Volume 1

Capítulo 54: Passado do ancião (Parte 1)

A história da minha vida seria épica se não tivesse um fim trágico. Por onde começar? Acho que voltando 57 anos ao passado, numa vila camponesa sem nome. Era uma noite chuvosa, com relâmpagos seguidos por trovões ecoando em clarões e estrondos.

— O que!? Como assim escolhido!? — Essas foram as palavras de meu pai, Andy, um grande homem que sempre fez de tudo pela família. Seus cabelos eram negros, iguais os meus antes de ficar velho, haha!

— É isso mesmo, senhor. Seu filho é o próximo escolhido deste mundo — afirmou Zetrian, o escolhido antes de mim, e aquele que me nomeou seu sucessor.  

Parecia ser uma prática comum que um escolhido sempre nomeasse seu sucessor. Zetrian teve uma visão profética e veio até o local do meu nascimento. Meu pai, inicialmente desconfiado, acabou cedendo, pois a fama de Zetrian era conhecida por todos. Ele era o camponês que ascendeu ao topo do mundo, fazendo reis se ajoelharem em sua presença. Entre todos os escolhidos, ele foi o que mais se aproximou de se tornar uma divindade.

— Eu a trouxe para auxiliar no parto — disse Zetrian, inclinando levemente a cabeça, enquanto meu pai avistava a mulher com as mãos juntas atrás dele.

— Ela é... Como? Como alguém assim irá realizar o parto para simples camponeses? — indagou Andy ao ver Lynia, a parteira real, encarregada dos nascimentos da realeza.

— Simplesmente porque ordenei. É para um escolhido, e eles não poderiam negar, de qualquer forma — explicou ele com a simplicidade de quem detém tanto poder físico quanto político, consciente de que nada neste mundo poderia impedi-lo de agir conforme sua vontade.

Meu pai suspirou profundamente e curvou as costas, sobrecarregado com tantos acontecimentos simultâneos. No final, ele resignou-se a tudo isso, e Lynia entrou na casa para auxiliar minha mãe, que, já bastante debilitada, não questionou a situação.

Naquele dia 2 de fevereiro, do ano imperial de 546. Marcou meu nascimento, batizado de Dolbrian. Cresci na companhia de Zetrian que ficou responsável por meu treinamento, foram dias a fio de treinamentos incessantes. Se eu falar que não tentei desistir estaria mentindo, mas no fim, continue firme neste caminho, sabendo bem o que iria trilhar.

— Então, eu enfrentei um dragão gigante em batalha. Suas escamas eram tão resistentes que nem mesmo a lâmina da escolion conseguia perfurá-las. Mas no final, lá estava eu, de pé sobre o cadáver do dragão — ele contava orgulhosamente, sentado ao meu lado.

Ao final de nossos treinamentos exaustivos, sentávamos no chão e ele compartilhava suas histórias, suas aventuras como o escolhido. Eram tão incríveis que às vezes eu duvidava de sua veracidade, mas acabava acreditando. E é claro, para uma criança, ouvir aquilo era o ápice, deixava-me ansioso por mais. Meus olhos brilhavam enquanto um sorriso enorme se formava em meu rosto.

— E... E você ganhou algo com isso? Os dragões vieram se vingar?

Hahah! Sua curiosidade me fascina — Ele se levantou, esticando os braços, se espreguiçando. — Ahh, existem dragões inteligentes, e há aqueles que são apenas como animais gigantes e poderosos; esse era um desses.

— Então não teve graça... Deve ter sido fácil derrotá-lo — Minha mente infantil tinha essa concepção no passado: quanto menos inteligente, mais fácil de derrotar.

Ele virou-se para mim, sorrindo, curvando-se até ficar próximo a mim e pousar a mão em meu ombro.

— Saiba que a falta de inteligência não indica fraqueza; na verdade, os seres menos inteligentes são os mais perigosos. Pense comigo: aqueles que lutam pensando, agem cautelosamente e levam tempo para tomar decisões. Por outro lado, um ser sem inteligência age por instinto, suas ações não são baseadas na razão, apenas fazem sem qualquer discernimento.

Aquele ensinamento ficou gravado em mim e foi confirmado em muitas batalhas. Enfrentar animais era especialmente desafiador para mim; a maioria das minhas quase mortes ocorreram por causa deles.

— Filho! Venha almoçar! — Ainda era manhã; nossos treinos não seguiam um horário fixo. Quem me chamava era minha mãe, Tarantia.

— Já vou! — Virei-me para meu mestre, me despedindo: — Até logo, mestre! Voltarei mais tarde para continuar o treinamento.

Ele me instruía todos os dias, mas não vivia comigo; na verdade, nunca soube onde ele morava. Apenas sabia que todos os dias ele estava lá, no campo de treinamento. Nunca me dei ao trabalho de questioná-lo sobre isso, mas considerando sua fama e poder, imagino que vivesse em uma casa enorme.

— Como foi hoje? — Ela perguntou enquanto caminhávamos em direção à nossa casa.

— O treinamento? Foi fácil... — No início era tão difícil e doloroso, mas com o passar dos dias, meses e anos, tornou-se mais fácil; não doía tanto e muitas vezes não me deixava exausto. — Acho que estou ficando forte…

Ainda não compreendia meu verdadeiro poder, o poder de um escolhido. Na época, simplesmente achava que era algo normal, tornar-se tão forte em tão pouco tempo.

Caminhávamos entre vastas plantações de trigo, que se perdiam em nosso campo de visão. Espalhadas pela área, havia algumas casinhas de madeira esparsas, pertencentes aos caseiros que protegiam os campos, enquanto em menor número, enormes celeiros vermelhos eram compartilhados por todos. 

Nossos cabelos se agitavam com o singelo vento, que também fazia as espigas de trigo cintilarem. Algumas pessoas estavam trabalhando em meio às plantações. Era uma típica vila camponesa, daquelas que, não importando para onde você fosse no continente, sempre encontraria algo semelhante.

Enquanto avançávamos, notamos certa comoção diante de nós; as pessoas pareciam se aglomerar em torno de dois indivíduos. Forçando minha vista, consegui identificar quem era...

— Pai!! — Ele estava caído no chão, com um homem em pé diante dele. O homem exibia um sorriso repugnante, os punhos cerrados. — Sai de perto dele!

Deslizei até meu pai e parei, abraçando-o enquanto todos nos olhavam confusos. Andy estava marcado por hematomas em seu corpo, mas os piores estavam em seu rosto. Ver aquilo inflamava um ódio em minha alma que nem mesmo sabia que possuía.

— Chegou o filho do lixo sem nome, hahah! — O insulto era recorrente em direção à minha família, mas até aquele momento eu nunca havia entendido por quê.  — Bem, que seja. Já resolvemos. Oitenta por cento de tudo que você produzir será nosso.

— Mas... Assim minha família irá passar fome...

Ele começou a desviar o olhar para todos os cantos, colocou a mão na testa como se estivesse bloqueando o sol.

— Estou procurando onde que isso me importa, hahaha!

As pessoas, esses seres asquerosos, riam. Seus olhares nos julgavam enquanto nos ridicularizavam.

— Parem de olhar assim para meu pai! Parem de rir! — Meus gritos eram estridentes, sinceros, meus olhos lacrimejavam. Contudo, parecia não adiantar de nada; isso apenas serviu como lenha na fogueira que já ardia em chamas.

— O filho do lixo sem nome está querendo se impor, hahah! — Ele curvou as costas, aproximando aquele rosto repulsivo do meu. — Escuta aqui, seu merdinha, só porque aquele idiota do Zetrian está te treinando não significa que você tem alguma importância, lixinho sem nome, hahaha!

Os boatos sobre eu ser o escolhido se espalharam tão rapidamente quanto o ar que nos cercava. Seria difícil esconder, especialmente com uma pessoa tão proeminente no continente andando ao meu lado todos os dias. O que provocou um sentimento de respeito das pessoas por mim, infelizmente durava até Zetrian sair do meu lado. 

— Seu lixinho sem nome, vou te explicar apenas uma vez. Seu pai e mãe são estrangeiros de merda que acharam que poderiam simplesmente chegar em nossas terras e usá-las como bem entendessem. Uma dica: não podem. Estas terras pertencem a nós, verdadeiros moradores de Aldemere. 

— O que? — Olhei para meu pai, que ao receber meu olhar, desviou os seus e abaixou a cabeça. Foi a primeira vez que ouvi sobre aquilo; foi um choque, mas no fim, isso não justificava nada. — E o que tem? Eles pagaram por essas terras, não foi!?

Eu sabia das dificuldades financeiras de meus pais, em parte por terem que pagar as parcelas da porção de terra que teoricamente podiam chamar de suas. Ou seja, não importava se eram estrangeiros. Mas aquele homem não aceitava isso, e nunca iria aceitar. Ele me pegou pelo colarinho, levantando meu corpo do chão, seu bafo horrível batia contra meu rosto.

— Escuta aqui, seu merdinha... Mais um "A" e...

Meu pai, ao ver isso, saltou nos braços do cara, encarando-o. Seu olhar estava estreito, eu podia sentir o ar pesado.

— Solte meu filho, e faça isso com cuidado. Não irei repetir. — Andy poderia aceitar tudo, todos os insultos do mundo, até mesmo agressões contra ele mesmo. Mas nunca iria tolerar qualquer forma de agressão contra mim ou minha mãe.

No entanto, ao sentir o toque em seu braço e ouvir aquelas palavras provocativas, o homem encarou meu pai e sorriu sadicamente.

Oh, com cuidado? — Ele me arremessou ao chão. Caí de forma desajeitada, meu corpo girou algumas vezes até parar. — Eita, escorregou... foi mal...

— Ora seu... — Andy desferiu um soco, mirando aquele rosto nojento. Sua vontade, entretanto, foi interrompida pela palma do indivíduo, que segurou seu punho. — O que!?

O homem ainda segurando o punho do meu pai, o puxou e, com a outra mão, desferiu um soco em seu estômago. Os pés de Andy perderam contato com o solo, um som seco ecoou e ele caiu de joelhos no chão sem ar.

— Ameaçou tanto, pensei que ia fazer algo. Apague de uma vez. — Seu punho iniciou a viagem em direção ao rosto do meu pai. Contudo, não pude permitir.

Ahn!? — Ele se surpreendeu ao sentir seu punho parado pelo meu. Apesar de ser duas vezes maior que eu, segurei seu punho como se fosse nada.

Minha mãe, que observava receosa, avançou até meu pai para ajudá-lo.

— Querido! — Ela agachou-se ao seu lado, tentando auxiliá-lo, enquanto o ar fugia dos pulmões de Andy. — Aguente firme!

O indivíduo, ao me ver suportando sua força, sorriu. Não parecia temer aquilo; apenas achava curioso.

— Ora, você é forte... Mas nunca irá vencer alguém com classe. — Ele possuía a classe de guerreiro, enquanto eu, pensei não possuir nenhuma, já que meus pais não a tinham.

Seus músculos começaram a saltar, suas veias a engrossar. Seu punho começou a empurrar minha mão para trás; não importava o quanto de força eu colocasse, não conseguia impedir o avanço.

E cometi um erro infantil; foquei apenas naquele punho e esqueci que havia outro. Lembrei disso apenas quando senti uma dor intensa na lateral do estômago. Meu corpo dobrou, quase virando um "c", e voei alguns metros de distância, parando na parede de uma casinha velha.

— Filho! — Minha mãe, ao lado de meu pai, viu-me voar, mas nada podia fazer.

Afastado, observando do telhado de uma casa, estava Zetrian. E ao seu lado havia outra pessoa.

— Meu senhor, não vai ajudá-lo? — perguntou a pessoa encapuzada.

— Não, ele precisa lidar com o problema sozinho — respondeu Zetrian, cruzando os braços.

— Senhor, sua espada está brilhando.

Na bainha lateral de Zetrian estava a Escolion, que começava a brilhar. Ele a tocou e sorriu.

— Foram bons momentos com você. Mas um novo escolhido acaba de nascer. Vá e o sirva.

A pessoa encapuzada ao lado não entendeu essas palavras, mas apenas observou. Zetrian conhecia a lâmina, aquela que serve aos escolhidos. Sempre que um novo escolhido "nascia" e precisava dela, ela aparecia para auxiliá-lo. E naquele dia, eu acabava de nascer.

Minha consciência vacilava; o impacto contra a parede foi forte. Por sorte, a parede não quebrou. Sentia uma dor intensa onde recebi o golpe e outra em minhas costas; meus braços estavam moles, e meu olhar quase se fechava. Mas eu sabia que não podia desmaiar naquele momento.

— Ainda não perdi... — Uma chama se acendeu dentro de mim, uma vontade tão intensa que mal podia suportar; era como se minha alma começasse a brilhar. — Eu não perdi! Eu vou!

Diante de mim, em resposta ao meu desejo, uma lâmina prateada surgiu. Apesar da confusão, estendi meu braço, minha mão encontrou a espada e a segurou. A sensação de tocá-la foi como se ela se fundisse com minha alma, como se fosse uma extensão de mim. Minha força retornou, as dores cessaram, e assim me ergui.

— Pronto para apanhar mais, lixinho sem nome? Mas agora, com uma espada? — Ele sacou a espada de sua bainha. — Então venha!

Sem uma palavra, avancei. Meus passos começaram lentos, mas ganharam velocidade a cada segundo, até que me vi correndo. Ao me aproximar, saltei, desferindo um golpe de cima para baixo. A lâmina cortou o ar com força, e o homem defendeu-se com sua espada, causando um tinido irritante que fez todos taparem os ouvidos.

Recuei rapidamente e pousei com elegância. Antes que ele pudesse reagir, vi-o avançando em minha direção. Num golpe horizontal, tentou me atingir. Contudo, defendi-me com a Escolion, mas a força era avassaladora e fui arremessado para trás. Cai ao solo, executando um mortal para trás para me levantar novamente.

“Não está difícil…” A luta não estava difícil, comparada aos treinamentos com Zetrian, este embate era nada. Acabei sentindo confiança e sorri, foi a primeira vez que experimentei alegria em meio a uma batalha.

Avancei em sua direção, atingindo uma velocidade tão alta que o homem não teve tempo de reação. Com um último pisão vigoroso no solo, desferi um golpe ascendente, visando o peito do indivíduo. A lâmina reluziu ao sol, e o tempo pareceu desacelerar à medida que a batalha se aproximava do fim.

Os olhos do homem saltavam para fora enquanto ele iniciava sua reação tardia, até que finalmente a Escolion tocou em sua camisa, rasgando-a, e alcançou sua pele. Seu corpo recuava enquanto o meu permanecia firme, e meu braço com a espada se erguia mais alto.

A lâmina passou reluzente e ensanguentada diante de seu rosto, mas sem o atingir. O homem cambaleou para trás, e sangue escorreu do ferimento recém-aberto. Ele olhou para mim, seus olhos arregalados transmitiam o pavor. Não o matei, o corte em seu peito foi superficial, provavelmente ainda não estava pronto para tirar uma vida.

Observando satisfeito do telhado da casa, Zetrian sorria, ainda de braços cruzados.

— Ele parece pronto — comentou, virando-se para partir.

— O que isso significa? — perguntou a pessoa encapuzada, virando-se para segui-lo.

— Significa que não vou mais treiná-lo e que o título de escolhido já não me pertence.

A pessoa encapuzada surpreendeu-se, virando um pouco a cabeça para cima, enquanto o sol iluminava sua face, revelando seus olhos lilases.

— Senhor!? Como assim!?

Zetrian freou e girou seu corpo para encarar a pessoa, seu sorriso satisfeito cativaria qualquer um.

— A Escolion já escolheu outro, meus deveres estão concluídos — Ele então olhou para sua mão, calejada de tanto empunhar espadas e marcada por tantas cicatrizes que era impossível contá-las, cada uma contendo uma história diferente. — Derrotei o grande mal da minha era, travei inúmeras batalhas, vivi infinitas aventuras, viajei por todo este continente e muitos outros. No fim, cumpri a última tarefa de treinar o novo escolhido. Já não me resta nada além de descansar. 

Desde aquele dia, nunca mais o vi; suas últimas palavras foram descritas por uma carta. Ele desapareceu, e ninguém conseguiu rastreá-lo. Obviamente, seu sumiço causou grande comoção e um desequilíbrio de poder sem precedentes, pois perder alguém com tamanha força fez com que criminosos e seres mal-intencionados saíssem das sombras.

Após minha luta contra o homem, as pessoas passaram a temer meu poder e pararam de incomodar minha família. Meus próximos anos foram pacíficos: eu treinava e trabalhava. Até que o dia que mudou tudo chegou.

— Uma convocação real!? — Meu pai lia a carta com os olhos arregalados.

— Está lendo corretamente!? Você não costuma ler bem… — brincou minha mãe, com o punho à frente da boca.

— Ora, posso não ter aprendido bem a ler, mas sei reconhecer uma convocação real quando vejo uma!

— Chega, chega — interferi. — Se é uma convocação real, significa que me querem por perto.

Era óbvio que algo assim aconteceria mais cedo ou mais tarde; o país que tivesse o escolhido ao seu lado ganharia hegemonia. Apesar de os escolhidos não poderem apoiar guerras ou qualquer coisa que beneficie apenas um país.

— Filho… você vai? — Minha mãe me olhava com preocupação, as sobrancelhas arqueadas denunciavam sua inquietação. Ela era uma mãe, afinal de contas, e era natural que algo assim a deixasse tensa.

— Está tudo bem, será rápido, logo estarei de volta — respondi com um sorriso que deixava meus dentes à mostra, uma expressão confiante destinada a tranquilizá-la. Era o mínimo que eu podia fazer para acalmá-la.

— Deixe o garoto ir — interveio meu pai, sentando-se em uma cadeira com a carta ainda em mãos. — Será bom para ele se desenvolver, especialmente após o desaparecimento do...

Ele parou ao perceber meu olhar caindo, meu semblante entristecendo, e então entendeu que havia cometido um erro. Sempre que mencionavam Zetrian perto de mim, eu me sentia melancólico. Ele era como um segundo pai para mim, e superar seu desaparecimento foi uma tarefa árdua.

— Bem, filho… Você já tem dezesseis anos… — começou meu pai, seu tom carregado de emoção. — Você cresceu tão rápido, tornou-se um jovem responsável e em breve será um homem reconhecido. Portanto, apenas siga o que achar melhor para você; sua mãe e eu estaremos aqui para apoiá-lo.

Não pude conter as lágrimas; meu pai e minha mãe eram as pessoas mais incríveis do mundo, e eu faria qualquer coisa por eles.

— Eita… falei algo errado? — Ele percebeu minhas lágrimas e olhou para minha mãe.

— Não, querido — Ela se aproximou e me envolveu em seus braços. — Filho, sempre te amaremos, e como seu pai disse, estaremos sempre ao seu lado para apoiar suas decisões. Mas lembre-se, nunca tome decisões das quais se arrependerá; pense antes de agir.

Virei-me e a abracei de volta. Seus conselhos sempre foram inestimáveis para mim, tão preciosos quanto diamantes.

— Mãe… Pai… — Estendi meus braços e meu pai levantou-se, caminhando até mim. Nos três nos abraçamos; naquela época, eu já era mais alto que os dois. — Amo vocês….

— Oh, ele puxou esse lado tão carinhoso de mim… — afirmou minha mãe com orgulho, me dando um beijo na bochecha.

— Foi de mim, afinal, sou o homem mais romântico da terra — respondeu meu pai, erguendo uma sobrancelha enquanto olhava para ela.

Os dois trocaram olhares e riram, riram como nunca; era uma felicidade genuína.

— Vocês são as pessoas mais importantes para mim… — Os dois se emocionaram, minha mãe apertando o abraço e meu pai tentando disfarçar. No fim, os dois me beijaram nas bochechas.

E assim foi meu último dia com eles. Depois disso, parti de casa em direção à capital de Aldemere, e minha jornada como Escolhido estava prestes a começar.



Comentários