Volume 2

Capítulo 105: Confrontando o Mago

Dorni pisava no solo verdejante que antecedia Reven, com os portões da cidade a menos de um quilômetro de distância. No entanto, às suas costas, havia pelo menos quinhentos cavaleiros ansiosos por derramar seu sangue e o de seus comandados.

O batalhão de Dorni já havia sofrido pesadas baixas, com perdas que ultrapassavam centenas de homens. Para piorar, além desses quinhentos inimigos, havia um acampamento com mais de quatro mil guerreiros aguardando para atacá-los.

Por sorte ou talvez azar, aquele de quem Dorni menos esperava ajuda apareceu. Dalian, com um gesto poderoso, ergueu uma muralha de fogo infernal, bloqueando a passagem dos inimigos e concedendo ao jovem e seus homens um breve respiro.

— Sabe, você deveria estar mais agradecido — começou Dalian, com um irritante sorriso convencido. — Se não fosse por mim, estaria nas garras de Hades, neste exato momento.

— Quer que eu me ajoelhe e faça uma oração para você, oh, grande salvador? — retrucou Dorni, irritado. Seu rosto se contorceu em uma mistura de raiva e desconfiança. — Corta essa. Me diga logo por que você veio me ajudar. Não ache que vou acreditar que foi por bondade.

— Vejo que continua o mesmo jovem impaciente e irritante que era quando partiu daqui, há um ou dois meses atrás — disse, cruzando os braços atrás das costas. — Hum, acredite ou não, não me importa nem um pouco. Apenas achei que devia te ajudar, só isso, nada demais.

O jovem bufou e virou o rosto. Não ia engolir aquelas palavras, que soavam tão falsas, ainda mais vindas daquele mago. Mas, ao observar os arredores, realmente, não podia negar que a aparição de Dalian foi de grande ajuda. Os homens sobreviventes estavam exaustos, muitos jogados no solo, e ao olhar para si mesmo, percebeu que estava no mesmo estado.

No fim, após encarar a realidade com olhos realistas, voltou a olhar para Dalian.

— Nunca vou confiar em você, Dalian. Sempre existe um motivo por trás de tudo que você faz, e isso não é diferente... Mas...

— Mas? O que você quer dizer... hein, meu caro Dorni? — O mago continuou sorrindo convencido, erguendo uma sobrancelha de forma irônica.

Dorni contorceu o rosto, fazendo uma careta enquanto coçava a nuca, relutante em continuar e dizer o que queria. Finalmente, em um suspiro resignado, disse:

— Ahhh, obrigado. Sem você, eu e meus homens realmente estaríamos em um encontro nada agradável com Hades agora. Então, obrigado, Dalian.

— Está aí, algo inesperado vindo de alguém tão rancoroso quanto você… — comentou, seu tom indiferente deixando claro que o agradecimento não significava nada para ele. — Bem, se não temos mais nada para conversar, sugiro que recuemos. A menos que você se ache capaz de enfrentar mais quatro mil deles.

— Vou aceitar sua sugestão. Você deve ser capaz de ver por si mesmo que nem eu nem meus homens temos condições de continuar a luta.

Ao fazer uma varredura geral pelo campo, não havia como contestar as palavras do rapaz.

— Não há como negar que vocês se assemelham mais a um bando de moribundos — alfinetou, em um tom sério e altivo, sem carregar nenhum traço de descontração. — Ainda assim, é estranho alguém que busca tanto a força, o poder, assumir que é ou está fraco… Curioso…

Dorni ignorou completamente as provocações do mago e virou-se para sair, sem proferir mais nenhuma palavra. De nada adiantaria responder à altura; o humor distorcido de Dalian transformaria qualquer insulto em elogio ou o acharia engraçado, prolongando uma troca inútil.

Enquanto se afastava, Dalian observava-o com olhos atentos, mas que, no fundo, continham faíscas de aspiração, mantendo sempre um sorriso falso em uma face fria.

— Escutem com atenção! — exclamou Dorni para os homens no campo de batalha, que o observaram atentamente. — Com o auxílio de Dalian, conseguimos um breve descanso, mas isso não durará muito. Portanto, levantem-se e ajudem os feridos a se erguerem, avancem para a segurança, avancem para Reven!

Após proferir palavras que pareciam carregar um peso muito maior do que aparentavam, os homens, mesmo feridos, exaustos e surrados, foram tomados por um sorriso de alívio, uma alegria nascida da esperança renovada. Aqueles que ainda tinham forças para caminhar por conta própria ofereceram apoio aos que não podiam se mover, e juntos avançaram em direção a Reven.

Nos portões, Dorni e Dalian aguardaram cada um entrar, motivados por razões distintas: o jovem agia por zelo, enquanto o mago parecia movido por uma vontade não revelada ou aparente. Por fim, Dorni atravessou os portões, seguido por Dalian, que deixou metade do corpo do lado de fora enquanto dirigia seu olhar para a parede de chamas que ainda ardia como o próprio inferno.

— Parece que não há magos capazes de superar minha magia, não é? — Ele concluiu após tanto tempo mantendo a magia invocada, sem que nenhum ataque tivesse sido lançado para desafiá-la. — Hmmm... Você realmente não se esforçou para treinar mais magos, não é, velho? Nem mesmo se deu ao trabalho de aparecer... Mas tudo bem, um dia... um dia, velho, esfregarei todo o meu poder na sua cara...

Com isso, ele atravessou os portões, e as chamas começaram a perder vigor, diminuindo até se extinguirem completamente, desaparecendo da paisagem como se nunca tivessem existido. Para desapontamento dos aldemerianos que ansiavam pelo desaparecimento do paredão de fogo, tudo o que viram foram corpos inertes onde esperavam encontrar seus inimigos. Com isso, sem mais nada a fazer, recuaram. 

Protegidos agora pela segurança proporcionada pelas altas muralhas, o jovem líder ordenou que os feridos fossem encaminhados para receber tratamento, enquanto os demais eram instruídos a descansar. Ao final, restavam apenas cem homens vivos dos seiscentos que haviam partido de Citra.

Entre os sobreviventes estava Jarvan, a quem Dorni ordenou que buscasse repouso. Enquanto isso, o jovem líder percorria os corredores do castelo, que pareciam estranhamente mais vazios do que o habitual, seu coração ansiando pelo encontro com Dalian para discutir um assunto que o consumia com dúvidas.

Chegando a entrada do lugar, sem esperar permissão, ele empurrou as imponentes portas da sala do trono, deparando-se com Dalian solitário, sentado no trono como um rei que acabara de perder seu reino. Curiosamente, Delilian não estava ao seu lado, o que despertou a atenção de Dorni.

— Onde está seu irmão? — indagou, avançando em direção ao centro da sala.

— Dorni... Meu irmão? Deve estar ocupado com alguma questão importante — respondeu, recostando-se no trono. — Por que a pergunta? Tem algo a tratar com ele?

— Não, é apenas estranho não vê-lo ao seu lado, como sua sombra... — Dorni aproximou-se dos pés do trono, fixando seu olhar no outro. — Mas enfim, não preciso da presença dele para discutir um certo assunto com você.

O mago ergueu uma sobrancelha, perplexo com o tom adotado pelo jovem, já suspeitando do assunto em questão.

— Ora, parece ser urgente. Bem, vá direto ao ponto, não me faça perder tempo.

— Tempo é o que você mais têm... — provocou Dorni, recebendo um sorriso falso de Dalian. — Mas serei breve. Citra. É isso que quero saber. Você já estava ciente do que iria acontecer?

— Ah, a insanidade do rei Bartolomeu... — respondeu Dalian, baixando o olhar em uma simulação de pesar. — Pode não acreditar, mas fiquei tão surpreso quanto você ao ouvir sobre...

Quando chegou à cidade, Dorni foi surpreendido com a notícia de que a explosão já havia se espalhado por todo o continente. No entanto, isso não era o que mais preocupava o jovem. Com um olhar determinado, ele indagou:

— Dalian, você pode enganar o idiota do seu irmão, mas nunca conseguirá fazer o mesmo comigo. Túlios... Foi sua ideia enviá-lo, não foi?

— Você parece bastante confiante em suas acusações. Eu poderia interpretar isso como uma ameaça — respondeu Dalian, seus olhos estreitando-se enquanto a tensão no ambiente aumentava perceptivelmente. 

Porém, Dorni não recuou, nem demonstrou medo. Ele respondeu com um olhar ainda mais desafiador, como alguém pronto para entrar em combate.

— Pode interpretar como quiser, seja como uma ameaça ou uma mera bobagem, mas saiba que não me intimida com um simples olhar. Agora, responda, Dalian, se tiver coragem, é claro.

Uma simples provocação, mas dada a natureza da conversa e o clima tenso que se instaurava, poderia desencadear as respostas esperadas ou iniciar uma verdadeira batalha. Contudo, quando se tratava daquele mago, sempre se podia esperar o total oposto. Assim, Dalian suavizou o olhar e permitiu que o clima retornasse à normalidade.

— Parece que aquele garoto covarde, que mal tinha forças para se manter, aprendeu a se impor. Devo admitir que foi uma evolução e tanto.

Suas palavras eram desprovidas da gentileza de um amigo orgulhoso, carregando apenas o desdém de quem não se importava ou achava o mínimo necessário. Diante do silêncio de Dorni, cujo olhar permanecia fixo e estreito, Dalian prosseguiu:

— Muito bem, responderei suas perguntas com honestidade... — Ele apoiou o cotovelo no trono, deixando o punho sustentar a cabeça. — Você mencionou Túlios, certo? Hmmmm... O tolo general, que não conseguiu vencer nenhuma batalha em que se envolveu, resultando na perda de mais de três mil vidas devido às suas ordens equivocadas...

— O quê!? Como assim!? Fui informado de que ele era um brilhante comandante, que havia vencido várias batalhas... Você... Dalian, por que diabos você estava mentindo sobre isso!? E pior ainda, por que enviar esse incompetente numa invasão de tal importância!?

Dorni ficou atônito diante da revelação. Desde que aceitara acompanhar Túlios na invasão de Citra, fora informado de que o homem era um comandante habilidoso, o que o levou a acreditar que precisaria apenas auxiliá-lo em algumas decisões. Se soubesse do passado incompetente dele, jamais teria aceitado tal missão. Não conseguia reconciliar a meticulosidade de Dalian com essa omissão de informação. Havia algo mais por trás disso, e o jovem franziu o cenho enquanto encarava Dalian, aguardando uma resposta coerente.

— Bem, deixando de lado esse seu descontrole emocional irritante… Você me questionou sobre o motivo de minha mentira. Hmmmm... — Dalian levantou os olhos para o teto, como se estivesse mergulhado em profundos pensamentos, e então começou a falar: — Sabe, desde que aceitei trair Aldemere e entregar Reven a Re'loyal, muitas promessas me foram feitas... Poder, influência, status... Para ser sincero, são futilidades que não me importam tanto. Mas havia algo mais, algo que despertou meu interesse: a promessa de um livro, a promessa de me concederem o Equitiliun.

A mudança abrupta de assunto irritou Dorni, mas o tema despertou seu interesse. Mantendo o cenho franzido, ele adotou um leve sorriso irônico, curioso para ver onde aquela conversa os levaria.

— Sério? Não vejo nenhum livro por aqui. Parece que não cumpriram a promessa, não é? Ainda assim, é difícil imaginar você sendo enganado dessa maneira.

— Aí é que você mesmo se engana, jovem Dorni — respondeu, em tom sereno, parecendo pesar cada palavra, enquanto mantinha seu olhar fixo no teto. — Eu nunca aceitaria algo assim sem ter plena certeza. Por isso, fiz uma visita à capital deles e confirmei que continham o livro. No entanto, só me permitiriam tê-lo após completar minha parte do acordo.

— Se eles tinham o livro, por que você não o obteve?

— Preste atenção na palavra "tinham" — disse ele, baixando o olhar para encarar o jovem. — Está no passado. Quando completei minha parte e Reven caiu nas mãos de Re'loyal, corri para reivindicar meu prêmio. Contudo, algo que aqueles imbecis não contavam era que o Equitiliun, se não atender a certos requisitos, simplesmente desaparece e reaparece em algum lugar aleatório. Infelizmente, foi o que aconteceu. 

No final, sem a recompensa esperada, Dalian ficou frustrado. Os líderes de Re’loyal, reconhecendo a influência recém-adquirida e o poder demoníaco dele na época, temeram que ele se voltasse contra eles. Assim, entregaram Reven como uma recompensa alternativa, algo que não agradou tanto ao mago, mas o manteve contido até então.

— Entendo. Mas isso não responde a minha indagação! Por que mentiu sobre Túlios? — questionou Dorni, seu olhar tornando-se cada vez mais ameaçador. Essa volta enorme que a conversa estava dando o irritava profundamente.

— A paciência é uma virtude; a falta dela é tolice... — pontuou, abrindo um sorriso sarcástico enquanto começava a se levantar do trono. — Contudo, também estou farto dessa enrolação... Como mencionei, Re'loyal me entregou Reven numa tentativa fracassada de me conter. Eu aceitei de bom grado, usando a influência do governo para meus próprios propósitos... Mas, há seis meses, descobri algo...

Dorni o observou descer elegantemente pelas escadarias do trono, mas seu semblante não exibia elegância, apenas insatisfação com o que estava por vir, fazendo suas expressões se contorcerem em puro ódio.

— Esses malditos estavam planejando me passar para trás... — O jovem ergueu uma sobrancelha, mantendo o silêncio. — Mais precisamente, me remover do poder e entregar a cidade a outro...

— Isso preenche muitas lacunas... — ponderou Dorni, baixando o olhar, parecendo conectar certos pontos. — Então, você está traindo Re'loyal? Na verdade, já traiu… Sabe, havia maneiras mais simples de fazer isso...

— Hum... Talvez você tenha razão, mas eu precisava de algo que desse um golpe duro neles e garantisse que Reven caísse novamente. Eliminar grande parte de sua força de defesa foi a abordagem mais segura e eficaz.

Dorni podia não concordar plenamente com os métodos e abordagens utilizados, mas não podia negar que foram certeiros. Como um general que pensa em todos os cenários possíveis, não conseguia sequer imaginar uma alternativa que salvasse Reven. No entanto, isso trouxe novas sombras de dúvida que dançavam em sua mente.

— Sendo assim, você realmente tinha conhecimento do que aconteceria em Citra...

— Eu era ou sou "rei" desta cidade, é óbvio que tinha… Na verdade, ainda tenho muitos contatos. Além disso, já pertenci à elite de Aldemere. Foi deveras fácil obter essa informação.

Ao falar isso, Dalian sorriu. Antes de trair Aldemere, ele era filho de um importante mago do reino, o que lhe garantia grande influência e muitos contatos. Mesmo após sua traição, manteve certos contatos, que foram até fortalecidos com a nova posição que ocupou. Poderia-se dizer então que nada acontecia nos arredores sem que ele ficasse sabendo. Enquanto ainda descia os degraus do trono, ele levou as mãos às costas, cruzando-as, e continuou a falar:

— Com isso, descobri sobre o plano audacioso há cerca de nove meses atrás, embora naquela época ainda não estivesse totalmente pronto. — Dalian passou por Dorni, dirigindo-se em direção à porta. O tom do mago era moderado, sempre conciso. — Quando tomei conhecimento do que tramavam contra mim, simplesmente usei tudo a meu favor. Corri para Re'loyal e sugeri uma invasão, insinuando que estavam fracos e que seria fácil tomar a cidade. Plantei a semente da cobiça neles... Velhos gananciosos são fáceis de manipular...

— Você fala tudo isso com uma naturalidade assustadora... — murmurou o jovem, movendo-se para seguir Dalian. — Quanto a Túlios, ele se encaixa onde nisso? Como permitiram que alguém tão incompetente participasse dessa empreitada?

— Os incompetentes dão as ordens. Não acho surpreendente ter conseguido convencê-los a permitir isso. Ainda mais que Túlios era filho de um antigo general, o que, apesar de suas falhas, ainda era um nome... ou melhor, sobrenome a ser considerado. Foi fácil. Subornei alguns e prometi coisas a outros, no fim, consegui o que queria.

Como mencionado, Túlios era filho de um antigo general muito respeitado em Re'loyal, e seu sobrenome carregava um peso considerável. No entanto, apesar dessa linhagem prestigiosa, Túlios não herdou as habilidades de seu pai e era amplamente considerado um comandante incompetente. Dalian soube disso e ficou satisfeito, pois Túlios era a peça perfeita para seus planos; um tolo que, pela própria estupidez, levaria outros à morte.

Dorni absorveu as informações, reorganizou na própria mente e rapidamente compreendeu tudo. Finalmente, as peças começaram a se encaixar, naquele quebra-cabeça complicado. Então, quando o mago abriu as portas da sala do trono, Dorni, com uma sobrancelha erguida, fez sua pergunta:

— Você me enviou com um propósito específico? Me ver voltar vivo fugiu dos seus planos? — o jovem deu um sorriso sarcástico, e terminou: — Te deixou consternado…?

— Haha! Não, de forma alguma... Eu esperava que você fosse o catalisador para aquele idiota cometer um erro... Ele já era um homem velho e teimoso, e não aceitaria ordens ou sugestões de um jovem como você... Isso o levou a tomar uma decisão completamente imprudente, que, mesmo para os padrões dele, foi extremamente estúpida.

Dalian atravessou as portas com um olhar satisfeito, e prosseguiu:

— Você voltar já era o esperado. No entanto, não esperava que retornasse com tantos soldados sob sua tutela. Você está se tornando uma pessoa perigosa, devo dizer...

Com essas palavras, ele partiu, deixando Dorni para trás, perdido em pensamentos. A última parte das palavras de Dalian carregava um misto de orgulho, mas também um tom de ameaça e preocupação. O que exatamente essas palavras significavam? Dorni não sabia se queria descobrir. Afinal, o que significaria tornar-se uma pessoa perigosa para alguém como aquele mago de personalidade distorcida?

Mas ficar perdido em pensamentos não levaria Dorni a lugar algum. Determinado, ele saiu da sala do trono, logo atrás do mago, deixando a sala vazia, como permaneceria por um bom tempo.

— Dalian! Espere! — Dalian parou, observando-o com curiosidade. — O que fará agora? Preciso saber para decidir como prosseguir.

— Ah, muito inteligente da sua parte. Pois bem, se valoriza a vida daqueles que te servem, sugiro que reúna-os e saia da cidade.

Dorni franziu o cenho, confuso e suspeito com aquelas palavras.

— O que você realmente está planejando, Dalian?

— Já ouviu como entreguei a cidade a Re’loyal?

— Você abriu os portões... — De repente, um insight surgiu na mente do jovem. — Você realmente é um mago ardiloso…

A conversa havia se estendido até os primeiros raios de sol aparecerem, momento em que os poucos soldados encarregados da impossível missão de proteger a cidade começaram a gritar que os inimigos estavam nos portões.

Os arqueiros restantes já não eram suficientes para fazer os aldemerianos temerem se aproximar. A invasão havia começado.

Dalian sorriu e, com um salto ágil, saiu pela janela, utilizando sua magia de fogo infernal para voar. Por onde passava, deixava um rastro de chamas, e as pessoas nas ruas olhavam confusas para o céu. Tudo que ele via abaixo eram pessoas desesperadas, correndo por suas vidas, mas nos olhos de cada uma ainda existia a esperança de que as muralhas lhes oferecessem segurança.

Dalian sorriu novamente, ciente do que estava prestes a fazer, sabendo que essa falsa segurança estava prestes a desmoronar. Ao chegar aos portões, abriu os braços e ordenou aos soldados:

— Abram os portões!

Desta vez, não havia infiltrados na guarda, e os soldados, perplexos, não obedeceram tal ordem.

— Realmente, pessoas que eu não posso controlar me são inúteis...

Dalian mirou a palma da mão na direção de uma das correntes que sustentavam as roldanas dos portões e a queimou com sua magia de fogo infernal até que derretesse e arrebentasse, fazendo o portão se abrir.

Naquele dia, naquele momento, Dalian se tornou um traidor duplo, odiado por dois países, um verdadeiro demônio em pele humana.



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