Setes Japonesa

Tradução: Batata Yacon

Revisão: Delongas


Volume 7

Capítulo 14: Solo


... Dentro da floresta.

Os garotos que haviam fugido com o dinheiro observavam seus arredores enquanto contavam as moedas.

Dentro da mata mal iluminada, os pios de pássaros criavam um ar estranho.

— Rápido!

Com o apressar de um deles, o garoto contando falou:

— Cinquenta pratas. Sem dúvida nenhuma!

Esses eram os fundos reunidos para o uso do vilarejo. E os garotos sabiam onde eles eram mantidos.

Com os adultos os pressionando devido a seu descuido em caçar bestas e destruir o balanço da floresta, eles haviam resolvido partir para terras mais urbanas.

E o capital para tal aventura saíra dos cofres do vilarejo.

— Okay, se tivermos tanto assim, podemos nos virar na cidade.

A cidade... se eles conseguissem chegar a uma cidade, eles acreditavam que as coisas dariam certo de um jeito ou de outro.

— Foi a chance perfeita para nos separarmos daqueles adultos irritantes. Mesmo assim, aquele forasteiro bancando o poderoso foi bem irritante. Mesmo quando ele não tendo sido um aventureiro tão grandioso assim.

Forasteiro provavelmente se referia ao chefe do vilarejo.

Do ponto de vista deles, o chefe havia falhado na vida, tendo que gastar o resto dos seus anos naquele vilarejo. Os aventureiros que eles imaginavam em suas mentes eram aqueles que construíam mansões nos distritos urbanos, e viviam vidas elegantes.

— O pai e o mano falaram isso. Que ele era um aventureiro de tão baixa classe, que só aqueles tipos franzinos são despachados pra cá.

Enquanto soltavam reclamações contra o chefe, eles preciosamente seguravam o dinheiro com força enquanto começavam a pensar em planos para os acontecimentos por vir.

— Ei, como que vamos sair do vilarejo por aqui? Mesmo tendo o dinheiro, não é como se isso imediatamente virasse comida ou equipamento.

Todos os três garotos pareciam ter a mesma resposta em mente.

— Isso não é óbvio? Há um lugar perfeito de onde pegar.

Eles não tinham o equipamento para viajar.

É claro, o método que eles haviam pensado era pegar o equipamento do grupo do Lyle sob a pretensa de pegar emprestado.

— Levando tantas mulheres por aí, odeio aquele cara. O chefe também, ele não presta, mas arrumou uma beldade daquelas como esposa. Isso é definitivamente pra onde o dinheiro dele foi.

Sendo segundos e terceiros filhos e com pouco prestígio para início de conversa, eles haviam passado a odiar suas vidas no vilarejo apertado.

De vez em quando eles ouviriam contos dos aventureiros da cidade de um mascate passante, e em algum ponto, essas histórias entraram em seus sonhos.

Mas a realidade não era tão clemente.

Apesar de os aldeões de Beim terem relativa fartura, eles não tinham muito para gastar na independência de um segundo filho.

Tendo há muito desistido de reclamar alguma terra e pôr as mãos em um campo próprio, os três deles ajudavam apenas com o trabalho na fazenda, e não se esforçavam seriamente nisso.

Nenhum campo ou casas seriam deixados para eles, então a resposta para suas independências viria em tornarem-se aventureiros.

Que se virassem aventureiros, eles acreditavam, com uma confiança sem base nenhuma, que venceriam na vida. É claro, também é verdade que a enorme maioria dos aventureiros eram tão alheios à verdade quanto eles.

É uma das razões pela qual o número de aventureiros imprudentes nunca parecia diminuir.

— Ei, então o que vem depois de conseguir o equipamento? Caminhar até o vilarejo mais próximo vai levar pelo menos dois dias, sabe.

Um dos garotos propositalmente levantou a bolsa de pratas ao nível dos olhos, e a sacudiu para produzir um som ruidoso.

— Se conseguirmos chegar longe assim, vamos poder comprar reservas de comida com o dinheiro. Se abordarmos uma carroça enquanto isso, estaremos na cidade rapidinho.

Com a imagem de sua independência em uma cidade dos sonhos em sua mente, sorrisos surgiram em suas faces.

— Então nos infiltraremos quando anoitecer. Devemos ficar bem desde que não entremos nas partes mais profundas da floresta.

Já que o grupo do Lyle havia começado a andar pela mata, o número de monstros em volta da entrada havia diminuído consideravelmente.

Se eles simplesmente esperassem anoitecer, as coisas se resolveriam, assim eles pensaram.

— Nesse caso, temos algum tempo ainda.

Eles dividiram o pão e água que trouxeram quando fugiram, e os comeram. Enquanto mastigavam o pão duro e seco, olhavam para as armas em suas cinturas.

— Ei, se coletarmos alguns materiais e pedras mágicas, podemos vendê-las na nossa próxima parada, não é?

Quando um deles disse isso, os outros dois viraram seus olhos para o saco de prata.

Era uma fortuna em seus olhos, mas se possível, eles não queriam ter que tocar nela até chegarem ao seu destino.

O dinheiro seria o que eles usariam para obter equipamentos como aventureiros.

Então economizar era importante para se ter bons equipamentos.

— ... Nós temos tempo, então vamos pelo menos ganhar uma ou duas refeições.

E assim os garotos mergulharam mais profundamente na floresta...

Tendo recebido um pedido extra do chefe, eu examinei meu equipamento e o trajei, em preparação para entrar na floresta.

Já que eu planejava ir sozinho, Miranda me olhou com uma expressão cansada.

— Você realmente aceitou o pedido, mas você não precisa se forçar a ir agora, precisa?

Confirmando as armas na minha cintura — um sabre extra, uma adaga, e uma faca — enfiei um robe na minha bolsa.

— Eles só estão vagando em volta da área de entrada, então devemos capturá-los enquanto ainda estão por lá. Será problemático se acabarmos encontrando nada além de cadáveres, afinal.

Zombando sarcasticamente da minha bondade, ela continuou me observando:

— Me leve junto, ou a Eva.

As únicas que podiam se mover suficientemente pela floresta eram a Miranda, Aria e Eva, a elfa. Mas o desafio realmente não pedia tanto assim.

— Se os três fugitivos forem mais para dentro, eu posso arrastá-los pra fora. E tenho as Skills do meu lado.

Segurei a Joia, e a Miranda falou:

— ... Não se force. E certifique-se de falar sobre o que quer que você está escondendo alguma hora. Eu não vou perguntar de novo até você estar pronto para dizer.

Observando suas costas enquanto ela ia embora, eu:

(Ela notou…)

Cocei minha cabeça, e tirei minhas mãos da Joia. O Quarto falou:

『Parece que não fez sentido mentir sobre beijar a qilin. É melhor você começar preparando um ambiente onde possa passar a mensagem.』

O Sexto:

『Isso. Não que isso tenha que ser imediatamente.』

Não acho que realmente fará uma diferença, mas por causa da Shannon, eu não podia continuar sem explicar. Da última vez o momento era ruim, mas quando as coisas se acalmarem, eu deveria preparar um momento para falar a respeito.

Explicar tudo em ordem propriamente, e me certificar de que elas não tenham dúvidas quanto ao assunto. Que a Joia em minhas mãos era diferente daquela nas mãos da Celes...

Nesse momento, eu pensei:

(Então o que exatamente é diferente entre a minha e a dela? A Celes definitivamente disse algo sobre a minha ser uma falsa ou uma falha ou algo assim... o propósito da Joia é gravar Skills, não é?)

Sacudi minha cabeça, e dirigi minha linha de pensamentos rumo à recuperação dos três garotos.

Entrando sozinho na floresta, eu podia caminhar bem graças as instruções da Eva.

Eu não estava completamente acostumado, mas com as minhas Skills, eu podia seguir em frente sem me perder, e isso enquanto evitava todos os monstros.

Antes de ter adentrado, os três haviam começado a ir mais afundo.

— Mas parece que serei capaz de alcançá-los.

Pelo jeito eu podia alcançá-los antes de entrarem em uma área perigosa, então continuei a perseguição.

O mapa que apareceu na minha cabeça, notificando-me de aliados ou inimigos era algo que combinava bastante com o trabalho de aventureiro.

Era prova do quão excelentes eram as Skills do Quinto e do Sexto.

Enquanto seguia o rasto deles, descobri um cadáver no caminho.

Era um lobo cinzento, e talvez eles houvessem desistido de remover a pele no meio do caminho, e só as pedras mágicas foram retiradas.

— Terrível.

Não era que o monstro estivesse em frangalhos ou algo assim, a extração de material deles era terrível. Eles não sabiam o básico.

— O couro na verdade é a peça que vende mais caro.

Se quiser falar de preços, o couro é o item mais valioso neles.

Para alguém que havia se acostumado à vida de aventureiro como eu, conseguia pensar nisso apenas como um desperdício. Mais importante, o que me interessava era...

— Se eles já passaram a mão no dinheiro, por que é que precisam ir mais afundo? Não, em primeiro lugar, eles sequer fizeram preparos para a fuga?

Será que eles planejaram tudo isso antecipadamente, e esconderam mantimentos nas profundezas da floresta? Eu realmente não acho que eles pensaram tanto assim nisso.

Monstros começaram a se reunir em volta deles, e alheios ao fato, eles se apinhavam em torno de algo.

— Estão reunidos em volta de uma besta? É uma armadilha!

A fera havia estado ali desde o começo, mas eu não havia notado que tinha sido pega em uma armadilha.

Corri para frente, cortando as vinhas e relva enquanto me apressava.

Lá...

— ...Não pode ser!

Entendendo o atual estado com as minhas Skills, apressadamente elevei minha velocidade.

De dentro da Joia também saiu uma voz de surpresa.

Era o Quinto.

『May…』

... Cercando o animal, os garotos olhavam seu corpo sem vida, e soltaram um suspiro coletivo:

— Mas o quê? Nem uma única pedra mágica nele.

Espirrado com um jato de sangue, um dos garotos esfregava suas mãos e roupas irritadamente com um pano.

A razão da irritação deles era o tempo gasto na tarefa, versus a falta de qualquer recompensa tangível.

— Te falei que não dá pra diferenciar.

— E espera, esses caras nos atacam do mesmo jeito, então por que a gente tem que tratar eles com cuidado?

Passando por uma das armadilhas que eles haviam montado um tempo antes, eles coincidentemente encontraram um lobo pego nela.

Eles o cercaram e o derrotaram, mas ele era mais tenaz e problemático que qualquer Lobo Cinzento.

— Duas pedras mágicas eram quanto mesmo?

— Ah~ Acho que por volta de uma moeda larga de cobre na última vez que...

Quando eles relaxadamente se viraram para deixar a área, um raio caiu de repente.

Ele foi seguido pelo estrondar da terra, e uma luz pálida iluminou a área.

Olhando para cima, os pequenos pedaços de céu que eles podiam ver através das brechas nos galhos e folhas estava tão claro como o dia.

— O quê? O que acontecendo?
— Oy, não vai me dizer que um monstro difícil apareceu ou algo assim, não é?
— P-por enquanto, bora fugir!

Um monstro que podia usar magia apareceu? Chegando a essa conclusão, eles rapidamente se viraram para fugir. Mas antes que notassem, no espaço entre eles havia uma garotinha entre eles.

Ela era uma garota terrivelmente irreal.

Suas roupas eram de um tipo que eles nunca haviam visto antes.

Seus trajes brancos mostravam os ombros e umbigo. Não, era só que cada um dos espaços em torno dos seios, quadris, e ambos os braços estavam cobertos por um pedaço separado de tecido.

O pano em volta do peito dela e em amarrado em volta de seus quadris delineava seu corpo muito firmemente. Cintura fina e um grande busto protuberava.

E uma bundinha pequena.

(NT: Isso é o que acontece quando o Lyle não está narrando.)

Mesmo com essas roupas, o tecido sobre seus braços estava tão frouxo que até cobriam suas mãos. Seus pés estavam em sandálias, e descendo por seus joelhos, um cinto se enrolava como uma teia.

Seus curtos cabelos dourados balançavam, enquanto ela saía do espaço entre os três, destruía o metal penetrando as pernas do lobo, e puxava o animal ao seu corpo em um abraço.

Os três garotos não podiam encontrar espaço para respirar livremente, suas pernas travadas com um sentimento complicado.

No momento que a viram, haviam pensado nela como bela.

E ao mesmo tempo, pensaram que ela era impossível.

O que crescia de seu cabelo, na área sobre suas orelhas, era um par de chifres.

Observando a garota com chifres dourados, os três estavam presos pela beleza e pelo medo.

Entre todos os semi-humanos, eles nunca haviam visto uma variante que possuísse chifres brotando de suas cabeças. Mesmo se fossem meramente ignorantes, e tal raça existisse, vê-la pela primeira vez invocava medo.

Acima de tudo, a atmosfera dela era diferente.

Um dos garotos de algum modo conseguiu espremer uma voz:

— Q-quem é você? Uma aventureira de fora do vilarejo? Nunca te vi antes, mas...

Quando ela se virou, seus olhos estavam azuis e claros, mas ao mesmo tempo, eles menosprezavam e desprezavam.

— Eeek!

O garoto surpreso caiu de costas, enquanto os companheiros do lobo começavam a se reunir em torno da garota. Eles ignoraram os garotos, se aproximando do pé dela e farejando o cheiro de seu companheiro caído.

A garota abriu sua boca:

— Me desculpe, eu não te notei a tempo... adeus, brava alma.

Dizendo isso, a garota colocou o lobo no chão. Seus companheiros uivaram, e tocaram suas testas nas pernas dela. Alguns dos filhotes pressionaram seus corpos nela.

Ela fechou seus olhos, e quando os abriu, o cadáver do lobo irrompeu em chamas.

Quando a chama azul tremeluziu, ela...

— Prossigam, não há mais nada aqui...

Após a alcateia retornar às profundezas da floresta, ela fitou os garotos. Caminhando em volta da chama, e se aproximando deles, ela falou:

— Vejam, eu tenho um ódio enorme do seu tipo. Ignorantes, ainda assim orgulhosos... isso, para garantir que vocês nunca mais repitam algo assim, eu farei um de vocês desaparecer. Os outros dois devem retornar ao vilarejo próximo, e passar a história do que viram hoje. E esse será o fim do assunto.

A garota falou desinteressadamente. Os garotos trocaram olhares pálidos com suor correndo por suas faces.

A garota:

— Então, quem vai desaparecer?

Desaparecer. Isso foi tudo o que ela disse, mas eles puderam entender.

Entre eles, um iria morrer.

— N-nós sentimos muito. Nós sentimos muito, então por favor nos deixe ir.

Um deles disse isso, então a garota inclinou sua cabeça.

— E sobre o que é que você sente muito? Se você pode dizer, então põe pra fora.

Eles se entreolharam.

— P-por matar um lobo.

Ouvindo isso, a garota irrompeu em uma risada:

— Ahahaha, você está certo sobre isso. É, não está errado sobre isso. Mas vejam…

Em um instante, sua forma havia mudado.

De uma mulher baixa, para uma besta com escamas brancas e crina dourada. Uma qilin.

Seus dois chifres desapareceram, sendo substituídos por apenas um no centro.

Um para ataque, uma ponta afiada.

— Eu não direi para não matar formas de vida. Até eu mato para sobreviver. Para ser bem franca aqui, eu nem mesmo reclamaria se vocês tivessem gostado de matá-lo. Isso é problema de vocês. Mas...

Com um passo adiante, ela fez todos os garotos caírem de costas. Aquele que já estava no chão ficou de quatro em uma tentativa de escapar.

A primeira qilin em quem eles haviam visto estava dirigindo sua malícia contra eles.

Com aquela forma divina, ela demonstrava ódio.

Entendendo isso, os garotos imploraram por perdão com olhos lacrimejantes.

Mas a qilin não pareceu ter interesse nenhum nisso.

— Eu só não gosto de vocês em um nível pessoal. E vocês inutilmente destruíram o equilíbrio desta floresta. Este é o seu pecado. Agora novamente, quem é que vai desaparecer?

Era bastante desconfortável, escutar a voz da jovem garota da boca de uma fera enorme.

Mas, mais que isso, os garotos valorizavam os seus próprios bem estares.

— Eu falei pra vocês não fazerem isso! Foram vocês que me arrastaram!
— Não fode comigo! Era você que mais estava gostando!
— Bem, eu certamente não queria! Eu não quero morrer. Eu não quero morrer nem um pouco.

Eles choraram e começaram a praguejar uns aos outros. A qilin estava escutando pacientemente, mas...

— Quem estará desaparecendo?

Seus apelos por perdão não a alcançaram.

Mas a qilin de repente virou seus olhos dos garotos para um ponto ao seu lado.

— Então você está aqui. Eu estive esperando...

O que os garotos viram foi o aventureiro com cabelos azuis.

Talvez ele estivesse com pressa, galhos e folhas estavam presos ao seu cabelo. Ele estava sem fôlego, e trocando a adaga em sua mão direita para a esquerda, puxou um sabre.

Baixando seus quadris, ele tomou posição e fitou a qilin.

Diferentemente deles, ele havia tomado uma postura para confrontá-la.

Após levantar sua pata dianteira no ar, a qilin saltou. Quando aterrissou, estava mais uma vez na forma de uma humana.

E olhando com desprezo para os garotos choramingando...

— Eu não me importo mais. Encontrei uma coisa mais importante que vocês. Se aparecerem diante dos meus olhos de novo, terei certeza de fazê-los desaparecer.

Os jovens ameaçados se apressaram pela trilha de onde haviam vindo.

Eles jogaram de lado toda a bagagem que estavam carregando, enquanto freneticamente fugiam.


Ei, se estiverem gostando do projeto e desejarem ajudar um pouco, vocês podem fazer isso acessando o link abaixo, solucionando o Captcha e aguardando dez segundos para ir à página de agradecimentos.

Podem acessar por aqui.

Ou Aqui.



Comentários