Volume 8
Capítulo 18: Meia Volta e Avante
Dentro da Joia.
Normalmente, essa era a sala com a mesa redonda, onde os chefes históricos realizavam suas reuniões.
A mesa havia sido removida, e um ringue fora instalado em seu lugar.
As armas do Primeiro e Segundo estavam flutuando em volta das paredes.
Os chefes históricos haviam se fechado em seus quartos. Antes mesmo de eu falar qualquer coisa sobre isso para eles.
— Hmm, deveríamos ter resolvido esse assunto enquanto estávamos nisso. Mas acho que fui um pouco apressado demais. Ainda assim... que espetáculo!
Eu dei uma girada para absorver todos os meus arredores, enquanto o exército feminino pisava no ringue, começando com a Novem.
A Novem falou:
— L-Lyle-sama? Hm, o que exatamente você planeja fazer aqui... não, eu entendo o que está tentando realizar, mas em primeiro lugar, onde exatamente nós estamos?
Tenho certeza que ela tinha uma montanha de coisas para perguntar, mas posso explicar todos os detalhes triviais tanto quanto ela quiser depois.
— Não se preocupe com coisinhas pequenas. Por enquanto, só precisa deixar seus punhos falarem. Simples, não é?
Com uma expressão duvidosa em seu rosto, ela olhava em volta.
Mônica estava fazendo alguns exercícios de aquecimento.
— Por que razão você trouxe minha consciência a um lugar desses... Mas se me disser para fazer, tão indisposta quanto eu possa estar, eu, Mônica, participarei!
Tão relutante quanto soava, ela parecia estar mostrando um bocado de motivação. Para com minha adorável empregada que cumpria minhas ordens com todo o seu esforço, lancei um sorriso.
— Boa, esse é o espírito! Todas vocês têm suas insatisfações, e coisas que querem dizer. Mas se há circunstâncias prevenindo suas bocas de se moverem... então tudo o que têm que fazer é lutar.
Com seu rosto ainda vermelho, Clara segurou seu cajado de sempre mais perto de seu corpo enquanto me apelava:
— Não, hm... se realmente lutarmos com a Novem ou as outras, então isso realmente acabará terrivelmente.
Dirigi um sorriso para ela, e após ter levantado minha mão direita até meu ombro, fiz minha arma se materializar nela.
Novem a analisou:
— Essa, do Lyle-sama... Ouvi que tinha sido destruída.
— Esse espaço é bastante conveniente. Assim, vocês ficarão bem mesmo se...
Cortei profundamente meu braço esquerdo, e sangue jorrou. A dor foi muito menor que o normal.
Vendo isso, a Aria:
— O que é que você está fazendo!? E há pouco tempo, você...
Ela apenas oferecia resistência por aparências, mas mesmo agora, ela estava protestando como não podia perdoar o beijo. Ela havia entrado em caos, mas parece que finalmente se recuperou.
— Não se preocupe. Cura imediatamente. Olha.
O ferimento desapareceu, e o sangue também. May olhou para a porta indo até a sala do Quinto enquanto falava:
— Hmm~, então você pode fazer esse tipo de coisa aqui. Tenho certeza que é muito conveniente. É só que, você trouxe todas nós aqui, e pediu que lutássemos. Por quê?
Ela não parecia satisfeita.
Eva fazia uma expressão como se para fingir ignorância, enquanto balançava de um lado para outro.
— Todas vocês precisam de um lugar para descarregar todo o ressentimento que estiveram acumulando. Ou melhor, eu pessoalmente sou incapaz de oferecer uma punição para a Novem ou para a Miranda após terem feito tanto por mim. Se vocês duas têm rancores uma com a outra, então resolvam isso aqui. Sem regras, apenas partam uma para cima da outra até se sentirem satisfeitas.
— Então você não se importa se nós duas permanecermos assim? Vou dizer claramente, eu não confio nenhum pouco na Novem. Tenho mais dúvidas sobre ela do que já tive em toda a minha vida.
Diante das palavras dela, eu sorri:
— E o que é que tem? Não haverá problemas desde que eu confie em vocês duas. Fiquem tranquilas, eu confiarei na Miranda, e eu confiarei na Novem. Então está tudo bem se você quiser acreditar em mim, Miranda. Eu definitivamente te farei feliz.
Quando falei que a faria feliz, talvez isso a tivesse saído de ritmo, já que a Miranda soltou um suspiro. Mas eu não perdi o seu rosto ficando um pouco vermelho.
(Incrível... não importa o que eu diga, posso fazer qualquer uma se apaixonar por mim. Estou começando a sentir medo de mim mesmo.)
Novem perguntou, um pouco tristemente.
— ... Deve ter havido uma mensagem da Octō. O meu nome apareceu, não foi? Lyle-sama, você vai acreditar em mim apesar disso? Você nem conheceu a Octō ainda, e mesmo assim vai confiar em mim com apenas uma palavra?
Provavelmente é verdade que a Novem se encontrou com seu irmão, mas para mim, isso não era nada além de um encontro de irmãos. Em primeiro lugar, de jeito nenhum a Celes agiria de um modo tão indireto.
(Ela é volúvel, afinal. Ela não pode lidar com tudo tão maravilhosamente quanto eu. E mesmo sem pensar a respeito, se a Novem quer esconder algo, que seja.)
Mas havia algo que eu tinha que dizer a ela pessoalmente:
— A Octō-san é irrelevante. Estou dizendo que Eu confio em você. E infelizmente, não tenho intenção nenhuma de me encontrar com a Octō-san para início de conversa.
— ... Eh? B-bem...
Quando a Novem ficou desconcertada, eu passei minha mão no cabelo, e olhei para o teto.
— Um Labirinto de cem andares... algo assim pode apenas ser administrado por uma grande cidade. Significando que se superarmos a câmara mais profunda, destruiremos a economia deles e nos tornaremos pessoas procuradas. Somando-se a isso, meu objetivo é derrubar o país de Bahnseim que a Celes está erguendo. Eu não tenho tempo pra isso, então não tenho vontade de conhecê-la. Uma pena. Eu queria vê-la uma vez.
Ora ora ora, sacudi minha cabeça. Novem levou sua mão ao rosto, e pendurou sua cabeça um pouco. Parece que ela pensou que eu planejava me encontrar com aquela Octō-san.
Não vou dizer que é impossível, mas isso levaria tempo.
Quando olhei em volta, vi uma abalada Shannon. No final de tudo, ela berrou comigo para que a beijasse logo, mas agora ela estava completamente confusa.
Uma Miranda levemente avermelhada olhava para ela:
— Com o que é que você está tão nervosa? Se você não vai se machucar, vai participar também?
Olhando para o rosto da Miranda, Shannon falou:
— ... É a primeira vez que vejo o seu rosto. Não, se bem que assumi que se parecia mais ou menos assim, todavia.
Miranda agarrou ambos os ombros da Shannon em choque, e trouxe seu rosto para perto.
— Shannon, seus olhos conseguem enxergar!?
— C-conseguem, quero dizer, tem informação visual diferente do de sempre entrando neles... e espera, tem algumas pessoas do outro lado das portas, sabe. Quem exatamente eles...
Me aproximei dela, e coloquei minha mão em seu ombro.
— Bom para você, Shannon. Seus olhos enxergam. E... neste mundo, não acha que há algumas coisas que é melhor você não saber? Senão, na próxima vez pode ser um profundo ao invés de um de língua.
Quando seu rosto se avermelhou, eu soltei uma risada e retornei ao centro do ringue. Miranda deu um chamado pelas minhas costas.
— Parece que você está escondendo sua porção de segredos também, Lyle.
Eu virei apenas o meu rosto.
— Todos tem sua porção de coisas para esconder. Quando a hora chegar, eu te explicarei o que quiser na cama. Então quando estiver pronta, me chame.
Miranda olhou para mim, deu um passo para trás, virou seu rosto de lado, e fechou sua boca.
Então eu ri, e me coloquei no centro, abri meus braços, e declarei:
— Pois bem, antes de começarmos, devemos decidir um limite de tempo. Façamos até o meio-dia. Então lutem o quanto quiserem. Mas eu terei que vigiar seus corpos do lado de fora da Joia, então é aqui que nos separamos. Se eu estiver aqui, tenho certeza que vai ser difícil fazer isso, afinal. Pois bem.
Aria estendeu sua mão na minha direção.
— E-espera!
Eu acenei minha mão de volta, e mandei minha consciência de volta para o meu próprio corpo.
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... Na Joia. Em seu quarto de memórias.
O Terceiro, Sleigh, observava o Lyle se retirar antes que alguém pudesse falar qualquer coisa.
『… sr. lyle… fugiu com um sorriso.』
Sua porta estava trancada, e ele não tentou abri-la, mas podia ver a situação da sala de conferências, mesmo dos confins de seu próprio espaço.
Mas ao invés de uma sala de conferências, provavelmente era uma arena a esse ponto.
A Quarta Geração, Max, também havia escapado para o quarto do Sleigh.
『Se ele fez isso com conhecimento total, então eu gostaria de elogiá-lo, mas... eh? Será que teremos que assistir a Novem e as outras lutarem até o final?』
Um desconcertado Quarta Geração olhava para a arena carregada de tensão que o Lyle havia deixado para trás.
Ele sentiu seu estômago revirando enquanto as lutadoras silenciosamente observavam umas às outras através do ringue.
A primeira a se mover foi a Mônica, assim que terminou de se aquecer.
O Terceiro falou:
『Aquela autômato, ela tentou pegar a Novem de surpresa!』
Pelas imagens que podiam ver, ela havia produzindo um enorme martelo das dobras de sua saia, levantou-o alto, e alegremente o desceu na direção da Novem.
— Quem age primeiro, ganha! Agora que recebi a permissão do Frangote, não tenho restrições me prendendo, megera maldita!!
Novem virou seu corpo na direção da Mônica, levantou sua mão direita na frente, e manifestou seu cajado nela. Era o cajado relíquia dos Forxuz.
— Mônica-san... Eu estava querendo ver seu modo sério uma vez de perto.
Dizendo isso, ela sorriu, transformou seu cajado na forma de uma foice enorme, e invocou magia.
— Congele e proteja.
Produzindo magia com apenas essas palavras, uma parede de gelo e terra se manifestou na frente da Mônica.
E a Mônica...
— Muito bem! Mas ingênuo! Diante da Versão da Mônica com as Opções completas, algo assim não é nada além de uma esponja!
Chamas brotaram das costas de seu martelo gigante, elevando seu momento, e deixando-o esmagar através do gelo e pedra. Ela continuou seu movimento para batê-lo no chão, mas a Novem não estava mais lá.
O martelo não tocou o chão, parando no ar.
— O que é isso!? A besta veio para entrar no meu caminho!
May havia segurado o golpe de volta com uma mão.
— Não mire na Novem. Pessoalmente, eu gosto da sua comida, mas a Novem ainda é a minha número um.
Ouvindo isso, a Mônica:
— Revise essa ordem. Para eu, Mônica, estar atrás daquela megera... puxa vida.
Enquanto a May trocava golpes com a Mônica, Eva disparou uma flecha na autômato. A flecha acertou a parede da arena, antes de se transformar em luz, e desaparecer.
— Eu errei. Mesmo tendo mirado de um ponto cego!
Vendo a expressão incomodada da Eva, Mônica levantou seu martelo em ambas as mãos, e se moveu para a beirada do ringue.
Enquanto seus olhos se moviam para manter-se atenta a todas as três inimigas, a Novem apareceu da frente.
— Então danos aqui não terão efeito em nossos corpos reais. Então eu devo ser capaz de me esforçar um pouco.
Novem sorriu enquanto balançava sua foice, só para encontrar um fio amarrado em volta de seu braço direito.
Seguindo a teia de aranha, os olhos da Novem repousaram sobre a Miranda.
— Três contra uma é covardia. E se não há necessidade nenhuma de me segurar, então...
Observando essa cena, o Terceiro e Quarto mantiveram suas bocas abertas em mudo espanto.
A cena na arena não era algo leve o bastante para chamar de briga de gato...
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Após retornar meu corpo à realidade, preparei algum chá para mim pela primeira vez em tempos, e o tomei.
Levei as oito delas para o vagão de carga do portador, e as deixei repousarem e descansar.
Por conta dos últimos ganhos serem tão altos, mesmo se fizéssemos absolutamente nada, era mais que certo que lucraríamos bastante, então éramos capazes de pegar leve.
— Para os grupos que foram oficialmente solicitados pela guilda, é um saco como não se pode escapulir no meio disso. Bem, tenho certeza que nada vai acontecer por um tempo, então vamos apenas sentar e relaxar.
Eu trouxe uma mesa e cadeiras até o Portador, e tomei chá, enquanto passava o meu tempo em elegância.
Mas de dentro da Joia, podia ouvir os berros dos meus ancestrais.
O Terceiro havia abandonado o seu ar indiferente de sempre.
『O braço delaaaaaaa! Espera um minuto, até pra mim, isso tudo é... GYAAAAAHH!!』
O Quarto, quietamente:
『O sangue está... o braço dela voou... montada e espancada de um lado para outro... ei, uma garota definitivamente não deveria fazer isso... daaaayyyyuuuummm…』
O Quinto estava de certo modo excitado:
『O que você acha que está fazendo com a May, seu pedaço de sucata... Eu vou sair neste instante, e te rasgar em pedaços!』
O Sexto relembrava algo:
『Parem logo com isso. Esses assaltos impiedosos... Meeeerrdaaa!! A Milleia era tão boazinha, então por que é que a Miranda...!』
O Sétimo soltava uma risada seca:
『Haha, ahahaha… Quinto, não se apoquente tanto. O que foi, algumas vezes, essas batalhas sérias também são necessárias. Provavelmente... Tenho certeza que são...』
A porta do bagageiro estava aberta, e eu podia ouvir as falas de sono das garotas escapando.
A voz da Aria estava...
— Uma vez é o bastante, então me deixa espancar esse seu rostinho bonito...
A Clara:
— ... Suportes têm seus próprios jeitos de lutar...
Eva:
— Mesmo de perto, eu tenho minha adaga... Acertei seus pontos vitais...
A May:
— ... Eu vou queimar todas vocês... às cinzas...
Mônica:
— ... Para até mesmo as opções completas não serem capazes de atravessar... então é hora da minha carta trunfo...
Miranda:
— Próximo, adeus para as suas pernas...
Novem:
— ... Algo desse nível... Vou ter que ficar um pouco mais séria daqui em...
Eu escutava a conversa sonolenta delas, enquanto sorria e tomava meu chá. Estendi minha mão na direção de um dos aperitivos que havia trazido.
Quando olhei para o céu, o tempo estava fantástico.
— ... Mas que clima agradável.
Nisso, de dentro da Joia, ouvi as vozes de condenação dos meus antepassados. Em ordem, Três pra cima:
『Que merda é essa sobre o clima!? Está chovendo sangue aqui embaixo!』
『Por que você fugiu!? Volta, Lyle! Não, por favor volte, sr. lyle!』
『Pare aquele pedaço de sucata! O interior da Joia está virando... AAAAAAAH!!』
『Lyle, você por acaso sabia que isso estava vindo quando fugiu?』
『Nos responda, Lyle! Não, sr. lyle!』
Eu escutava suas altas súplicas por ajuda, enquanto esvaziava o copo, e sorria. Ainda havia cerca de dez minutos sobrando, pelas minhas estimativas.
Fazer elas pularem nas gargantas das outras pra valer me alivia um pouco.
— Elas precisam ter sua colisão intensa de descontentamentos diretamente pelo menos uma vez. Não importa o que elas digam, ainda sentiriam frustração umas contra as outras. Bem, se eu estivesse lá, tanto a Novem quanto a Miranda iriam se conter.
E quem quer ver a cena das mulheres que ama banhando umas às outras em sangue?
Era simplesmente necessário, então coloquei em prática.
— Bem, isso deve aliviar os ânimos delas um pouco. Dessa vez, fomos até capaz de descobrir o efeito colateral dos olhos da Shannon; eu realmente não tenho nada sobre o que reclamar. E o maior tesouro de todos, um beijo de todas aquelas anjas.
Quando sorri e disse isso, o Terceiro na Joia falou. Era um tom como se estivesse olhando para algo assustador:
『Então você sabia de tudo... quão assustador o sr. lyle pode ser... se você tivesse uma fração sequer disso no modo Lyle... não, isso não é bom. É a diferença que faz isso tão divertido afinal. Mas dessa vez... AAAAHHHH, a cabeça ensanguentada dela acabou de...! A cabeça deeeeeeelaaa!!』
Eu passei uma elegante pré-tarde, enquanto escutava as vozes da Joia.
A voz da Shannon vagou do carro de carga.
— ... Lembre-se disso, Lyle... me arrastando pra isso e me fazendo passar pelo inferno... eu definitivamente vou me vingar...
Ela estava me amaldiçoando.
Mas eu podia retrucar. Eu sabia que ela não podia me ouvir, mas não pude deixar de abrir minha boca.
— Sim, eu me lembrarei disso para sempre. Além de como você escondeu seu rosto e ficou na ponta dos dedos com seus olhos fechados para me beijar.
Por que eu não pude pensar em uma solução tão simples anteriormente? Eu podia apenas olhar para o meu eu passado em espanto.
— Puxa vida, por que eu fui tão irresoluto por algo como um beijo. Está começando a parecer estúpido.
Enquanto encontrava ódio pela minha personalidade introvertida anterior, me resolvi a fazer o novo eu puxar o passo de todos a partir de agora.