Volume 1
Capítulo 20: Sangue (1) (versão antiga)
— David, abre a barreira. – disse Lucy, deixando o rapaz confuso e um pouco indignado.
— C-como assim? Lucy, não me diz que você vai enfrentar todos eles sozinha? – ele tentava se levantar, mas estava bem sonolento.
— E você está em condição? – ela virava seu rosto e olhava de canto de olho para ele, com um sorrisinho. – Deixa comigo, eu volto rápido.
David pensava um pouco e, ao perceber estilhaços de gelo começando a cair dentro da redoma de gelo, suspirava e dizia para Lucy:
— Um dia você me paga por me deixar plantado. – ele dizia enquanto abria uma passagem para somente Lucy passar.
— Claro, querido. – ela respondia enquanto pegava impulso e, na hora que saltava para fora da redoma, acertava um ghoul com uma joelhada bem no meio de seu rosto.
Quando os outros olharam para a ruiva, conseguiram vê-la com sua faca militar na mão, os braços, pernas e até rosto estavam com as veias destacadas. Lucy aproveitou-se disso para provocar os canibais, chamando-os para virem para cima, o que eles fazem rapidamente.
David aproveitava para fechar a cúpula e ficar seguro ali dentro como Lucy havia sugerido, porém não poderia simplesmente descansar, ou a redoma iria se desfazer aos poucos.
Lucy se jogava para trás e pisava na cabeça do ghoul em que ela tinha dado a joelhada, deixando-o inconsciente. Usando o sangue que ele espirrou, a ruiva rapidamente o manipulava e disparava uma bala de sangue que acertava a cabeça de uma canibal fêmea lá atrás, que estava se preparando para gritar.
A ruiva via os que estavam para chegar nela, cerca de três machos. Para poupar tempo, ela cortava a nuca do que ela estava pisando e se jogava para o lado, deixando que os três acabassem agarrando o chão apenas.
Aterrissando, Lucy aproveitou o embalo para forçar seu pé que estava mais na frente, conseguindo um impulso para dar um salto mortal para trás.
Isso acabava fazendo o sangue do ghoul que ela matou reagir, criando estacas do líquido que perfuravam o corpo todo dos três canibais rapidamente.
Infelizmente, nenhuma delas acerta a nuca, pois eles já tinham começado a se mover, então apenas ficavam presos por alguns segundos.
Logo que ficava em pé novamente, Lucy era surpreendida por outro canibal chegando por trás e abocanhando seu ombro.
A ruiva gritava de dor enquanto sentia seu corpo novamente ser perfurado daquela maneira.
Lucy notava que os ghouls perfurados pelas estacas já estavam vindo na direção dela, que as fêmeas estavam para gritar e que a mordida que sofreu era forte até para segura-la no lugar, fora os que estavam nos terraços dos estabelecimentos, aguardando um momento propício. Eram cerca de doze ghouls no total.
Lucy rangia seus dentes a ponto de sua gengiva sangrar, e então, com toda a força que conseguia na hora, ela jogava a faca para a outra mão e a cravava na cabeça do que estava a mordendo, deixando-o inconsciente e podendo enfim libertar seu ombro, arrancando parte dele nos dentes do canibal nesse processo.
A ruiva nem ligava e demonstrava um olhar enraivecido para os três canibais que estavam novamente indo para cima dela.
Em seguida, ela rapidamente pegava impulso na parede atrás de si, sacava outra faca militar e se impulsionava com tamanha força que rachava a estrutura que usou de base.
Como estavam vindo dois na dianteira e um atrás deles, Lucy girava seu corpo no impulso, confundindo os ghouls e os pegando de surpresa, aterrissando com os pés nas faces dos dois canibais na frente, fazendo-os inclinar para trás, onde na sequência estava vindo o terceiro.
Este tentava realizar um golpe com sua garra em vez de com a boca, a ruiva apunhalava a mão dele e conseguia conter a força nele. Aproveitando-se disso, antes que ele decidisse investir uma mordida, Lucy utilizava a outra faca e crava na cabeça dele.
Usando dessa brecha, a ruiva retirava a faca da mão do ghoul e fincava no ombro dele, após isso ela descia a lâmina diagonalmente por todo seu tronco, jorrando sangue e vísceras.
Com toda aquela quantidade de líquido, Lucy puxava e fazia duas balas de sangue concentradas, disparando-as contra os dois de que ela chutou os rostos.
Porém, por estarem já mais cientes do que aquela singular era capaz, os canibais não foram acertados, pois inclinaram as cabeças para o lado e os projéteis atingiram a parede logo atrás.
Logo que atingiram, elas se expandiram com todo aquele sangue concentrado e abriram rombos na estrutura.
Frustrada, Lucy se preparava para partir para cima deles novamente, porém havia se esquecido de um detalhe: as fêmeas.
Junto disso, a outra que havia sido derrubada se levantava e não perdia tempo. Na verdade, eram quatro ghouls fêmeas, pois duas delas eram fortes ao nível de parecerem homens, e nisso elas gritavam.
Por serem quatro ao mesmo tempo, Lucy parecia sentir que sua cabeça iria explodir de tão ensurdecedor que era o conjunto daqueles gritos. Ela gritava em agonia e nem conseguia reagir, somente tendo a reação de cobrir os ouvidos.
Com isso, os dois canibais que desviaram dos tiros de Lucy conseguem alcança-la e pegar os dois braços de Lucy. Enquanto ela não conseguia se mover por conta dos gritos, os dois abocanhavam os membros dela e arrancavam partes.
Lucy nem sabia a qual dor reagir primeiro, sua cabeça latejando com os gritos ou seus braços pedindo por socorro por estarem sendo devorados.
O pior havia sido o esquerdo, que o canibal mordeu bem na região do cotovelo, e, ao arrancar o pedaço, a ruiva não conseguia mais sentir metade do membro.
Nisso, mais ghouls machos saltavam dos terraços em que estavam e se preparavam para se juntarem ao banquete, Lucy estava condenada.
Porém, antes que pudesse ser devorada por inteira, uma chuva de estilhaços de gelo era lançada contra os canibais, perfurando todos os seus corpos, porém, por ser um golpe desesperado, nenhum deles acerta na nuca em especifico. David havia aberto a redoma de gelo para ter visão e salvar a ruiva.
As fêmeas paravam de gritar para recuperarem o fôlego, e David chamava Lucy para correr para junto dele novamente.
Ainda muito desorientada, Lucy somente aproveitava que estava livre e se impulsionava com tudo na direção dele.
Os canibais se enfureciam por terem seu banquete interrompido e partiam para cima da ruiva também. Felizmente, no último instante, Lucy conseguia se jogar para dentro da redoma de gelo novamente e David a fechava.
— Obrigado. Ah, que merda... – a ruiva grunhia de dor, ofegava enquanto seu braço esquerdo se reconstitua e ela olhava ao redor.
Os ghouls estavam atacando com tudo aquela redoma de gelo, não tinham muito tempo para descansar.
— Lucy, temos que pensar em algo, rápido. Nem com você bombeando sangue a toda velocidade foi suficiente... – David dizia.
Aquela era uma situação sufocante. Por todos os lados vinham ataques, a cúpula não iria aguentar para sempre, David estava muito cansado por causa da reação do poder de Lucy em seu corpo, e a moça percebeu que somente seu poder não seria suficiente para combater aquele tanto de ghouls.
De doze que estavam lá, só conseguiu matar um.
Encurralados numa redoma, que, além de ser a única coisa que os estava protegendo, seria a ruína dos dois.
– David.
— Eu vou... – David dizia, levantando-se e, mesmo sentindo a falta de energia em seu corpo para poder se curar, ele demonstrava uma forte determinação para proteger quem amava. Nessa hora, Lucy pensava um pouco e acabava se lembrando de um acontecimento de alguns anos atrás.
— David, eu tive uma ideia. Lembra daquilo há uns dois anos? – Lucy perguntava para ele, e o rapaz de começo não entendia, mas compreendia após pensar um pouco.
— Ah. S—sim eu lembro. É uma boa ideia, mas você vai ficar muito fraca se fizer isso. – Ele lembrava desse problema. Lucy, porém, parecia ignorar o aviso e se aproximava do singular. – Tá... Tudo bem, mas não se esforce muito para fazer isso, ok?
A ruiva chegava bem perto do rosto dele e sussurrava.
— Não, querido, é você quem não deve se esforçar muito... – após dizer isso, David nem teve tempo de reagir que ele já estava sendo beijado por Lucy.
Era sempre ótimo sentir aqueles lábios, porém, dessa vez, enquanto o beijo acontecia, o singular gélido apertava os cabelos de Lucy e acabava soltando-os no processo, pois ele começava a se sentir mais sonolento e fraco.
O ato era enfim encerrado, e o que se podia ver era sangue saindo das bocas de ambos. Lucy ofegava um pouco enquanto David se ajoelhava, quase desmaiando. Nem mesmo seus pensamentos estavam muito claros naquele momento.
A ruiva parecia um pouco envergonhada, pois aquele ato era de fato constrangedor, mas ela se levantava sem maiores problemas. Agora que seu cabelo estava solto, podia-se ver que ele era na altura dos ombros e que eram um pouco ondulados.
Lucy abria os olhos e a cor escarlate deles estava mais viva do que antes, ela sentia uma energia muito forte percorrer seu corpo, a singular sentia como se agora sim ela pudesse derrotar todos ali, então ela limpava os respingos de sangue de sua boca e se abaixava para beijar a testa de David, que continuava zonzo, como se estivesse embriagado.
— Pode abrir a redoma para mim, David? Depois se mantenha aqui até eu voltar, ok? – ela dizia enquanto o singular gélido parecia confuso e sorria como se estivesse vendo uma alucinação de Lucy.
A moça se virava de frente para a cúpula e seu corpo ficava mais avermelhado, tanto que começava a emitir vapor quente, e antes de David abrir a passagem, ele falava de uma maneira um pouco fraca.
— Ei... Minha rainha. – o rapaz dizia com um sorriso bêbado.
— Hum? – ela virava o rosto, envergonhada e um pouco surpresa de ter sido chamada assim.
— Arrasa... Destrói tudo. – ele dizia e abria um buraco na redoma de gelo.
A ruiva ficava em choque, como se David tivesse feito novamente uma declaração de amor para ela. Lucy então sorria e dizia para seu amado:
— Claro. – logo que ela disse isso, as veias em seu corpo, dos pés à cabeça, ficavam destacadas. – Com todo prazer. – e assim Lucy partia para cima do primeiro ghoul que estava logo na frente da abertura da redoma.
Logo que ela foi para o ataque, David fechava a redoma como Lucy havia pedido. Agora só estava ela contra os onze ghouls restantes.