Volume 2

Capítulo 136: Desejos Alinhados

Após vislumbrar o que parecia ser uma oportunidade crucial para avançar em seus planos, Dalian, acompanhado do líder Duo Chuan, adentrou a uma sala que este último chamava de sala de descanso. O ambiente era amplo e imponente, com dois sofás dispostos em semicírculos opostos, quase se tocando, mas deixando um corredor estreito no meio, por onde as pessoas podiam circular. As paredes estavam adornadas com quadros discretos, e ao fundo, um fogão antigo e uma pia eram visíveis, com várias dispensas espalhadas pelo local, sugerindo um espaço que, além de servir para relaxamento, também tinha um toque utilitário.

Dalian deslizou o dedo pelo encosto do sofá de couro vermelho, sua expressão carregada de dúvidas, apesar do sorriso sereno. O couro sob seu toque era frio e liso. Ele levantou o olhar para Duo Chuan, que parecia pegar algo nas dispensas. 

— Hmmm… Pelo que me lembro, Bartolomeu havia enviado vários exemplares… — Dalian começou, sua voz tingida de perplexidade. — No entanto, naquela sala, havia talvez duas dezenas. Se me permite a pergunta, onde estão os outros?

Ele fez uma pausa, o olhar fixo em Duo Chuan, como se esperasse que a resposta chegasse não apenas em palavras, mas também em expressões e gestos. O som abafado dos passos no corredor próximo e o leve crepitar do fogo no fogão eram os únicos sons que quebravam o silêncio. 

— Você realmente não deixa passar nada... — Ele se dirigiu ao armário com uma expressão de leve impaciência, puxando de lá um elegante bule de chá de porcelana, cujas cores sutis e padrões intrincados capturavam a luz do ambiente. Com um movimento deliberado, ele o ergueu, deixando-o brilhar sob a iluminação suave da sala. — Tem razão, eles foram transferidos para uma base alternativa da nossa organização em Pariston. Os que aqui permanecem, são exclusivamente para os testes conduzidos pela nossa doutora Lucita.

— Hmmm... Entendo. Existe mais alguém envolvido nesses experimentos?

Duo Chuan, com um olhar intenso e concentrado, cuidadosamente posicionou o bule de porcelana no balcão de mármore. Em seguida, apanhou uma chaleira metálica e a colocou no fogão aceso, onde a chama dançante lançava um brilho âmbar que ressaltava cada contorno de seu rosto. A iluminação acentuava a profundidade de seus traços e criava um jogo de luz e sombra que realçava sua aura misteriosa. 

Ele escutou a pergunta com um olhar que parecia deslizar pelas laterais dos olhos, quase como se estivesse sondando a intenção do interlocutor. Um sorriso enigmático começou a se formar em seus lábios, aumentando o ar de segredo que o envolvia.

— Há alguém querendo saber demais... — Sua voz era suave, mas carregada de uma sutileza ameaçadora. No entanto, o sorriso se alargou, dissipando qualquer vestígio de hostilidade, enquanto um riso leve e aparentemente despretensioso escapava de seus lábios. — É claro, sempre há mais alguém por trás das cortinas, mas lamento informar que você não terá o prazer de conhecer tal pessoa ilustre… Não tão cedo. Peço desculpas por isso.

Dalian não encarou a situação como um insulto direto, apenas compreendeu que precisaria ganhar mais confiança dentro da organização para acessar os segredos mais profundos da tríade e entender seus meandros internos.

Subitamente, o trinco da porta moveu-se com um som metálico, cortando o silêncio e chamando a atenção do mago. A porta se abriu lentamente, rangendo e emitindo um eco sutil que parecia se propagar pela sala. Uma figura emergiu da penumbra, revelando um homem de meia-idade. Seus cabelos ralos começavam a se tornar grisalhos, e a barba por fazer conferia-lhe um ar de descuido. Seu corpo robusto, com uma leve barriga saliente, contrastava com a postura ereta e firme, emanando uma presença que não podia ser ignorada.

— Duo, então você está aqui — disse o homem, ao notar o líder da organização em uma posição de destaque na cozinha, garimpando algo na despensa. Seus olhos então se voltaram para Dalian, que o observava com uma serenidade calculada, como se estivesse analisando cada movimento. — E você é…

— Este é Dalian, Xiong — respondeu Duo Chuan, sem desviar o olhar do que procurava na prateleira. Finalmente, encontrou o item desejado e se levantou, segurando um pequeno frasco de vidro com algumas folhas de chá. — Nosso mais novo colaborador. Imagino que já tenha ouvido falar dele, dada as suas realizações notáveis e o impacto que teve em certos países.

Xiong examinou o mago com um olhar avaliativo e, após alguns momentos de silêncio, exalou um suspiro profundo. Ele deu alguns passos para dentro da sala e fechou a porta atrás de si com um baque abafado.

— Conheço bem a reputação desse aí — começou Xiong, avançando com passos pesados, mantendo o olhar no chão, enquanto passava a mão pela barba de forma desconfortável. — Droga, Duo, você e essa sua mania irritante… Sempre trazendo os tipos mais excêntricos para dentro da organização.

— Não fale assim, Xiong — interrompeu Duo com um tom firme, enquanto colocava as folhas de chá, na bandeja, ao lado do bule. — Ele agora é um membro inestimável, e além disso, você nunca foi o mais qualificado para julgar os outros desta forma. Ou já se esqueceu de sua linha de trabalho? Seu temperamento, e claro, antes que me esqueça, seus atos questionáveis.

A chaleira estava quase a ponto de ferver, o vapor escapando por entre as frestas da tampa e emitindo um sibilo suave, mas insistente. Duo se recostou no balcão com um suspiro resignado, os olhos fixos no outro com uma expressão que misturava sabedoria irritante e reprovação. Xiong, por sua vez, detestava o modo zen do seu líder, aquela atitude passiva que Duo sempre adotava, depois de alguns anos. 

O que mais o incomodava era a maneira como Duo não perdia a chance de lançar-lhe na cara todos os erros passados e presentes, como maneiras de o calar na frente dos outros. Uma arma muito utilizada, que o líder aprendeu que era eficaz. 

Ainda que Xiong soubesse que as críticas eram verdadeiras, isso não impedia que ele as achasse exasperantes. No fundo, sabia que discutir com Duo Chuan por qualquer motivo era fútil e inútil.

— Tsc… Está bem, está bem. Não está mais aqui quem falou — resmungou, virando-se com uma teatralidade exagerada em direção ao sofá. Seus movimentos misturavam um desleixo calculado com uma pontada de dramatismo, como se estivesse interpretando um papel que não lhe era totalmente confortável. Ele atravessou o espaço entre os móveis com uma postura relaxada, mas ainda assim lançou um último olhar crítico para Dalian antes de se acomodar no estofado. — Mesmo assim, esse aí não é flor que se cheire. Só dizendo, para que depois não diga que eu não avisei.

O rosto de Xiong torceu-se em desagrado, seus olhos carregados de uma insatisfação visível. Ele afundou no sofá macio, que parecia abraçá-lo com uma sensação de conforto indulgente, como o calor envolvente de um abraço amoroso. O estofado cedeu sob seu peso, moldando-se às suas formas de uma maneira que contrastava com a rigidez de seu humor.

Dalian, por outro lado, permaneceu impassível. Seu semblante estava como uma máscara de pedra, incapaz de revelar o menor traço de descontentamento. Sempre fora hábil em esconder suas emoções, e as opiniões de alguém como Xiong não tinham a menor influência sobre ele, pouco importavam.

— Ahhh… A sua falta de educação é, sem dúvida, a parte mais insuportável da sua personalidade já difícil… — murmurou Duo Chuan, passando a mão pelo rosto em um gesto que misturava incômodo e desdém. Seus dedos roçaram a pele com uma leveza cansada, como se tentasse esfregar a irritação que o outro lhe causava. 

Xiong tinha o hábito desagradável de falar o que não devia, geralmente nos momentos mais inoportunos, e isso conseguia desestabilizar até mesmo alguém tão paciente quanto Duo. Ele interrompeu o gesto automático de acariciar o rosto e lançou um olhar desconfortável para Dalian. 

— Peço desculpas por ele, Dalian…

— Ah, não há necessidade de se desculpar; realmente, não vejo problema algum. Na verdade, é até curioso saber que o Ministro da Morte, um homem que sozinho gerenciou o mundo do assassinato e ceifou milhares de vidas, me considera pior do que ele — respondeu Dalian, com um tom de deboche calculado, que, paradoxalmente, carregava uma forma distorcida de elogio. — É uma honra saber que meus feitos chegaram até ele de tal maneira.

Xiong encarou Dalian por um instante, o rosto ruborizando-se com uma mistura de desagrado e frustração. Seus olhos reviraram-se, e ele sentiu o sangue ferver por um momento, reagindo às palavras sarcásticas que considerava excessivas. Contudo, optou por ignorar o comentário. 

Sabia que Duo Chuan não ficaria nada satisfeito se visse mais uma discussão entre ele e um novo membro. E, mesmo com toda a sua impaciência, Xiong compreendia que o comportamento de Dalian não passava de um teste para estudá-lo, uma estratégia psicológica para sondar sua reação. 

No fim, para sua própria surpresa, conseguiu manter-se calmo e não reagir impulsivamente, o que, de certo modo, era digno de nota.

Duo Chuan, com sua sagacidade habitual, observou a troca com um olhar atento. Conhecia bem o jogo de Dalian, um mestre em criar situações que desafiavam e estudavam os outros para obter um controle mais refinado, como o próprio fazia. No entanto, decidiu não intervir. Fazer qualquer comentário para o mago poderia inflar o ego de Xiong, levando-o a uma reação mais incisiva e impulsiva, como de costume.

— Ah, quer saber, tanto faz — disse Xiong, com um tom um pouco cansado enquanto se recostava no sofá, soltando um suspiro de resignação. — De qualquer forma, ouvi dizer que o imperador está voltando daquela reunião entediante.

— É verdade, ele deve chegar amanhã ou depois — confirmou Duo Chuan, cruzando os braços sobre o peito, mergulhando em um olhar contemplativo. Seus olhos se perderam no vazio, como se tentasse antecipar os desafios que viriam. — As coisas vão ficar complicadas para a organização. Precisaremos ser mais cuidadosos.

— Tsc… Durante todo esse tempo em que aquele idiota esteve fora, poderíamos ter tomado alguma atitude — reclamou, sua voz carregada de frustração. O olhar se estreitou, revelando a intensidade de seu descontentamento — Mas não, você decidiu ficar na moita, como uma barata fugindo da sola de um sapato velho.

O líder manteve um sorriso enigmático, que misturava ironia e paciência, enquanto recebia a crítica cortante. Ele parecia absorver cada palavra com uma calma quase provocativa. 

Dalian observava a cena com uma expressão pensativa, capturando a tensão que pairava no ar. A interação entre os dois não era apenas um conflito típico entre chefe e subordinado; havia uma profundidade e uma frustração palpáveis, mas também algo semelhante a uma grande amizade. Duo Chuan, ouviu o apito da chaleira, e se virou para o fogão com um movimento fluido e decidido.

— Quantas vezes vou ter que repetir isso para que entre na sua cabeça dura? — sua voz carregava um cansaço quase resignado, como se o esforço para ser compreendido fosse um fardo constante. Ele retirou a chaleira do fogo e despejou a água fervente no bule de chá com uma precisão meticulosa. A fumaça branca que se desprendia formava espirais suaves, preenchendo a sala com um aroma reconfortante e envolvente. — Não podemos nos expor neste momento. Estamos dando passos cruciais. A última coisa que precisamos é atrair atenção indesejada... Até o Grande Dia, devemos permanecer nas sombras e apenas isso.

— Permanecer nas sombras? Você acha que sou um fantasma? Um Lunarian ou algum vampiro? — a resposta de Xiong transbordava sarcasmo, seu tom carregado de uma raiva que parecia estar prestes a explodir. — Acorde! Vivemos em um mundo que exige que mostremos quem realmente somos. Trabalhamos em um meio onde é necessário demonstrar nosso poder. Para que aqueles desgraçados não se achem no direito de nos menosprezar! Devemos agir, como sempre fizemos, e graças a isso chegamos onde estamos. Ficar parados, escondidos como cães sem dono, só vai nos derrubar. E isso, definitivamente, não é para mim.

Chuan ouviu aquele discurso de alguém que via a liderança como uma questão de brutalidade e carnificina, o que, na verdade, não surpreendia vindo de um ex-líder de um grupo de assassinos. 

Ele mexeu o chá com uma colher, observando a superfície do líquido que se agitava sob o vapor. A calma forçada do chá parecia uma tentativa quase cínica de suavizar a tensão que pairava na sala, uma estranha ironia contrastando com a intensidade da discussão.

— É exatamente por isso, entre outras razões, que eu lidero a Xué Lián, Xiong — a resposta de Chuan foi seca e imperturbável, uma afirmação clara de sua autoridade. — Você pode estar frustrado com nossa aparente passividade, mas isso é irrelevante. Claro, não leve como um insulto. Mas, deve ter percebido que apesar de nossa posição discreta e de não ostentarmos nossa presença, nenhuma outra organização saiu do fundo do poço tentando se impor ou desafiar nossa posição. Ninguém sequer ousou nos enfrentar. Recentemente, um líder de uma grande organização veio até mim para pedir permissão para traficar certos produtos. Entende o que isso significa? Pode não perceber, Xiong, mas nosso respeito vai além das demonstrações superficiais de poder. — Seus olhos estreitaram-se, ainda fixos no bule, enquanto um sorriso confiante surgia em seus lábios. — Mas mantenha a calma e tenha paciência. O Grande Dia está se aproximando, e garanto que, com o que faremos, ninguém terá a ousadia de contestar nossa dominância.

— Grande Dia? O que isso significa? — Dalian perguntou, reclinando-se no sofá com uma expressão de relaxamento que escondia uma leve inquietação.

Duo Chuan, com seu olhar penetrante e distante, fixou-se no líquido escuro e fumegante que preenchia o bule, como se visse além das ondas do chá. Uma sombra de compreensão cruzou seu rosto. Ele deslizou o bule para fora do calor da chaleira e o fechou com um clique sutil, antes de pegar a bandeja com movimentos precisos e deliberados. Com a mesma calma calculada, aproximou-se dos sofás, a bandeja balançava ligeiramente em suas mãos firmes.

— Vou lhe contar o que é… — disse, com uma voz carregada de uma frieza enigmática. — Mas somente se você me revelar o verdadeiro motivo de sua visita às terras orientais. E, por favor, não tente me convencer de que seu interesse era apenas conhecer a organização; sabemos que há algo mais por trás de sua presença aqui do que um simples desejo de curiosidade.

O mago observou-o passar com a bandeja nas mãos, seus olhos traindo um misto de perplexidade e cautela. Aquele homem era diferente de tudo o que Dalian já havia encontrado. A fachada gentil e até um tanto boba escondia algo muito mais profundo e perigoso. O mago sabia que não poderia ocultar nada; se Duo Chuan descobrisse algum fato oculto, isso poderia comprometer a confiança que ele estava tentando conquistar. A situação era crítica, e as opções para escapar eram mínimas. Xiong, por sua vez, observava-o com uma mistura de curiosidade e desconfiança, ciente de que a fama de Dalian não era das melhores.

— Muito perspicaz você... — começou, sua voz carregada de um tom de sinceridade calculada. — É verdade, há uma outra motivação que me levou a viajar por todo o continente até chegar às terras do Oriente... — Ele deixou seus lábios curvarem-se em um sorriso confiante, seus olhos penetrantes fixos nos de seus interlocutores. — Vim em busca do Equitiliun...

O líder colocou a bandeja na mesa de centro, entre os sofás, e despejou o líquido saboroso em uma xícara com um gesto delicado, quase ritualístico, como se estivesse servindo uma cerimônia. No entanto, ao ouvir as palavras de Dalian, seu corpo inteiro deu um espasmo repentino, e sua mão tremeu, fazendo com que um pouco da bebida se derramasse sobre a mesa.

— Isso é... Uma grande surpresa — afirmou Duo Chuan, tentando recuperar a compostura.

— Muito suspeito... Primeiro você deseja se unir a nós, e depois revela que está atrás daquele livro — observou Xiong, cruzando os braços, o olhando com desconfiança. 

Dalian apoiou as palmas das mãos no encosto do sofá e se inclinou, fazendo as mãos afundarem levemente. Seu olhar era firme e determinado.

— Ora, e por que isso seria suspeito? As duas coisas estão diretamente ligadas, senhores. Ao me unir à tríade, eu ganho conexões e possibilidades para finalmente tomar aquele livro em minhas mãos.

— Você por acaso sabe onde está aquela maldita coisa? — indagou Xiong, irritado. Ele batia com o dedo no braço cruzado, demonstrando o crescente aborrecimento. — Na porcaria do palácio daquele imbecil, pior ainda, naquela masmorra que chamam de sala de tesouros. Como em nome de qualquer deus, você acha que conseguirá chegar lá?

Duo Chuan terminou de encher as xícaras, entregando-as com cuidado. Xiong, ainda demonstrando impaciência, descruzou os braços e pegou a sua xícara com um gesto apressado. Dalian, por outro lado, alinhou a postura com um toque de formalidade. Duo então se acomodou no sofá, segurando seu próprio recipiente, enquanto observava atentamente o aliado à sua frente.

— Na verdade, Xiong, isso não será um problema… — revelou, com um tom de voz que misturava confiança e mistério. Dalian, que estava logo atrás dele, ergueu uma sobrancelha, claramente intrigado com o que estava prestes a ser dito. — Nossos interesses acabam por se alinhar, meu caro Dalian.

— Não sei se entendi bem, o que exatamente quer dizer?

Xiong estalou a língua com desdém e deu um gole no chá quente. O sabor amargo se espalhou em seu paladar, um contraste gritante com a expectativa tensa no ar. Ele então se dirigiu a Dalian:

— É simples… Esse maluco planeja invadir aquela sala de bugigangas e roubar quase tudo que há lá...

Dalian arregalou os olhos, surpreso com a revelação. Sua atenção se voltou para Duo, que estava sentado abaixo dele, tomando um gole delicado do chá, como se cada gota fosse um tesouro. A solenidade daquele homem era de outro mundo.

— Ele tem razão, Dalian… — concordou o líder, com um tom mais sério agora. — Este é o que chamei de Grande Dia. Na verdade, um de muitos grandes dias, mas isso você entenderá melhor em outra ocasião... — Se levantou lentamente, virando-se para encarar o mago com um olhar significativo. — No entanto, dado que nossos interesses se cruzam de tal forma, considero essencial integrar isso aos nossos planos... 

Ele lançou um olhar para Xiong por cima do ombro, antes de retornar a sua atenção a Dalian.

— Xiong, Dalian, preciso que vocês façam algo. Dentro de dois ou três dias, haverá um dia de apresentação dos campeões que participaram do torneio. Quero que vocês se infiltrem entre os nobres presentes. Observem cada competidor e, claro, aquele que é especial… Além disso, Xiong.

O outro se levantou, parecendo ter uma impaciência contida permeando seu ser.

— Já sei, já sei — interrompeu com uma expressão resignada. — Vou me comunicar com alguns indesejáveis irritantes e acertar alguns negócios. 

Xiong deixou a sala, sua saída marcada por um leve estalo da porta ao se fechar. Dalian permaneceu ali, imersa em pensamentos, enquanto Duo Chuan continuava a degustar seu chá com uma graça quase aristocrática. Seus movimentos eram deliberados e elegantes, como se cada gesto fosse uma dança meticulosamente ensaiada. As mãos dele, ao levantar a xícara, revelavam dedos finos e ágeis, e os lábios, ao tocar o líquido quente, se curvavam com uma precisão calculada.

Os dois continuaram a trocar informações com a mesma calma meticulosa, imersos em uma conversa que parecia quase cerimonial. O tempo parecia escorregar suavemente enquanto as palavras fluíam, envolvidas em um jogo de subtilezas e olhares significativos.

À medida que o dia se arrastava para seu encerramento, a luz do sol se desvanecia lentamente. Finalmente, as cortinas foram puxadas, revelando um cenário prometido. O palco estava pronto para um espetáculo grandioso que viria adiante.



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