Volume 1

Capítulo 45: Vlad o Traídor

As disputas de domínio persistiam, com Fuxi tentando superar o líder Lycaion. Vlad Drácula observava em silêncio, enquanto Alaric e Nadine buscavam uma solução.

Toda essa situação pressionava Fuxi, que sentia-se no dever de proteger Alaric, pois foi ele quem trouxe o jovem até ali. Devido a essa intensidade, suas lembranças do evento que devastou sua vida vieram à tona, acompanhadas de um ódio descomunal, que começou a alastrar-se por sua alma. Suas feridas começaram a curar-se, e esse efeito passou para seu próprio domínio que parecia estar curando Alaric e Nadine.

— Ora, pensei que estivéssemos nos encaminhando para o desfecho, mas parece que me equivoquei — expressou Vlad, percebendo a mana no ar agitar-se em direção ao lobo. — No final, até mesmo você, lobo... até você se tornará interessante?

"Do que está falando? Faça algo! Não consigo me manter por muito mais tempo nesta disputa!" Mesmo que sua única missão fosse manter seu próprio domínio, impedindo o avanço de Fuxi, o custo desse impasse começava a se tornar excessivamente elevado.

No entanto, Vlad não apreciou o tom de voz, essa forma de falar que soava como se estivesse dando ordens. Ele dirigiu seu olhar assassino ao líder lobo, encarando-o com um semblante fechado.

— O que eu disse sobre tentar me dar ordens? — Considerou encerrar a vida daquele lobo arrogante, mas decidiu aguardar um pouco mais para observar como os eventos se desenrolariam. — já provei seu sangue e é deveras delicioso… Então, é melhor que faça seu trabalho direito, pois não hesitarei de o tomar novamente.

O líder lobo captou a mensagem, reforçou seu poder, franziu o olhar e uma grande quantidade de mana fluiu de seu corpo, alimentando seu domínio e sobrepujando o de Fuxi.

— Fuxi! Não suporta mais? Fu- — Alaric, até então concentrado à frente com o Lycaion ao seu lado, notou a perda de domínio e decidiu voltar o olhar para ele. Seu rosto agora era tingido por um ódio imenso, fagulhas cintilavam em seu olhar. — O que houve?

— Abrace a garota, jovem — ordenou Fuxi, sua voz estava carregada de urgência, enquanto soltava um rosnar poderoso que reverberava pelo ar.

Nadine e Alaric, subitamente impactados pela intensidade do som, caíram de joelhos e, pressionaram as mãos nos ouvidos. A vibração era tão avassaladora que causou desconforto imediato, seguido pelo sangramento nos ouvidos.

O jovem no solo, ao escutar a ordem de seu companheiro, não a compreendeu completamente, fitando-o com dúvida, sobrancelhas cerradas, em busca de esclarecimento. Mesmo assim, diante da urgência no olhar de Fuxi, decidiu não questionar e prontamente se preparou para obedecer.

"Aaaaah!! Que som infernal!!!" O rosnar ecoou pelo ar, alcançando os ouvidos do líder lobo, que sentiu como se sua cabeça estivesse prestes a explodir. A perturbação comprometia sua concentração, resultando na consequência direta de seu domínio começar a ceder para o de Fuxi.

De maneira peculiar, Vlad permanecia sereno, exibindo um semblante tranquilo enquanto apreciava a vista. Suas mãos repousavam descontraídas nas costas.

— Parece ser algum tipo de magia ou poder... interferindo diretamente nas ondas sonoras. — Um largo sorriso desenhou-se em seu rosto; aquele lobo estava, de fato, se tornando interessante. Ao virar sua face na direção do líder, notou a expressão de desconforto e dor. — Bem, ainda preciso de você, então.

Vlad, ainda de braços cruzados nas costas, movimentou os dedos num gesto sutil, quase imperceptível. De repente, o lobo líder deixou de ouvir não apenas o rosnado irritante, mas qualquer som ao seu redor.

"O que você fez!?" Ele ficou chocado, mas Vlad simplesmente o encarou de canto, silenciando-o e fazendo-o aceitar aquilo.

— Garoto! Pegue uma espada e finque no chão! Segure firme no cabo e a garota!

— Por quê!? — Alaric levantou-se, sem compreender completamente, mas começou a invocar uma espada de luz.

— O que você vai fazer!? E o que aconteceu aqui!? — Nadine remexia o indicador dentro de seu ouvido, ainda sentindo um leve incômodo. — Até agora está doendo!

— Apenas me obedeçam — foi um pedido sincero, desprovido de tom autoritário, levando Alaric a não questionar mais.

Alaric envolveu de forma firme, a cintura de Nadine com o braço, a fazendo corar no mesmo segundo.

— E-ei! O que pensa- — Suas palavras foram interrompidas por uma força que a aproximou do corpo do jovem. — Mas...mas.

— Vamos confiar no Fuxi, por hora. — Alaric, então, com Nadine colada a seu corpo, girou sua espada e fincou-a no solo, agarrando o cabo com firmeza.

Vlad ainda observando de maneira serena, aquela criatura tão interessante. Mantinha o sorriso na face, com as sobrancelhas erguidas, demonstrando tudo, menos qualquer sinal de receio. 

— Qual seu próximo passo? — O rei dos vampiros não conseguia esconder o fato de estar fascinado com o tanto que viu hoje, e queria mais, muito mais.

Fuxi, no entanto, escolheu o silêncio para expressar sua resposta, optando por uma demonstração eloquente. Sua pata começou uma ascensão sutil, e seu olhar se intensificou de maneira estridente na direção dos seus algozes. Em um movimento de violência extraordinária, a pata desceu cortando o ar em direção ao solo. 

Ao impactar a terra, uma onda massiva começou a propagar-se, percorrendo o ar e atingindo em cheio Alaric e Nadine. O jovem começou a vacilar, mas permaneceu firme no mesmo lugar, graças à espada que lutava vigorosamente para permanecer cravada no solo.

— Lobo lunático! — gritou o jovem, suas palmas envolvidas num embate difícil, segurando o cabo da espada e o corpo de Nadine.

— Não me solta!! — Nadine estava tomada pelo desespero, agarrando-se ao corpo de Alaric com toda a força que lhe restava.

A onda, equiparada a um vendaval provocado por furacões menores, era tão intensa que sacudia todo o ambiente. Chegando até Vlad que permaneceu em silêncio, seus braços ainda ocupavam suas costas, enquanto seu semblante permanecia inalterado, tomado por uma fome de curiosidade. 

“Faça algo!” O líder dos lobos, por sua vez, não lidava bem com a situação; mesmo sem ouvir, conseguia ver com perfeição, e suas pupilas dilatadas revelavam seu desconforto.

No entanto, Vlad pouco se importava, mantendo-se em silêncio, observando atentamente. A onda não demorou a atingi-los; à medida que se propagava em círculo, toda a vegetação à frente e ao redor era lançada aos ares. Pinheiros com raízes imensas eram arrancados do solo como se tivessem sido plantados naquele dia. A onda alcançou tanto o rei dos vampiros quanto o lobo líder, que estava próximo ao seu corpo.

“Socorro!!” A onda, ao contrário da última vez que ele a experimentou, estava mais poderosa. Mesmo cravando suas enormes garras com vigor na terra, foi arremessado para trás, seguindo o fluxo de ar.

— Ele… — Fuxi, inicialmente confiante em seu poder, viu sua confiança desmoronar junto ao seu queixo, quando, em meio à poeira levantada, uma silhueta permaneceu imóvel. Vlad sentiu como se fosse uma leve brisa passando por ele. — Isso é loucura!

— Você realmente se tornou interessante… — O rei dos vampiros descruzou os braços, observando suas unhas enquanto discursava. — Não imaginei que teria tanto poder…

“Me ajuda!!” O lobo líder ainda voava pelos ares, prestes a se chocar contra a árvore. Contudo, Drácula, ainda observando suas unhas, moveu a mão para trás e o líder parou no ar. Em seguida, jogou a mão para frente, e o lobo voltou ao seu lado.

— Fuxi, o que faremos? — Alaric havia parado de pairar e já estava de pé, apoiado em sua espada fincada no chão, que começava a piscar. — Merda! Tô ficando sem mana.

— Pessoal… — Nadine, que havia se desvencilhado do jovem, começou a sentir sua visão piorar e voltar à forma normal. Suas invocações pareciam mais lentas e também começavam a desaparecer. — Estamos sem tempo…

Fuxi observava tudo em silêncio, a situação deteriorando-se de forma arrasadora. Tudo parecia conspirar contra ele. 

Ao contrário da última vez que experimentou aquele poder latente, desta vez parecia não vir com a mesma intensidade. Talvez esse poder estivesse presente em seu dia a dia, mas ao enfrentar uma criatura como Vlad Drácula, revelou-se apenas uma agulha pequena diante de um gigante. 

Enquanto sua mente se perdia em busca de respostas, percebeu a movimentação de Drácula, que finalmente decidiu agir, dirigindo-se em direção ao líder dos lobos. 

— Vocês três são realmente fascinantes... — falava em um tom contemplativo, enquanto caminhava, recolhendo as mãos nas costas. — Mais do que eu poderia imaginar.

“O que está fazendo!?” O lobo viu a aproximação suspeita de Vlad, aquele sorriso singelo não era algo bonito; era sinistro, como o de um assassino feliz por cometer mais um crime.

— Ora, eu? — Seu olhar virou na direção de Fuxi, Alaric e Nadine. Um olhar que parecia se acender em uma chama de felicidade bizarra. — Nada demais, é que eles… Tornaram-se muito mais divertidos que você.

“O que!? Eu não estou ouvindo!? Devolva minha audição!” Desde aquele momento, o líder não ouvia nada; estava alheio a tudo que era discutido, discursado e dito. Mas sentia um estranho perigo, como um sexto sentido tentando avisar, seus pelos arrepiavam-se mais a cada passo do vampiro.

— Você não vai precisar escutar… — Seu olhar, que ainda estava fixo nos três, retornou vagarosamente até o líder. À medida que retornava, perdia o semblante feliz, suas pálpebras iam caindo até ficarem semicerradas, em um olhar de desdém e desinteresse. — Até porque você irá morrer.

O lobo líder não escutou uma palavra, mas ao pressentir algo errado, saltou para trás e começou a rosnar para Vlad.

— Não tenho tempo para lutas desnecessárias. — Sua mão ergueu-se até a altura de seu peito, reta em direção ao lobo.

“Traidor! Irei te-” antes de terminar de silabar, viu aquela mão passar de forma horizontal em um gesto leve, que nem o tocou. Mas instantaneamente, sentiu uma queimação no pescoço, e pareceu que sua cabeça havia perdido o contato com o resto de seu corpo.

— O que você… — Fuxi observou tudo em completo silêncio, mas ao ver a situação, arregalou os olhos.

— Ele não… — Alaric, no mesmo estado de Fuxi, não sabia o que dizer.

— Você…. — Nadine correu até as costas do jovem e manteve-se lá, com o rosto encostado em sua nuca, para não mais ver aquela cena.

— Acabou. — Vlad balançou as mãos, e as cruzou novamente nas costas. À sua frente, um lobo antes cheio de vida agora morto, com a cabeça cortada. De maneira elegante ele abaixou-se próximo ao cadáver, e com suas presas à mostra começou a tomar o sangue daquele lobo. — Eu disse que não hesitaria em tomar teu sangue.

Fuxi querendo aproveitar o breve tempo que obteve enquanto Drácula tomava o sangue distraído, cedeu na expansão de seu domínio, a regredindo por inteiro. Os três pensaram em virar-se para fugir, mas ao completarem o giro, depararam-se com aquele vampiro imponente à frente.

— Porque vão fugir? — Ele navegava seu olhar pelos três, cada vez mais intrigado. — Relaxem, vocês são interessantes demais para morrerem agora.

— O que você quer!? — perguntou Alaric, protegendo Nadine com seu corpo e mãos.

— Ver mais de vocês… — Ele notou a expressão confusa nos rostos de todos e decidiu ser breve. — Bem, você, jovem. Quando sentir confiança, venha até Antáres.

— O que eu faria lá? E outra, onde fica essa Antáres? — Alaric não entendia esse pedido inusitado; foi algo tão repentino.

— Onde fica? Tenho a leve suspeita de que você irá descobrir. Agora, o que você faria lá? — Ele olhou para o corpo do lobo morto, atrás deles. — Precisamos de um substituto para o Lord Fera. Você não é uma fera... mas…

— Do que está falando? — Alaric não compreendia nada do que era dito, eram apenas palavras jogadas ao vento.

Fuxi, que apenas observava em silêncio, decidiu tomar a frente do jovem, fitando Vlad.

— Você é o Lord de Sangue, não é?

— Você é um lobo perspicaz... — Um leve sorriso adornou seus lábios. — Está absolutamente correto! De fato, possuo diversos títulos: rei dos vampiros, Lord de Sangue, Lord Vampiro.

Vlad Drácula atravessou tantas eras que suas alcunhas eram praticamente ilimitadas, mas dentre elas, as três que mencionou eram as mais renomadas.

— No final, são apenas alcunhas atribuídas a mim; seus significados serão definidos por minha vontade e ações. Mas então, lobo... Você conhece os dez Lords? — Seu olhar baixou de forma leve. — Agora, nove Lords.

— Todo ser respeitável neste continente está ciente... — respondeu Fuxi, estreitando o olhar ao enfrentar um Lord. — Mas por que está interessado no garoto?

— Percebo que o protege. Bem, meu interesse é meramente observá-los e avaliar até onde irão.

Vlad, de maneira brusca, virou-se na direção do campo de batalha, onde a fervorosa luta ainda persistia, com os lobos tentando romper a defesa do urso e do lobo negro. Contudo, os dois seres desferiram o último golpe e desapareceram. Os lobos, alheios à morte de seu líder, continuaram avançando.

O rei dos vampiros abriu os braços e proclamou:

— Avancem, meus servos! — Inúmeros vampiros emergiram da barreira, avançando impiedosamente sobre os Lycaions, que nada puderam fazer.

— Você pretende simplesmente eliminar todos eles? — questionou Fuxi, expressando dúvida, sem demonstrar empatia.

— Vejo que não se importa com eles. — Vlad desviou o olhar para o lobo e sorriu. — Já não me são úteis; diria que, no final das contas, estou até prestando um serviço a você, não acha?

Alaric dirigiu-se ao lado de Drácula, seguido por Nadine como em um trenzinho. Pararam ao lado do vampiro, observando o campo sangrento, que parecia ainda mais infernal.

— Então, você simplesmente descarta o que não lhe serve mais? — indagou Alaric, fixando seu olhar em Vlad, enquanto uma leve brisa agitava seus cabelos vermelhos. 

— Neste cenário ou mundo, é vital selecionar com cautela o que protegemos e o que deixamos para trás ou descartamos. — Ele virou seu olhar para o jovem, Nadine ao notar aqueles olhos vermelhos a observando levou um leve susto, e voltou a encostar a cabeça em Alaric. — Afinal, optaria por um espelho quebrado quando há a chance de possuir um novo?

O jovem ficou perplexo, incapaz de formular uma resposta diante da lógica apresentada. Alaric ponderou longamente, mas não encontrou contrargumentos ou maneiras de refutar o raciocínio do vampiro. No final, Drácula parecia detentor de certas verdades em sua forma de pensar e agir. Contudo, o garoto revisitou aquelas palavras, reforçando seu olhar em Drácula enquanto retirava Nadine de suas costas, guiando-a ao seu lado.

— Eu sou o novo espelho? — Era a conclusão lógica, considerando que Drácula abandonara os lobos e cessara sua hostilidade contra os três. Enquanto falava, Alaric começou a acariciar suavemente os cabelos roxos de Nadine, buscando acalmá-la.

— De certa forma, os três são. — Vlad observou que, assim como o lobo, o jovem não demonstrava melancolia ao presenciar a carnificina dos Lycaions, mas optou por não comentar, apenas achou intrigante.

Fuxi, que observava com atenção, sentou-se enquanto a brisa suave acariciava seu rosto. Uma nuvem escura se ergueu ao seu lado, mas ao olhar, nada estava ali. Desviando o olhar para o céu, percebeu Drácula pairando.

— Já vai? — indagou Fuxi.

— Tudo que planejei foi por água abaixo… — Drácula virou-se em direção ao campo sangrento, onde os Lycaions já estavam praticamente mortos. Afinal, vampiros sempre foram mais fortes. — Garoto, lembre-se, vá a Antáres. Mas não entre igual idiota; mencione que veio por minha recomendação e pronuncie estas palavras: "Antárium Lordnijes imporium.”. 

Alaric escutou aquelas palavras, que mais pareciam enigmas do que expressões comuns, cerrou as sobrancelhas em dúvida, esforçando-se para compreender. No final, conseguiu ao menos memorizar as palavras. Com isso, Vlad virou-se e, em um instante, desapareceu entre a névoa negra. 

— Parece que tudo acabou — afirmou Alaric, pois agora via apenas corpos inertes espalhados pelo chão. O ar estava impregnado pelo cheiro pútrido do sangue.

— Vamos embora... Está ficando insuportável aqui — disse Nadine, tapando o nariz, incapaz de suportar o odor.

— Estamos de saída, então — declarou Fuxi, já se preparando para partir, mas sua intenção foi interrompida pelas palavras de Alaric.

— Antes, vamos retornar à cabana do líder. Pode haver algo interessante lá.

Nadine, ainda com a mão sobre o nariz, balançou a cabeça em desaprovação, fixando um olhar firme em Alaric. Ela não estava disposta a permanecer nem mais um segundo naquele local.

— Vamos embora logo! Já estou exausta disso!

— Se preferir, vá embora — sugeriu Alaric, agitando a mão como se dissesse "xô, xô".

— Ora, seu... — Ela não gostou nada disso e já se preparou para enfrentá-lo, arregaçando as mangas.

Fuxi interveio antes que a situação se tornasse ainda mais caótica. Além das suas vozes, um silêncio ensurdecedor instaurava-se, abafando-os como se os esmagasse. Ao redor, uma destruição colossal, resultado das ondas de choque liberadas por Fuxi, deixava árvores destroçadas por toda parte. No entanto, o santuário ainda permanecia de pé.

Alaric persuadiu Nadine a encaminhar-se em direção à cabana do líder, e Fuxi, sem titubear, juntou-se a eles. À medida que penetravam na floresta de pinheiros, o silêncio que os envolvia tecia uma atmosfera digna de um suspense, potencializada pela escuridão da noite e a majestosa lua que reinava no firmamento. O ranger suave dos galhos sob seus passos ecoava por toda área.

Ehhh... — Nadine estava encolhida, observando à frente, sem desviar o olhar para os lados. O silêncio estava começando a sufocá-la.

— Fuxi, por que o santuário não desabou? — Alaric percebeu o medo de Nadine e decidiu falar apenas para quebrar a tensão, até porque, já sabia a resposta para aquela pergunta.

— O santuário é independente dos Lycaions; não se assemelha ao meu templo. — Seu olhar virou-se levemente para Alaric. — Como você sabe, são presentes de Inari Okami. 

Nadine, agora mais tranquila graças à quebra de tensão proporcionada por Alaric, ouviu o nome Inari Okami, gerando uma interrogação em sua mente. Desviou seu olhar curioso levemente na direção de Fuxi enquanto continuava a caminhar. O som amortecido dos passos sobre as folhas parecia amplificado pela atmosfera, criando uma melodia sutil.

— Inari Okami, é o deus em quem acredita? — O ranger das folhas, inicialmente baixo, ressoava de forma peculiar. Fuxi, ao ouvir a pergunta, voltou seu olhar na direção dela.

— Está correta, ele é o criador da minha espécie. — Continuava caminhando, direcionando novamente sua atenção para a frente.

Nadine permaneceu em silêncio, nutrindo uma certa desconfiança em relação a deuses. Seu olhar voltou  firme e assim permaneceu à frente, mas não deixou de manter os ombros encolhidos, atenta ao sussurrar das folhas acima de sua cabeça.

Alaric, mesmo com a vontade de questionar a crença dela em deuses, percebeu que não era o momento apropriado. Prosseguiram em silêncio, avançando cautelosamente, mas parecia que todos os Lycaions estavam de fato mortos.

"Você é ele... Alaric". Nadine ouvira o nome dele, enchendo-a de esperança. No entanto, assim como o jovem, julgou que aquele não era o momento certo para revelar tudo o que guardava em seu coração. Essa foi uma das razões para decidir segui-lo em direção à cabana.

— Chegamos — afirmou Alaric. Agora, estavam diante da residência do líder falecido, prestes a descobrir coisas que talvez nunca imaginassem.

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Notas:

Opa pessoas, como acho que vocês não vão se lembrar já que citei esse nome "Equitiliun" no início da história, irei relembrar. Este é o livro que Delilian citou que estava procurando.

Se quiserem conferir para relembrar direitinho, foi dito no capítulo 3. 

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