Volume 1
Capítulo 42: Derradeira Derrota
A situação, antes pouco controlada por Gideon, tornou-se caótica com a invocação de Freya. Embora Freya, por si só, não tomasse ações, ela, ao ajudar Dorni, invocou dois guerreiros de Valhalla. Além disso, Mani, que derrotara Aldebaram anteriormente, estava agora pronta para também enfrentar o jovem. Freya já havia partido.
— Jovem humano, entregue sua vida de bom grado. Prometo matá-lo rápido e sem causar dor, mesmo que tenha mencionado o nome daquela deusa — propôs Mani, assumindo a liderança diante dos guerreiros de Valhalla.
— Não estou disposto a morrer; ainda preciso ver meu irmão — respondeu Gideon, já se preparando para a batalha. Mesmo sabendo que a vitória era quase impossível, ele lutaria até o último suspiro.
Erne, exausto e ferido, apoiava-se em uma árvore. Dorni, ao perceber a partida de Freya, correu em direção ao seu mestre.
— Mestre! — exclamou, abraçando Erne, que fazia caretas devido à dor. — Você está bem!?
— Haha… Vai precisar de muito mais do que isso para me matar. — Erne, ainda com caretas, olhou para o aprendiz abraçando-o. — Mas, do jeito que está me abraçando, quem vai acabar me matando é você...
— Desculpe! — Dorni soltou seu mestre, permanecendo agachado próximo a Erne, olhando para Gideon, pronto para uma batalha perdida. — Ele merece o que vai acontecer com ele.
— Ninguém merece morrer... No final, são ideais contra ideais... — Erne fitou o jovem, que mantinha um olhar sereno, apesar da situação desfavorável. — Um jovem corajoso…
Mani partiu decidida em direção a Gideon, as duas espadas empunhadas com enorme firmeza em suas mãos. Uma aura de determinação pairava no ar, sinalizando que ela estava pronta para encerrar a curta vida do jovem. Em contraste, o garoto permanecia imóvel, ciente de que avançar seria uma sentença de morte. Ele optou por aguardar, preparado para responder à altura quando necessário.
Ao atingir uma distância específica, Mani saltou, seu corpo ficou entre Gideon e a lua, lançando uma sombra que sobrepujava o jovem. Ele observava atentamente cada movimento dela. Mani cruzou as espadas diante de seu peito e desabou sobre o rapaz. Ao se aproximar, desfez o cruzamento com uma ferocidade impressionante. Ao chegar no solo, aparentemente atingindo Gideon, nada sentiu, nenhum impacto, nenhuma resistência, como se fosse um espaço vazio e era. Pois, o jovem, havia recuado a uma velocidade incrível.
Ele sentiu uma presença atrás de si, era um dos guerreiros de Valhalla, parecia portar uma espada comum em mãos. Em um movimento veloz desferiu um golpe mirando o pescoço do jovem. Gideon curvou seu torso habilmente para frente, fazendo a lâmina passar rente sentindo a leve brisa acima de sua nuca. Entretanto, à sua frente, o segundo guerreiro já iniciava a ascensão de sua espada.
A Escolion em sua mão brilhou em um azul intenso como o gelo, e de fato era o gelo que, rapidamente solidificou em um formato circular, assemelhando-se a um escudo, bloqueando o ataque. A lâmina do guerreiro reverberou, causando-lhe desequilíbrio e o fazendo recuar a enorme violência.
— Esse garoto... — Erne, observando o magnífico embate, estava impressionado com a notável agilidade do jovem. — Ele é verdadeiramente um escolhido...
— Como? Como ele possui tanta força? — Dorni apertava o colar Brisingamen que Freya havia lhe dado.
— Como sempre disse... A força nunca dependeu de musculos, mas sim da mente — Erne dirigiu seu olhar para o corpo de Aldebaram desabado ao solo, quase sem vida. — Aquele jovem tem uma enorme força mental, e a parcial presença de ódio vagando por suas idéias, lhe concede essa força.
Aproveitando o sutil desequilíbrio do guerreiro, Gideon girou a ponta de sua espada para baixo em alta velocidade, fincando-a no solo. O gelo prontamente se espalhou por todos os cantos, dando origem a estacas que emergiam do terreno. Mani, num salto gracioso, pairou no ar com um sorriso que denotava sua animação pela luta. Enquanto isso, os guerreiros de Valhalla se esquivavam habilmente, fazendo o possível para evitar as investidas.
Um deles, ao recuar, percebeu o frio gélido do gelo em sua lombar. Ao cogitar uma esquiva para frente, já era tarde; uma estaca, quase assemelhando-se a um tentáculo, penetrou sua lombar, perfurando pele e carne. Girando o torso, o guerreiro empunhou sua espada com ambas as mãos, desferindo um golpe vigoroso contra o tentáculo, despedaçando-o em diversos fragmentos, conquistando o espaço para sua fuga.
— Seu poder apesar de ser apenas um humano... É impressionante. — Ela virou seu corpo de lado, direcionando seu rosto para a enorme lua cheia que pairava no céu, deleitando-se com a visão. — Contudo, de nada lhe adianta tanta força, pois enquanto ela permanecer no céu, suas chances são nulas.
Gideon a observava em silêncio, o que já começava a irritar a deusa. De repente, ela materializou-se detrás do jovem, desferindo um corte horizontal. Ele notou a presença atrás de si e tentou avançar para frente, buscando escapar, mas já era tarde. Sentiu o toque do ferro gélido em suas costas, seguido por uma ardência insuportável que o arremessou em direção a Aldebaram.
— Argh... — Suas costas latejavam. Ao passar a mão sobre elas e verificar, notou o sangue. — O fim será aqui...? Me perdoe Alaric, vovô...
— Lutou bem, humano... — Ela arremessou sua espada curva aos céus e saltou atrás. — Matar um escolhido não é algo agradável... mas não há outra opção.
Seu salto foi notavelmente mais rápido que o lançamento de sua espada, dando-lhe tempo para recuperar sua arma. Uma suave brisa acariciava seu rosto divino, enquanto seus olhos se fixavam no jovem destinado a encontrar seu fim por suas mãos. Ao agarrar a lâmina, ela lançou-se ao solo como uma águia mergulhando, mantendo as espadas à sua frente. Gideon se aproximava rápido de seu rosto, seus olhos focavam na garganta do jovem. A poucos centímetros, um tinir diferente ecoou...
— O quê!? — Para a surpresa da deusa, o dragonoide encarava-a de frente, freando suas espadas com seus braços nus.
— Você não irá feri-los mais! — Astrid falava sem gaguejar, sua expressão séria. Seus braços, mesmo protegidos por escamas, contra as lâminas de uma deusa, sangravam levemente. — Não enquanto eu estiver aqui!
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— Recue, Fuxi! — gritou Alaric, ao escutar o nome Vlad Drácula.
O lobo recuou, posicionando-se próximo ao jovem, rosnando enquanto observava aquele que havia assassinado seu clã, sorrindo com arrogância. Enquanto mantinha-se as sombras do rei dos vampiros para se manter vivo, como um covarde.
— Você, rei dos vampiros. O que faz aqui? — questionou Alaric, suas cinco espadas de luz já formando uma barreira ao seu redor. — Espero não ter que te matar, sabe.
Ao ouvir essas palavras um tanto ousadas, Vlad ficou intrigado com o jovem. Alguém que não demonstrava temor só de escutar seu nome? Algo raro neste mundo, algo que ele ansiava entender. Então, abriu os braços, esboçando um sorriso amplo.
— Hahaha! Você é engraçado, jovem. O que te leva a crer que poderia me vencer?
— Apenas um palpite... — Ele apontou para o vampiro e moveu seu indicador em direção ao lobo. — Então, por que está o ajudando?
— Nada demais. — Ele fixou o olhar no líder lobo. — Apenas pagando um favor...
Fuxi, ao ouvir isso, estava confuso. Não conseguia compreender por que Vlad Drácula estava envolvido com os Lycaions. Vlad era conhecido por evitar envolvimentos com o mundo após sua derrota. Por outro lado, os Lycaions não se associavam com outras raças ou seres, especialmente um deus errante, o que poderia ser considerado uma desonra a Inari Okami.
— Alaric, o que faremos? — indagou Nadine, mantendo seu arco pronto para encerrar a vida de quem o jovem ordenasse.
— Hmmmm… Você. — Apontou para o vampiro. — Vai permitir que o matemos?
— Desculpe, mas não posso. — Vlad abriu as mãos, fez beicinho e deu de ombros. — Perdoe-me.
— Entendo. — Alaric assentiu, mergulhando em reflexões sobre a situação. — Então morra. — Suas espadas, antes pairando inertes ao seu redor, começaram a se mover, avançando em direção ao rei dos vampiros.
— Ora, ter muita coragem... — Vlad observava, imóvel, erguendo apenas o indicador. A primeira espada de luz avançou, e ele a parou com o indicador levantado. — Em grande maioria das vezes causa mortes prematuras.
Esse simples ato demonstrava uma força acima do comum, deixando o jovem atônito. Entretanto, Alaric não havia lançado apenas uma espada. As outras vieram, e Vlad começou a desviar de todas, como em uma dança, girando e pulando até que as espadas encontraram o chão e desfizeram-se.
— Merda! Que poder monstruoso é esse?
— Ele é um deus, afinal das contas, garoto. — respondeu Fuxi.
Ao concluir sua demonstração de poder, Vlad sentiu um leve incômodo na ponta do dedo. Ao olhar, suas sobrancelhas arquearam, com seus olhos fixando-se no dedo, revelando um semblante no mínimo perplexo.
"Ele me feriu? Como? Como isso aconteceu?" A ponta do dedo de Vlad estava ligeiramente enegrecida, indicando uma queimadura leve. Algo que jamais esperaria daquele garoto. Seu olhar se dirigiu ao jovem, que ainda estava atordoado, e o avaliou com uma expressão mais cautelosa, agora reconhecendo em Alaric uma ameaça mais séria do que inicialmente imaginara.
— Que foi? Sentiu algo...? Talvez o rei dos vampiros não seja tão intocável... — Alaric percebeu a reação negativa do vampiro, que falhou em disfarçar.
— Não diga bobagens... — O dedo levemente chamuscado de Vlad foi recuperando sua coloração pálida, indicando uma regeneração acelerada. — Mas você está conseguindo me irritar.
— Tá esquecendo de mim. — Nadine, atrás de Alaric, soltou a flecha engatilhada em seu arco. A flecha cortou o ar, cruzou as bochechas do rapaz e aproximou-se de Vlad. — Não aconselharia isso.
A flecha chegou em segundos, cortando o ar e mirando a testa do vampiro. No entanto, sua trajetória foi obstruída pelo rápido movimento das mãos de Vlad, que agarrou a flecha antes que ela completasse sua jornada.
— Argh... — Rapidamente, ele sentiu uma queimação em sua mão, sendo obrigado a soltar o projétil, que desapareceu antes de tocar o solo. — O que!?
— Você está esquecendo de algo, Drácula — começou Fuxi, inquieto, circulando Alaric incessantemente. — As espadas e essa flecha são feitas de luz...
A maior fraqueza de um vampiro é a luz, capaz de desintegrar qualquer ser das trevas. Considerando que as espadas de Alaric, na teoria, eram uma extensão do poder de Apolo, deus do sol, e as flechas que Nadine utilizava também eram fornecidas por Apolo, era de se esperar que afetassem Vlad Drácula. Em outras palavras…
— Sabe... O meu palpite de que poderia te derrotar? — Alaric fixava seu olhar em Vlad, com uma expressão firme e um sorriso sarcástico que não se desvanecia. — Então, estou começando a ter a certeza...
— Tsc, você… — Vlad começou a balançar as mãos, e ao seu redor, névoas escuras começaram a surgir, delas figuras humanoides emergiram. Ele esboçou um sorriso largo, acompanhado de um olhar firme na direção do rapaz. — É interessante demais. Vão! Meus seres das trevas.
As figuras humanoides que emergiram da densa névoa negra eram vampiros deformados, pareciam falhas de algum experimento. Desprovidas de emoções, manifestavam apenas a sede de sangue e obediência a Vlad Drácula.
— Proteja minhas costas, Nadine… — Alaric estendeu a mão para baixo, com a palma voltada para a jovem. Dela emanou um fio dourado que seguiu até Nadine, moldando-se numa flecha para ela.
— Você está confiando demais em alguém que acabou de conhecer… — Ela recebeu o projétil e o encaixou no arco, já se preparando para disparar. — Droga! Isso é quase uma manipulação, sabia?
Um ser deformado avançou em direção a Alaric, que juntou dois dedos ao seu lado, movendo-os para frente e fazendo uma de suas espadas perfurar o ser ainda em pleno ar. O som abafado de suas entranhas sendo perfuradas ecoou, e rapidamente seu corpo começou a evaporar ao redor da espada, indicando que a luz era a fraqueza desses vampiros.
— Haha! Agora virei um manipulador? — Outros dois seres das trevas surgiram à sua frente. Mais uma vez, Alaric fez um gesto com os dedos, fazendo outra espada cumprir seu papel de executora, perfurando e matando o vampiro.
— Olha... — Nadine soltou a flecha que estava em seu arco, fazendo-a voar em direção à segunda ameaça à frente de Alaric. Embora o jovem pudesse facilmente eliminá-la, ele decidiu deixar essa responsabilidade para a jovem. O projétil cruzou o corpo da criatura, encerrando sua vida e lançando-a para trás. Nadine soltou os braços, baixando o arco e esboçando um sorriso de canto. — Jogar a responsabilidade de proteger... — Alaric forneceu outra flecha enquanto avançava lentamente até Vlad. Nadine pegou e já engatilhou, fechou um dos olhos, ergueu o arco, centralizou a mira e soltou. O projétil cortou o ar, ceifando a vida de outra criatura, abrindo caminho para Alaric prosseguir com seu avanço. — No meu colo, é manipulação, pois recuar seria bem errado de minha parte.
Vlad Drácula não podia acreditar no que via; aqueles dois jovens avançavam como queriam, despreocupados, conversando normalmente enquanto eliminavam suas criaturas. Isso o fez entender algo; aquele jovem não era normal, tinha algo nele, algo que Vlad podia sentir.
— Pare de mandar seus lacaios, tenho a leve suspeita de que eles de nada estão servindo. — O jovem colocou as mãos nos bolsos, e suas lâminas voltaram a girar ao seu redor. Dotadas de um brilho dourado tão intenso que iluminava perfeitamente o ambiente. Elas tremiam, ameaçando partir, enquanto o jovem estreitava o olhar. — Ou apenas saia daqui; o assunto nunca foi com você mesmo. Era com outro covarde.
O lobo líder, que havia permanecido em silêncio escondido atrás de Vlad desde o início, sentiu a provocação cutucando sua raiva, mas nada podia fazer.
— Ora, você é realmente um jovem indulgente... Contudo… — Uma névoa negra surgiu sobre o corpo de Vlad.
— Cuidado, garoto! — gritou Fuxi, ao ver a névoa escura formar-se atrás de Alaric; só podia ser uma coisa.
— Você deve entender… — Alaric tentou reagir a tempo, mas Vlad havia emergido da névoa e, com suas unhas grandes, desferiu um golpe nas costas de Alaric, rasgando seu manto de lobo, atravessando suas roupas e triscando sua pele. — Quem é o mais forte aqui.
— Argh! — Ao sentir a dor aguda, Alaric saltou para frente e girou na direção de Vlad, buscando escapar de outros golpes que poderiam vir. Contudo, sentiu novamente uma presença atrás de si. — O qu-
De novo, Vlad havia teletransportado por névoas e apareceu por detrás do jovem, desferindo mais um golpe com suas unhas devastadoras.
— Não tem como escapar, garoto. — Vlad ria enquanto falava, estava apenas brincando com Alaric, pois sabia que, mesmo o jovem tendo armas capazes de machucá-lo, ainda lhe faltava força e experiência.
— Aaaah! — Dessa vez, o golpe foi mais forte, cravando-se em sua carne, causando uma dor excruciante.
Fuxi saltou para tentar morder o vampiro, mas sem sucesso; ele novamente havia desaparecido em meio às névoas. Aos risos, apareceu próximo ao lobo líder. Abrindo sua capa escura como a noite, que era vermelha internamente, dela inúmeros morcegos emergiram e voaram em direção aos três.
Fuxi pegou o jovem pelas roupas, tentando arrastá-lo para segurança, mas de nada adiantou; os morcegos eram mais rápidos e começaram a aglomerar-se sobre cada um, seus rasantes eram dotados de mordiscadas que, mesmo fracas, em grande número causavam uma dor descomunal, deixando-os com vários ferimentos.
— Aaaaah! — Nadine berrava de dor, sua pele sendo dilacerada por essas criaturas sombrias. O sangue tornou-se apenas mais um elemento em seu corpo outrora limpo, uma pintura vermelha que marcava o desespero e a dor excruciante que esta jovem estava sentido.
Alaric olhava impotente, caído ao solo. Suas mãos firmemente pressionadas contra a cabeça tentando proteger-se. Suas espadas, normalmente tão confiantes, estavam descontroladas, tentando protegê-lo a todo custo, mas eram impotentes diante da horda de morcegos, deixando-as confusas sobre o que fazer.
Seu olhar perdido refletia o desespero; via aquela garota que não tinha culpa alguma sendo machucada, dilacerada e destruída. Ao virar seus olhos, testemunhava seu amigo lobo tombado ao solo, praticamente devorado vivo, sua pelagem branca agora era tingida de vermelho escarlate.
Ao observar aonde estavam as criaturas que Nadine havia invocado, buscando qualquer esperança, perdeu ainda mais o fôlego ao ver o lobo negro e o urso, no impasse interminável com aqueles lobos. O cenário pintava um quadro de desespero e tragédia, onde a esperança parecia fugir como sombras, deixando apenas a dor e o horror à vista do jovem Alaric, aquele que um dia teve força para algo, mas ela era insuficiente perto de um ser como Vlad Drácula.
"Elimine-os, aproveite que estão-" suas palavras foram abruptamente cortadas por um olhar penetrante e ameaçador que o rei dos vampiros direcionava em sua direção.
— Está pensando em me dar ordens? — Cruzou os braços atrás de suas costas, enquanto observava os outros agonizando ao solo. — Só estou aqui porque tínhamos um trato. Não ouse me dizer o que fazer.
"Desculpe, mas eles..." O lobo líder estava temeroso, sabia que, caso sobrevivessem, não hesitariam em acabar com ele.
— Deixe que morram engasgados em seu próprio sangue... — Um tom calmo e ameaçador marcava suas palavras, mas em seguida veio um suspiro, enquanto seu olhar se dirigia a Alaric com certa melancolia. — Ele era um jovem intrigante.
"Uma força acima do comum, não é?" disse o lobo, encarando o vampiro.
— Sim... — Seu olhar desviou de Alaric, erguendo-se para os céus e voltando mais firme à situação. — Enfim, já foi.
Enquanto isso, os três, em agonia, não sabiam o que fazer. Nadine chorava, Fuxi sentia crescer o ódio, e Alaric estava perdido.
— Garoto... Tente chamar por Apolo...
— Eu... ele... Argh! — Outra mordida e mais uma ferida no corpo de Alaric.
Alaric parecia hesitar, algo que Fuxi não compreendia. Invocar Apolo nesta situação salvaria a vida de todos.
— Não confio... Argh! — Agora uma mordida na perna, arrancando uma pequena parte de sua pele. — Nele! Ele matou Galdric! Argh!
Alaric sempre buscou entender o que ocorreu naquele dia durante o treinamento com Galdric, quando perdeu o controle. Descobrir que talvez tenha sido Apolo, que por algum motivo, matou aquele em quem ele confiava, foi um golpe duro.
— Garoto, não temos tempo… Aaah! — Dois morcegos pousaram em seu corpo, devorando sua pele, provocando lágrimas que desciam como uma chuva dolorida no rosto daquele lobo. — Alaric! Faça!
"Alaric...?" Pela primeira vez Nadine escutava o nome daquele garoto, o seu salvador estava ali em sua presença. Mas no fim, ele que precisava ser salvo.
Pela primeira vez, Fuxi o chamou pelo nome, mas foi em uma situação que o jovem não queria estar. O jovem não tinha muitas opções; precisava agir, mesmo nutrindo um rancor pelo deus. Precisava, de algum modo, tirá-los dali.
— Aaah! Apolo! Tome o controle! — Ele fechou os olhos, esperando por alguma resposta... Mas nada aconteceu. — Eu sabia…
Alaric já havia previsto que isso ocorreria. Apolo deixara claro para Fuxi que não deveria ser chamado, não pegaria o controle do corpo. O deus não iria ajudar; o rapaz estava por conta própria. E talvez isso por si só, custaria a vida de alguém, inclusive a dele próprio.
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Notas:
Venha bater um papo conosco e discutir sobre a novel no Discord ficarei muito feliz de saber suas opiniões.
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