Volume 1

Capítulo 55: Passado do ancião (Parte 2)

Após receber a carta de convite da capital, deixei minha casa e segui em direção a Aldemere, a capital onde residiam algumas das personalidades mais influentes do reino.

Ao me deparar com a entrada principal, fiquei impressionado com a imponência e a importância do local. O muro feito de mármore cinza conferia uma aura de luxuosidade e poder contra invasões.

Uau… — murmurei, admirando a grandiosidade da estrutura. — Quantas pessoas teriam sido necessárias para erguer esses muros?

Refletindo sobre a magnitude da tarefa, imaginei que menos de 2000 trabalhadores não teriam sido suficientes para construir um muro daquele porte, que se estendia por quilômetros e alcançava uma altura impressionante de 40 metros. 

Hahaha! Sempre me divirto com as expressões de vocês, vindos do interior, ao verem coisas comuns da capital! — brincou Nabu, o homem encarregado de me receber e guiar pela cidade. Ele era alto, de cabelos castanhos e olhos verdes. Depois de limpar as lágrimas de tanto rir, ele continuou: — Mas sua estimativa está quase correta. Foram necessários três mil homens para construir esses muros.

— Falta muito para chegarmos ao castelo? — perguntei, ansioso para testemunhar as maravilhas da capital. Além disso, precisava esticar as pernas; aquela carruagem era confortável, mas depois de sete dias de viagem, já estava farto daqueles bancos de couro.

— Ao cruzarmos o arco de entrada, estaremos a alguns quilômetros do palácio real. — respondeu ele, olhando pela janela.

À medida que nos aproximávamos do paredão de mármore, sua grandiosidade se tornava ainda mais impressionante. Coloquei minha cabeça para fora da janela, com um sorriso enorme estampado no rosto. Ao começarmos a atravessar o portão principal, avistei os dois enormes portões de aço vermelho, adornados com padrões arredondados dourados. Sua grossura era formidável, com facilmente 10 polegadas de espessura.

— Como conseguem abri-los? — indaguei, imaginando que nem mesmo 10 homens seriam capazes de movê-los manualmente.

— Sua resposta está ali. — Ele apontou para duas roldanas no chão, das quais se estendiam cordas de aço que alcançavam o alto dos portões. Ao lado, vi homens vestindo túnicas cinzas.

— Magos? — arrisquei.

— Exatamente, magos especializados em magnetismo. São eles que movimentam as roldanas e abrem os portões.

Era algo verdadeiramente espetacular, uma aplicação sábia da magia, integrada às tarefas do dia a dia. Poderia parecer algo natural em um mundo onde a mana era uma presença constante. No entanto, ainda havia um certo receio e falta de estudo em suas aplicações para além das batalhas. Isso me fez refletir sobre o quão avançado era Aldemere Dominium.

Interrompendo minhas reflexões, Nabu apontou para a frente e disse:

— Olhe! Já é possível avistar o palácio!

— Onde!? Onde!? Meus deuses… — Foi a única reação que consegui ter ao me deparar com quilômetros de casas, quartéis e estabelecimentos feitos dos mais diversos tipos de materiais luxuosos. As pessoas estavam elegantemente vestidas, nada parecido com o interior, onde roupas baratas predominavam. Aqui, predominavam o linho e o algodão.

Dominando toda a vista do horizonte, havia uma construção imensa e grandiosa. Um palácio tão imponente que parecia ser a morada dos deuses. Totalmente branco, seus adornos de ouro brilhavam mesmo a quilômetros de distância. Os padrões estavam perfeitamente alinhados, muitos deles simetricamente perfeitos.

— Isso é simplesmente incrível… é outro patamar… — Era difícil de compreender. Os muros já haviam me impressionado, mas o palácio me deixou atônito. Contudo, à medida que o choque inicial se dissipava, questionamentos surgiam em minha mente, levando-me a verbalizar: — Quantos precisaram sofrer por causa disso?

Nabu pareceu não entender minha pergunta inicialmente, mas logo compreendeu que eu falava sobre aqueles que pagavam os impostos exorbitantes e passavam fome para que aquela grandiosidade fosse possível. Ele baixou os olhos, sem ter uma resposta adequada.

Enquanto nossa carruagem avançava pela rua principal, um lugar agitado, pude observar milhares de outras carruagens e carroças transitando pelas ruas, todas elas pavimentadas com pedras meticulosamente cortadas e dispostas de forma simétrica. Ao longo do caminho passávamos por postes alimentados por mana.

Após minha observação anterior ter criado um clima pesado e constrangedor, os assuntos paralelos cessaram. Tentando aliviar a tensão, perguntei:

Ehh… Como acendem os postes?

O olhar dele, que ainda estava baixo, se elevou e um sorriso surgiu em seu rosto.

— Toda noite, os conhecidos como iluminadores saem de suas centrais e percorrem toda a cidade, abastecendo os postes com mana.

Essa era mais uma inovação tecnológica que podia ser aplicada em muitas áreas. Eu ainda não entendia exatamente como era feito, mas já estava impressionado.

Interrompendo minha contemplação, percebi uma aglomeração à frente. Sem hesitar, instintivamente toquei na Escolion e me preparei para saltar da carruagem.

— Ei! O que você está planejando? — questionou, tocando meu braço.

— Alguém está em apuros. — Meu semblante ficou sério, meu olhar se direcionou para sua mão em meu braço, o que o assustou e o fez recuar. Em seguida, minha expressão suavizou e um sorriso gentil surgiu em meu rosto. — Como Escolhido, não posso simplesmente ignorar, não é verdade?

Sua expressão ao me observar oscilava entre intrigada e alegre. Ele recostou-se no banco, cruzando os braços, enquanto um sorriso amplo se formava em seu rosto.

— Vá em frente, Escolhido, mas não se esqueça de retornar em breve. O rei está esperando por você.

Meu olhar se firmou e o sorriso persistente em meu rosto permaneceu. Com um movimento rápido, saltei da carruagem. 

"Vamos ver o que está acontecendo", pensei comigo mesmo enquanto avançava alguns metros. Porém, logo percebi que minha progressão pelo solo seria lenta devido à enorme quantidade de pessoas indo e vindo, me senti sufocado em meio à multidão.

Observando ao redor, percebi que as casas eram altas, algumas até com mais de um andar. Então, avistei duas residências lado a lado, com uma estreita passagem entre elas, quase como um beco. Um sorriso confiante brotou em meus lábios enquanto adentrei o beco.

"Vamos lá", murmurei enquanto tocava na parede mais próxima para avaliar sua composição. Ambas eram feitas de pedra sólida, o que indicava que eu conseguiria escalar sem grandes dificuldades. Com um impulso, bati a sola do pé na primeira parede, projetando-me em direção à outra. 

Repeti o movimento, saltando de parede em parede até alcançar quase o topo. No último impulso, direcionei meu corpo para o céu e pairei por instantes, desfrutando da ampla visão que a altura proporcionava.

"Estava certo, em minhas suspeitas. Alguém está em apuros", refleti. No chão, no meio da aglomeração, avistei um garoto, cercado por alguns homens. Seu rosto refletia puro pavor, evocando lembranças dolorosas do mesmo medo que meu pai enfrentou uma vez... Eu precisava agir rápido.

"Para lá!", ordenei, sacando a Escolion ainda no ar, e aterrissei correndo sobre o telhado. Meus passos eram firmes; se fossem os telhados da minha vila, já teriam cedido sob meu peso, mas estes pareciam robustos, o que me concedeu confiança para acelerar ainda mais.

O garoto estava a três casas de distância. Ao chegar ao final do primeiro telhado, saltei. Minha sombra se projetou na rua abaixo enquanto eu caía no próximo telhado, continuando meu avanço.

Assim, saltei sobre mais um telhado e pude testemunhar o homem se preparando para desferir um soco. Ele era três vezes maior que o garoto, e se o atingisse, certamente o deixaria inconsciente. Isso não podia acontecer.

— É agora ou nunca. — Girei a cabeça, preparando-me para um salto monumental. Com um impulso poderoso no telhado, toda a estrutura ao redor dos meus pés rachou e meu corpo alçou voo. Aterrissei diante do jovem, pronto para lutar com a Escolion em mãos. — Batendo em uma criança? Que homens detestáveis…

— Temos mais um pretendente à surra? — Um deles cerrou o punho e o apertou com força, produzindo estalos. — Amigo do pequeno ladrão?

— É isso aí, Brutos! — O homem atrás deles incentivou, erguendo o braço. — Dê cabo desses moleques!

— Cuidado, Brutos... Este recém-chegado parece forte. — Alguém sensato... Deve ter notado minha postura de combate.

No entanto, suas palavras passaram despercebidas, pois ele chegou a receber um soco no ombro do sujeito que estava incentivando ao lado.

— Relaxa, como simples bandidos poderiam ser fortes? — Acreditar nisso foi seu erro.

Eu estava à frente do garoto, olhei para ele por cima do ombro e perguntei:

— Está tudo bem? Está machucado? — Foi uma pergunta tola; mesmo olhando por cima do ombro, pude notar os hematomas.

Pelos comentários dos homens, ele parecia ser um ladrão. Devido às suas roupas velhas e rasgadas, e seu corpo desnutrido, raciocinei que roubava para comer. Isso se confirmou quando voltei meu olhar à frente e ao redor, havia algumas frutas esmagadas...

— Eu... estou... — Belo mentiroso, pena que seus constantes toques em seu próprio corpo o desmentiam. — É... qual é o seu nome...?

Péssimo momento para perguntar, como se provou verdade quando, ao tentar responder, quase levei um golpe direto.

— Conversando em meio a uma luta? — Seu punho estava esticado onde eu deveria estar, ele olhou de relance para seu amigo sensato. — Ainda o chamou de forte?

— Sabe, deveria ouvir o idiota atrás de você — disse, erguendo-me acima de seu antebraço. Quando ele se distraiu, pousei ali. — Ele tem razão.

Com a parte plana da espada, golpeei sua cabeça e recuei, voltando a ficar à frente do jovem.

— Ora, seu... — Ele segurava a cabeça, deve ter doido. — Eu vou te matar!

— Brutos! Tudo bem!? — Quem até então estava o  incentivava ficou pasmo ao ver meus movimentos. Já não estava tão confiante. — Ei, cara, vamos recuar por hoje.

Girei a espada em minhas mãos, de um lado para o outro, realizando movimentos tão complexos que todos ficaram de olhos arregalados. Tudo isso para demonstrar minhas habilidades e talvez encerrar essa batalha antes mesmo de começar. Por fim, apontei a lâmina na sua direção.

— Escuta seu amigo, é melhor para todos.

Ele parecia determinado a avançar, ignorando tanto a mim quanto seu amigo, quando de repente começamos a ouvir apitos ao longe.

Ao olhar, vislumbramos rapidamente armaduras prateadas, provavelmente guardas.

— Merda! Vamos fugir! — Brutos estreitou o olhar, as labaredas de ódio queimavam em suas íris. — Você! Vamos resolver isso ainda! Me aguarde!

Não respondi, apenas balancei a cabeça e ergui uma sobrancelha ironicamente, o que o irritou ainda mais. Com isso, ele se virou e, junto com seus amigos, fugiu.

— Corra! Os guardas vão nos pegar! — exclamou o jovem atrás de mim. Será que ele não tinha percebido minha "luta"? Obviamente, nenhum guarda conseguiria me tocar.

De qualquer forma, não podia arriscar ser visto. Acabara de chegar à capital, e atrair a atenção dos guardas não seria ideal. Guardei a espada, peguei o garoto e o coloquei debaixo do braço. Ele ficou confuso, arregalando os olhos, mas não teve chance de protestar.

Com isso, desapareci do local sem deixar rastros e rapidamente retornei à carruagem.

— Então... você sai, arranja confusão e volta com um jovem mendigo? — indagou Nabu, visivelmente estressado, com os braços cruzados.

Ehh... desculpe? — Dei um sorriso sem graça e olhei para o jovem ao meu lado. — Você havia perguntado meu nome, né? É Dolbrian. E o seu?

Ele pareceu confuso, como se fosse algo incomum alguém perguntar seu nome.

— Bom... Ehh... Galdric...

— Belo nome. Você tem mãe? Pai? Alguém a quem podemos te entregar? — perguntei, sabendo que não poderia ficar com ele. Eu ainda era muito jovem e ele devia ter apenas uns 5 anos a menos que eu. Seria estranho cuidar dele como uma criança, e além disso, eu precisava ir logo para o palácio.

Ao ouvir minha pergunta, seu olhar se tornou vazio, e vi aquela expressão antes animada desmoronar para um completo desalento.

— Acho que isso responde à sua pergunta — afirmou Nabu.

O que poderia fazer? Sem mãe ou pai, não havia para quem pudesse entregá-lo, e não podia levá-lo para o palácio. Então, com um olhar suplicante, encarei Nabu. Ele percebeu meu olhar e, ainda de braços cruzados, endureceu o seu. Mas eu não cedi, continuei encarando-o. Ele começou a bater com o indicador em seu braço e, finalmente, revirou os olhos, suspirando profundamente.

Ahh... está bem, está bem. Jovem, você vai ficar comigo, por enquanto — disse ele, com um olhar duro e firme dirigido a mim, quase me empurrando para trás. — Mas assim que você terminar o que precisa fazer aqui, você! Será responsável por ele, aconteça o que acontecer!

O jovem não respondeu, mas pude perceber sua alegria contida. O que faria com ele depois de concluir minhas tarefas na capital? Nem eu mesmo sabia, apenas segui o fluxo, e talvez uma solução caísse do céu. 

Após alguns minutos de viagem até o portão do palácio, lá estava eu. Desembarquei da carruagem e me virei para trás.

— Se precisar de algo, não hesite em falar comigo. — disse Nabu, sorrindo gentilmente.

Assenti com a cabeça e ele partiu, levando Galdric consigo. Voltei minha atenção para os imponentes portões. Eram cercados por uma cerca dourada que cobria todo o perímetro do palácio, erguendo-se até cinco metros de altura e terminando em pontas afiadas. Os portões também eram feitos de ouro.

Dois guardas vieram me escoltar até a corte, atravessando o vasto jardim de entrada. Flores de todos os cantos do continente estavam presentes ali, exibindo uma miríade de cores: brancas, pretas, vermelhas, azuis, amarelas, rosas e muitas outras. Era um verdadeiro paraíso floral.

Ninguém disse uma palavra enquanto caminhávamos; foi uma jornada silenciosa até as portas. Ao chegarmos, um dos guardas bateu três vezes. O som das trancas sendo destravadas ecoou no interior. Com um ranger estridente, as enormes portas começaram a se mover, abrindo-se lentamente diante de mim, revelando um corredor que se estendia até duas portas imponentes que levavam à corte ou à sala do trono.

Os guardas se curvaram e estenderam as mãos, indicando: "Seja bem-vindo, senhor. Siga em frente."

Agradeci com um sorriso cortês e, ainda hesitante, dei o primeiro passo no chão do palácio. Pude sentir imediatamente a mudança no ar, uma atmosfera imponente e poderosa. Naquele momento, tive a certeza de que estava no palácio real e que dali em diante minha vida mudaria para sempre.

O chão era de um mármore tão luxuoso que nunca vi nada igual, um branco gélido tão sofisticado que me senti como se estivesse no lar de um deus. As paredes dos corredores eram brancas, adornadas com portas fechadas e trancadas ao longo do caminho.

Quadros adornavam as paredes, alguns retratando antigos e antigas monarcas, outros exibindo pinturas únicas e antigas. O corredor era iluminado por lustres dourados feitos de cristais. Meus passos ressoavam alto, os únicos sons presentes no corredor, já que não havia guardas patrulhando ali, apenas dois posicionados atrás das portas.

Em poucos instantes, eu estava diante das portas vermelhas. O momento havia chegado. Respirei fundo, meu coração pulsava com ansiedade, sentindo um aperto no peito. Minhas mãos tremiam e minha expressão oscilava entre a hesitação e a neutralidade. Não havia confiança em minha alma. Meus dedos hesitaram ao tentar alcançar as portas; o toque gelado fez meu coração congelar momentaneamente. A textura da madeira foi agradável ao toque. Mais uma vez, respirei fundo, afastei os dedos, cerrei o punho e bati três vezes na porta.

O som dos pequenos golpes na madeira foi seguido por um silêncio agoniante, até que finalmente obtive uma resposta.

— Entre!

Estendi os braços, toquei as portas e, com um empurrão, elas se abriram, revelando o interior.

Meus olhos se iluminaram diante da cena, como se estivessem sendo inundados por uma cascata de informações. Pilastras sustentavam o teto abobadado, que continha janelas em alguns pontos e pinturas tão extraordinárias em outros que pareciam transcender a obra humana. As paredes, brancas como toda a estrutura do palácio, não tinham janelas, apenas candelabros pendurados, e lustres luxuosos de cristal adornavam o teto.

— Escolhido! Dê alguns passos à frente! — Eu estava lá, quase babando com uma expressão idiota no rosto, mas ao ouvir as palavras do homem ao lado do rei, voltei à realidade e avancei. Ao me aproximar, fiz o mais óbvio e me ajoelhei, mantendo a cabeça baixa. — Levante o rosto e se apresente.

Ergui meu rosto, direcionando-me ao rei, encarando seus olhos azuis. O monarca era imponente, com uma figura de grandes músculos e um olhar firme. Seus cabelos brancos caíam até os ombros, e acima deles reluzia uma coroa dourada requintada.

“Me apresentar?” Bem, como eu faria isso? Nunca havia me apresentado para um rei... e o medo de fazer besteira? E se, sem querer, o desrespeitasse? No final, fiz o que considerei correto e entreguei tudo nas mãos dos deuses.

— Muito prazer, minha ilustre majestade. Sou Dolbrian, o escolhido.

Havia algumas pessoas ao redor, provavelmente nobres curiosos sobre o tal escolhido, ou seja, eu. Estavam em silêncio, mas ao terminar minha fala, pude ouvir um murmúrio ao fundo.

O rei me olhou como se visse uma criatura estranha e intrigante. Sua mão se ergueu, e o burburinho cessou imediatamente. Então ele abaixou a mão e a apoiou no trono.

— Dolbrian, nome interessante — disse, levando a mão ao queixo. — No entanto, você é diferente do que imaginei... Diga-me, Dolbrian, de onde você vem?

— Venho de uma vila situada nos arredores de Reven.

O burburinho retornou, agora acompanhado de olhares julgadores, muitos expressando nojo. Eu já imaginava que algo assim pudesse acontecer e estava preparado para isso.

Novamente, o rei ergueu a mão e as vozes se calaram, mas os olhares persistiram.

— Entendo. Vamos pular toda a parte chata — Fiquei confuso neste momento; na verdade, desde o início o rei parecia impaciente. — Deve saber o motivo de sua convocação. Partindo desse pressuposto, irei dizer-lhe seus próximos passos. Primeiro, você irá morar aqui no palácio.

Meus olhos quase saltaram para fora da cabeça ao ouvir isso. Morar no palácio parecia um sonho tão distante. E ele continuou:

— Segundo, você irá treinar nos campos reais.

Essa notícia foi menos surpreendente, mas ainda assim seria uma grande oportunidade para o meu desenvolvimento, treinar nos campos oficiais do reino.

— E terceiro e último, você irá se casar com minha filha.

Foi aí que quase caí para trás. Minha pressão subiu. Eu só podia estar louco, não podia ter ouvido direito. E não era só eu que tinha essa impressão. A expressão dos nobres era impagável, uma mistura de perplexidade e repúdio. Ninguém aceitaria um camponês se relacionando com a princesa do reino. Foi aí que percebi que aquele dia seria bem longo…



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