Sonhar Brasileira

Autor(a): Caetano F.


Volume 1

Capítulo 7: Corcéis Negros

 

Anátema do Prisioneiro
0,1%
Tudo sempre tende a piorar.
 O bom sempre será o presente e o melhor sempre será a lembrança!

Estágio: Magnus

Tipo: Caminho

Recompensas:

0% - Talento: Falha do Importuno

...

Futuras recompensas só podem ser visíveis no avanço do sonho.

Descrição do Sonho:

Outrora, um mal nasceu de uma falha. Os céus se quebraram e uma mãe que deveria ter perdido seu filho deu à luz. O Mundo, o negou, taxando-o como uma falha, mas ele fez seu nome contra o Mundo. Jurando um dia, fazê-lo pagar por todo seu sofrimento.

Porém, um maltrapilho torturado, tirou sua chance de vingança, se apoderando de seu sonho com sua adaga gasta. Agora, ninguém se lembrará de seu nome, nem mesmo em sonhos.

Apenas um prisioneiro.

Um fim indigno a um ser indigno.

 

Aba estava perante os olhos de Ezkiel que lia devagar e com atenção o primeiro sonho coletado. Não havia felicidade nesse feito, apenas uma tristeza e dor que corroía o que restava de sua mentalidade. Ainda paralisado, clicou na tela com a intenção de ver melhor o novo talento.

 

Falha do Importuno

Aqueles nascidos pela quebra não merecem misericórdia desse mundo. Pelo bem de todos devem ser extinguidos.

Função: Onde quer que vá, o Caos o acompanha, mas o Mundo o rejeita.  

 

“Que merda é essa? Por que isso de alguma forma seria útil para minha sobrevivência?”

Após um leve pensamento. Ezkiel tirou a faca do corpo do prisioneiro, enquanto refletia sobre as últimas falas do homem.

“Me perdoe por lhe passar esse fardo? Filho da puta! Isso era uma armadilha? Vou ser caçado por quem quer que seja esses tal de acólitos do fragmentador?”

Batendo a mão ruim contra cabeça, sentido toda a dor do seu ombro lacerado, uivou de raiva.

“Esses talentos são todos uma merda? Que tipo de sonho é esse? Falha do Importuno, Torturado... Ainda me vem com toda uma historinha de maltrapilho torturado... Isso não acaba nunca?”

 

Despertar disponível em 35 min

 

“Parece que não.”

Sem saber o que fazer e querendo distanciar-se do corpo morto. Ezkiel continuo vagando pela escuridão, seguindo o caminho oposto das correntes. Encarou pela última vez o corpo morto, com um misto de raiva, dúvida e tristeza. Não sabia ao certo se tinha sido enganado ou não, estava cansado demais mentalmente para pensar em todos os efeitos de suas escolhas. Sabia apenas que isso logo acabaria. Sairia desse sonho e quebraria o maldito filtro até não sobrar nada.

No caminho de volta pela escuridão, tentando esquecer a dor que latejava por todo o seu corpo e a tristeza que vinha de ter matado alguém em seu primeiro sonho. Refletia sobre as informações que havia descoberto sobre esse sonho e como isso funcionava.

“Isso parece a porra de um daqueles jogos da Maeve, em que você fica mais forte com habilidades, que são esses Talentos, mas esses talentos não me ajudam em nada! Parece uma grande piada de mal gosto que minha própria cabeça fez. Sem falar nesse mundo bizarro, entre fragmentados, fragmentadores, Arques, Magnus, Outros, Sem alma...”

Um sentimento de urgência voltou a surgir em seu corpo. O desconforto crescia aos poucos até chegar ao seu estopim.

“Do que isso tudo importa? Só sei que preciso sobreviver.! E nem eu sei o porquê quero tanto isso. Só sei que preciso! E logo vão chegar os tais acólitos porque eu quebrei a merda de um portão.”

Ekziel bateu o pé contra o solo, a cabeça estava começando a doer novamente. O sentimento de urgência perfurou a coluna vertebral arraigando pelos nervos. De novo, algo interno ao ser começava a lhe mover, da mesma forma que buscava sobrevivência, o sentimento de perigo era profundamente motivado pelo corpo.

O medo súbito sobre os denominados acólitos percorreu os seus instintos, um sentimento antigo de desespero. Era racional entender que aqueles que prenderam o prisioneiro, até mesmo poderia matá-lo, fariam o mesmo com ele. Ainda mais agora, que havia matado o homem e coletado seu sonho.

Ao aproximar-se da luz, sua boca tornara-se mais seca. O coração pulsava desesperadamente e a vontade de sobreviver guiava seus sentidos como um cervo na cova de lobos.

A primeira coisa que notará ao retornar para as paredes lisa da prisão foi a falta dos seres horrendos conhecidos como outros. Por sorte, eles não estavam lhe esperando pois ele não saberia o que fazer contra aquelas criaturas. Aos poucos, a visão escurecida pela cela umbral do prisioneiro, voltou a acomodar-se no escuro padrão dos corredores. A volta de sua visão deveria ser um alívio para os seus sentidos, mas apenas deixava-o ainda mais inquieto. Suor frio emergia de seus poros e o sangue mal coagulado voltava a pingar sobre os trapos e correntes.

Seguindo em direção ao fim do corredor, na mesma escadaria que havia chegado, sentiu algo pegajoso sobre os pés. Desconfortável com o sentimento gosmento, passou de leve a mão sobre a substância que tinha um cheiro forte de ferro e especiaria. Similar a canela e outros temperos do sudeste asiático.

“Outros...”

A euforia que não lhe deixava pensar se intensificou, ofegando aos poucos sua respiração silenciosa. Parecia que todo o terror que havia passado pela fuga contra essas criaturas voltava.

Subiu o mais rápido que pode as escadarias. O cheiro de especiaria se intensificava em suas narinas enquanto o muco gosmento banhava todos os degraus.

Antes que percebesse havia chegado a outro andar, um em que não havia pisado, pulado em sua queda abrupta pela escadaria. O local estava vazio, mas o cheiro de especiaria aumentava sufocando a respiração. Ezkiel não gostaria de seguir esse caminho, mas que eles que escolha ele teria?

As escadas superiores estavam quebradas e voltar ao andar de início não parecia muito lógico, pois sabia que o maldito que o deixara para morrer havia vindo para essa direção. Então, deveria haver uma saída.

“Ou ele quebrou as escadas para as criaturas não passarem.”

Pensou em um calafrio intenso.

Em bufadas de exasperação seguiu rumo ao corredor a frente. A adaga banhada em sangue pendulava sobre a mão esquerda e o braço direito se posicionava contorcido para frente, aguentando a dor.

Os pés grudentos ecoavam um barulho desagradável pelo corredor. Entretanto barulho estava tornando-se menor com tempo. O som de ecos estava diminuindo. E, uma luz familiar surgiu a frente, colírio para os olhos cansados da escuridão.

 O brilho da lua, sua antiga companheira de cela refletia sobre o corredor mais forte do que jamais vira nesse sonho. Correu em frenesi, e lá estava ela, uma abertura que levava ao brilho lunar e a saída.

Era um grande buraco em uma cela a direita, bem similar a sua, porém toda a parede estava destruída, derrubada por algum tipo de golpe pesado que desmoronara grande parte do solo junto.

Ezkiel encarou a cena, admirando a vista. A lua brilhava grande no céu noturno, acalorando sua vista com boas-vindas. Abaixo, estava uma grande cidade devastada. Os prédios eram similares a um estilo vitoriano com detalhes medievais. Os detalhes eram difíceis de serem visíveis pela destruição e a distância.

O maior marco era grande torre de sino ao fundo, que parecia levemente destruída, o sino do topo estava faltante caído sobre uma mansão a sua direita. As ruas pareciam estreitas, completamente sujas e escurecidas pelo abandono.

Próximo a grande torre, Ezkiel conseguiu ver um pequeno foco de fumaça, onde podia notar-se alguns enfoques de luz.

“Ainda existem pessoas aqui...”

Podia se ver a cidade inteira da altura em que estava. A prisão era a segunda construção mais alta da cidade, perdendo apenas para a torre do sino.

Entretanto, um sentimento de perigo ecoou em seu coração. Estava em uma enorme cidade fantasma, completamente abandonada, esquecida por anos. Mas conseguia ver uma carruagem azul noturno, guiada por dois corcéis negros atravessando pelas ruelas destruídas. Ao aproximar-se vários vultos carmesim emergiam das estruturas da cidade acalentados pelo pavor. Até mesmo as monstruosidades horrendas, os Outros, perceberam o perigo que se aproximava.

O coração de Ezkiel pulsou forte dentro do peito ao perceber que a carruagem adentrava uma rua principal que seguia em direção a prisão.

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