Volume 2

Capítulo 96: Primeiras Desavenças

— Ora, ora, o meu maninho voltou... — Parecia amigável, apesar da expressão, até concluir: — Enganei-me, o fracassado retornou e trouxe consigo um bando de mal-acabados.

Um jovem de feições pouco convidativas surgiu diante deles. Seus cabelos eram de um tom verde-claro quase branco, semelhante aos de Zhi Fēng, porém mais curtos. Os olhos maldosos, azuis-escuros como as profundezas dos oceanos, não contribuíam para suavizar sua expressão. O sorriso maldoso desfavorecia o semblante, embora esteticamente fosse tão belo quanto Zhi Fēng, sem nenhuma marca de expressão no rosto ou pelos faciais.

Seu corpo atlético estava envolto em um Hanfu justo, composto por uma parte superior fechada, adornada com mangas longas em tons suaves de verde. A parte inferior, fluida e cortada estrategicamente para facilitar a movimentação, exibia tons iguais aos da parte superior com detalhes em branco, revelando brevemente uma calça escura por baixo. Um cinto de pano azul mantinha tudo firmemente em sua cintura. Seu estilo contrastava com o de Zhi Fēng, que emanava uma aura mais nobre; o traje do jovem parecia projetado para o combate.

— Eyang... — murmurou Zhi Fēng, baixando o olhar. — O que faz aqui?

— E o que mais poderia estar fazendo? — Ele acariciou a bainha presa ao seu lado. — Estou treinando, como sempre. Ao contrário de você, procuro orgulhar nosso pai.

As palavras provocativas ecoaram na mente de Zhi Fēng como flechas certeiras, fazendo-o manter o olhar fixo no chão, mas Alaric notou a tensão em sua mão cerrada. Eyang Fēng, ainda com um sorriso maldoso nos lábios, parecia completamente indiferente ao modo como tratava o irmão. Seus olhos então percorreram a cena, começando por Eian Liu, que se segurava para não reagir, e recebeu uma piscadela sarcástica em resposta que, o fez mordiscar o lábio inferior, impotente diante de um superior.

Em seguida, observou Xu Ying, que parecia acuada e mantinha o olhar baixo, enquanto Julie dormia tranquilamente em seu colo. 

Por fim, seus olhos encontraram Alaric, demonstrando uma calma que contrastava com a intensidade do momento, o olhar fixo em um ponto distante como se nada pudesse abalá-lo, mesmo diante da encarada de Eyang Fēng.

— Seu olhar altivo não me agrada... — Ele começou a avançar em direção a Alaric, fazendo Zhi Fēng erguer a cabeça rapidamente, assustado. — Você está em minha residência, na morada do meu clã. Aprenda a respeitar as regras e abaixe a cabeça, imbecil.

Alaric soltou um leve bufar em resposta, recusando-se a se envolver em problemas, ainda mais familiares, mas mesmo querendo ficar longe de problemas mantinha a postura firme. A atitude considerada desafiadora irritou profundamente Eyang Fēng, que estendeu a mão em direção à cabeça do jovem. Antes que pudesse tocá-lo, algo agarrou firmemente o seu antebraço.

— Não toque nele... — A maneira como as palavras foram pronunciadas quase arrancou um sorriso irônico do irmão. Se aquilo era uma ameaça, certamente era a mais fraca que já ouvira. — Ele... ele é meu campeão!

— Campeão? — Ele analisou Alaric de cima a baixo, adotando um semblante sarcástico. — Sério? Isso é o seu campeão? Parece que você anseia pela derrota.

— Isso não importa. Você sabe que não pode tocar nos campeões. — Ignorando a provocação, à qual já estava acostumado, ele usou o que tinha a seu favor. — Você pretende desrespeitar os comunicados imperiais?

Eyang Fēng ainda com a mão esticada, prestes a tocar na nuca de Alaric, ouviu aquelas palavras e revirou os olhos, puxando violentamente o braço para longe da mão de Zhi Fēng. Com um estalar de língua, se preparava para sair, até que seu olhar se fixou em Anthon, que estava atrás de Alaric.

— Quem permitiu a entrada desse pulguento nas dependências do clã!? — Ele virou-se abruptamente para o irmão, deixando transparecer raiva em cada músculo facial. — Foi você, Zhi? Se foi...

— O cão é meu. — interrompeu Alaric com a voz calma, ainda mantendo a postura altiva. — Se houver algum problema, eu...

— Não creio que tenha lhe dado permissão para falar aqui.

Xu Ying estremeceu ligeiramente com a aspereza das palavras, ainda que não estivessem sido dirigidas a ela. Tanto Eian Liu quanto Zhi Fēng encararam Eyang Fēng, incertos sobre como agir. 

 

O maior temor era que Alaric reagisse; após testemunhar suas habilidades de combate tantas vezes, Zhi Fēng sabia que isso não resultaria em nada bom. No entanto, para surpresa de todos, o jovem permaneceu em silêncio, sem proferir mais uma palavra.

— Então até você sabe o seu lugar? — Eyang, satisfeito com o silêncio do jovem, sorriu e desviou o olhar para o cachorro. — Como você foi obediente, vou apenas pedir que joguem esse pulguento na rua.

— Eyang, não precisa fazer isso, por favor... — implorou Zhi Fēng, levando as mãos ao peito. — Prometo em nome dos Fēng que ele não sairá do quarto...

— Haha, como se isso significasse algo para você, a vergonha do clã... Jurar pelo nosso nome não tem o mesmo peso para você. — Começou a estender a mão em direção a Anthon, que permanecia parado. — Apenas cale a boca e observe.

Todos observavam em silêncio, a tensão no ar aumentando gradualmente à medida que a mão se aproximava do cachorro. Então, Eyang Fēng sentiu novamente algo agarrar o antebraço, interrompendo seu movimento.

— Me tocando de novo, Zhi? — A voz dele carregava um misto de surpresa e irritação.

Ao virar o rosto na direção de onde vinha a pressão, não encontrou a mão delicada de Zhi Fēng que tanto o incomodava, e chegava a dar desgosto, mas sim uma mão grossa e calejada, marcada por inúmeras cicatrizes. Seus olhos se arregalaram de espanto, ao notar que tal mão pertencia não pertencia a seu irmão, e sim a Alaric.

— Seu maldito! Me solte! — Eyang tentou em vão se libertar do aperto do jovem, mas era como se estivesse preso por uma força sobrenatural. — Seu desgraçado! Me solte agora!

— Não ouse tocar no meu cachorro — advertiu, lançando o braço com tamanha força que fez Eyang cambalear para trás. — Se tentar novamente...

"Que força descomunal é essa?", perguntava-se, enquanto lutava para se recompor diante daquela força sobrenatural. Mas no fim, não importava. A humilhação dentro de sua própria casa era intolerável. Estreitando o olhar, sua mão instintivamente encontrou o cabo da espada, pronta para desembainhar e iniciar uma verdadeira batalha.

— Eyang! — Zhi Fēng interveio, não desejando testemunhar uma briga sem precedentes. — Lembre-se, ele é meu campeão!

— Tsc... — Eyang oscilava o olhar entre seu irmão e o homem que o humilhara. Com um longo suspiro, afastou a mão da espada e recobrou a compostura. — Você tem sorte... muita sorte...

Alaric permanecia com um olhar sério e altivo, sem demonstrar emoção alguma. Não fez menção de sacar qualquer arma, perante a clara ameaça, o que intrigou Eyang. Mas, no fim, decidindo que já havia tido o suficiente por aquele dia, virou-se para partir.

— Nos encontraremos novamente, isso eu posso garantir…

Ele partiu lentamente em direção a um dos corredores, desaparecendo da vista de todos, que finalmente puderam relaxar um pouco, com a tensão dissipando-se do ambiente.

— Me perdoe por ele... — começou Zhi Fēng, pouco abatido. — Meu irmão, ele...

— Não importa — interrompeu Alaric, impassível. — Nos leve para nossos quartos. Precisamos descansar antes de qualquer coisa.

— C-claro! — Surpreso com a frieza do jovem, Zhi engasgou-se com as palavras e virou-se, chamando-os com gestos. — Venham, eu os guiarei para seus respectivos aposentos.

Eian Liu foi o único a demonstrar desagrado com o tom de Alaric, lançando-lhe um olhar furioso, mas optou por permanecer em silêncio. Todos seguiram Zhi Fēng pela enorme mansão, subiram um andar e chegaram à área dos quartos de hóspedes. Ele abriu a primeira porta, fazendo um gesto para que entrassem.

— Este é o quarto das damas — informou, com um sorriso gentil, antes de assumir uma expressão sem graça. — Espero que não se importe de ter que dividir o quarto com a garotinha...

— Não me importo, na verdade, prefiro assim... — respondeu Xu Ying, num tom ríspido, ainda desconfiada, e entrou no quarto com Julie. — Me chamem quando for a hora de conversarmos.

Referia-se ao momento em que Alaric teria uma conversa franca com Zhi Fēng, abordando tudo o que precisava ser discutido, inclusive sobre o torneio. Os jovens assentiram com a cabeça, e Zhi Fēng fechou a porta.

— O seu quarto é... — Ele levou a mão ao queixo, analisando as dezenas de portas ao redor. — Aquele, eu acho...

Alaric não proferiu uma palavra, apenas seguiu o jovem até o quarto designado, localizado duas portas depois do de Xu Ying.

— Aqui entre. — Zhi Fēng abriu a porta, e Alaric, sem dizer nada, passou por ele e entrou. — Amanhã cedo, trataremos de todos os assuntos pendentes. Concorda com isso?

Soltando um suspiro, o jovem olhou ao redor enquanto Anthon farejava o local. Virou-se para Zhi Fēng e respondeu:

— Sim, estou de acordo.

— Ótimo, nos vemos amanhã então. — Ele começou a fechar a porta lentamente, deixando apenas uma fresta antes de dizer: — Até lá.

A porta se fechou com um suave clique, e Alaric finalmente se permitiu relaxar, permitindo-se analisar o quarto com mais atenção. 

O espaço era generoso, dominado por uma imponente cama de casal no centro, acompanhada por uma cômoda ao lado e um guarda-roupa encostado na parede à direita. 

As paredes estavam adornadas com quadros de dragões majestosos e criaturas etéreas que pareciam feitas de vento. Anthon, visivelmente exausto, se deixou cair sobre o tapete macio que cobria o chão. No geral, o ambiente era acolhedor e reconfortante.

O jovem observou o anel em seu dedo; desde que saíram da vila, a fada não havia se desfeito da transformação. No fim, decidiu ignorar isso, sabendo que ela apareceria eventualmente. Com um suspiro, deslizou a mochila improvisada de suas costas e a depositou cuidadosamente na cama antes de abri-la.

Ao mergulhar a mão na mochila, Alaric começou a retirar os objetos que havia trazido consigo. Entre eles, encontrou uma flauta e uma gaita de boca. Já se fazia algum tempo, mas ele havia despertado uma estranha paixão por música.

Após contemplar esses instrumentos, retirou algumas peças de roupa da mochila e as organizou ao lado dos demais pertences. Observando uma porta ao lado, caminhou até ela e a abriu, revelando um pequeno banheiro. 

"Isso veio em ótima hora", pensou ele. Já se passara algum tempo desde que teve a oportunidade de tomar um banho, especialmente desde que o caos começou. Agora, sujo de sangue e fuligem, não havia momento melhor para se limpar.

Adentrando o cômodo, Alaric avistou uma modesta banheira, uma pia e um vaso sanitário. Apesar de simples, era funcional. Ansioso, despiu-se de todas as roupas e abriu a torneira da banheira. 

Desconfiado de que a água estivesse gelada, aproximou a mão da vazão e, para sua surpresa, sentiu o calor reconfortante acariciar o tato. Um suspiro de alívio escapou-lhe dos lábios enquanto observava a banheira se encher lentamente. 

Com cuidado, colocou o primeiro pé na água, sentindo um arrepio reconfortante percorrer-lhe a espinha. Em seguida, mergulhou completamente na banheira, permitindo que a água quente aliviasse cada centímetro de sua pele cansada e machucada.

— Estava realmente precisando disso… — murmurou para si mesmo. Após enfrentar tanta tensão, cada músculo de seu corpo parecia dolorido e travado. Mas, ao sentir o suave e reconfortante toque da água morna, sentiu-os relaxar gradualmente.

A mente, que por tanto tempo esteve perturbada por milhares de pensamentos incessantes, finalmente encontrou paz. Fechando os olhos, permitiu-se afundar ainda mais na água, sentindo-se como se estivesse em um paraíso distante, onde preocupações e angústias não tinham espaço para existir.

Este momento poderia ser efêmero, uma breve pausa destinada a desaparecer em breve. E logo, ele teria que enfrentar o inferno. Na verdade, ele sabia que o próprio inferno o aguardava, mas talvez por isso, só por isso, Alaric desejava aproveitar ao máximo esse momento, sem mais preocupações, sem mais anseios, apenas a tranquilidade de uma mente vazia.

— Paz... parece tão distante… — murmurou consigo mesmo, deixando escapar um suspiro pesado. 

No âmago de seu ser, o desejo mais profundo era transformar essa palavra em uma realidade em sua vida. Contudo, reconhecia a verdade que se prendia à garganta, rasgava-a, e era difícil de engolir, de que pessoas como ele raramente alcançariam tal estado de tranquilidade. Pessoas que usavam os outros, que se colocavam acima dos demais e que retiravam a paz alheia. Talvez fosse seu karma, pensou sombriamente.

No final, restava-lhe apenas aceitar e seguir em frente, mesmo que isso significasse pisar em cacos que aos poucos lhe dilaceravam a alma.

Alaric permaneceu no banheiro por quase uma hora, entregue à água quente. Somente quando ouviu batidas na porta é que decidiu sair. Com a toalha envolvendo sua parte inferior, ele abriu a porta e deparou-se com uma jovem empregada de cabelos castanhos, cujo sorriso simpático era tão radiante quanto a bandeja que ela carregava, repleta de pratos e potes.

— Vim trazer sua refeição, sen... — Ela começou a dizer, mas suas palavras cessaram abruptamente. Seus olhos se arregalaram, as bochechas coraram.

Alaric ficou confuso diante da reação da moça, erguendo uma sobrancelha enquanto ainda segurava a porta. Vendo que ela parecia petrificada e incapaz de reagir, tomou a bandeja com a outra mão, sem esperar permissão.

— Ah, obrigado... — disse ele, ainda perplexo, virando-se para fechar a porta. — Até mais...

Com a porta se fechando em sua cara, a jovem piscou algumas vezes, com uma expressão boba estampada no rosto.

— O que...? — Cambaleou até a parede, recostando-se nela e deslizando um pouco. Seu coração batia forte, e as bochechas ainda queimavam, fervilhando de calor. — Por que isso...?

Então, como se fossem respostas, flashes de memória invadiram sua mente. Ela recordou: Alaric abrindo a porta, e tudo o que conseguiu perceber foi o abdômen definido, o peitoral esculpido, a água escorrendo pela pele após o banho. Seu rosto, quase angelical, com os cabelos vermelhos como chamas e molhados. Só de lembrar, seu coração parecia querer saltar para fora do peito.

— Ele... — Sorriu sugestivamente, mordendo os lábios, levando uma mão ao peito. — Que homão gostoso... hihi…

Dentro do quarto, o jovem colocou a bandeja prateada sobre o móvel e começou a saborear sua refeição. Havia arroz, pães, carnes e até mesmo um vinho. Alaric devorou tudo rapidamente, deixando um pouco no chão para que Anthon pudesse comer quando acordasse. Esgotado, deitou-se na cama e se entregou ao sono.

 

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Alaric sentiu uma sensação estranha, algo incomum. Relutante, abriu os olhos e foi recebido por uma intensa claridade que o fez erguer uma mão para proteger a vista. Gradualmente, se acostumou com a luz, que se tornou menos incômoda.

Ao olhar para cima, percebeu um ponto brilhante, mas não parecia o sol. Além disso, não havia mais céu, apenas aquele ponto brilhante em meio a uma escuridão nebulosa. Tateou ao redor do corpo e confirmou que ainda estava na cama, ao menos isso.

Levantando-se, ainda confuso, examinou o ambiente, mas tudo o que via era a densa névoa sem fim. No fundo, ele já sabia onde estava.

— Rancor…? — perguntou ao vazio.

E do vazio, veio a resposta.

— Saudades? Alaric…

O jovem desviou o olhar na direção de onde ecoou a voz e deparou-se com um ser caminhante. A cada passo, mesmo sem vento, os cabelos vermelhos dele cintilavam. Alaric levantou-se da cama e aproximou-se do suposto Rancor. Quanto mais perto chegava, mais assustador ficava, era como se olhasse para um espelho.

— Surpreso com minha aparência? — O ser abriu os braços e deu um giro completo. — Devo admitir que gosto dela.

— Como…? — Alaric esfregou os olhos, tentando discernir se era uma alucinação. — Você é exatamente como eu…

— Ah, vamos lá… — Ele ergueu uma sobrancelha  num semblante irônico. — Sou uma manifestação de sua mente quebrada. Que outra aparência você esperava?

Fazia todo sentido que se fosse uma projeção do jovem, era mais que plausível que tivesse a mesma aparência. Contudo, era uma experiência estranha encarar a própria imagem; era como se tivesse um irmão gêmeo, mas com a distinta peculiaridade de sempre exibir uma expressão distorcida, misturando rancor, sarcasmo e confiança, uma combinação que tornava as feições instáveis.

— E você pode assumir outras formas? — indagou, passando a mão pelos cabelos.

— Hmmmm… em vez de responder, vou demonstrar… 

Alaric permaneceu em silêncio, confuso, optando por observar atentamente para tentar, ao menos, compreender. Rancor começou a se desfazer em névoa, até que não restou mais ninguém diante do jovem. A névoa, então, desceu dos céus até o chão, tomando a forma humana. Alaric arregalou os olhos diante da figura que viu.

— Que tal? — perguntou, abrindo os braços num gesto teatral. À frente de Alaric, erguia-se a imagem perfeita de Aldebaram, e ele começou a flexionar os músculos em poses desafiadoras. — Um guerreiro poderoso, com músculos imensos... Acho que posso me acostumar com essa forma…

— Isso é bizarro... — murmurou Alaric.

— Que crueldade... e se... — disse, já dissolvendo-se em um borrão etéreo antes de ressurgir na forma de uma garota de cabelos roxos. — Um amor do passado, sente saudades dela?

Diante do jovem, a figura perfeita de Nadine foi recriada.

— Você é uma extensão da minha mente, deve saber a resposta — respondeu Alaric, mantendo-se imperturbável, sem deixar transparecer qualquer emoção.

— É… tem razão… Hmmmm e que tal... — Rancor se refez novamente, agora assumindo uma forma que fez Alaric franzir a testa. — Um sábio ancião... Eu poderia até…

Era uma forma ao qual Alaric conhecia bem, Dolbrian. 

— Volte à sua forma original, e nunca mais se atreva a assumir essa aparência. — Alaric interrompeu rapidamente, estressado.

— Parece que alguém está ficando irritadinho... — Sorriu presunçoso, voltando à forma de Alaric. — Satisfeito agora?

Alaric suavizou às feições, mas sua expressão ainda denotava inquietação enquanto indagava:

— Ah, vá direto ao ponto, por favor. Por que estou aqui?

— Ah, direto ao assunto, então? — Rancor suspirou profundamente antes de fixar seu olhar no jovem. — Há algo que precisamos discutir. Urgentemente.



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