Volume 1

Capítulo 23: Mary e Ethan (4) (versão antiga)

 

A albina ficava surpresa, assim como todos os ghouls restantes, mas não tiveram muito tempo para ficar apreciando a vista, pois o garoto logo em seguida saltou na direção de Mary, ao mesmo tempo em que sacava a outra pistola e, enquanto gira no ar, ele disparava em horizontal para todas as direções.

Mesmo não acertando perfeitamente nas fêmeas nos prédios, ele conseguiu acertar em regiões que as deixaram debilitadas por um tempo.

Logo que viram isso, os machos foram para cima de Mary sem remorso, mas agora, vendo isso, ela se sentia mais motivada e com as energias recuperadas para continuar lutando.

A albina se posicionava e também partia para cima deles, Ethan aterrissava logo atrás da albina e dispara contra alguns dos canibais, dando cobertura para sua mestra.

Ela desviava do soco de um deles e rolava por cima, assim que chegava nas costas, outro canibal estava pronto para mordê-la, porém não conseguiu pois levou uma bala em sua testa, o deixando inconsciente.

Mary aproveitava disso para, com um potente corte, de baixo para cima, fatiar perfeitamente ao meio o ghoul que ela desviou, consequentemente passando pela nuca dele e o matando.

O sangue e vísceras espirraram em Mary, e enquanto ela desviava de outros golpes, dois dos canibais foram para cima de Ethan.

O garoto dava um mortal para trás para disfarçar que ele estava mirando sua pistola, com isso ele aterrissava e disparava, acertando novamente na cabeça de mais um ghoul e depois foi para cima do outro logo atrás.

O canibal dava uma investida rápida na intenção de morder e o menino desviava, ajoelhando-se e arrastando no chão, logo em seguida ele se levantava e notava que além de estar encostado em Mary, as fêmeas estavam se levantando novamente.

Ethan estava ofegante, a dor nas costas ainda perdurava, e talvez piorasse seus ferimentos por se mover dessa maneira, ele já sentia o sangue manchando suas ataduras, mas tudo que mais queria era ajudar sua mestra naquele momento, esta que diz para ele:

— Entendo, então obrigado, Ethan. – ela dizia, abrindo um pequeno sorriso. – Cuide da sua amiga, eu cuidarei dos que estão aqui.

— Entendido! – ele respondeu.

Logo em seguida Ethan corria e saltava daquele terraço, já acertando um chute bem no meio da face de uma das fêmeas, conseguindo derrubá-la e nocauteá-la ao bater a cabeça da canibal no chão.

Na sequência ele disparava várias vezes em outra na direção oposta à construção da primeira, porém por estar bem longe e ter atirado sem prestar atenção, ela notava rapidamente e defendia os projéteis com os braços.

— Ethan, a sua esquerda! – Mike gritou para ele.

Na mesma sequência, Ethan via Rebecca se levantando. Mirando com pulso firme, ele disparava e, quando a ghoul levantava a cabeça e já se preparava para gritar, ela levava uma bala bem na garganta.

Não chegou a atravessar, pois como estava armando seu golpe, seu pescoço se fortaleceu para aguentar a pressão do grito, porém, ainda assim a bala perfurou e destruiu suas cordas vocais, impedindo-a de sequer falar por alguns momentos. Furiosa com isso, Rebecca partia para cima do garoto enquanto ele recarregava suas pistolas.

Junto disso, Mary se jogava para trás e utiliza a mão de apoio para dar um mortal para trás e disparar com sua pistola assim que se levantou.

O projétil acertava o olho de um dos canibais, deixando-o inconsciente por um tempo, logo após isso, ela desvia inclinando-se para trás de uma mordida letal de um ghoul que passou reto, e ela novamente aproveita, apoiando-se no chão e girando no ar horizontalmente, dando um chute na cara de Victor, que estava logo ao lado, pronto para socar Mary.

O chute foi tão forte que quebrou sua mandíbula e o fez ser jogado para o lado e cair do terraço em que estavam, logo em seguida, ela desviava de um soco de mais um canibal, mas dessa vez, ela não apenas desviou, como pegou no braço dele, o girou com toda a força para bater no que tentou dar uma mordida nela.

Conseguindo nocauteá-lo, Mary então jogava o canibal que estava segurando para cima, pegava impulso e se posicionava enquanto guardava sua katana na bainha.

Na hora que o ghoul estava caindo, ele se preparava para abocanhar Mary, que aparentemente estava parada.

Porém, isso foi apenas para, no momento certo, a albina apertar o gatilho de sua bainha e num corte veloz e brutal, quase rachando o chão de base, cortar ao meio na vertical o rapaz, jorrando sangue para cima e na própria Mary, manchando suas roupas e dando tons avermelhados ao seu cabelo branco como a neve.

Ainda assim, a albina pensava que esta não era sua melhor performance.

A canibal que defendeu os tiros de Ethan se regenerava e via o sangue espirrando para cima, ela voltava sua atenção para Mary, que curiosamente, já estava olhando para a ghoul com aquele olhar matador.

Não teve nem tempo de ficar assustada, pois assim que recuou um pouco, Mary rapidamente usou uma força enorme para jogar sua própria katana na direção da moça, que tentou defender, mas a lâmina atravessou não apenas seus dois braços, como seu pescoço, chegando até o outro lado.

A canibal tossia e se afoga em sangue enquanto seu corpo não resistia e despencava sem esforço.

Ao mesmo tempo que tudo isso acontecia, Ethan lutava contra Rebecca.

Ela de início tentava o golpear com sua garra, e o menino, sem ter a agilidade exorbitante necessária, se jogava para trás para tentar desviar.

Ele acabava caindo de costas no chão enquanto Rebecca ia para trás para gritar, porém, logo que preparou seu ataque, Ethan apoiou as mãos no chão e se levantou rapidamente.

Logo que ficou de pé, ele disparou com tudo na direção de Rebecca, impedindo-a de gritar para poder se defender.

— Seu pirralho de merda. – ela sussurrava em meio a grunhidos de raiva.

Enquanto isso, a ghoul que Ethan deu um chute na face, levantou-se e já com raiva, preparava um grito para atordoar o menino.

Porém, ele sentiu uma energia singular aumentando atrás de si e se virou rapidamente, disparando a última bala do cartucho na bochecha da moça, fazendo-a levar um baque para trás, e junto disso, o garoto aproveitava que Rebecca estava se regenerando e partia para cima da outra.

Como percebeu que estava sem balas, ele rapidamente as guardava e sacava sua faca, e quando chegava na ghoul, ele cortava o joelho esquerdo dela e, assim que ela gritou de dor e ajoelhou, Ethan foi rapidamente para trás da moça e cravou sua faca na nuca dela, fazendo bastante força para conseguir puxar até finalmente cortar de vez ela.

Ethan estava ofegante, e o sangue também preenchia seu rosto, sua expressão já não estava mais tão assustada quanto antes.

Rebecca via isso e ficava enfurecida, ela nem tentava gritar mais e só partia para cima do menino com tudo, que se assustava e se atrapalhava todo para empunhar a faca novamente.

Ele conseguiu perfurar a mão dela numa facada, afastando o golpe da ghoul, porém não podia se dizer o mesmo do outro braço, o esquerdo, pois Rebecca deu uma garrada que acertou seu braço no processo, ficando com quatro rasgos que por muito pouco não chegaram em seus músculos.

Ethan gritava de dor e no susto, ele dava um chute bem potente no peito de Rebecca, quebrando as costelas dela e jogando-a para trás.

Ela nem chegava a cair, somente era arrastada no chão. Os dois então levantam seus olhares um para o outro, a ghoul tossia sangue e estava com dificuldade de respirar por alguns segundos, e estava com uma expressão de raiva apenas.

Já o menino estava segurando o ferimento no braço com a mão, agonizando de dor e soluçando, era possível ver lágrimas escorrendo por seu rosto, mas dessa vez sua expressão não era de desespero, também era de raiva.

Os dois se olhavam e Rebecca parecia sentir que aquilo era familiar, ela não entendia o porquê, mas ela deixava isso de lado e partia para cima do garoto novamente, rosnando como uma fera selvagem, e da mesma forma, Ethan também foi.

Porém, diferentemente dela, ele não era uma besta incontrolável ainda, então quando a canibal preparou sua garra para perfura-lo, o garoto deslizou por baixo das pernas de Rebecca e com sua faca em mãos, ele perfurava a perna dela, bem perto da região do pé, cortando seu tendão e fazendo com que assim Rebecca caísse no chão.

Sem muito tempo para resposta, Ethan levantou-se rapidamente, deu a volta e chutou Rebecca bem no estômago de maneira meio desajeitada, fazendo-a cair da construção em que estavam, bater a coluna com tudo na beirada do terraço, depois bater a face em uma janela quebrada, fincando cacos de vidro em seu rosto e depois caindo sem muita elegância nos destroços no chão.

Cada pancada dessa a ghoul cuspia sangue e quase perdia a consciência.

Enquanto tentava se levantar, podia-se ver Rebecca com uma aparência detonada, ela estava ficando sem nutrientes para ficar regenerando tanto.

Ela via Victor também acordando após aquela pancada de Mary, ela ouvia um tiro vindo de cima e presumia que a albina havia atirado e matado mais um, agora só restavam os dois ali embaixo.

Rebecca pensava bastante a respeito e quando chegava perto dele, Victor ficava assustado de ver a garota num estado tão deplorável como aquele e ela dizia para ele em meio a tossidas:

— Victor, vai... Avisa os outros. Chamem o papai. – ela tossia mais sangue e conseguia se regenerar com um pouco de dificuldade. – Eu vou segurar eles.

— O- o que? Não, não mesmo, não vou te deixar aqui. – Victor dizia, levantando-se, porém, antes de fazer qualquer coisa, ele era impedido pela ghoul, que o segurava pela gola e dizia com os rostos bem próximos.

— Me escuta. Você é muito mais forte que eu... Isso é um fato. Aquela mulher não é brincadeira, ela tem que morrer. Vá e ative o Carniçal. – ela dizia, ofegante.

— Mas... Se nos juntarmos, talvez consigamos fugir. – ele começava a ficar um pouco desesperado, segurando no rosto dela, que já estava se enchendo de lágrimas.

— Victor, essa mulher é uma máquina de matar, e o pivete tá ficando igual a ela... Por favor, eu vou os conter e você busca nossa última esperança. Se conseguir o ativar, então vai ter valido a pena. Faz isso por mim, tá? – Rebecca dizia em meio a lágrimas, o rapaz estava tendo dificuldade em aceitar tudo aquilo, ele inclusive chegava a abraçar a ghoul, que não hesitava em aceitar o gesto.

— Não... Você não... Rebecca... – ele dizia, apertando o abraço e lacrimejando junto. Eram dois adolescentes ainda no final das contas. Os dois saíam do abraço e se olhavam, seus olhares estavam normais, e o único que mudava para o modo de batalha, com as garras expostas era Rebecca, também a única que estava sorrindo. – Eu tenho tanto a te falar, não dá pra eu resumir tudo só com “eu te amo”.

— Eu sei... Agora vai, é nossa última chance, destrua eles, ok? – ela dizia e praticamente empurrava Victor com força, para ele ir para trás e não vir ajudar Rebecca, que saltava e chegava novamente ao terraço em que Mary e Ethan estavam.

O rapaz só assistia ela subindo para seu destino inevitável sem poder reagir e também não querendo contrariar a possível última vontade dela.

Em meio a lágrimas, Victor se esforçava o máximo que consegue para não explodir de raiva da situação, e saía correndo dali como havia sido pedido.

Rebecca levantava seu olhar e via Mary, com a katana em mãos e Ethan, enfaixando seu braço. Sem nem dizer uma palavra, somente pensando na pessoa que ela mais amava no momento, Victor, ela ia para cima dos dois, já imaginando o resultado dessa ideia.

O mundo para a ghoul parecia em câmera lenta, enquanto Mary avançava contra ela também, desviando de uma garrada e fazendo um corte bem profundo no braço de Rebecca.

Ethan em seguida disparava um projétil que acertava bem no ombro dela, impedindo-a de usar aquele braço.

Após isso ela desviava de um corte feito por Mary se jogando para trás, Rebecca tentava utilizar essa mínima brecha para gritar, porém, a dupla foi mais rápida e miraram suas pistolas na direção dela, disparando e obrigando-a a se defender.

A albina então corria e num rápido movimento, cortava em diagonal o tronco de Rebecca, fazendo-a vomitar sangue.

Ethan não perdia tempo, chegava pela lateral e dava um tiro bem na bochecha dela, atravessando até o outro lado.

Rebecca não estava tendo nenhuma chance de revidar e nem mesmo tempo para se regenerar, seu olhar já indicava isso, um misto de dor e tristeza.

Mary, após isso, realizava um corte preciso e potente, decepando de uma vez, as duas pernas da canibal, e sem dar muito tempo de sequer gritar de dor, ela recebia um chute no rosto que a joga para perto de Ethan, arrastando sua face no chão.

Ela mal se movia, o máximo que Rebecca conseguia fazer era virar o que restou de seu corpo para cima, ela estava terrível.

O ferimento no tronco, assim como suas pernas, estava demorando muito para regenerar, então ela deixou um rastro de sangue, o rosto dela estava ralado por causa que arrastou ele em concreto, estava bem fraca, mas ainda estava tentando se levantar, pois queria ganhar o máximo de tempo possível.

Ethan olhava isso e relutantemente ficava com os pés em cima dos braços dela, para não poder se levantar ou contra-atacar.

Ele então mirava sua pistola para Rebecca e aquele olhar de ódio anterior, agora tinha dado espaço a uma expressão confusa, ele sabia que se a ghoul se regenerasse, iria os atacar de novo e de novo, mas naquele estado que Rebecca estava, ele se questionava até mesmo se não estava indo muito longe.

Ele tremia bastante, começava a hesitar, não sabia nem mesmo porque estava com tanta pena de Rebecca. Mary por outro lado, apenas ficava olhando, deixando que essa fosse uma decisão do menino, que ele mesmo puxasse o gatilho para encerrar com isso e aprender.

Ethan engolia seco e segurava com as duas mãos a pistola, para manter o pulso firme e não desistir no final, até que ele ouviu Rebecca dizendo algo, com a voz fraca e rouca, e um olhar de tristeza em seu rosto:

— E—ethan? – disse ela, e uma lágrima escorre por seu rosto. O menino escutava isso e ficava em choque por alguns segundos.

Ethan fechava os olhos e começava a soluçar, de novo as lágrimas escorriam de seu rosto e ele, com a voz sofrida, dizia olhando para a ghoul uma última vez:

— Adeus... Rebecca. – e ele puxava o gatilho, a bala atravessava a boca da garota, enfim a matando, o sangue se espalhava e o corpo da canibal ficava ali, imóvel no chão.

Mary olhava a cena e sabia que, talvez ele nunca se perdoasse por isso um dia, e que provavelmente o atormentaria pelo resto da vida.

Ethan, após isso, olhava para o que fez, e por causa de tudo, ele tremia ao ponto de não conseguir segurar a arma e deixa-la cair no chão, ele soluçava e lacrimejava por conta de ter matado uma pessoa que minimamente teve um laço afetivo, mesmo que não tenha acabado muito bem, era o pouco que ele tinha no momento, e agora ele cortou as ligações com seu passado.

O menino não conseguia conter, se afastava do corpo de Rebecca e caía ajoelhado no chão, chorando mais alto ainda. Não sabendo se era por tristeza ou por dor dos ferimentos. Apenas um menino no meio de uma imensidão de corpos.

Mary então chegava perto dele e se ajoelhava atrás dele, a albina então enfim, abraçava Ethan, o deixando chorar em seus braços, como deveria ter feito a um tempo, e ali ela consola seu pupilo. Se ela pudesse, nunca que teria colocado tantos traumas na cabeça de alguém tão novo, mas nem tudo estava no controle dela.



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