Me diga, vo-você também conheceu o Príncipe Vast?

Oho! Então somos ambos conhecidos dele? Bem, digamos que ele salvou minha vida e me deu uma ajuda para voltar a trabalhar como inventor há um certo tempo. E você? Como o conheceu?

Ah Eu só o visitei quando era mais novo. Éramos ambos crianças, então duvido que ele se lembre de mim caso nos encontremos.

Se encontrarem? A pergunta do homem clamava por uma resposta, sua grande hospitalidade até então foi outra coisa que impediu Rag de recuar.

— Eu… Eu pretendo chegar ao final deste Corredor e alcançar a Torre. Foi-me informado que o Príncipe Vast chegou até lá, e eu preciso da presença dele para impedir que uma guerra entre a Igreja e o lado Oeste de La Serva se inicie. — Percebeu Russisch conter um grito de surpresa, e continuou antes que ele falasse alguma coisa. — Mas… Suspiro! O Príncipe Vast é uma pessoa incrível, ele não apenas derrotou vários vampiros, mesmo sem confirmação, tenho certeza  de que foi ele quem derrotou o Vampiro Original há alguns meses. Eu sou um imbecil de pensar que vou conseguir ser igual ele.

Houve um breve silêncio pela parte de Russisch, até que este respondesse com um suspiro equivalente ao seu:

— É, realmente você é bem imbecil de pensar isso… — A honestidade atravessou seu peito como uma faca, causando mais dano do que toda a luta contra a vampira na sala dos robôs. — Não tem como ser alguém que você não é, isso deveria ser óbvio, rapaz.

Foi a vez do Cardeal ficar em silêncio. Seu olhar direcionado ao inventor foi o sinal de que ele poderia continuar. Com um sorriso, ele o fez:

— Eu não fiquei muito tempo ao lado de Vast, mas mesmo um único segundo com ele já é o suficiente para entender que aquele rapaz é de outro mundo, quase que literalmente. Mesmo nas piores situações ele continuava lutando, independente se fosse cercado, preso numa armadilha ou até engolido pelas chamas, não é exagero dizer que ele talvez seja imune ao medo…

Outro nome para isso seria "sem noção", mas foi um complemento perdido no meio da conversa.

— Vast com certeza é um dos lutadores mais fortes que eu já vi, mas com certeza não é mais forte de todos.

— O quê!? Se ele não é o mais forte, então… quem é?

— Ninguém, hahahaha! Essa coisa de "quem é o mais forte" não existe de verdade. Eu estou vivo há um bom tempo, garoto, e se tem uma coisa que eu entendi sobre esse mundo em que nós vivemos é que não existem pessoas mais fortes do que outras, mas sim aquelas que são mais espertas.

Então era isso o tempo todo? Bastava ler um livro aqui e ali? Bem, claro que não, mas apesar de ter sido dito num tom cômico de tiozão, foi um pensamento que Rag guardou em sua cabeça.

— Por curiosidade, o que aconteceu depois que viu o príncipe Vast pela última vez?

HumTinha se passado alguns dias desde a última vez que Vast apareceu na minha aldeia, tipo uns dez dias, mais ou menos. Depois de um tempo, uma mulher alta de olhos verdes apareceu falando que um vampiro Original havia sido derrotado, e que então ela estaria cuidando da Região Oeste a partir de então, mas ela não chegou a dizer o nome dela.

"Uma mulher que assumiria o comando do Oeste? Ela estava falando do Reino de Von Legurn? Não, as pessoas teriam espalhado o fato de uma mulher desconhecida ter assumido o trono, então quem poderia ser?"

Várias memórias inundaram sua mente uma após a outra, desde reuniões sigilosas até o encontro com pessoas em mais diversas ocasiões. Quase foi possível ver fumaça saindo por seus ouvidos.

Russisch notou a concentração do rapaz, aproveitando esta deixa que tanto aguardava desde que Rag contou seu objetivo.

— Sendo você alguém que deseja ajudar o Príncipe, eu não posso deixar você continuar o caminho sem algum tipo de preparo extra. Espere bem aqui, por favor!

O jovem nem ouviu, imerso em seu próprio mundo.

"É isso! Eu lembro de ter sido dito em alguma reunião que um dos quatro vampiros Originais era uma mulher!! Vampiros são territoriais, e se um Original morrer, é claro que outro vai assumir as terras dele para si! Para tomar o controle do Oeste, tem que ser ela!!" Virou-se para o inventor. — Russisch, como era a mulher que você viu??

Ninguém, estava abandonado no banco. Até chegou a avistar o homem de volta em sua barraca, gritando intensamente enquanto martelava uma barra de ferro escandescente com grande ferocidade, ao mesmo tempo, sua esposa vigiava a mãe de Rag, a frigideira ainda em mãos.

"Acho que é melhor não atrapalhar…"

Perguntaria sobre tudo depois que os ânimos se acalmassem. Por enquanto, decidiu aproveitar este descanso — desta vez não era uma armadilha — que lhe foi concedido. A comida de sua mãe estava uma delícia, como de costume, tanto que chegou a adormecer após terminar.

A viagem pelo Corredor continua, a Torre Divina cada vez mais perto, assim como aquele que a protege.

 

 

 

                                                                                                    

54° Selo: Pega uma alma falecida e faz com que ela responda duas perguntas do magista

9° Selo: Descobre tudo abaixo da terra e da água / Invoca familiares / Responde tudo que o magista quer


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