Volume 1

Capítulo 38: Braceletes Dourados

Alaric estava em uma situação desesperadora, com sua movimentação bloqueada pela pata do imenso Lycaion sobre seu peito, mantendo-o imobilizado no solo. As pesadas fungadas da majestosa criatura agrediam o rosto do jovem, que o virou de lado.

— Então? Vai me matar? Ou vai querer me beijar? — Mesmo diante de uma situação estressante, Alaric mantinha seu característico humor sarcástico. — Não me diga que vai ficar aí até amanhã? 

“Você é um humano interessante, mesmo próximo da morte, não demonstra medo” 

— Porque eu teria medo de um cachorrinho? — À medida que falava, começava a reunir um amontoado de mana em sua mão.

O lobo pressionou a pata no peito de Alaric, causando pequenos estalos e uma intensa dor no jovem. Em seguida, rosnou, e pequenas gotículas de saliva caíram de sua boca sobre o corpo de Alaric.

“Não faria isso, se fosse você.” O lobo já havia percebido as intenções de Alaric e a formação do amontoado de mana em sua mão. 

“Acho que aqui minha vida se encerra.” Fuxi não podia intervir, pois sua entrada no domínio poderia causar grande comoção, e ele não tinha conhecimento da situação em que o jovem se encontrava..

“Porque decidiu ajudar aquele tolo?”, perguntou o Lycaion. Afinal, apenas um idiota teria tomado tal decisão errônea; Alaric não tinha motivos aparentes para aceitar fazê-lo, mas ainda assim o fez.

— Me diga você! Porque massacrou o clã de Fuxi!? — Seu olhar penetrante fixou-se no lobo, quase fazendo-o recuar, mas ele permaneceu imóvel. — Responda!

“O clã dele era uma anomalia, algo que nosso deus não criou e tinha mais outra coisa... No fim, matar todos eles foi um favor ao mundo e a Inari", respondeu o lobo, calma e friamente, como se estivesse falando de qualquer coisa, menos de um massacre. Alaric compreendeu que nunca enxergaram os Lycaions do clã de Fuxi como da mesma espécie, mas sim como uma ameaça à ordem natural. Mesmo entendendo, o jovem não pôde deixar de sentir ódio e desprezo. Por um motivo tão banal, exterminaram um povo? Algo tão pequeno custou tantas vidas? Como ousaram? 

— Vocês… Vocês! — O lobo percebeu a intensa aura do jovem e começou a soltar suas garras, cravando-as na pele de Alaric, tingindo suas roupas de vermelho. — Argh! Merda!

À medida que o tempo passava, as garras penetravam cada vez mais, perfurando a pele do jovem e atingindo sua carne, provocando uma profusão de sangue que encharcava as roupas de Alaric. Sob seu peito, as garras continuavam avançando, prestes a atingir seu coração e encerrar sua curta existência. Não havia nada que ele pudesse fazer; sua confiança exacerbada custaria sua vida.

Aaaaaaah! — Uma garota atravessou a porta e voou em direção ao Lycaion, atingindo sua lateral e arremessando-o.

“Mas que po-” A garota parou abruptamente, como se algo a estivesse puxando, e desabou desmaiada sobre Alaric.

“Que merda tá acontecendo!?” Alaric ajeitou a menina em seu colo; seus cabelos roxos cobriam seu rosto, e ele os afastou delicadamente, revelando o belo rosto da jovem.

Num instante, as memórias inundaram a mente do jovem, recordando-se dela, a garota da floresta que estava sendo atacada por um vampiro.

“O que ela está fazendo aqui?”, pensou Alaric,  mas não tinha tempo. Precisava sair de lá antes que o lobo acordasse. Pegando a garota no colo, avançou em direção à saída.

Ao colocar um pé para fora da residência, sua visão foi inundada por cinco Lycaions. Suas pelagens marrom arrepiavam-se, e um coro de rosnados, acompanhado por babas, ecoava no ar.

— Droga! — Sem muito tempo para pensar, Alaric invocou suas espadas de luz e pulou sobre uma delas, usando-a como prancha. Avançou em direção aos Lycaions; os olhos das criaturas se arregalaram com medo de serem atingidos. No entanto, ao se aproximar do focinho deles, bruscamente o jovem mudou a direção inclinando a ponta da espada, passando por cima das criaturas. — Comam poeira... Digo luz, a sei lá...

Os lobos iniciaram a perseguição ao jovem, porém, suas espadas eram notavelmente mais velozes. O vento gelado batia em seu rosto, os cabelos alçados pela velocidade enquanto ele já havia voado alguns metros. Seus olhos se fixaram na lua, cintilando no céu noturno. Simultaneamente, a garota começava a mostrar sinais de despertar.

Eh? Aaaaah! — Ela começou a se debater, assustada por estar no colo de quase um estranho e, pior ainda, por estar voando.

— Ei! Pare! Ou vamos… — Ao ser interrompido em suas palavras, Alaric percebeu que estava perdendo o equilíbrio, desabando da espada. Seu corpo chocou-se violentamente contra o solo, provocando um redemoinho de poeira ao seu redor enquanto girava algumas vezes antes de finalmente repousar desengonçado. — Aí... — Não suportando manter a consciência desmaiou momentaneamente. 

Enquanto isso, a jovem Nadine caiu um pouco mais distante, girando no solo terroso, sua queda marcada por folhas secas sendo levantadas. Ela parou ao colidir com uma árvore, o impacto fez o tronco vibrar, ocasionando na queda de algumas folhas ao seu redor.

Alaric abriu abruptamente os olhos, revelando suas íris claras que refletiam os raios lunares, amplificados pela lua falsa no céu. Sua consciência vagueava enquanto observava nuvens navegando pela imensidão escura. Virando seu corpo, lançou uma mão ao solo e virou o rosto na direção da jovem, que tinha um fino rastro de sangue percorrendo sua testa; ela parecia estar desacordada.

— Eu preciso… — Alaric tentou forçar a mão no solo para impulsionar-se, mas ao inclinar seu peito, seus braços não suportaram, perdendo sua força e fazendo-o cair de cara no chão. — Não consigo….

— Mãe! Pai! — Subitamente, ela abriu os olhos, sua visão percorreu rapidamente toda a floresta. — Aí! — Ela sentiu uma dor em sua cabeça, levando a mão até ela e notando a tonalidade avermelhada de seu sangue. Voltou então seu olhar para a frente, avistando o jovem Alaric lutando para se levantar.. 

Nadine levantou-se vagarosamente, sentindo cada centímetro de seu corpo dolorido. A cada movimento que fazia até ficar em pé, ouvia um estalo diferente. Era difícil manter-se ereta, então apoiou a mão no tronco da árvore atrás dela para conseguir se erguer totalmente. Sentindo seu braço latejar, devido ao impacto da queda, pois sua mão nele e, começou a avançar em direção a Alaric.

— Vai embora, os lobos logo estarão aqui. — orientou Alaric, enquanto ainda se esforçava para se levantar.

— Para de tentar bancar o herói. — respondeu Nadine, continuando seu avanço, quase se arrastando. — Eu não sei porquê, mas esses braceletes me trouxeram até você... E eu só vou embora quando entender o porquê.

— Droga! Garota chata. — Alaric cerrou os olhos na direção dela. — Por sua culpa, estamos nesta situação.

Ha, ha, se não fosse por mim. — Ela passou o dedo no pescoço, como se estivesse cortando. — Sim, você estaria mortinho, servindo de janta para os Lycaions.

Tsc… — Revirou os olhos, mas não podia negar que era verdade; afinal, ela o salvou. — Então acelere esse passo. Já, já aqueles lobos estarão aqui.

Ah, claro, vou forçar minhas pernas doloridas e fingir que a dor não existe. — Ela apontou na direção de Alaric. — Só porque você quer... Haha! Tá bom.

Alaric baixou o olhar e implorou para Luna tirá-lo daquela situação logo, abençoando-o para livrá-lo da presença irritante daquela garota. No entanto, tudo o que recebeu foi mais falatório incômodo, até que a garota se aproximou dele, deixando um rastro de seu caminhar praticamente arrastado.

— Venha. — Ela estendeu a mão, e ele aceitou a ajuda, agarrando-a para levantar-se. — Consegue se manter?

— Acho que sim. — Ele bateu os pés no chão, para testar a firmeza de suas pernas, ao que aparentava tudo normal. — Bom, minhas pernas funcionam.

— Ótimo, porque precisamos sair logo daqui.

Ah, não me diga. Se não falasse, eu nem ia notar.

Nadine respondeu com um sincero e seco "Humph!", virou o rosto e tentou caminhar, mas sua tentativa mostrou-se falha, já que suas pernas imploravam por misericórdia. Cada passo parecia uma batalha perdida. Alaric, percebendo a dificuldade dela, aproximou-se com cautela, estendendo a mão para pegar suavemente em seu braço.

— E-ei! O que pensa que está fazendo!? — Seu rosto adquiriu a tonalidade avermelhada dos cabelos de Alaric. 

— Acelerando nossa saída desse inferno. — Alaric passou o braço dela ao redor de seu pescoço, proporcionando o suporte necessário para que ela conseguisse caminhar. Avançando lentamente, entre os pinheiros finos e a neve, ambos se sentiam claustrofóbicos, como se a floresta os estivesse esmagando. Seus corações aceleravam, as vistas começavam a turvar, e suas pupilas se dilatavam. Para desviar a atenção dessas sensações, Alaric decidiu perguntar: — Então, é… Qual seu nome?

— O meu nome, é Nadine. — Seu avanço era lento, já que o jovem diminuiu o ritmo para não agravar a condição de Nadine. Juntos, seguiram até chegarem próximos ao limite da floresta, estavam prestes a alcançar a barreira que os conduziria para fora. — E o seu? 

— O meu é A- —Enquanto falava, um rosnado cruel interrompeu suas palavras vindo de trás. Ao virar o rosto rapidamente, sua visão periférica captou a presença ameaçadora de dois lobos. — Droga! Vamo- — O plano de avançar rapidamente para sair da barreira foi obstruído pelos focinhos que atravessaram a parede invisível, seguidos pelas cabeças e, por fim, corpos imponentes de Lycaions. Essas criaturas impediram sua saída, destruindo completamente o plano do jovem. 

“Ora, ora, achamos os humanos fujões”, dizia o líder Lycaion, emergindo lentamente das sombras proporcionadas pelos pinheiros. Cada passo era calculado e ameaçador; a cada pisada firme no solo, um som de estalo peculiar ecoava, seja pelos galhos ou folhas sob seus pés.

Nadine começou a tremer, encolhendo os ombros, enquanto uma lágrima tímida escorria por seu belo rosto, findando em seu queixo e caindo ao solo; logo, outras lágrimas a seguiram. Alaric percebeu o tremor da jovem e, talvez por cavalheirismo, envolveu seu braço ao redor dela, apertando-a contra seu peito e acariciando suavemente sua cabeça. 

"Esta situação já é desconfortável o suficiente; ter uma garota chorando só tornaria tudo pior", pensava Alaric. "Será que consigo me curar? Da mesma forma que fiz naquela vez?" Lembrava-se da luta contra o demônio no domínio inerte de Fuxi. Naquela ocasião, talvez por instinto e adrenalina, conseguiu manipular sua mana de forma hábil, chegando até a curar seu próprio corpo. Durante a viagem, ele questionou Fuxi sobre a peculiaridade de sua mana. Fuxi respondeu que talvez fosse devido a Apolo ser também o deus da cura, talvez por sua mana ser fundida ou compartilhada com a do deus, adquiriu essa capacidade.

Concentrando-se, Alaric começou a irradiar um brilho, assustando os lobos que recuaram levemente. Seus cabelos vermelhos agitaram-se, assim como os roxos de Nadine ainda em seus braços. O resplendor criado parecia uma manifestação de poder inconcebível.

— O-o que você está fazendo…? — Ainda com uma voz rouca e chorosa, Nadine sentiu um calor emitido pelo brilho de Alaric, uma sensação que acalentava sua alma. Era como se algum ser divino a estivesse consolando, trazendo um alívio reconfortante. — É bom….

— Estou tentando me curar… — A mana lentamente escapou de suas mãos como ar, unindo-se até parecerem grãos de poeira. — Manifestar minha mana em forma de armas é fácil, quase automático. Mas para curar, é diferente; exige mais de mim.

Os lobos estavam atônitos, paralisados. Suas pupilas dilatavam, olhares arregalados, temerosos de se aproximar do jovem. A aura divina que ele irradiava instigava um medo respeitoso, mantendo os seres em um estado de hesitação.

— Mas, então, por que não invocou alguma arma? Você não pode lutar? — perguntou Nadine, curiosa.

— Se eu tivesse condições, faria. Para de ser lerda... Você viu a condição do meu corpo. — Seu pequeno descontrole quase fez todo seu avanço com a mana ir por água abaixo, mas conseguiu manter. — Sei que pode ser difícil para você, mas poderia calar a boca? Agradecido.— Alaric necessitava de toda concentração possível, manter conversas paralelas só iria atrapalhar.

— Sem educação… — Ela ficou irritada com o jeito rude do jovem, mas não podia fazer muito. Abraçou Alaric e esperou para ver o que aconteceria em seguida.

A mana, que parecia apenas grãos de poeira, uniu-se e formou esferas douradas. Essas esferas adquiriram maleabilidade e percorreram serenamente até as lesões de Alaric, pousando suave e cuidadosamente. No entanto, por algum motivo, Alaric ainda sentia as dores. Talvez ele tivesse falhado de alguma forma no processo de cura.

"Hahaha! Por um momento, pensei que você fosse algum ser divino... Mas pelo jeito, nem sabe controlar a mana. Hahaha! Vamos pessoal! Avancem!" Com a ordem dele, todos os Lycaions avançaram em direção ao jovem. O descontentamento de Alaric por ter falhado o desconcentrou, fazendo a mana dourada perder o brilho e escorrer como algo escuro e viscoso no solo. 

— Desculpa, garota… — Alaric baixou o olhar, um olhar perdido e melancólico. A consciência de sua falha pairava sobre ele, pois agora enfrentavam uma ameaça iminente e certa de morte. — Desculpa mesmo….

— Tudo bem… —  Nadine o abraçou com vigor, encostando sua bochecha no peito dele. — Não sei por que, mas ficar próximo a você me dá certa paz... Como se fosse uma divindade.

"Apesar de eu nunca ter confiado em deuses..." pensou ela.

“Talvez seja porque eu realmente seja... Nem eu sei de verdade o que eu sou... e pelo jeito morrerei sem saber...” lamentava Alaric, fechando os olhos e preparando-se para receber as dolorosas mordidas e arranhões que decepariam cada membro seu. 

“Ele deve ficar forte por conta própria e não depender de outra pessoa ou ser.” Palavras de Apolo, talvez por isso Alaric não conseguiu usar o poder de cura ou controlar sua mana corretamente. Talvez Apolo quisesse que ele lidasse com a situação sozinho. “Deus de merda...” O jovem não enxergava isso como algo positivo; só alimentava seu ódio por aquele deus.

— Eu não posso morrer agora… — Alaric lembrava de Gideon, lembrava de sua promessa para ele. Prometera que voltaria. — Quebrar promessas, nunca fez parte do meu estilo.

“Ele...” Essas palavras tocaram profundamente Nadine, uma mulher que valorizava mais que tudo a sinceridade nas promessas. Agora, um garoto que ela mal conhecia afirmara que nunca quebraria suas promessas. Cada pulsação de seu coração parecia ecoar em seu peito, o tempo se dilatando ao seu redor. Sua vontade de ajudar aquele rapaz a cumprir sua promessa crescia, como se finalmente tivesse encontrado alguém que compartilhasse de sua visão. A intensidade de sua vontade de ajudar despertou algo dentro dela; seus braceletes dourados começaram a irradiar vigorosamente, como se sóis estivessem contidos em seus pulsos.

Contudo, por algum motivo, Alaric e Nadine não sentiam nada ao observar aquela forte luz, ao contrário dos Lycaions que caíram ao solo, muitos declarando que não enxergavam mais; suas vistas tinham sido queimadas pela intensidade da luz.

— Bata eles… — disse Alaric, plenamente.

— O que!? — Nadine não entendeu de início, mas ao perceber a expressão determinada do rapaz, simplesmente obedeceu, batendo seus braceletes juntos. — E a-

Ao bater, o brilho intensificou-se, e três símbolos dourados emergiram diante deles, desencadeando uma ventania que levava árvores em sua trajetória. Cada círculo irradiava um feixe que alcançava o mais alto céu. Dessas colunas de luz, três silhuetas grandiosas surgiram. Um urso gigantesco, vermelho como o fogo, com focinho e patas brancas, surgiu do primeiro círculo. Do segundo, um falcão totalmente branco, com tamanho imponente, tomou forma.

Do último círculo surgiu a criatura majestosa, um lobo negro, semelhante a um Lycaion, porém mais imponente. Seus olhos brilhavam em vermelho intenso, e com apenas um olhar, desmaiou diversos Lycaions ao seu redor. A aura de poder emanada por essa figura negra inspirava temor e respeito, tornando-a verdadeiramente magnífica.

“Um Lycaion negro!? Isso é impossível, o último que surgiu...” O líder estava apavorado, aguardando uma resposta daquela criatura sublime à sua frente. O lobo negro observou ao redor, fixou o olhar em Alaric e Nadine, e avançou lentamente na direção deles. Fitou Alaric e curvou a cabeça em sinal de respeito, dirigindo o olhar para Nadine, curvou suas costas em um gesto de respeito ainda mais profundo.  

— O que é isso!? — A jovem não compreendia a situação, estava perdida, sem entender completamente o que estava ocorrendo ao seu redor. — Você! Você mandou eu bater os braceletes! Pode explicar!

— Eu não sei… Só senti… 

“Igual da vez que Luna me deu aquele arco… E, eu sabia que era de Ártemis, como se alguém tivesse me passado a informação, mas Apolo não está me ajudando, provavelmente ele nem esteja vendo o que está acontecendo…. Não sei….”

Alaric foi interrompido pelo lobo negro, erguendo seu focinho para o alto, na direção da lua. De lá, a águia que havia aparecido anteriormente emergiu, trazendo consigo um arco. A majestosa ave de rapina deu um rasante e lançou o arco, que Alaric habilmente pegou em meio ao ar.

— Tome, acho que é para você. — Alaric entregou o arco para Nadine, que hesitou em pegar, mas acabou cedendo à insistência do jovem. — Tô sentindo… uma energia tomando meu corpo….

O lobo começou a passar a pata por cima daquela mana escura e viscosa, resultado da falha de Alaric. 

— Quer que tente trazê-la de volta? — O lobo acenou com a cabeça. — Pelo jeito, você é quase um lobo normal... Tudo bem.

O lobo negro não falava, mas sua inteligência parecia notavelmente elevada, superior à dos lobos comuns. Alaric percebeu a cautela evidente que o líder Lycaion teve ao vê-lo, indicando que aquela criatura tinha uma certa história por trás. 

O jovem esticou o braço para baixo, mantendo a palma da sua mão apontando para a mana inerte. O lobo então bateu na mão dele e, em seguida, bateu no bracelete de Nadine.

— Quer que eu o toque? — O lobo acenou novamente. — Certo.

— Como? Como você tá entendendo o que ele quer? 

— Intuição. Já lidei bastante com um certo lobo. — Alaric respondeu, mantendo o sorriso confiante em seu rosto.

Nadine não compreendeu as palavras, mas confiou em Alaric. Ele tocou o bracelete dourado dela, e logo ele começou a irradiar novamente. A mana, então, no solo, começou a readquirir o brilho e levitar até às mãos de Alaric. Ela o envolveu, iniciando o processo de cura, dissipando todos os hematomas que marcavam o corpo do jovem. 

Haha! Me sinto novo... — Ele virou seu olhar para o líder, acuado e confuso. Então, o jovem abriu um largo sorriso sarcástico. — Acho que mudamos de posição, hein? Entre caçador e presa…

Vários lobos surgiram dos lados do líder, prontos para avançar. No entanto, dessa vez, Alaric tinha apoio. O urso posicionou-se à sua direita, fixando seu olhar nos lobos. O lobo ficou à sua esquerda, rasgando o solo com suas enormes garras, e a águia pairava em círculos acima. Nadine ainda estava em seus braços, confusa, mas com a certeza de que ajudaria aquele rapaz determinado, a cumprir sua promessa.

Alaric fechou os olhos, e cinco espadas de luz formaram-se ao seu redor, duas a mais do que o comum. Parecia que estava sendo fortalecido pelos braceletes, uma manifestação de poder que o preparava para o confronto iminente..

— Acho que vocês estão apenas um pouquinho... — Alaric fez o sinal de diminutivo com os dedos. — Ferrados…

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