Volume 1
Capítulo 27: Uma amostra do que está por vir (versão antiga)
Após toda a batalha, todos estavam exaustos e sequer se aguentavam de pé. Lucy sequer tinha energias para curar os ferimentos de todos ali, a única de pé era Mary, que é a que recebeu o chamado de Mike, já que o restante havia desmaiado.
— Bom trabalho, vocês conseguiram. – ele dizia, relaxando no sofá.
— É... Acho que sim. – Mary respondia ofegante, limpando o sangue de seu rosto e levantando-se com dificuldade.
— Tivemos algumas baixas, mas por agora, a vila está segura. Só é uma pena que não temos os corpos de Daniel e Claire... Vamos tentar pelo menos fazer um funeral. – Mike dizia, suspirando e coçando os olhos.
— Tudo bem... – ela respondia, se perguntando por onde iria começar.
— Mary, me diz, essa não foi sua melhor performance, não é? Não que eu esteja criticando o fato de você ter aceitado ajuda, mas... Diz aí. – Mike perguntava, pensando um pouco. A albina, apesar de exausta, talvez até mentalmente, tentava responder enquanto ia na direção de Ethan.
— Não, eu já fui muito melhor. Sinto muito, mas eu não sei responder porque eu enferrujei tanto. – ela olhava para sua própria mão, que por debaixo da braçadeira, era cheia de calos e cicatrizes.
— Eu tenho uma teoria. Já parou para pensar que o equipamento que você usa suga sua energia vital? Fora que, você interrompeu sua busca por dois anos pra poder treinar o Ethan. – Mike dizia enquanto pegava um sanduíche na mesa, podendo enfim comer aliviado.
— Não, não deve ter sido o Ethan, tem que ter algo mais. – ela chegava ao lado do menino e tentava o acordar. Ele ainda estava respirando e seu coração batia normalmente, porém ele realmente não parecia conseguir acordar por agora.
— Bom, cuidado hein, sua fama vai sumir desse jeito. – Mike dava uma risada sútil.
— Quem que gosta de ter um título assim? Eu só assustei o Ethan. – o que restava para ela era aguardar pelo menos um deles acordar.
Longe dali, atrás de um estabelecimento destruído, uma figura que parecia ter cabelos brancos e compridos, vestia algo semelhante a um terno e, mesmo escondido, nunca perdia sua postura elegante e nobre. Ele parecia intrigado com a cena que estava vendo e então saía andando em direção ao horizonte.
Outra figura, atrás de outra construção, dessa vez alguém que, apesar de ficar em pé igual um humano, tinha orelhas, pelos, cauda e até os olhos de um felino. Pelas roupas, que eram um jaleco de cientista, porém com calças e tênis de corrida, juntamente de uma mochila que carregava no ombro, a figura era exatamente o que aparentava, e ele também sorria e saía andando dali.
Mary por um momento, enquanto aguardava, acabava sentindo duas energias singulares estranhas, porém foi algo muito rápido, e quando a albina percebeu, ela parou e ficou olhando apreensiva para os lados, até se passarem vários segundos e nada novamente. Ela entendia que estavam sendo observados, e que talvez isso implicasse em algo mais para frente, mas agora ela tinha coisas a priorizar.
— Me aguardem... Heróis. – ela sussurrava.
Ela pensava se deveria realmente fazer isso e acabava retirando de sua mochila um pacote de cigarros, fazia um tempo que ela não fumava, mas desde que começou sua jornada, ela tem tido essa tendência. A albina pegava o isqueiro da bolsa de Ethan e abria o pacote, colocando um na boca.
Mary primeiramente se perguntava se ainda sabia fumar, então ela acendia o cigarro e pelo visto ela se acalmava mais ainda, após isso ela soltava a fumaça pela boca, enfim compreendendo porque havia parado com aquilo: o cigarro a deixava relaxada, e depois que ela encontrou o Ethan, ela precisou ser ainda mais atenciosa a tudo.
Mary então olhava o objeto em seus dedos e pensa que ainda não era hora de voltar para ele, não enquanto seu pupilo estivesse aprendendo, e ela jogava o cigarro no chão.
Três horas se passavam e finalmente David e Lucy acordavam, eles se olhavam, olhavam para frente, aquela poça gigantesca onde o Carniçal anteriormente havia explodido, e viam Mary sentada no chão, servindo de travesseiro para Ethan, que ainda estava em sono profundo.
— Vocês têm sono pesado. – Mary dizia para os dois.
— Quanto tempo desmaiamos? Ninguém aproveitou que a gente tava vulnerável, eu vou chamar isso de sorte. – David dizia e se levantava.
— Fala mais, logo logo chega um Herói aqui dizendo: “Me chamou?” – Lucy dizia de maneira debochada, David bagunçava os cabelos dela como punição e eles ficavam embaraçados por causa do sangue nele.
— Mary, Claire e Daniel, não vamos conseguir leva-los pelo visto né? – David perguntava, e alvina acenava negativamente, fazendo-o suspirar. – Tá... Tudo bem. Bom eu acho que é hora de voltar, vai querer outra massagem, meu bem? – ele dizia e já se posiciona na moto.
— Pode parar de me expor? – Lucy respondia e subia na garupa da moto.
Mary então acordava Ethan e o menino, mesmo com sono, subia na garupa da moto e o grupo se preparava para ir embora daquele local.
— Bom trabalho vocês todos. – Mike dizia mentalmente para o grupo. – O Bruno quem disse.
— Ah, Bruno. Bom... Foi em prol da vila, quem agradece é a gente por continuar nos aceitando aí. – Lucy respondia.
— Não importa a origem da pessoa, se colaborar para manter, eu irei permitir. Ah, Mary, eu preciso conversar com você quando chegar. – ele dizia e encerrava o contato.
O grupo acelerava as motos e partiam daquela cidade em ruínas que agora estava cheia de cadáveres. Mary olhava para trás e pensava em como era aquele local antes da sua destruição, e que também implicava em uma dúvida que um dia Ethan fez a ela, sobre onde estariam os singulares mais fortes, aqueles capazes de trazer cidades ou até um estado inteiro à destruição.
Enfim, o grupo quase não conversou durante a volta, estavam extremamente cansados, porém, Lucy começou com um assunto.
— Mary, o que pretende agora? – ela perguntava. A albina ficava um pouco pensativa a respeito, e também olhava para Ethan atrás dela, que ainda dormia em suas costas, e estava amarrado para não cair.
— Vou conversar direito com o Bruno. Imagino que vocês irão me ver ainda por um tempo na vila. – Mary dizia e voltava a olhar para frente.
— Não acho tão ruim isso, não é, David? – Lucy respondia com um sorriso sútil, com esperança de que Mary se tornaria mais aberta com eles.
— Humph... – David apenas vira o rosto, não querendo responder.
O grupo enfim chegava na vila dos Cicatrizes, Bruno e Alex já estavam na entrada dela para os receber. Primeiramente eles ficavam assustados com o tanto de sangue que o grupo tinha em todo o corpo.
Assim que eles paravam as motos, Alex era a primeira a ir ver como estavam, a loira tentava falar algo para Mary, que quando olhava de volta e a singular observava aqueles olhos cinzas, penetrantes e ferozes, além de ficar um pouco intimidada, ela sentia seu coração até mesmo batendo mais rápido e seu rosto ficando avermelhado. Alex então dava meia volta encabulada.
Lucy e David acenavam para Bruno, o singular gélido pegava Ethan no colo e o levava para a casa de Mary acompanhado da ruiva enquanto a albina ficava para conversar com o líder.
— A gente conversa depois, tá, Mary? – Lucy dizia, agora sem um olhar de desprezo.
— Não derruba ele. – Mary dizia para David, que só fez um gesto, como se dissesse para a albina não esquentar a cabeça com isso.
— Mary, de novo, eu fico muito agradecido pela ajuda. A vila tá segura novamente por agora. – Bruno estendia a mão e a moça apertava.
— É parte do trato. Não foi nada. – Mary responde, ainda mantendo a expressão neutra dela. Bruno olha a albina cheia de sangue pelo corpo.
— Claro. Bom, é parte do acordo, vocês dois poderão ficar aqui, só que, eu também devo lhe lembrar, Mary, para ter uma equipe para enfrentar os Heróis, cabe a você os convencer. Eu sou um líder, não um tirano para os obrigar. – Bruno dizia enquanto ajeitava as mangas de sua camisa, revelando que ele também era bem definido, mesmo não aparentando fazer exercícios para combate.
— Eu sei. Ainda... Estou trabalhando nisso. – Mary dizia enquanto olha para David e Lucy.
— Bom, só vá com calma. Eu já sinto que é muito arriscado te ter aqui, mas não dá para negar sua ajuda nesse momento, os Heróis estão avançando cada vez mais suas fronteiras, estão inclusive contratando grupos afiliados a eles para facilitar esse processo. Se for o caso, vamos precisar de toda a ajuda necessária para garantir a segurança. – Bruno alertava, um pouco nervoso sobre e até pensando o que deveria fazer.
— Vou estar pronta. – Mary dizia.
— Espero. Bom... O que tem em mente por enquanto? – Bruno perguntava e Mary começava a pensar em possibilidades.
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Um lugar distante dali, em uma sala escura com vários cabos e uma espécie de cápsula brilhante no centro, onde dentro dela havia um ser humanoide, baixo e de aparência jovem, tal pessoa estava nu e aparentemente em sono profundo.
Haviam eletrodos monitorando seus batimentos cardíacos e respostas sensoriais, além disso, a figura parecia flutuar, mas não por causa de um líquido, estava por conta própria. Uma figura alta e feminina se aproximava da cápsula, vendo no aparelho ao lado os sinais daquele ser entubado.
Após isso, a figura felina com jaleco de cientista chegava e entregava uma espécie de relatório em uma prancheta. Assim que a moça via o documento, ela ficava surpresa e após isso dava uma risada sutil.
— Encontramos... Logo nosso objetivo estará completo. – ela dizia, pela voz era visível ser uma adulta, e a figura encosta na cápsula e sorri. – Acorde minha criança.
No mesmo lugar, porém em um canto mais isolado da sala, uma figura masculina, alta, encostada na parede, ouvia a conversa e sussurrava para si mesmo:
— Mary...
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Outro lugar distante, uma cidade dessa vez, no terraço de um prédio. A figura de cabelos brancos e compridos vinha andando de maneira elegante e sempre com compostura, o rapaz se aproximava de duas outras figuras, um homem e uma moça.
O rapaz aparentava usar um sobretudo gótico com as mangas puxadas e a moça utilizava um collant que cobria até seu pescoço. O aparente trio tinha também máscaras de gás à disposição em seus pescoços, cada uma com um estilo diferente. Estes estavam na frente de outra figura, que se mantinha misteriosa, mas se tratava de um homem também. O rapaz do meio, com o sobretudo começa.
— Podemos chegar em um acordo, mas o preço vai aumentar. – ele dizia, com uma voz um pouco rouca.
— Mas nem foram vocês quem mataram aqueles canibais, porque eu deveria lhes dar um aumento? – a figura misteriosa responde.
— Porque somos os únicos que tem uma pista de onde Ela está. Acho válido decidirem logo, pois sabem o que alguém como ela pode fazer se dado o devido tempo, cuidado, quem pode acabar sendo encontrado são vocês... – ele respondia, e assim o trio dava as costas para a figura, que ficava pensativa com relação a aquilo.
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De volta a vila dos Cicatrizes, Mary, Ethan, David e Lucy treinavam flexões juntos. A ruiva tinha uma certa dificuldade em fazer várias, o menino nem tanto, conseguia sem maiores dificuldades, o singular gélido fazia com apenas uma mão, e a albina sequer as utilizava, ficava com os braços atrás das costas enquanto fazia.
Após isso, os quatro faziam alongamento. David não conseguia fazer uma abertura de 180º, Lucy conseguia parcialmente, quase chegava no ponto, Ethan conseguia, porém não além disso, enquanto Mary fazia a abertura perfeitamente e ainda conseguia esticar seu tronco no chão.
Em seguida os quatro levantavam suas camisetas e mostravam seus abdomens, David tinha o mais trincado, Mary vinha logo em seguida, Ethan fica meio desapontado por ainda não ter músculos aparentes no abdômen, e Lucy era apenas magra nessa parte, o que a deixava irritada, por estarem se exibindo.
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E então voltava para o momento em que Mary e Bruno estavam conversando, e após pensar no que fazer, a albina respondia:
— Será que eu devo ensinar o Ethan a cozinhar? – ela perguntava e, Bruno não ficava impressionado.
— Eu pensei que já tivesse ensinado.
—... Eu sempre esquecia.