Seu nome. Japonesa

Tradução: Virtual Core


Volume Único

Capítulo 1: Sonho

 

Nota importante:

O autor usa dois pronomes diferentes para “Eu”, watashi e ore, para indicar se é a Mitsuha ou o Taki narrando. Como não há equivalente no português, usarei “Eu” em itálico para a Mitsuha e “Eu” em negrito para o Taki.


 

Uma voz e uma aroma nostálgico. Uma adorável luz e o aconchego.

Estou pressionada contra alguém que me importa muito, quase não há espaço entre nós. Inseparavelmente conectados. Nem um único fragmento de ansiedade ou solidão permanece comigo, como se eu fosse uma criança de novo, simplesmente bebendo leite no conforto dos seios da minha mãe. Um sentimento muito doce, o sentimento de ainda não conhecer a perda, preenche meu corpo.

De repente, meus olhos se abrem.

Teto.

Quarto.

Manhã.

Sozinha.

Tóquio.

Eu entendo.

Foi um sonho. Me levanto da cama e, em meros dois segundos, a sensação de calor que envolvia meu corpo já desaparece. Não deixa rastro, nenhum conforto permanece. Subitamente, sem dar tempo para pensar, lágrimas começam a fluir.

Eu acordei de manhã, e por alguma razão estou chorando. Esse tipo de coisa às vezes acontece comigo.

E eu nunca consigo lembrar o que estava sonhando. Eu olho para minha mão direita, a mão que acabara de enxugar minhas lágrimas. Apenas uma pequena gotícula ainda está no meu dedo indicador. As lágrimas que amorteceram meus olhos há pouco tempo já se foram, junto com o sonho.

Uma vez, nesta mão...

Algo muito importante...

...Eu não me lembro.

Desistindo, saio da cama e vou para a pia. Enquanto lavo meu rosto, me sinto como se tivesse sido surpreendido com o calor e o sabor desta água. Eu olho para o espelho.

Um rosto insatisfeito olha para mim.

Eu ajeito o meu cabelo enquanto olho para o espelho, em seguida, passo meus braços através das mangas do uniforme de primavera.

Eu aperto a gravata, finalmente acostumei a fazer nó, visto o uniforme.

Eu abro a porta do meu apartamento.

Eu fecho a porta do meu apartamento. Na frente dos meus olhos...

A paisagem urbana de Tóquio, que eu finalmente me acostumei a ver, se espalha na minha frente. Assim como eu costumava memorizar naturalmente os picos das montanhas à distância, agora posso nomear alguns dos arranha-céus diante de mim.

Eu passo através dos portões lotados da estação e desço a escada rolante.

Eu entro em um trem. Me inclinando contra a porta, observo o cenário enquanto ele flui. Em cada edifício, em cada janela, em cada carro e em cada ponte, a cidade transborda de pessoas.

Um céu branco pálido e nebuloso lá em cima. Um carro com cem pessoas, um trem com mil pessoas, uma cidade com mil trens, eu observo.

E enquanto contemplo a cidade, como sempre,

Eu percebo.

Estou procurando por alguém, uma única pessoa em específico.

Eu percebo.



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