Volume 1

Capítulo 40: A Arqueira

Alaric e Nadine avançavam em direção a Fuxi para auxiliá-lo. O campo aberto estava tingido de vermelho, com corpos dos Lycaions espalhados por todos os cantos, muitos deles mutilados, sendo mais da metade obra de Fuxi.

— Sabe usar isso? — perguntou Alaric a Nadine; afinal, aquela garota não parecia ter qualquer experiência de combate.

— ….Ahh… — Ela olhou para o arco dourado em sua mão, voltando o olhar para o jovem. — Posso tentar…

Ah, claro... Por Luna, que sua tentativa de certo.... — Cerca de seis lobos avançavam na direção dos dois, com voracidade para os exterminar. — Hmmmm, é uma boa oportunidade.

— Vai falar em códigos? — Nadine não entendia o que Alaric queria dizer com aquilo. Na verdade, ele deveria estar se preparando para o combate, mas ele simplesmente retrocedeu um passo. — Ei! O que está fazendo!? Ali! — Ela apontou na direção dos lobos. — Eles estão vindo! Por que está recuando!?

— Mire e atire. — O jovem cruzou os braços, parecia estar convicto em sua decisão e palavras. — Preciso saber o porquê desses braceletes, ao que parece, te escolherem.

Nadine ficou atônita; aquele idiota estava realmente pedindo isso a ela? Ela nunca atirou com um arco na vida, e agora ele simplesmente jogou a responsabilidade de abater aqueles seres no colo dela.

Mas o que ela podia fazer? Além de tentar. Então, Nadine posicionou-se, jogou uma perna para trás e virou o corpo um pouco de lado. No entanto, ainda havia algo no caminho, algo bem importante em um arco.

— E as flechas? — Nadine olhou para Alaric, confusa; na verdade, tudo o que ela estava fazendo era no automático, pensando pouco em tudo.

Eh… — E Alaric, por outro lado, imaginava que aconteceria o mesmo que com suas flechas, que normalmente se materializavam no arco. — Deixe-me tentar algo.

O jovem esticou o braço esquerdo, deixando a palma de sua mão apontada para o arco. Um pequeno fio dourado saiu de sua nuca, serpenteou, envolvendo seu braço e, no fim, chegou à sua palma, indo em direção ao arco de Nadine. Ao chegar, assumiu a forma de uma flecha.

— Que poder útil você tem — pontuou Nadine, que, ao ver a flecha materializando-se, voltou o olhar para os lobos e semicerrou os olhos.

— Antes de você puxar essa corda e soltar, preciso te perguntar. — Alaric descruzou os braços e aproximou-se dela, pousando sua mão levemente no ombro da garota. — Está pronta para matar? No final, mesmo não sendo humanóides... Eles são seres inteligentes como humanos... Sabe?

Nadine voltou o olhar para o jovem, seus olhos desviaram para baixo em um gesto ponderado. Ela mordeu os lábios, demonstrando uma tensão interna, mas logo retornou o olhar com uma expressão semicerrada em direção aos seus algozes.

— Acho que, no final… são eles ou nós... Não é?

Alaric, ainda com a mão no ombro da garota, ergueu os dedos levemente e deu dois tapinhas suaves, soltando um leve suspiro. "Ufa... pensei que seria chorona igual ao Gideon, com aquela história de não matar…”

Nadine franziu a testa, seus olhos fixos no arco, focada na tarefa em mãos. Alaric, por sua vez, mantinha o olhar sério e concentrado, como se estivesse sintonizado com cada movimento ao redor. Ambos respiravam de maneira controlada, imersos na tensão do momento. 

Os seis lobos avançavam desordenados, mas um destacava-se na liderança, evocando a imagem de uma equipe expedicionária. Apesar de Alaric desconsiderar essa possibilidade, afinal, se fossem uma equipe, viriam em formação.

Estavam a uma distância aproximada de 30 metros; o jovem tinha certo receio de que a flecha se dissolvesse antes de atingir o alvo, enquanto Nadine duvidava de sua própria capacidade. Mesmo assim, ela decidiu tentar. Puxando a corda ao máximo e soltando-a, a flecha alçou voo. A jovem julgou que a distância exigiria uma leve inclinação, resultando na ascensão inicial da flecha antes de curvar em direção ao solo.

Atingindo grande velocidade, a flecha se aproximou dos lobos em questão de segundos, que ainda corriam. Parecia que ela conseguiria, mas a flecha simplesmente caiu no solo, à frente dos lobos, marcando o erro da jovem.

— Foi bem! Se seu alvo fosse um inseto no chão. — Alaric esticou novamente o braço, fornecendo outra flecha para a garota. — Tudo bem, já esperava que você não fosse acertar de primeira. Tente novamente.

“Mesmo ela errando, foi bem, mirou corretamente e apenas errou por pouco…Ela já possui algum talento como arqueira”

— Ei! Nunca confiou em minhas capacidades!?

Aham, vou confiar nas capacidades de uma garotinha assustada que nunca usou um arco na vida? Tá me achando com cara de quê?

— Puxa… Uma fézinha sabe…? — Ela curvou as costas levemente, mas logo retomou a postura ereta e mirou os lobos. — Humph, fique observando e se surpreenda com as habilidades desta garotinha aqui.

Nadine, novamente, puxou a corda do arco até onde seu braço alcançava. No entanto, desta vez, em vez de apenas fixar o olhar nos alvos, ela inspirou profundamente e fechou os olhos. O vento batia, agitando seus cabelos roxos; era gelado e confortável. Os sons infernais dos lobos sendo mortos foram gradualmente abafados, deixando apenas o trote dos alvos. Uma estranha sensação a envolveu, como se seus pés perdessem o contato com o solo, seu corpo flutuando, tornando-se leve como uma pena.

Abruptamente, ela abriu os olhos, revelando uma aparência semelhante à de uma águia, com olhos penetrantes e aguçados, íris castanhas intensas, transmitindo uma visão extraordinariamente nítida. Suas pupilas se estreitaram.

— Eu vejo tudo perfeitamente… — Nadine conseguia enxergar com precisão, calcular a velocidade e distância apenas com o olhar.

Alaric dirigiu seu olhar para o alto, onde a águia invocada pela jovem sobrevoava, mas ela já não estava lá. Um braço repousava cruzado sobre seu peito, enquanto o outro sustentava seu queixo, ponderando: "Será que ela pode utilizar as habilidades dessas invocações?"

Nadine inclinou levemente o arco e ajustou sua mira para a esquerda. À primeira vista, isso poderia parecer sem sentido, já que os alvos estavam em outra direção, mas agora Nadine transcendia a condição de uma pessoa comum; tornara-se uma atiradora precisa. Ao soltar a corda, a flecha, anteriormente inerte, começou sua trajetória, elevando-se, adquirindo altitude e iniciando sua descida aparentemente em uma direção equivocada. No entanto, a brisa suave que soprava começou a influenciar seu curso. A flecha, então, atingiu diretamente seu alvo, atravessando o crânio do lobo e dissipando-se em seguida.

— Muito bom — disse Alaric.

— Sério!? Obrig-

— Mas você precisa derrubar mais cinco. — Alaric destruiu qualquer felicidade que aquela garota carregava.

— É… Podia pelo menos me parabenizar mais… — Ela dirigiu seu olhar para os lobos, mas subitamente sentiu um peso acima de sua cabeça. — Ehh… O que pensa que está fazendo?

— Te parabenizando melhor. — Alaric sorria, acariciando os cabelos da jovem.

— E quem disse que passar a mão em meu cabelo seria uma boa maneira de parabenizar? Tá me achando com cara de animalzinho?

— Como você é chata. — Ele tirou a mão de sua cabeça, e colocou no bolso da calça. — Atire logo, vai. 

Nadine corou levemente, e um sorriso meigo surgiu em sua face. Então, ela mirou novamente e atirou, acertando o segundo, depois o terceiro, o quarto e, por fim, o quinto.

— Vamos salvar aquele lobo. — Alaric começou a avançar, ultrapassando Nadine.

— Desde quando eu faço parte dessa equação? — Nadine também começou a correr, seguindo Alaric.

— Não sei… deixa eu pensar.. Hummmm, Ah, será que foi quando você simplesmente derrubou a porcaria do líder? — Alaric apontou a palma para trás, entregando mais uma flecha para Nadine.

— Devia ter te deixado morrer…. — Ela recebeu a flecha e apontou o arco. O lobo avançou na direção de Alaric, que se preparou para enfrentar a criatura, mas uma flecha cruzou a lateral de seu rosto, acertando em cheio o crânio do lobo. — Ahh… não consigo te deixar morrer.

— Obrigado? — Alaric parou bruscamente, girando o corpo, suas espadas saíram de seus lados, passando por Nadine. Ela quase teve um ataque cardíaco, mas o alvo eram os dois Lycaions que a estavam perseguindo. As espadas chegaram a uma velocidade impressionante e atravessaram seus corpos. — Também não vou te deixar morrer.

— Obrigada, senhor cavalheiro. — Ela sorriu e continuou avançando, seguindo Alaric. — E agora, senhor cavalheiro?

À frente dos dois, uma imensidão de lobos prontos para dilacerá-los, eram praticamente os últimos obstáculos até Fuxi, que estava batalhando um pouco à frente. Mas eram muitos lobos.

— Cadê aquele seu medo? — As cinco espadas de luz pairavam próximas ao corpo de Alaric, uma acima de sua cabeça e as outras quatro mais abaixo, seguindo sua silhueta. Ele colocou as mãos nos bolsos e olhou para Nadine, que sorria confiantemente por algum motivo. — Tsc, pelo jeito, despertei algo em você.

— O que quer dizer? — perguntou Nadine, já posicionando seu corpo de lado e esticando a corda do arco até o fundo.

— Nada. Apenas observando ... — Ainda com as mãos nos bolsos, seu olhar, que estava em Nadine, desviou-se para os lobos que permaneciam parados. — Mas acho... só acho que não vamos conseguir derrotar todos...

— Cadê sua confiança? — Ela arqueou uma sobrancelha e sorriu ironicamente. — Virou um cãozinho covarde?

Alaric soltou um suspiro, e as espadas de luz ao seu redor vibraram, como se respondessem à provocação. 

Os lobos, impacientes, avançaram sob a luz da lua falsa erguida no céu do domínio inerte. Naquela planície pouco verdejante, os Lycaions, que pareciam incansáveis, investiam ferozmente contra os dois jovens. Suas garras estavam à mostra, e os dentes afiados, prontos para dilacerar.

Alaric cerrou os olhos e apontou a palma da mão firmemente à frente. De repente, sentiu uma leve brisa passar por sua bochecha direita, junto a um brilho que resplandeceu de relance. A flecha de Nadine já havia alçado voo.

— Não posso ficar para trás — ao falar, Alaric lançou suas cinco espadas, que logo alcançaram a flecha.

A flecha e as espadas resplandeciam em um brilho dourado, iluminando o caminho na escura noite. Velozmente, atravessaram todo o trajeto e alcançaram os lobos. A flecha encontrou seu destino primeiro, a ponta dourada colidindo com a pelagem marrom do Lycaion. Ao toque, nada podia detê-la, penetrando a pele, atravessando a epiderme e alcançando o robusto osso do crânio, cortando-o como se fosse manteiga. Finalmente, atingiu o cérebro, extinguindo qualquer resquício de esperança de sobrevivência da criatura. Em seguida, ela se dissipou, deixando apenas um buraco de onde uma chuva vermelha se iniciou.

As espadas não ficaram para trás, cada uma cortando um lobo ao meio. No entanto, parecia de nada adiantar, pois apesar de seis lobos estarem agora sem vida, dezenas ainda avançavam. Alaric testemunhou suas espadas desaparecendo e reaparecendo ao seu redor novamente.

— O caminho parece meio congestionado... Vamos precisar forçar a passagem. — Ele olhou para Nadine, que assentiu com a cabeça. Assim, agarrou uma espada ao seu lado, pronto para iniciar a batalha.

Os dois começaram o avanço, com Alaric à frente e Nadine um pouco atrás, mantendo distância como arqueira. O primeiro lobo chegou próximo ao jovem, seguido por uma dezena mais atrás.

— Que saco… — Alaric transmutou sua espada em uma pequena faquinha de arremesso e a lançou na direção do primeiro lobo, acertando em cheio sua testa. — Um já foi. — O lobo caiu sem vida à sua frente.

Subitamente, Alaric sentiu uma presença ao seu lado, mas os lobos continuavam a avançar. Teria que escolher uma direção para agir, sabendo que ao escolher uma, a outra ficaria desprotegida. Fechou os olhos, agarrou outra espada e, pisando firmemente com o pé esquerdo, executou um movimento ascendente, partindo outro lobo ao meio com uma precisão impressionante.

Contudo, ao focar na frente, negligenciou o flanco, permitindo que um lobo aproveitasse para saltar com as patas, portando suas afiadas garras esticadas. O acerto poderia encerrar a vida do jovem. Alaric arregalou os olhos, mas um brilho dourado apareceu em seu socorro, atingindo a lateral do lobo e arremessando-o para longe. Era uma flecha de Nadine, um raio de esperança em meio à escuridão do combate.

— Já falei que não posso te deixar morrer. — Nadine estava pronta para mais um tiro e sorria, mas atrás, sorrateiro, um lobo surgiu, pronto para atacá-la. 

Alaric agiu com rapidez, transmutando sua outra espada em uma faquinha de arremesso. A ação intrigou Nadine, que logo se viu assustada quando ele lançou a faca em sua direção. A lâmina cortou o ar, passando pelos cabelos roxos da garota, fazendo alguns fios retalhados se erguerem no ar. A faquinha atingiu o peito do Lycaion que já estava em seu salto. Embora o corpo do lobo, por ser grande, fizesse o dano da faquinha ser insignificante, Alaric fez sua mana se espalhar pelo corpo da criatura, matando-a por incompatibilidade de mana.

— Obrig-

— Sem tempo para isso. — Nadine pale primeira vez, viu o jovem agir menos confiante e talvez apreensivo, sem seu sarcasmo muitas vezes irritante. Ele fez a mana que estava no corpo do lobo atrás dela, sair e formar mais uma flecha em seu arco. — Continuemos. 

Alaric observava Nadine, enquanto os lobos ainda avançavam atrás dele. A jovem arregalou os olhos e apontou. Dois lobos tomaram a dianteira. Alaric, de costas, agarrou uma espada em sua mão menos dominante, a direita. Sentindo as duas presenças que logo saltaram, ele apontou a espada para frente e girou o corpo a uma enorme velocidade. A lâmina viajou em um corte curvado, chegando rapidamente à boca aberta do primeiro lobo. Ultrapassando-o e aproveitando o movimento do corpo do lobo ainda em deslocamento no ar, a espada cortou-o ao meio. A parte de baixo continha as patas, e a de cima, a parte superior da cabeça e das costas. Em seguida, a espada, ainda em movimento, seguiu até o segundo lobo, causando o mesmo estrago..

Bruscamente, Alaric parou, agora de frente para todas as criaturas, os dois lobos que antes existiam reduzidos a quatro pedaços de corpos despedaçados caíram atrás dele. Enquanto o jovem permanecia no meio dos restos sangrentos, foi banhado por aquele líquido viscoso e vermelho. Com agilidade, avançou e saltou, apontando a ponta da espada para baixo. Uma mão sobre o cabo da espada e a outra mantida na empunhadura, ele desceu do céu noturno diretamente sobre o corpo de outro Lycaion. Alaric se ergueu rapidamente do cadáver.

Em um ímpeto selvagem, raramente visto, Alaric, segurando a espada em sua mão esquerda, a lançou para sua própria esquerda. Com vigor, desceu a lâmina a uma velocidade impressionante, cruzando verticalmente todo o caminho e atingindo outro Lycaion. Retirou a espada do corpo da criatura e a girou habilmente em sua mão, lançando-se para a direita, onde um lobo havia surgido. No meio desse movimento fluído, Alaric apontou a espada diretamente para a testa do Lycaion, que se destacava um pouco mais alto que ele. Firmemente, fincou a lâmina com determinação, forçando sua entrada no crânio da criatura. O jovem, após o feito, estava ofegante, envolto pela intensidade da batalha.

"O que é esse cara!?" Nadine estava perplexa com Alaric, era como um demônio em batalha, impiedoso e rápido.

Mas mesmo demônios sentem a exaustão, e como Alaric ainda era humano, seu corpo sentiu os efeitos de lutar tão intensamente. Mesmo matando tantos Lycaions, pareciam ser intermináveis, e logo ele estava cercado. Em um salto, recuou para perto de Nadine.

— Estamos ferrados. — afirmou Alaric, colocando as mãos nos joelhos. — Acho que minha mana também está próxima do fim...

Era o esperado, considerando que agora eram cinco espadas de mana. Mesmo durante essa investida, optou por dissolver as espadas subsequentes, mantendo apenas a que estava em sua mão, porém sentiu os efeitos de tê-las usado pouco antes.

Rapidamente, viu-se cercado novamente, agora ao lado de Nadine, que, como arqueira, tinha limitações nesse combate corpo a corpo. Contudo, como uma faísca de esperança, duas presenças imponentes surgiram: uma vermelha como o fogo e outra escura como a noite, dilacerando todos os lobos em seu caminho até eles.

— Vieram salvar sua mestra. — Alaric olhou para Nadine sorrindo.

— E-eu? Mestra?

— Você mesma — Ele ergueu-se, retirando as mãos dos joelhos. — Mas não temos tempo para discutir isso.

O lobo negro surgiu próximo a eles, posicionando-se como se convidasse-os a montar, e assim o fizeram.

— Mas como vamos atravessar? — indagou Nadine, observando o mar de lobos que os cercava.

— Parece que seu urso vai ficar para trás. — O urso de fogo olhou para ambos, e um sorriso simbólico surgiu, indicando que estava tudo bem, ele ficaria para conter os lobos.

— Não se sacrifique, está bem!?

— Ué, pensei que você não era a mestra deles... — Alaric tentou aliviar a tensão com um toque de bom humor, e então partiram.

Os lobos avançaram, porém, uma montanha surgiu diante deles, o urso transformando-se em um muro intransponível. Um lobo ousou tentar atravessar, mas apenas encontrou uma pressão formidável em seu corpo, logo se viu ascendendo em direção ao céu, antes de ser vencido pela gravidade, seu corpo mergulhando em queda livre. Esse cenário se repetiu implacavelmente para cada um dos lobos.

— Fuxi! — Logo emparelharam com o Lycaion vingativo que estava focado.

— Garoto, estamos próximos. — Ele saltou, caindo por cima de um lobo em seu caminho. — Me perdoe, por não ter te dado o apoio em sua luta.

— Tranquilo, nem foi tão difícil. — Três lobos apareceram à sua frente, pareciam ser os últimos antes de chegar ao líder, já que todos tinham ido em direção do maior perigo, Alaric. — Nadine! Essa é minha nova subordinada.

— Não precisa gritar! Eu já sei! — Ela mirou com o arco no primeiro. E então processou toda frase de Alaric. — Ei! Subordinada!? Da onde tirou isso?

Ehh... Depois conversamos Ha, ha... — Alaric transformou a sua mana em um arco, e como Nadine, mirou.

— Vocês me parecem próximos — pontuou Fuxi, já abrindo suas garras. 

Fuxi martelou as patas frontais contra o gramado uma última vez, as veias das patas traseiras saltando com intensidade. Em um impulso impressionante, ele se elevou aos céus escuros, onde estrelas cintilavam acima e uma lua testemunhava o cenário. Alaric, respirando profundamente, focalizou seu alvo. O tempo pareceu desacelerar, e todos os sons foram abafados quando sua flecha foi disparada, emparelhando-se com o lobo no ápice do salto, transformando sua lateral esquerda em um dourado resplandecente.

Nadine seguiu o exemplo de Alaric; seus olhos de águia focalizaram-se, discernindo até mesmo as pulgas movendo-se sobre o alvo canino. Num instante, sua flecha foi lançada a partir da serenidade de sua posição, emparelhando-se agora com o lado direito do lobo, pintando-o de um dourado reluzente.

Duas flechas e um lobo, unidos por um único propósito: a morte. Os lobos, com olhos arregalados, não escaparam. A primeira flecha atingiu, tingindo o solo com sangue; a segunda perfurou o próximo, suas vísceras espalhadas pelo gramado. Fuxi, então, trouxe a morte ao terceiro lobo.

— É a sua vez de morrer — disse Fuxi, encarando o líder.

“Matem-no logo”, ordenou o líder, mas nenhum executor estava presente.

Sem respostas, ele olhou desesperado ao redor, deparando-se com um cenário de sangue. 

— Parece que você ordenou a morte do Fuxi. — Alaric retirou a espada de luz da barriga de um Lycaion aos seus pés. — Mas parece que eles não podem mais responder.

O líder dos lobos arregalou os olhos, seu rabo baixou, e um recuo discreto iniciou; não tinha mais opções, precisava fugir. Mas sua tentativa foi frustrada.

— Não faria isso se fosse você — alertou Alaric. — Minha amiga ali. — Apontou para Nadine, com o arco preparado para acertar o líder. — Ela é boa de mira.

— Acabou. — Fuxi, sério, aproximou-se devagar, seu olhar penetrante julgando a alma do Lycaion. — Tenha honra e entregue sua vida. Prometo que, ao retirá-la, deixaremos os outros em paz.

Fuxi quase falava da boca para fora, afinal, todos ali tiveram participações diretas no massacre contra seu clã. Este clã era composto apenas por machos e algumas fêmeas, sem filhotes Lycaions.

"Hahaha! Você acha mesmo que eu... vou aceitar ser morto por um erro?" Ele se afastava cada vez mais.

— Erro!? — Fuxi não gostou desse termo. — Vocês tiraram a vida de todos que eu amava, nos chamando de erro... Por quê!?

"Por quê? Não seja idiota, vocês eram uma ameaça à ordem natural; vocês falarem representava uma ameaça à raça", respondeu o líder, palavras ácidas e ditas como se não fossem nada.

— Vocês tinham inveja deles, né? — Alaric entrou na conversa. — Era isso, né? Vocês são apenas lobos prepotentes que se acham alguma coisa. — Apontou a espada para o líder, fazendo-o se encolher levemente. — Mas, na verdade, são covardes… na verdade, vocês são nada. Piores que nada, vocês são a escória, o lixo que tiramos para fora.

"Retire o que disse!" Ele se impôs e rosnou, ser chamado de algo assim era ultrajante para uma raça considerada divina. "Somos seres divinos! Diferente de vocês humanos, que são apenas brinquedos dos deuses."

— Deuses, vocês acham que eles realmente se importam com vocês? — Nadine decidiu falar. — Deuses não se importam com ninguém.

— Você odeia deuses então? — perguntou Alaric, mas não era hora para isso. Voltou seu olhar para o líder. — Bem, depois conversamos sobre isso. Agora, está na hora do lobinho invejoso conhecer seu fim.

Fuxi avançou pronto para encerrar a vida daquele lobo infeliz, mas subitamente uma presença surgiu, alterando o clima do ambiente.

— Ora, ora, meus senhores. — O ser mostrou suas presas e olhou para Nadine. — E senhora.

"Vocês nunca irão conseguir trazer meu fim, não com ele aqui."

— Ele quem!? — perguntou Fuxi, recuando ao sentir o perigo iminente.

— Deixe-me me apresentar… — Ele colocou a mão à frente do peito e, em um ato cordial, se curvou levemente. — Muito prazer, me chamo Vlad Drácula… Normalmente me chamam de rei dos vampiros.

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