Volume 17
Prólogo
Agradecimentos especiais ao Rudy da animexnovel que me ajudou com uma parte considerável do capítulo que estava faltando no inglês.
Eu tinha sido posto para fora de casa na Primavera de dois anos antes.
O inverno estava terminando, tornando-se uma estação que não podia deixar de gerar esperanças do começo de algo novo.
Eu dei as boas-vindas a essa estação enquanto olhava as montanhas de documentos no escritório. Coloquei ambas as mãos na mesa, olhando minhas digitais manchadas de tinta enquanto murmurava.
— ... Tem alguma coisa errada. Esse não é o tipo de preparações revolucionárias que eu tinha em mente.
Ouvi a voz alegre do Terceiro da Joia que eu tinha colocado como peso para evitar que as páginas saíssem voando:
『Você realmente é estúpido, Lyle. Você é o líder aqui, então é óbvio que você vá ficar preso com montes de papeladas. Sair e fazer o trabalho bruto é algo obviamente deixado aos seus subordinados.』
Era um argumento lógico, mas eu tinha imaginado sair mais em campo para dar mais ordens e coisas assim. Mas a realidade tinha me enfiado no meu escritório, cercado de guardas e perseguido aos confins da Terra por papeladas.
Mesmo se eu tivesse uma chance de sair, a maior parte disso era para discursos e reuniões, e coisas realmente detestáveis. Dentro da sala, aquela encarregada de cuidar de mim hoje, a Unidade Valquíria Três, soava deleitada.
— Mestre, terminei de preparar seu chá.
— Quantos copos planeja preparar hoje? Eu já estou cheio ao limite.
A Unidade Três finalmente tinha pego o jeito... ou ao invés de pegar o jeito, ela havia ganho a habilidade para tal, então repetia a ação de preparar chá de novo e de novo para me agradar.
Minha barriga doía com a sobrecarga de chá.
Alguns meses tinham se passado desde a batalha com a Casa Walt.
As preparações para enfrentar a Celes estavam avançando. Seria uma batalha de proporções continentais, mas tenho certeza até mesmo na era do país que governara esta terra antes de Bahnseim... a era do Reino de Sentras, batalhas dessa escala eram uma visão rara.
Uma batalha de larga escala excedendo aquela de trezentos anos antes e estava prestes a se desdobrar.
Nos documentos, Mônica havia reunido os relatórios gerados pelas Valquírias posicionadas pelas terras.
Quando peguei o documento organizado nas mãos e comecei a lê-lo, notei que até incluía ilustrações para facilitar extremamente o entendimento. Havia gráficos também, então apenas um olhar era o bastante para entender a situação atual.
— Então houve uma pausa nos esforços de Faunbeux em tomar seus arredores. É bastante surpreendente ainda haver países tentando aguardar e ver.
Com uma escala dessas... vários milhões de soldados se moveriam em múltiplos frontes, eu estava surpreso que ainda havia países que decidiram aguardar. Nisso, o Terceiro explicou a situação dos arredores para mim:
『Lyle, este mundo não pode ser medido pela sua própria realidade... você não pode medir tudo com base apenas no seu próprio senso comum. Em uma guerra dessa escala, não é estranho que haja países incapazes de sequer tomarem uma decisão porque a escala excedeu suas expectativas. Talvez haja disputas ocorrendo internamente.』
Olhei para o relatório enquanto perguntava ao Terceiro:
— ... Então devo levar isso em consideração, e lidar com eles pós-guerra?
No entanto, o Terceiro falou com frieza.
『Desnecessário. Quando se chega depois para pegar todos os benefícios, haverá países insatisfeitos. Você terá que dirigir a insatisfação deles para fora.』
Mesmo que eu estivesse falando de unificar o continente, não era como se isso fosse suceder apenas derrotando a Celes e Bahnseim. Eu precisaria ter sucesso em governança para qualquer coisa começar. E eu precisaria manter depois disso.
— Bem, as preparações de Cartaffs já estão prontas, e Djanpear está dentro, então o problema seria nosso próprio fronte oriental.
Dito isso, o exército sob meu comando havia absorvido o exército da Casa Walt, então já tínhamos os números. Acredito termos uma força boa o bastante para eu não me envergonhar de chamá-la de o exército da força líder. Se houvesse um problema a se mencionar, acho que seria o estado bagunçado de Beim?
Com tempo, seríamos capazes de reunir mais números, mas mesmo agora, a hora do nosso ataque ainda estava indeterminado. Não, podíamos atacar a qualquer hora, mas...
Peguei um relatório diferente nas mãos.
— ... Para ela reduzir seu próprio potencial de batalha.
... Em Bahnseim, Celes havia construído um túmulo para o nosso pai. Mas o pai era um homem da Casa Walt, e um Conde. E ainda assim ela havia reunido trabalhadores para construir uma tumba mais esplêndida que a de qualquer imperador, e apesar dos tempos agitados, não só os homens, ela havia reunido mulheres também para auxiliarem na construção da enorme tumba.
— Mas o que é que ela está fazendo?
Eu estava pasmo, e o Terceiro avaliava suas ações de dentro da Joia.
『Tal como Agrissa antes dela, tenho certeza que ela quer transformar este continente em um mar de sangue. Para ser sincero, eu duvido que nosso senso comum possa ser usado. Embora seja tão macabro quanto se pode ser.』
Pensei que a morte de nosso pai instigaria algum tipo de retaliação, mas esse não foi o caso. Nenhum exército foi despachado; assassino nenhum, também. Porém, uma coisa suspeita aconteceu recentemente — alguém escavou a tumba do meu pai.
Muito pouco foi tirado para ser o trabalho de um ladrão. A princípio, pensei que fosse o trabalho de alguém com rancor contra ele, mas esse também não parecia ser o caso. O corpo tinha sido deixado pristino, e fomos capazes de enterrá-lo sem problemas mais uma vez.
Uma pequena porção dos restos tinha sido tirada, todavia, e concluí que fosse o trabalho de Bahnseim. Eu podia procurar o quanto quisesse, mas quem quer que tenha feito isso, certamente os tinha levado. Por valor sentimental, talvez. Mas alguma coisa estava errada.
— É realmente macabro. Bem, desde o começo tem sido macabro.
Quando voltei ao trabalho, a Unidade Três falou para mim:
— Mestre, a hora da sua reunião está chegando.
— ... Reunião com quem? Se for sobre as exigências do Damien, envie-o para a Adele-san.
Ela sacudiu sua cabeça de lado.
— Não, parece que a Marianne-san que se tornou a mestra da guilda de Beim Sul virá. Ela está querendo falar sobre o manejo das pedras mágicas.
Ouvindo o nome da Marianne-san, me levantei. Para colocar a guilda sob regência governamental, eu tive que elaborar várias regras.
Então pedi que criassem um esqueleto, e a Marianne-san e outros ligados a guilda imediatamente enviaram suas reclamações.
Se eles forem resistir fortemente pela privação de seus interesses, era possível esmagá-los. No entanto, mesmo aceitando o novo manejo, havia muitas coisas com as quais a guilda inevitavelmente teria problemas. Esses tipos de questões eram trazidas para mim.
『Porque a Adele-chan não é boa com essas coisas. A Lianne-chan não sabe o bastante sobre aventureiros, então tudo depende de você.』
Era exatamente como ele disse. Além do mais, era algo que eu não poderia negligenciar. De todo modo, eu tinha que lidar com isso para poder remover os direitos da Guilda, e mantê-la funcional sem problemas.
— Hah, vamos lá então.
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... No palácio real de Bahnseim, uma poção do corpo de Maizel tinha sido entregue ao quarto da Celes.
Abraçando a caixa que o continha, os olhos de Celes se encheram de lágrimas.
— Seja bem-vindo, papai querido.
Dizendo isso, ela abriu o invólucro, e agarrou o cajado-florete com a Joia embutida. A Joia amarela emanava luz, e o cadáver que ela havia preparado começou a se mover.
A caixa se moveu no ar, seu interior sendo absorvido no corpo morto, completando sua forma humana.
— ... Celes, estou de volta.
Maizel sorriu para ela. No quarto, sua mãe também estava em um estado similar.
— Querido, olha só para você. E você se chama de chefe da Casa Walt!?
Quando Claire pareceu zangada, Maizel ofereceu suas desculpas.
— M-Me desculpe. Eu queria trazer um presente para a Celes.
— Pela deusa, você se atrasou bastante, papai. Teremos uma grande festa hoje.
Depois de dizer que não ligava sobre receber um presente, Celes alegremente deu os braços com seus pais.
Dentro de sua Joia, Agrissa sentava-se em uma cadeira pomposa enquanto olhava a cena. No interior da Joia que era elaborado quase como uma sala do trono, ela cruzava suas pernas enquanto assumia uma atitude condescendente.
Enrolando seus cabelos dourados nas pontas dos dedos, seus olhos violetas refletiam o mundo exterior.
『... Adorável e patética Celes. Mesmo revivendo eles, não são nada além de recipientes. Não, talvez até sejam incompletos demais para servir disso.』
Agrissa tinha aperfeiçoado uma Skill para reviver os mortos, mas olhando os resultados, ela parecia bastante insatisfeita.
『Se eu tivesse sucedido, teria revivido meus próprios pais. E filhos. Eu não ligo para o resto... não, a Casa Walt, eh? Eu teria revivido aquele homem que me derrotou também. Aquele prestava. Um homem verdadeiramente esplêndido.』
Vendo a Celes apertada entre suas marionetes enquanto pulava de alegria, Agrissa sorriu. Mas sua expressão se encobriu imediatamente depois. Conforme o exterior visível de dentro da Joia desaparecia, ela se levantou, e olhou para a porta atrás de seu assento.
『... Que tipo de deusa você deveria ser se sequer consegue reviver um mero humano? Bem, mesmo se pudesse, você nem mesmo ainda é venerada como uma deusa para o mundo.』
Agrissa antes fora uma existência nascida com herança das memórias de Septem. Na geração atual, havia Novem e Celes. Mas as memórias que ela carregava eram apenas de corações partidos... ela tinha apenas as memórias de cada geração de Septem sendo forçada a trabalhar até os ossos pela humanidade.
Suas memórias de deusa eram vagas, mas ela tinha uma ideia geral do que havia acontecido. Porém essas memórias, trabalhando até morrer por aquele a quem ela havia dado tudo, às vezes oprimida geração após geração, tinham ficado marcadas fortemente na mente de Agrissa.
Traçando seus lábios com a ponta dos dedos, ela reclinou seu corpo nas costas de seu assento.
『Pois bem... agora mesmo se eu ficar quieta, o continente será tingido de sangue. Quantos milhões perecerão? Mal posso esperar. Eu simplesmente mal posso esperar.』
Caminhando, ela entrou em seu quarto de memórias. Nele, as formas das Septems oprimidas assistiam.
As Septems gentis, ao contrário das vestimentas chamativas e reveladores, trajavam seus farrapos surrados. Essas Septems enviaram alguns olhares de censura para Agrissa.
Naquela sala de memórias, Agrissa riu com o nariz:
『Apenas fiquem aí e assistam, antecessoras minhas. Irei cumprir o papel que vocês nunca conseguiram, o de proteger toda a sua querida humanidade. É claro, não como vocês que deram tudo o que eles desejaram... mas tirando tudo.』
Os olhos das Septems sem voz ficaram graves. As existências da cadeia de memórias que carregavam, dando tudo aos humanos incondicionalmente.
Agrissa as atiçou:
『Não se zanguem tanto. Estou beneficiando a humanidade muito mais que qualquer uma de vocês. A razão dos humanos se matarem é simplesmente por haver muitos deles. Então reduzirei os números. É realmente doloroso. É doloroso matar meus queridos humanos assim.』
Soltando uma grandiosa risada, distorcendo sua forma voluptuosa e bela enquanto caçoava.
E ela falou:
『Estão tão zangadas assim por eu ter chegado à mesma conclusão que a Novem que se opôs a vocês? Não vou culpá-las... digo, aquela lá odeia humanos. De modo nenhum vocês a perdoariam.』
As Septems começaram a lançar olhares de pena para Agrissa. Recebendo esses olhares, Agrissa balançou sua mão esquerda, e fez as Septems desaparecerem.
『Que irritante. Cansei de provocar e ficar brincando.』
Dizendo isso, ela se levantou.
『Agora, Celes... a hora da nossa promessa está se aproximando. Até lá, divirta-se o quanto quiser.』
A risada de Agrissa ecoou pelo quarto de memórias...
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Anoitecer.
Novem entrou na sala com uma atmosfera assustadoramente ameaçadora.
O bastante para eu me levantar da minha cadeira e dar alguns passos para trás de surpresa. Digo, ao contrário do normal, ela estava honestamente zangada. Não como a raiva dirigida a uma criança levada, raiva de verdade.
Eu fiz alguma coisa?
— Qual o problema, Novem?
Quando falei isso timidamente, Novem estabilizou sua respiração enquanto corrigia sua postura na minha frente.
— Perdoe a intrusão. Mas eu gostaria de confirmar algo, então estou com um pouco de pressa. Então, Lyle-sama...
Frente à sua intimidação atípica, senti como se minha voz fosse revirar. De dentro da Joia pendurada no meu pescoço, o Terceiro entrava em pânico:
『O que você fez, Lyle? Nunca vi a Novem-chan zangada assim com você antes.』
Nem eu. Apesar de ter algumas suspeitas do porquê de ela poder estar zangada, tinha a sensação de que nenhum deles seria o bastante para deixá-la zangada assim.
— P-pois não!?
— ... Eu ouvi do Baldoir-dono. É verdade que você deseja paz, e está definindo isso como seu objetivo final?
Ouvindo isso, inclinei minha cabeça.
— Isso? Não, eu definitivamente falei isso. Mas não é como se eu estivesse pensando em paz imediata ou nada do tipo, e meus pensamentos sobre o que fazer para obter paz ainda não estão completamente em ordem. Eu só pensei que seria bom se pudéssemos realizar isso em algumas centenas ou milhares de anos, só isso.
Eu compreendo que é difícil, mas não acho que seja errado tentar e dar o primeiro passo. Foram as palavras que falei em alta tensão, mas não tenho intenção de negá-las.
Novem parecia terrivelmente deprimida.
— ... Então não foram palavras embriagadas do seu estado de Pós-Crescimento?
Quando o Baldoir falou comigo, eu estava no estado que o Terceiro chama de “sr. lyle”. Mas a opinião dele não era particularmente diferente da minha ou nada assim.
— Bem, o que é que tem?
Novem me respondeu. Mas séria do que eu já a tinha visto antes.
— Lyle-sama, paz é sempre uma mera ilusão. Além do mais, é uma ilusão problemática que envenena as pessoas. Humanos só podem ficar fortes em um mundo onde não podem ficar sem lutar. Quando as pessoas param de lutar, a humanidade decai.
— O que há com você hoje? Isso não é do seu feitio.
Quando falei isso rindo, Novem se aproximou mais. E agarrou os meus ombros. Seus dedos se afundaram, e eu pude sentir dor.
Seus olhos se arregalaram, e eu senti como se a luz houvesse desaparecido deles.
— Não é do meu feitio? Não, eu estou sendo séria. Quem não está agindo normalmente é você, Lyle-sama. Depois de lutar por tudo para chegar onde está, o que você sentiu? O que aconteceu com você quando decidiu se impor à Celes-sama? Lyle-sama, já pensou no que acontecerá se você simplesmente obtiver paz? Se fizer isso, o que aguardará será...
Nisso, Miranda entrou na sala. Ela estava com Valquírias, e foi até a Novem enquanto se aproximava de mim.
— Novem, o que você está fazendo?
Naquela sala mal iluminada, com a luz da vela sobre suas costas, era como se os olhos da Miranda estivessem brilhando nas sombras. Esse era um tipo diferente de assustador.
Novem se virou lentamente, olhando seus dedos se afundando nos meus ombros.
— M-minhas mais profundas desculpas, Lyle-sama! Irei curar imediatamente. Mas eu...
Ela parecia estar à beira das lágrimas, mas estava tentando me dizer algo. Miranda chegou, e puxou a Novem.
— Eu curo. Novem, sai daqui. Vamos te ouvir quando esfriar sua cabeça.
Cercada de Valquírias, Novem deixou a sala. De cabeça baixa, as palavras que ela sussurrou...
— ... O que aguarda um mundo de paz é uma gentil morte gradual.
... foi isso.
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