Volume 1

Capítulo 44: Despedida Familiar

Fuxi saiu de sua caverna e dirigiu-se à área de treinamento onde estava sua filha Aisha. Ao atravessar as moradias dos Lycaions, foi cumprimentado por um Lycaion 

— Líder! — o lobo saudou.

— Huang, precisa de algo? — Fuxi parou, dando a sua atenção.

— Nada demais, apenas queria agradecer por ter ajudado meu filho...

— Não precisa me chamar de senhor, e não é necessário agradecer. — Ele olhou para toda extensão da vila. — Faço o que um líder deve fazer.

— Confiamos nossas vidas a você. Você é o melhor que temos. Ter salvo meu filho, é a prova disso.

O filho de Huang foi acometido por uma doença misteriosa, iniciando com cansaço durante uma brincadeira. Pensando ser passageiro, voltou para casa, mas logo surgiram tosses, febre e manchas vermelhas. Sua condição piorou até não conseguir mover um músculo.

Chamado, Fuxi, embora não fosse médico, como líder, precisava oferecer uma solução. Ao analisar o jovem, percebeu sua vitalidade sendo drenada lentamente. Com pouco tempo para agir, Fuxi deixou seu domínio em busca de uma cura, retornando três dias depois, visivelmente exausto e ferido.

Entregou um estranho líquido que estabilizou a criança, eventualmente curando-a. Fuxi nunca revelou a origem do remédio ou por que estava tão ferido. No final, guardou os detalhes para si. No entanto, ninguém mais ousou questionar, confiando plenamente em seu líder.

— Não pre- — Fuxi foi interrompido por um berro distante, ficando alerta. — Ouvi isso!?

— S-sim, vou chamar ajuda! Líder, não se arrisque.

Fuxi não estava disposto a esperar, ao ver o Lycaion se afastando rapidamente. Iniciou uma corrida veloz em direção ao berro, cruzando com agilidade sua vila até adentrar a floresta.

“Mas aqui…!” A direção que seguia era a do local de treinamento com sua filha, Aisha corria perigo. Acelerando seus trotes, passou como um vulto entre os pinheiros e arbustos. Ao chegar no local, deparou-se com uma visão aterradora.

— Fi- — Antes de terminar de falar, sentiu um peso incomum em seu corpo, e suas pernas perderam qualquer resquício de força.

Diante dele, Lycaions que não pertenciam à sua vila. Dois pisavam no corpo de sua filha já tombado. Ela tinha um semblante de terror, com tímidas lágrimas que forçava para não cair. Fuxi nada podia fazer com suas pernas imóveis.

“Não fale “erro”, me dá nojo.” Aparecendo por detrás de Fuxi, da mesma direção que ele havia vindo, saindo entre as árvores, um lobo de seu mesmo tamanho e imponência.

— O que você pensa q- — Antes de conseguir terminar de falar, sentiu seu crânio ser forçado contra o chão.

"Já falei que sua fala me irrita, cale-se." O lobo aproximava-se a passos vagarosos, passando ao lado de Fuxi. Seu peito estava estufado e o olhar fixo à frente demonstrava uma arrogância ou soberba que deixou até mesmo o Lycaion ao solo atônito.

“O que ele quer!? E que poder é esse!?” pensava Fuxi, e como estava enfrentando Lycaions, manipulou a mana ao seu redor, dispersando as ondas psíquicas no ar para evitar ser lido. O lobo não compreendia o que estava ocorrendo. Por que estavam atacando? Qual o motivo por trás disso tudo? E esse poder? Era como uma força invisível.

"Aprendeu a ficar calado? Ótimo. Hmmmm, o que temos aqui?" Seu olhar tornou-se lascivo ao observar Aisha no chão, incapaz de revidar. "Até mesmo erros podem resultar em beldades…” 

— NÃO SE APROXIME DA MINHA FILHA!! — Um grito estridente reverberou pela floresta, causando temor até mesmo nos que se preparavam para o ataque. — OU EU-

"O que eu disse sobre VOCÊ FALAR!?" Seu olhar foi lançado com violência em direção a Fuxi, um olhar assassino, repleto de ódio e repúdio.

Mas, em resposta, tudo o que recebeu de Fuxi foi um olhar ainda mais letal, seus olhos cerrados quase emanavam faíscas de raiva.

“Você ousa me encarar assim!? Vou te ensinar o teu lugar.” Um sorriso sádico tomou aquela boca, e ele virou sua cabeça na direção de seus lacaios. “Cortem-lhe a cauda, depois as pontas de suas orelhas e, por fim, a ponta de suas patas”. 

— Não faça isso! — Aisha, ainda apavorada e com os olhos úmidos, ao ouvir tal ordem, tentou reunir forças para impedir. Fisicamente impossibilitada, optou por outra abordagem. — Você me queria, não é? Deixe meu pai ir, e eu serei sua!

Fuxi ouviu aquela proposta terrível, algo que nem em seus mais horrendos pesadelos imaginaria ter que enfrentar. Seus olhos buscaram sua filha, e, sob a inundação de ódio, um temor avassalador e apreensão penetraram seu ser. A filha que ele viu crescer podia ser arrancada dele a qualquer momento, uma cruel realidade que ameaçava dilacerar impiedosamente esse pobre lobo.

Os olhos marejados de sua filha cruzaram com os seus; como pai, ele pôde perceber todo o medo que dominava sua mente e se infiltrava em sua alma. No entanto, Fuxi era impotente naquele momento, esmagado sob o peso das forças invisíveis que o mantinham como um inseto no solo. Aisha, apesar de tudo, demonstrou força, forçando um sorriso bobo na tentativa de acalmar seu pai. No entanto, sabia que isso não seria suficiente.

“Que amoroso, tudo isso pelo papai? Hmmmmm. Tudo bem.” Uma resposta que arrancou um suspiro trêmulo de Aisha, pensando ter resgatado aquele a quem ela amava. No entanto, a cruel verdade veio à tona.

“Pensou que eu diria isso, né? Haha! Claro que não. Eu teria você, mesmo que fosse à força, idiota! Afinal, lobos falantes como vocês servem apenas para lamber nossas patas... Agora, meus companheiros, executem as minhas ordens.” O lobo líder proferiu suas palavras com um sarcasmo cruel, selando o destino de Fuxi e Aisha em uma atmosfera impiedosa e brutal. 

Dois lobos começaram a se aproximar de Fuxi, ainda imóvel. Seus sorrisos eram maléficos, presas à mostra, lambendo seus caninos pontiagudos, prontos para iniciar a sequência de tortura. O Lycaion ao solo tentava se debater em vão, seu corpo mal se movia. Ao final da aproximação, agarraram sua cauda, e um deles a inseriu em sua boca.

“Ao término da contagem, feche sua boca com toda força do seu corpo... 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2...” Ao passo de concluir a contagem, provocando uma dor descomunal em Fuxi, Aisha começou a se agitar.

— Não… toquem em meu pai! — Um raio, em uma violência extraordinária, despencou dos céus rasgando o ar até atingir os dois lobos que a mantinham no solo, impactando-os de forma avassaladora.

“O que!? Como? Ela está…”

De entre a fumaça e poeira erguida pelo chicote elétrico lançado dos céus, dois corpos carbonizados começaram a tombar. Antes mesmo de tocarem o solo, desfizeram-se em cinzas. No entanto, uma figura adicional emergiu diante de todos: uma loba de pelagem totalmente branca, agora envolta em um azul elétrico que serpenteava por todo o seu corpo, escapando vez ou outra.

— Filha!? 

Antes de Fuxi sequer processar o ocorrido, sua energia estática foi atraída para o espaço acima de seu corpo, desencadeando uma desintegração que eliminou a existência dos lobos que estavam prestes a atacá-lo.

— Nunca mais toque em alguém da minha família… — Ela movia-se de uma lado ao outro, com seu olhar fixo no lobo líder, enquanto a eletricidade escapava de seu corpo como chamas dançantes.

“Você… Não pense que só porque possui algum poder... Te matarei junto a sua família.” 

Na visão de todos, tudo mantinha a aparente normalidade, mas Aisha pressentiu o perigo aproximando-se de forma instintiva. Seu corpo emitiu uma enorme descarga elétrica no ar que englobou toda sua figura, formando uma barreira ao seu redor. De forma firme, algo chocou-se com essa barreira, sem causar qualquer dano.

“Droga… Como!?” O lobo líder não conseguia compreender como ela conseguira resistir ao seu poder.

— Você irá morrer… — Ela começou a caminhar em direção a ele, seus olhos mantinham-se fixos e penetrantes. 

“Se não posso te derrotar…” Um sorriso vilanesco tomou conta de seu semblante. “Deixarei que outros lidem. Vão! Acabem com ela! Eu vou para a vila!” 

Rapidamente o lobo líder virou-se e partiu em direção a vila. Aisha tentou impedi-lo, mas seu caminho foi obstruído por vários lobos, seguindo as ordens do líder. Ela então virou seu olhar ainda sério para seu pai, que finalmente estava livre daquele peso incomum.

— Pai! Vá! 

— Mas filha… — Ele iniciava a jornada para se erguer, no entanto, deixar sua filha para trás era algo indesejado. Contudo, contrário de Aisha, Fush não possuía habilidades de combate, e ele poderia estar enfrentando um perigo ainda mais iminente. Então, mesmo relutante, teve que acatar o que sua filha pediu que fizesse. — Recue! Se não conseguir lutar, recue!

— Sim, pai. Agora vá — disse ela, batendo a pata no chão, provocando raios que percorreram o solo até atingir aqueles que bloqueavam o caminho de seu pai.

Fuxi expressou gratidão e, mesmo contra sua vontade, partiu. Sua velocidade atingiu extremos, pois precisava chegar rapidamente. Sua família e todos os cidadãos dependiam dele. Suas narinas começaram a contrair ao sentir o cheiro de fumaça, e suas pupilas iniciaram o processo de dilatação ao ver as cinzas dançarem no ar. Suas patas foram tomadas por tremores intensos ao escutar alguns berros agônicos de desespero.

Ao chegar nas proximidades da vila, sua visão não poderia ser mais desesperadora. Uma vez uma comunidade feliz e próspera, agora era consumida por uma labareda imensa, um verdadeiro inferno. Corpos jaziam sem vida ao solo, muitos mutilados, todos de línguas arrancadas. Em meio ao mar de desolação formado por cadáveres que antes eram Lycaions cheios de vida, um se destacava.

— Huang! — Aquele que agradecera Fuxi anteriormente. — Você...!

Suas pálpebras chegaram a fechar, seu rosto virou-se, e seu coração expressava toda sua angústia e desolação. Aquele lobo estava morto, e sob seu corpo, um cadáver de menor estatura, o filho de Huang, que havia sobrevivido a uma doença, mas não resistiu aos males causados por outros seres.

Fuxi estava prestes a fazer uma despedida digna, mas foi abruptamente interrompido por um grito que reconheceu rapidamente. De maneira brusca, partiu em direção ao som de morte e socorro.

— Suvirk! — Ele estava de pé, parecendo ferido, mas estava vivo, para alívio de Fuxi. No entanto, parecia estar diante de algo, de algum corpo, imóvel. — Aquele é... Fush!!!

Jazendo sem reação, inanimado ao solo, seu filho, que tantos sonhos e vontades nutria, havia caído diante de Lycaions mal-intencionados.

— Me-me perdoe… Fuxi — expressava todo seu pesar, cerrando as mãos enquanto lágrimas escorriam em seu rosto. — Eu tentei protegê-lo… Mas minha força… ela.

— Fush!! — Ignorando Suvirk, Fuxi partiu em direção ao corpo de seu amado filho, todo ferido e ensanguentado. Suas lágrimas despencavam como um dilúvio, seus lábios eram mordidos, enquanto sua pata constantemente encontrava-se com o corpo de Fush, tentando obter alguma reação. — Acorde, filho… Acorde, meu filho!

— Fuxi… — Suvirk ainda chorava em lamento, mas precisava tentar acalmar seu amigo, que havia perdido o controle para a melancolia. Agarrando-o, tentou fazê-lo parar. — Pare, pare, Fuxi!

O lobo rosnou e tentou morder o braço de Suvirk, conseguindo. Suas presas cravaram na pele, transpassando para a carne, causando uma enxurrada de sangue que tingiu os braços do homem e as presas de Fuxi. Ele já não tinha mais controle. Mesmo sendo atacado, o homem não o soltou, puxando-o.

"Que ceninha… Um papai triste…” O lobo líder aproximou-se com algo em sua boca. Fuxi virou seu olhar assassino, ainda cheio de lágrimas, para ele, e suas pupilas novamente tiveram os tamanhos duplicados, enquanto o brilho, mesmo que pouco ali, esvaía-se. Ao chegar a uma certa distância, o lobo líder arremessou o que estava em sua boca. “Encontrei isso lá na caverna que acho que era sua casa. Não a usei, então… Não fiz de todo o mal”.

Aos pés de Fuxi, aquela que um dia ele chamou de amor, a Lycaion que prometeu passar a eternidade ao seu lado, sua esposa, jazia sem vida diante de sua visão. Sua língua cruelmente arrancada, seus olhos agonizantemente perfurados, as presas que um dia existiram já não estavam em sua boca. Sua cauda, símbolo de graciosidade, inexistente, no lugar apenas o sangue ainda quente tinha vazão, e suas orelhas mutiladas com as pontas cortadas.

Fuxi estava mergulhado em um abismo, no qual tudo o que conhecia desapareceu, e a esperança se esvaiu de seu coração. Seus olhos eram testemunhas de um vazio profundo, preenchido apenas pela dor e desespero.

— Fuxi, cuidado! — O empurrão de Suvirk foi o prelúdio para que o lobo testemunhasse a transformação de seu amigo em mais uma vítima da crueldade. — Aaaaaaaaaaaah!

Os braços de Suvirk foram torcidos como se fossem feitos de pano molhado, e cada osso estalava em um som infernal, enquanto seus gritos cresciam em intensidade.

— Suvirk! — Fuxi tentou se erguer para socorrer o amigo, mas foi novamente pressionado ao chão. Uma força invisível o mantinha cativo.

"Você irá apreciar a cena caladinho."

— Eu... — Ele debatia-se tentando socorrer seu amigo, mas de nada adiantava, era em vão. Com tantos pensamentos em sua mente, um turbilhão formava-se, e algo em sua alma parecia começar a queimar. — Solte ele! Me leve! Me mate! Faça o que quiser comigo!!

"Hahaha! Mas eu já teria você, e poderei te matar… Como falei, assista calado, aprecie a apresentação."

Com uma crueldade que desafiava a compreensão, o líder de alguma forma guiou a mão do homem em direção aos próprios globos oculares.

— Me aju- Aaaaaaaaah! — As pontas dos dedos tocaram seus olhos, iniciando um espetáculo de horrores. Rapidamente, aqueles olhos tornaram-se vermelhos, e as unhas cravaram na retina, provocando gritos agonizantes e súplicas pela morte. Mas a tortura não se encerraria ali, estava apenas começando. O dedo continuou a se mover, penetrando fundo na retina, causando uma queimação insuportável e uma dor abissal. Em seguida, foi forçado ainda mais, cruzando até o meio do globo ocular. Para aquele homem, não restava mais visão. Apenas um breu infinito, acompanhado por uma dor incessante. — Fuxi… Eu não enxergo… Eu… Eu…

Para um arquiteto e engenheiro, a visão sempre foi o seu maior instrumento de trabalho. Nunca mais Suvirk poderia visualizar uma planta de construção em sua vida; ele estava destinado a nunca mais poder exercer a atividade que amava, tudo porque estava no lugar errado e na hora errada, cumprindo sua profissão. Contudo, seus gritos e súplicas cessaram lentamente, até pararem, surpreendendo o lobo líder, que esperava mais gemidos. Suvirk virou seu olhar sem vida, mas com um fraco brilho na direção de Fuxi, e um singelo sorriso, proferiu:

— Fuxi, me mate… — Palavras impactantes para o lobo, que se viu indeciso. No entanto, as próximas palavras esclareceram sua mente: — Mas com isso, libere o ódio que queima latente dentro de você, e aniquile esses desgraçados!

Fuxi então compreendeu, e todo aquele vazio converteu-se em um ódio transcendental, acima do imaginável. Tudo que ele havia reprimido veio à tona.

“O que… Tá esquentando?” Os lobos começavam a se inquietar, o calor proveniente das residências em chamas parecia ser sobreposto por esse calor abrasivo e intenso, que dominava o ambiente, enquanto ao redor de Fuxi, a própria terra começava a derreter.

O lobo líder havia pego um livro na caverna de Fuxi, o Equitiliun, que, de repente, saltou da boca de seu lacaio. Ao cair no chão, começou a se folhear até parar na página "O Caos".

"O Caos seleciona aqueles que descendem dele de alguma forma ou, se não houver um descendente do caos, escolhe um ser aleatório. O Caos foi uma das criações de um ser ou conceito maligno chamado Mal, e aqueles que têm uma centelha de sua essência podem acessar seu poder, mas ao custo de desencadear o desastre sobre seu mundo ou dimensão”.

"Caos!? Ele... Você realmente é um erro... O que estão esperando!? Ataquem!" O líder, após uma compreensão vaga da passagem, percebeu o significado e sua vontade de destruir o Lycaion cresceu exponencialmente. Com Fuxi ainda imobilizado sob seu poder, acreditava ser fácil alcançar tal intento.

Os outros Lycaions avançaram com voracidade, ansiosos por destruir tudo em seu caminho e despedaçar o lobo indefeso. No entanto, suas intenções foram interrompidas por uma onda de choque que se originou do corpo de Fuxi, propagando-se de maneira impediosa por toda a área.

Os lobos, que não perceberam a necessidade de cravar suas garras no solo, foram arremessados a metros de distância, enquanto a onda continuava a se propagar. Sua força monumental encontrou as madeiras das casas em chamas, resultando em um completo desmantelamento, com ripas voando aos ares.

— Você... — Fuxi começava a erguer-se, olhos dilacerantes fixos no líder, rosnando de ódio e deixando até a saliva cair de sua boca. — Eu vou te MATAR!

E mais uma onda de choque intensa arremessou mais alguns coitados. A visão de Fuxi estava tomada por uma ira avassaladora, enquanto rugia em fúria e lançava mais uma onda de choque que despedaçava tudo ao seu redor. O lobo líder, antes confiante, agora encarava a verdadeira força desencadeada pelo Caos que permeava o Lycaion.

Fuxi avançava com uma impiedade difícil de descrever, sua mana parecia ter aumentado de maneira exponencial. Sua força era voraz; de forma atroz, saltou, suas garras se abriram e seu corpo iniciou a queda, encontrando-se sobre um Lycaion já sem vida, com a cabeça perfurada. Em seguida partiu em direção ao seu amigo que habia sido arremessado pela onda, encerrando assim, sua angústia. Sem últimas palavras, nem uma glória. Seco e brutal, e assim a história de Suvirk encerrou-se.

E assim continuou, um por um, ninguém escapava. Era quase como testemunhar um demônio em fúria, mas nem mesmo os demônios realizariam tais atos, não daquela forma. Aquele lobo havia perdido todos os escrúpulos, dilacerava, desmembrava e destroçava cada inimigo, até restar apenas ele e o líder.

— Chegou sua vez — afirmou Fuxi, com seu corpo tingido em vermelho escarlate, não pelo seu sangue, mas pelo sangue de seus inimigos.

"Eu... Eu... Ah! Pare! Se quiser rever sua filha..." O líder foi contatado mentalmente, avisado sobre a captura da filha de Fuxi. O Lycaion não podia fazer muito, apenas esperar que sua filha fosse entregue bem, mesmo sabendo que podia ser um blefe.

— Não pode ser... Não pode ser! — Uma onda de choque arrasou tudo por onde passou.

"Que merda vocês fizeram? Porque ela..." Os lacaios do lobo líder trouxeram Aisha, mas da bela loba restava literalmente apenas os ossos.

"Como vocês fizeram isso!? Quer saber, esquece, vamos fugir!" ordenou o lobo líder, aproveitando que Fuxi estava distraído sobre a pilha de ossos que um dia foi sua filha. Mas parou por um instante para pegar aquele livro que por alguma razão, menteve-se imóvel mesmo após receber aquelas avassaladoras ondas de choque. Assim que o pegou seguiu seu caminho.

No fim, restou apenas um lobo em pranto, sobre o corpo de sua filha, esposa e amigo. A vila já não tinha mais vida, apenas cinzas e corpos no chão. No fim, só restou rancor no coração daquele lobo. No fim, os verdadeiros sentimentos foram embora, restando apenas uma promessa.

— Eu iria te caçar, eu iria te matar, eu iria destruir tudo que você considera precioso... Eu juro por minha alma.

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Notas:

Opa pessoas, como acho que vocês não vão se lembrar já que citei esse nome "Equitiliun" no início da história, irei relembrar. Este é o livro que Delilian citou que estava procurando.

Se quiserem conferir para relembrar direitinho, foi dito no capítulo 3. 

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