Sinfonias Galáticas Brasileira

Autor(a): Yago.H.P


Volume 1

Capítulo 12: Reunião

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Sede da filial zero: Sala de reuniões

Na parte administrativa, situada acima do solo em contraste com o hangar subterrâneo, erguia-se um imponente edifício em formato semicircular. As alas laterais apresentavam uma altura menor, enquanto o centro se elevava majestosamente. No coração do semicírculo, as comportas se destacavam como o ponto de partida das naves. No ponto mais alto, encontrava-se a sala de reuniões, onde os líderes se reuniam para discutir questões de grande importância.

A entrada da sala era marcada por uma imponente porta dupla, que se abria para revelar uma enorme mesa de carvalho polido, flutuante, que se estendia até a outra extremidade da sala. No centro da mesa, um espaço reservado permitia a projeção de uma tela holográfica.

Ao longo das paredes na lateral da mesa, janelas amplas ofereciam uma vista panorâmica das comportas das naves e da entrada da filial. A luz natural inundava o espaço, conferindo-lhe uma atmosfera de grandiosidade e serenidade.

— Então, por que nos chamou aqui? — questionou Ethan, acomodando-se em uma das várias cadeiras que cercavam a mesa. Sua postura, como sempre, era relaxada; ele não era exatamente conhecido por sua formalidade. — Não está me fazendo perder tempo, não né?

— Acalme-se, Sr. Ethan. — O interlocutor era o enviado real, o príncipe Filipe III. Sempre que assuntos importantes envolviam a coroa, ele era encarregado. — Embora eu admita que estou tão curioso quanto o Sr. Ethan. Então, Sr. Albert, por que convocou uma reunião como esta?

Na extremidade da mesa, proeminente entre todos os presentes, estava um homem, moreno, de cabelos escassos, seus olhos castanhos irradiavam firmeza. As linhas marcadas em seu rosto contavam histórias de experiência e desafios superados, conferindo-lhe uma aura de sabedoria adquirida ao longo dos anos. 

Embora sua face denotasse o peso do tempo, exibia uma aparência cuidada, recém-barbeada. Vestido com um terno preto impecável e luvas brancas, um par de óculos repousava no bolso do paletó. Apoiado na mesa, ele observava os presentes com seriedade, entrelaçando os dedos com determinação.

— Acalmem-se, senhores. Vamos aguardar a chegada do Sr. Edward Evans — declarou ele.

— Esse arrogante também vai aparecer? — Ethan demonstrou sua insatisfação com a notícia, passando a mão pelo rosto. — Espero que valha a pena…

— Sr. Ethan, por que você não gosta do Sr. Edward? — indagou Filipe, com um brilho de curiosidade nos olhos. Ele observou enquanto Ethan parava de passar a mão no rosto e o encarava.

— Porque ele se acha o dono do pedaço... — Ethan começou a relembrar as feições de Edward, sentindo a raiva começar a borbulhar dentro de si. — E está sempre com aquela expressão...

— Bem, se alguém tem que se achar, é ele... — comentou Filipe, vendo Ethan lançar-lhe um olhar de desgosto. — O que foi? Estou errado? Ele é o presidente da Academia Estelar... O homem mais poderoso depois do meu pai, em toda Londres.

O silêncio pairava na sala, preenchido apenas pelo tic-tac do relógio na parede e pelos sons das naves que zarpavam do porto. Após alguns minutos de espera ansiosa, as portas duplas se abriram, revelando um homem de feições severas, cabelos prateados e olhos azuis adentrando o recinto.

— Aqui está, Sr. Ethan — anunciou, seus olhos azuis fixados em Ethan, que permanecia desajeitado em sua cadeira. — É um prazer revê-lo.

— Não posso dizer o mesmo — respondeu Ethan, sua voz seca, enquanto observava o rosto do recém-chegado em busca de qualquer sinal de emoção, mas encontrou apenas apatia. — Essa expressão...

Ignorando o comandante geral, seu olhar desviou-se para Albert e, por último, para Filipe.

— Sr. Albert, é um prazer revê-lo. E, é claro, não posso esquecer de nosso estimado príncipe Filipe.

"Esse cara realmente me ignorou? E qual é dessa bajulação? Ridículo", pensou Ethan, observando Edward se aproximar de Filipe e trocar algumas palavras com ele, mantendo sua expressão impassível. Em seguida, ele puxou uma cadeira e se acomodou.

— Então, Sr. Albert, qual é a urgência desse chamado? — questionou Edward em um tom neutro.

— Agora que estamos todos reunidos, irei explicar. Mas acho melhor mostrar do que falar. — Ninguém compreendeu o que ele quis dizer. Então ele pegou seus óculos, colocou no rosto e tocou na mesa, onde surgiu uma tela holográfica sobre ela. Com alguns toques, a tela holográfica central se abriu, revelando uma imagem impressionante.

— O que pode ser tão importante... — Os olhos de Ethan se arregalaram, sua postura na cadeira se tornou mais ereta. O que ele viu era inacreditável. — Este é Prometeus!?

Na tela holográfica, uma imagem ao vivo do planeta antes tão vibrante, agora mostrava uma grande rachadura que o cortava de ponta a ponta, e sua atmosfera tingida de cinza pela fuligem.

— Sr. Albert, o que isso significa!? — exclamou Filipe.

— Como podem ver, Prometeus foi devastado — respondeu Albert calmamente, entrelaçando as mãos sobre a mesa.

— "Foi devastado" quer dizer que alguém fez isso!? — indagou Ethan, perplexo, suas sobrancelhas franziram-se e seu olhar se estreitou.

— Sim, e já temos quem culpar — a afirmação de Albert ecoou pela sala.

Todos o olharam com certa perplexidade, as sobrancelhas se contraíram para o centro da testa. Menos Edward, que mantinha sua expressão apática, fixando-se no painel à sua frente. Sem mais palavras, Albert tocou a tela holográfica e a imagem ao vivo de Prometeus desapareceu, substituída pela cena da festa momentos antes da explosão e da chegada de Jack.

— O culpado é ele... ele conseguiu até roubar nossos mechas... — lamentou Ethan, com a mão no rosto, sua voz estava carregada de frustração. — Inferno!

— Roubou... — começou Edward, e continuou em tom de suspeita: — Ou entregaram...?

Ao ouvir isso, Ethan retirou a mão do rosto e encarou Edward com uma expressão severa, franzindo o cenho.

— O que quer dizer, Edward!? Está insinuando que meu pessoal tramou a destruição de Prometeus!?

— Por favor, acalmem-se, ambos — solicitou o príncipe, cuja calma inicial havia diminuído visivelmente. Seus pés agora batiam freneticamente sob a mesa, revelando sua ansiedade e nervosismo. — Brigas entre nós não nos levarão a lugar algum. Sr. Albert, há mais imagens disponíveis?

As palavras de Filipe ecoaram na sala, deixando Ethan em silêncio, embora seu semblante denotasse descontentamento, enquanto Edward mantinha-se impassível. Albert assentiu à solicitação e tocou na tela holográfica, substituindo mais uma vez as imagens. Uma sequência se desdobrou diante deles: Ezekiel lutando contra Jack e os mechas, fugindo, a concessão do impulso mortal e, por fim, Elizabeth parada assistindo à explosão.

Após a visualização, todos ficaram atônitos, sem saber ao certo como reagir. No entanto, Edward tomou a iniciativa, erguendo a mão, e Albert assentiu com a cabeça.

— Com base nas imagens, minha conclusão é — Ele encostou no apoio da cadeira, cruzando os braços e fixando o olhar em Ethan. — O Comandante Ezekiel e seus oficiais são responsáveis por tudo que aconteceu.

A declaração foi como uma bigorna lançada na sala, deixando um peso no ar. Todos hesitavam, mas pareciam que iam concordar, exceto um:

— Você está cego ou o quê? — questionou Ethan, cruzando os braços e encarando Edward com firmeza, seus olhos escuros pareciam absorver a cor dos olhos azuis dele.

— Desculpe? — Edward respondeu, mantendo seu olhar firme e fazendo com que o azul antes apagado retornasse aos seus olhos.

— Pergunto se você está cego, porque para chegar a essa conclusão, você não deve ter assistido ao mesmo vídeo que eu... — Ele virou-se para Albert com firmeza. — Discordo completamente; Ezekiel é inocente, as imagens não mentem.

— Claro que você vai proteger seu protegido — comentou Edward, lançando a afirmação ao ar.

Ethan capturou a insinuação e devolveu um olhar incisivo, erguendo-se da cadeira de forma brusca.

— Repita isso na minha cara, se tiver coragem, seu covarde desgraçado.

— Silêncio! — Albert exclamou, sua voz cortando o ar como um chicote, o que fez Ethan se conter e voltar a sentar, embora bufasse como um búfalo estressado. — Me perdoe, Sr. Ethan, mas concordo com o Sr. Edward; as imagens nos fornecem algumas respostas.

Ethan deu sinais de que estava prestes a se levantar novamente, mas pensou melhor e desistiu, mantendo os braços cruzados. Seu olhar severo se fixou em Albert, enquanto batia com o dedo no antebraço, uma manifestação de sua impaciência.

— É sério, senhor juiz, diga-me. Quais são essas conclusões?

— Primeiro, a falta de preparação da equipe e a falha na segurança que resultaram na explosão. Segundo, sua conversa com aquele homem estranho; Ezekiel ficou parado falando com ele por algum tempo. Não sabemos o que foi discutido, mas pode ter sido parte de algum plano.

— Você está baseando suas acusações em suposições? — Ethan balançou a cabeça em negação, claramente descrente, seus olhos estreitados quase desaparecendo. — Você já foi melhor, juiz.

— Não é apenas suposição, mas tire suas próprias conclusões. Terceiro, os mechas estavam na nave deles, o lugar mais protegido da colônia, e os inimigos conseguiram simplesmente capturá-los? Como? Quarto, eles simplesmente fugiram, sem prestar socorro a milhares de pessoas e permitindo que outras fossem assassinadas sem oferecer resistência, permitindo o “impulso mortal” sem autorização governamental.

Ethan ouviu atentamente, mas sua expressão não indicava concordância com as acusações. Provavelmente, já havia preparado um álibi para cada uma delas. Quando ele ergueu o indicador para falar, as portas da sala de reuniões se abriram.

Entraram três pessoas, lideradas por um homem imponente de estatura similar à de Ethan. Sua pele morena era adornada por músculos bem definidos, indicando sua robustez física, e aparentava ter cerca de quarenta anos por sua face pouco marcada. Seus cabelos negros, em corte militar, contrastavam com seus profundos olhos verdes escuros, e seu traje misturava formalidade e militarismo, em preto com toques de vermelho em algumas partes, condizente com a importância da reunião.

— Quem é esse!? — Perguntou Ethan, já visivelmente irritado.

— Este é Kalton Vex, diretor da Agência Cibernética Fênix — respondeu Albert, cujos óculos opacos refletiam a imagem do homem de braços cruzados na costas, na entrada. — Fico grato por responder ao meu convite, Sr. Kalton.

O recém-chegado ouviu a conversa em silêncio, enquanto o ambiente ficava tenso. Então, ele sorriu, revelando dentes brancos impecáveis, e passou os dedos sobre as sobrancelhas antes de avançar.

— Obrigado por me convocar, Sr. Albert. — Ele passou por trás de Ethan, observando-o de cima, antes de continuar. — Pensei que nunca teria a oportunidade de participar dessas reuniões.

— Albert! — Exclamou Ethan sem cerimônia, encarando-o com uma expressão inquisitiva. — Você nos disse quem ele é, e de onde vem, mas isso não explica nada... O que é a Agência Cibernética Fênix!?

— Se me permite, Sr. Ethan — interveio o príncipe, que permanecera em silêncio durante os acontecimentos. — A Agência Cibernética Fênix, ou ACF, é uma organização secreta de pesquisa, sucessora da extinta Fundação Genesys…

Ethan estava atônito com o que estava ouvindo; seus olhos se estreitaram e sua testa se franzia com indignação.

— Como assim, sucessora!? Não fechamos aquela agência por realizar experimentos em humanos!? Experimentos em crianças!? Experimentos totalmente antiéticos!? Explique-se, Albert!

— Ora, Sr. Ethan — disse Kalton, puxando uma cadeira que deslizou silenciosamente ao ser arrastada, para se sentar nela, acomodando-se. — A agenci-

Antes de terminar sua fala, foi interrompido por um dos homens que o acompanhavam. De pele parda, corpo menos atlético, uma aparência jovial com olhos claros e cabelos castanhos claros. Seu corpo estava envolto por jaleco sobre a camisa vermelha e a calça jeans. 

— Você não compreende o quanto evoluímos graças a essas pesquisas. Desculpe por tomar a frente, Sr. Kalton. — Ele olhou para seu chefe, que assentiu demonstrando não se importar.

— Então para você, os preços pagos por toda essa evolução foram baixos? Valeram a pena? — Indagou Ethan, olhando-o firmemente e depois baixando o olhar com desapontamento. — Você pensaria o mesmo se fosse seu filho? Sua mãe ou seu pai? O preço ainda seria baixo por tamanha evolução? Ou só porque são desconhecidos, que não importa?

— Logano, você já recebeu sua resposta — começou Kalton, fazendo um gesto com a mão para indicar que ele deveria sair. — Pegue o Alexander e saia. Temos assuntos importantes a tratar aqui.

Logano obedeceu prontamente e deixou a sala, deixando apenas os cinco restantes. O clima permanecia tenso, até que Albert tomou a palavra.

— Após considerar tudo que foi discutido, meu veredicto é acusar Ezekiel e sua tripulação de todos os crimes que pudemos observar...

Ethan ouviu aquela declaração blasfema, mas sabia que discutir não adiantaria. Ele apenas estalou a língua e cruzou os braços novamente. Uma votação foi realizada para decidir se iriam acusar Ezekiel, com o resultado de 5 votos a favor e apenas 1 contra, sendo o único voto contrário o de Ethan.

Tsc... Se é assim, estou saindo — afirmou Ethan, cansado de tantas discussões que levaram a uma decisão tão equivocada.

— Sr. Ethan, podemos confiar que o senhor não irá ajudar os criminosos? — perguntou Edward, mantendo sua expressão apática, com as mãos sobre as pernas em uma postura recatada.

Ethan, que já estava próximo à porta, ouviu a pergunta e olhou por cima do ombro para Edward, seu olhar estava carregado de ódio e desdém.

— Adoraria ficar ao lado deles só para poder esmagá-lo, Edward — Ele guardou as mãos nos bolsos de sua calça militar e voltou o olhar para frente, em direção à porta. — Contudo, não quero perder minha posição como comandante geral. Então, em resposta à sua pergunta, não. Se isso é tudo, adeus.

Ele empurrou as pesadas portas, saiu e as fechou com um estrondo, deixando apenas os cinco na sala, prontos para discutir os últimos detalhes.

— Também estou de saída — Filipe murmurou, enquanto consultava o celular, uma relíquia em meio às telas holográficas. — Acabei de receber a confirmação de que meu pai chegou em segurança.

— Tudo bem, Sr. Filipe — Albert assentiu, e Filipe deixou a sala. Albert então voltou seu olhar para Kalton. — Você deve entender que não o convidei aqui apenas para garantir um voto a favor, não é?

Kalton encontrou o olhar de Edward, que o observava com seriedade. Ele soltou um suspiro, relaxando os ombros e exibindo um sorriso que revelava seus dentes enquanto seus olhos se fixavam nas mãos.

— Vocês precisam parar de agir como se fossem meus superiores, sabem muito bem que não são. — Seu olhar se ergueu, e ele inclinou levemente a cabeça, lançando um olhar confiante a Albert. — Mas sim, sei exatamente o que você quer. Vou preparar a equipe para a caçada assim que sair daqui.

— Estamos contando com você, Sr. Kalton — Edward afirmou, finalmente sorrindo e deixando para trás sua expressão apática.

No entanto, uma dúvida ainda pairava na mente de Kalton, consumindo-o. Sua sobrancelha se franziu, e seus lábios formaram um pequeno bico de preocupação.

— Sua filha é uma das oficiais dele, não é?

— Sim, Sofia Evans — Edward ergueu-se da cadeira, estalando o pescoço ao ficar de pé. — Não se preocupe, se algo acontecer com ela, significa que ela era inútil. E todo o tempo e esforço que dedicamos à sua educação e treinamento terão sido em vão.

Logo em seguida, ele também deixou a sala, deixando apenas os dois ali.

— Ele é um péssimo pai — comentou Kalton com a partida dele.

— Mas um presidente e executivo brilhante — Albert retirou os óculos e os colocou no bolso do terno, levantando-se. — Se isso é tudo, também devo partir. Até mais, Sr. Kalton.

No fim, apenas Kalton permaneceu na sala, solitário, observando uma nave partir ao longe. Ele batia os dedos na mesa flutuante, perdido em seus pensamentos.

— Bom, a primeira parte está concluída... — Ele afundou na cadeira, contemplando o teto, deixando sua mente vagar. — Ahh, veremos como se desenrolará o segundo ato, como você se sairá, Ezekiel?

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Sede da filial zero: Corredores

Nos corredores impecavelmente brancos da filial, Ethan avançava com uma expressão sombria, seus passos ecoavam em um ritmo pesado. Com as mãos enfiadas nos bolsos, ele passava pelas portas adornadas com painéis holográficos que ladeavam seu caminho.

— Sr. Ethan! — Filipe, emergindo logo atrás, apressou-se para alcançá-lo. — Parece que as coisas não correram como o planejado, não é?

— Aqueles incompetentes simplesmente acusaram alguém de crimes graves com provas que mal se sustentam — resmungou Ethan, ainda avançando a passos decididos.

Filipe percebeu o peso do desânimo pairando sobre Ethan e optou por permanecer em silêncio enquanto o acompanhava. Em breve, eles passaram pelos dois cientistas que estavam juntos ao Kalton, imersos em suas próprias preocupações.

— Todos estavam cientes dessa tal Fênix? — indagou Ethan, com o olhar fixo à frente.

Filipe ouviu a pergunta com atenção, seus pensamentos pareciam mergulhar em reflexão antes de ele responder:

— Não... Apenas o mais alto escalão em Londres estava a par... — Ele abaixou brevemente o olhar antes de erguê-lo novamente, de cenho franzido. — Mas mesmo entre a realeza, estamos às cegas quanto ao que acontece lá dentro.

Ethan parou abruptamente, ergueu uma sobrancelha em incredulidade enquanto encarava Filipe. O som de seus passos ecoou pelos corredores vazios pela última vez, contrastando com o silêncio que se seguia. Filipe, surpreso, parou e virou-se na direção dele.

— Se isso for verdade, considerando que são sucessores da Fundação Genesys...

— Não pode ser, a manipulação genética é considerada antiética, um crime contra a humanidade... — Ethan tocou levemente os lábios, como se ponderasse, e então franziu a testa. — Ou será que pode? Você acha possível que eles estejam envolvidos em manipulação genética?

Recuando alguns passos, Ethan encostou-se na parede branca, apoiando um pé nela enquanto coçava a cabeça.

— É uma possibilidade que esses sujeitos estejam metidos nisso... — Ele pareceu mergulhar em pensamentos profundos, estreitando os olhos em concentração. — E por que diabos estariam interessados no Ezekiel, em Prometeus e em tudo que envolveu essa missão?

— Não tenho ideia dos motivos, mas se não me falha a memória, a nave que o Ezekiel usa, a Elizabeth, foi fabricada pela agência Fênix…

— Não acho que seja pela nave… Você sabe onde fica a sede da Fênix? — indagou Ethan, franzindo o cenho.

— Não, é secreta. Só sei que são financiados pela Academia Londrina. O governo não tem qualquer envolvimento com eles…

— Então, são uma organização privada... Isso me parece suspeito — murmurou Ethan, refletindo sobre as possíveis ramificações.

— Pensando assim, são perigosos... afinal, não são apenas uma agência de pesquisa; também são uma organização militar… — Seus olhos arregalaram ao raciocinar — Eles não têm obrigação de revelar suas descobertas ou pesquisas, já que não dependem de subsídios governamentais...

— Então, considerando a hipótese de desenvolverem uma arma de destruição em massa...

— Espere um momento, você está sugerindo que eles construíram aquela bomba nuclear que detonou em Prometeus?

— Nunca testemunhei uma explosão tão devastadora; a bomba que possuímos atualmente não seria capaz de rachar um planeta por inteiro… 

— Se for assim, isso se enquadra na lei que proíbe qualquer organização não governamental de construir armas de destruição em massa — argumentou Filipe, tocando o queixo com um ar pensativo, enquanto passava um braço pelo peito.

— Bem, você sabe melhor do que ninguém que essa lei não tem poder ou sequer funciona sobre organizações secretas... — rebateu Ethan, com um leve sorriso irônico nos lábios.

Com isso, Filipe ficou em choque, sua expressão uma mistura de incredulidade e preocupação. Rapidamente, ele começou a se afastar.

— Sr. Ethan, preciso ir! Isso é urgente! Meu pai precisa ser informado para que possamos iniciar uma investigação!

Seus passos começaram a ser rápidos, então diminuíram para um ritmo mais moderado antes de desaparecerem pelo corredor do prédio. Ethan permaneceu encostado na parede por um momento, perdido em pensamentos. Ele pegou uma caixa de cigarros do bolso, retirou um, colocou-o na boca e guardou a caixa novamente. Então, tirou um isqueiro do bolso.

— Estou pressentindo que nos encaminhamos para mais uma era de caos — murmurou ele, acendendo o cigarro com um movimento lento e contemplativo. Após uma longa inalação, soltou a fumaça em espirais que se dissipavam lentamente no ar. — Será que estamos preparados para enfrentá-la? Ezekiel, acredito que só você esteja pronto. Afinal, você não apenas sobreviveu a era anterior, mas continua a sobreviver a ela diariamente.

Com um suspiro resignado, ele levou novamente o cigarro aos lábios, enquanto o peso das responsabilidades futuras se fazia presente. Decidido, ele finalizou seu pensamento e partiu para enfrentar o que quer que fosse necessário.



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