Volume 7
Capítulo 13: Pedido Extra
Nós só notamos o tingir carmesim no céu após termos deixado a floresta.
Após deixar a área das matas mal iluminadas, o vento frio soprava ainda mais violentamente que o normal.
Cobertos em sangue e sujeira, nós queríamos retornar e lavar nossos corpos com toda a pressa possível.
Atirando minhas bolsas de couro de materiais sobre minhas costas, comecei a caminhar, e a Miranda, Aria e Eva seguiam atrás.
Eu olhava para as expressões de todas.
Eva estava cansada de ter que liderar um grupo desacostumado à floresta.
E Miranda e Aria estavam cansadas, tendo sido levadas por uma floresta a qual estavam desacostumadas.
(É, vamos descansar amanhã. Teremos que acabar com o resto dos Lobos Cinzentos em breve, e deixar o vilarejo.)
Decidi gastar um dia recuperando a estâmina do grupo, e examinando os equipamentos.
Mas minhas verdadeiras intenções por trás de tal folga não eram por causa de nossa fadiga.
(E espera, eu também estou bem desgastado.)
Um espaço desconhecido era realmente algo horrível.
Nossos movimentos haviam melhorado durante os dois dias que gastamos, mas nossas vestimentas estavam uma bagunça.
Caminhando pela mata, e seguindo por caminhos sem trilhas era um saco.
Suor, e lama, e sangue grudavam minhas roupas à minha pele. Eu queria lavá-las rapidamente, enquanto carregávamos nossos corpos pesados rumo ao alojamento.
Enquanto isso acontecia, a Eva...
— Ei, se certifique de reportar direito. Do contrário este lugar vai estar transbordando de monstros algum dia.
Tendo sentido a extrema falta de animais na floresta, a Eva queria que eu reportasse o fato ao chefe do vilarejo.
E fazer ela levantar esse assunto diretamente não era realmente uma opção.
O chefe em si poderia estar bem com isso, mas não consigo imaginar que os aldeões levarão a opinião dela a sério. Comparados aos humanos, elfos eram uma raça com posição social mais fraca.
E isso também era meu trabalho como líder do grupo.
— Entendido. Depois que eu me trocar, vou até a casa do chefe do vilarejo. Mas você também deveria vir junto. Eu não posso explicar isso completamente, então apreciaria alguma suplementação.
A pessoa que sentiu algo errado na floresta foi a Eva afinal de contas. Mesmo se eu tentasse explicar, eu não entendia muito bem a situação. E duvido que possa fazer isso soar convincente.
Com base em como a situação se desenvolver, o povo importante do vilarejo pode acabar se reunindo. Se chegar a isso, não tenho certeza que serei capaz de transmitir a mensagem.
— Eu quero cair na cama logo, mas acho que as coisas não seguirão desse jeito... tá bom.
Eva concordou, então prossegui.
— Amanhã nós descansaremos. Dois dias inteiros de atividade é algo duro no corpo. Veremos como as coisas vão, e descansaremos um ou dois dias. Devemos deixar o relatório para amanhã então.
Eva me encarou fixamente:
— Isso deve ser resolvido assim que possível.
Isso parecia ser mais sério do que pensei, então me desculpei.
A Aria…
— Então depois que me trocar, vou terminar a manutenção do meu equipamento no fim do dia. Eu quero relaxar amanhã.
Quanto a Miranda...
— Seria bom se houvesse algum lugar interessante para se ver, contudo. Parando para pensar, você estava cantando no primeiro dia, não foi, Eva? Quer fazer de novo?
Eva fez uma expressão um pouco complicada, e levou sua mão à sobrancelha.
— Eu fui advertida depois daquilo, então tenho que arrumar a permissão do chefe, ou de alguma outra pessoa na próxima vez. Parece que houve alguns aldeões que abandonaram seus deveres para escutar. Isso foi um erro meu.
Quando foi amolada pelas crianças para cantar, parece que os adultos também se reuniram.
Por causa disso, a Eva recebeu uma advertência.
(Mas esse assunto nunca foi trazido a mim.)
Talvez alguém tenha ido adverti-la pessoalmente.
— Então já que estaremos indo para a casa dele de qualquer jeito, vamos aproveitar para pedir a permissão enquanto isso.
Eva sorriu:
— Sério!?
— Bem, desde que você não force as coisas. Desde que você descanse seu corpo e cheque seu equipamento, não tenho nada a reclamar.
De dentro da Joia, ouvi a voz do Quarto:
『Então você finalmente caminhou todo o percurso até aqui, meu garoto. No começo, você não tinha consideração nenhuma para os outros, e continuava arrumando problemas para a Novem. Você realmente cresceu, Lyle.』
Ele estava, muito deliberadamente, fazendo uma voz chorosa.
Em contraste, o Terceiro ria:
『Mas ele ainda tem muitos pontos inúteis mesmo depois de crescer. A primeira avaliação dele simplesmente foi tão baixa, que as menores mudanças são perceptíveis demais.』
O Quinto:
『... Todavia, acho pessoalmente que se aprofundar muito nisso é uma má ideia. Escute aqui, você tem que prosseguir igualmente com todas. Chame-as, e preste atenção às condições delas e coisas assim. Tenha certeza de não esquecer disso.』
Ele soava extremamente preocupado.
Eu achava surpreendente, enquanto trotava rumo ao nosso alojamento.
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Quando levei a eva até a casa do chefe, descobri que eles haviam acabado de terminar uma refeição.
Pensando que seria problemático se eu entrasse enquanto eles estavam no meio da comida, ou cozinhando, mirei essa hora, e parece que acertei.
Quando entramos na casa, o chefe disse a sua esposa para preparar uma bebida, e nos perguntou o que era dessa vez:
— Então, qual o problema? Algum idiota espiando ou roubando de novo?
Eu expliquei a situação com a Eva:
— A verdade é...
Ele escutou com uma expressão honesta.
No momento que terminamos a história, sua esposa veio com uma bebida quente, como se estivesse almejando esse momento.
Eu agradeci enquanto aceitava, e moderadamente despejei o líquido quente na minha boca cansada de falar.
Era quente demais para a Eva. Ela soprou o topo algumas vezes.
— ... Que meticuloso de você. Não é de se espantar que os Lobos Cinzentos têm se multiplicado. Não foi sempre assim, sabe.
Parece que a Eva não era a única sensível à irregularidade da floresta.
Era um assunto importante para os aldeões que viviam bem ao lado dela.
Satisfeito, parece que o homem tinha uma ideia da causa.
Ele levou sua mão ao queixo, e assenti um par de vezes.
— Alguma ideia?
— ... Há aqueles idiotas cobiçando seus equipamentos, não é? Aqueles caras têm entrado bastante na floresta ultimamente. Bom, esse ato em si não é nada raro, mas eles têm carregado armas consigo. Não há um nobre ou Senhor aqui, então o tributo de comida necessário pode ser decidido pela cidade. Nós somos relativamente prósperos aqui, e há muito poucos que usam essa abundância para comprar armas. Então eles provavelmente estão esgueirando essas armas de suas casas, mas...
O fato de que fazendeiros a serviço de Beim estavam prosperando, e que portavam armas era algo que eu havia confirmado desde que vim ao vilarejo.
O chefe fez uma cara de desagrado.
— Armadilhas, não é? Vou me certificar de ensinar a eles a não deixá-las abandonadas, mas... merda.
Por sua inferência, eles provavelmente estavam saindo para lutar com monstros para experimentar Crescimento.
O fato de que matar monstros deixava a pessoa mais forte era bem acreditado nestas partes. Com a quantidade de aventureiros presentes, havia prova o bastante naqueles que experimentavam tal fenômeno.
E...
— Eles acabaram derrotando não monstros, mas feras. Destruir o equilíbrio da floresta é perigoso, então eu disse a eles para não levantar a mão contra elas, mas... eles não conseguem dizer a diferença?
... O que era a diferença entre seres vivos e monstros?
A resposta que a maioria das pessoas daria seria a presença de pedras mágicas.
Se encontrasse alguma pedra dentro, era um monstro.
Do contrário, um animal.
Se quiser confirmar, vá matar um e cheque seu conteúdo.
Como resultado de tentativa e erro, tenho certeza que muitas feras caíram no lugar de monstros.
Sendo um vilarejo vizinho de uma floresta, seus saberes no assunto de armadilhas foram sua queda.
Qualquer que fosse o lobo que acabasse pego, provavelmente era abatido em grupo.
Se pedras mágicas fossem encontradas, seriam carregadas de volta, do contrário, o corpo era simplesmente deixado.
E só de vista, talvez eles apenas vissem isso como abatimento de monstros.
O chefe parecia amargurado.
— Foi erro meu. Desculpe, é uma salvação vocês serem capazes de diferenciar. Mas a guilda certamente mandou um grupo esplêndido.
Todos ficaram em silêncio, então tentei obter permissão para a canção da Eva. Mas o chefe sacudiu sua cabeça.
— Desculpa, amanhã não dá. Não é porque não gostamos ou por ela ser uma elfa ou nada assim. Amanhã vai ser o tribunal canguru para todos os idiotas que reunimos. Estaremos reunindo todos os aldeões e célebres. Temos que garantir que a mesma coisa não aconteça de novo, afinal de contas.
(Você realmente tem que ir tão longe?)
Quando pensei isso, parece que o Terceiro captou minha dúvida.
Eu ouvi sua voz da Joia:
『... Não dá pra evitar um idiota surgindo de vez em quando, mas se eles não forem feitos de idiotas, o vilarejo vai desmoronar facilmente. Os métodos mudam de lugar para lugar, mas eles têm que se certificar que outro idiota não faça a mesma idiotice.』
O Sexto:
『E mesmo se esses idiotas passarem por um inferno, tudo vai simplesmente se repetir quando a geração mudar. Mesmo se você os ensinar, idiotas perpetuarão idiotices.』
E para ele, o Quinto quietamente...
『... Eu disse uma vez, e direi de novo. Quando você que fugiu daquele jeito por capricho diz isso, carece de qualquer poder persuasivo.』
Deixando as conversas dos ancestrais de lado, dei um olhar de relance para a Eva.
Pensando que não havia jeito, ela não pareceu se importar tanto assim. Mais ainda, o fato de ele estar tão sério sobre o assunto provavelmente era algo para se comemorar.
— Desculpe. Esse é nosso meio de vida, ou como devo dizer, nossa vida está em jogo aqui, então peço que tolere.
E com essas palavras do chefe, retornamos às nossas companheiras.
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O dia seguinte.
Para variar em um tempo, eu não tive uma partida mortal com um ancestral, e fui capaz de dormir profundamente. Quando acordei, o sol estava alto no céu, e pude ouvir as vozes de minhas companheiras.
Me levantei e espreguicei. Meu corpo ainda se sentia pesado da fadiga acumulada.
— O vilarejo já terminou sua conferência?
Murmurando isso, caminhei para fora. Mônica me notou e se aproximou:
— Para só acordar logo antes do meio-dia, que homem que você é. Por favor, pense na empregada que faz a comida e a limpeza, tá bom? Com um mestre tão malditamente inútil para servir, você está me fazendo chorar lágrimas de alegria, merda.
Então ela está nervosa, ou feliz?
Mônica apresentou o pacote em suas mãos para mim.
— O que é isso?
— Ainda há um tempinho antes do meio-dia, então tenha um café da manhã leve. Quando terminar, entregue para a garotinha se escondendo no Portador, e diga a ela para lavar.
Abri a tampa, encontrando um sanduíche em seu interior.
Peguei ele e dei uma mordida. Estava bem úmido, mas delicioso.
— Então, por que a Shannon está se escondendo?
— Hm, quando eu disse a ela que não havia conceito de descanso em trabalho doméstico, ela explodiu que era injusto ela ser a única sem folga... oh, eu darei meu máximo para fazer o almoço, tá bom, Frangote!?
Enquanto pensava que o de sempre estava bom, terminei o sanduíche, e lhe ofereci meus agradecimentos.
Peguei o recipiente, e fui até o Portador.
Olhando em volta, parece que a Novem e as outras haviam saído.
A porta para o compartimento de carga do Portador estava aberta, e Clara estava sentada para fora dela, lendo um livro.
Era um dos muitos livros que ela havia comprado para a viagem.
E durante a viagem, ela havia terminado todos eles.
— Relendo?
Quando chamei, ela assentiu.
E olhando para o recipiente em minhas mãos, ela virou seus olhos para a garota envolta em um cobertor mais fundo no golem.
Ela estava dormindo. Miranda-san convidou ela para passear e ver o vilarejo, mas ela voltou no meio disso e esteve assim desde então.
Voltando sozinha, ela se escondeu e caiu no sono.
Saltei para dentro da carga, e caminhei até a Shannon.
E nisso, Aria veio correndo.
Ela estava correndo na direção da Mônica, e em voz alta, ela...
— Mônica, o Lyle tá de pé?
Vendo sua atitude, Mônica entendeu que era um assunto urgente.
— Ele foi na carga do Portador, mas, alguma coisa aconteceu?
Aria se aproximou de onde o Portador estava estacionado. Com a Mônica seguindo.
Quando o tempo estava desagradavelmente frio, Aria estava suando.
— Lyle, os caras que você mencionou ontem fugiram. Além do mais, eles entraram na floresta. O chefe tem algo para falar com você, ele disse.
Eu saltei para fora do Portador.
— O Chefe? Que assunto ele tem comigo?
Parti para a casa dele com a Aria, dizendo a Clara e Mônica para ficarem no aguardo.
E no caminho, vi que os adultos do vilarejo também estavam em bastante pânico.
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Quando cheguei na casa do chefe, me encontrei com a Novem, Miranda e Eva que estavam esperando lá por mim.
O vasto espaço do edifício estava preenchido com os nomes notáveis do vilarejo, fazendo parecer muito mais apertado.
Com uma expressão cansada em sua face, o chefe se dirigiu a mim.
— Desculpa, fazendo você vir aqui de novo. A verdade é que gostaria de suplementar meu pedido.
Ouvindo que era sobre o pedido, olhei em volta.
Os adultos estavam ressentidos, e meu grupo tinha expressões dúbias pairando por suas faces.
— Qual o conteúdo dessa emenda?
A menos que eu escute primeiro, não vou poder decidir se aceito ou não, então decidi terminar primeiro com essa parte.
O conteúdo...
— Gostaria que vocês capturassem e trouxessem de volta os idiotas fugitivos. Vimos eles indo até a floresta, mas vai ser difícil para os aldeões procurarem e encontrarem eles lá.
Os aldeões exclamaram.
— Aumentando os níveis de monstros, o que é que aqueles moleques estão pensando?
— Chefe, cê num tá sendo piedoso dimais aqui? Foi por isso que falei pra expulsar eles e ponto.
— Fugindo com o dinheiro do vilarejo... isso cai sob sua jurisdição e responsabilidade, chefe.
Após as palavras de insatisfação contra o chefe, eles começaram a nos avaliar.
— E você tá bem com esses aventureiros? Eles são só mulheres e crianças, não é?
— Na época do último chefe, eles sempre mandavam os competentes.
Por nossas idades e aparências, nós certamente não nos parecíamos com aventureiros experientes.
Mas não era agradável ter isso apontado.
O chefe soltou um suspiro.
— Vou preparar uma recompensa para o pedido extra pessoalmente. Eu vou limpar a bagunça, então vocês podem ir para casa por enquanto.
Os aldeões resmungavam suas reclamações enquanto deixavam a casa.
Alguns deram alguns olhares para a esposa dele.
Tudo o que sobrou foi um homem levemente mais jovem que o chefe, e nós...
O chefe bateu na mesa, e encarou a porta.
— Maldição! Mesmo quando eles geralmente não fazem absolutamente nada, todos se juntam nessas horas! De quem vocês acham que é a esposa com quem estão flertando; bastardos, todos vocês!
Ele estava bastante aborrecido, e prestou atenção particular aos olhares lançados à sua esposa.
O homem restante parecia estar em seus trinta.
— Chefe, você tem que seguir com as conversas aqui. Eu escuto suas reclamações na próxima bebida, certo?
— D-desculpe. Certo, posso deixar com você? No pior dos casos, desde que você possa recuperar o dinheiro que eles pegaram, eu vou considerar o assunto encerrado. Se não puder, então também estará bom, mas caso sinta vontade quando entrar na floresta, peço que procure por eles.
Procurar por crianças na vasta extensão das matas, agora que os monstros subiram em números, era uma tarefa dura até para adultos.
A recompensa era ainda maior do que o que havia sido roubado, para não arriscar nós não devolvermos.
Além disso, se trouxéssemos os jovens de volta, receberíamos uma recompensa extra.
Enquanto eu aceitava o pedido, me dirigi a ele:
— Deve ser difícil, ser um chefe.
— Hm? — Ah, isso é só a norma. Mesmo quando eles sabem que não podem completar esses trabalhos satisfatoriamente, nem têm a autoridade de fazer aventureiros serem despachados todo o caminho até aqui... é só em horas como essas que eles trazem dores de cabeças para um ex aventureiro como eu. O modo como eles tratam idiotas é severo demais, e por eu ser um forasteiro, eles acham que podem me tratar igual. É por isso que eu não queria fazer isso.
Comecei a simpatizar com seu ambiente, onde ele recebia reclamações não importando o que fizesse.
Então por que é que ele decidiu residir aqui para início de conversa?
Eu questionava isso um pouco, mas então recordei minha conversa passada com ele.
Ele havia dito que se eu ganhasse mais, deveria comprar uma casa em uma boa vizinhança. Talvez ele quisesse dizer de eu triunfar.
— Os outros vilarejos eram ruins?
Entendendo o significado da pergunta, ele sacudiu sua cabeça:
— Eles são todos iguais. Todos os lugares populares custam dinheiro. Até mesmo lugares onde você precisa de uma fortuna só para morar. Assim, escolhi um vilarejo onde eu podia viver a preços baixos, mas... merda, mesmo eu sabendo disso, certamente é agravante.
O homem em seus trinta:
— Se você é um aventureiro de verdade, certifique-se de poder ganhar bastante.
Após confirmar todos os detalhes do pedido, nós deixamos o imóvel.
E eu podia ouvir os lamentos do chefe atrás de mim.