Setes Japonesa

Tradução: Batata Yacon

Revisão: Delongas


Volume 16

Epílogo


... O Reino de Bahnseim, Centralle.

Em uma sala particular do castelo... ou melhor, uma sala grande demais para ser chamada assim, Celes escolhia um vestido. Com seu vestido favorito nas mãos, ela estava se preparando para receber seu pai que vinha para Centralle.

Mas Celes congelou em resposta às palavras da empregada que entrou na sala. A mãe de Celes, Claire, que esteve sentada selecionando um vestido ao lado dela levou ambas as mãos à boca em surpresa.

Celes, com o vestido nas mãos.

— ... O que você disse? O que foi que você acabou de dizer!?

Suas roupas favoritas foram rasgadas, e ela pegou seu cajado em forma de florete do autômato Bert, que estava por perto. A Joia Amarela embutida em seu cabo soltou uma fraca luz.

A empregada falou:

— P-pelos relatórios, o Exército Walt invadiu Beim. Mas... o Chefe da Casa Walt, Conde Maizel, foi morto em batalha. O exército se rendeu, e foi d... derrotado!

Vendo a empregada ajoelhada, o corpo da Celes começou a tremer.

(Não pode ser... por que... afinal, o papai é forte. Não tem como ele perder para um resto de gente como ele. Não tem como aquele fracote poder... Novem. Entendo, foi a Novem. Aquela vadia maldita!)

Cerrando seus molares, a força usada para apertar seu cajado aumentou. Nisso, ela ouviu a voz de Agrissa:

『... Pobrezinha. Perdeu seu papai querido? Mas você não pode só ficar zangada. Quer que eu adivinhe o que está pensando? Vejamos... foi a Novem. É isso o que está na sua cabeça.』

Celes bateu na empregada que entregou essas notícias detestáveis com seu cajado, fazendo com que ela voasse. A empregada saiu arrastando os vestidos deixados pelo quarto consigo, no ar o tempo todo até acertar a parede.

Apesar de mal ter sobrevivido, estava à beira da morte. A respiração de Celes estava ofegante, seus olhos estavam arregalados.

— Não... o Maizel... ele não pode ter...

Vendo sua mãe caindo de joelhos e escondendo seu rosto nas mãos enquanto chorava, Celes a abraçou.

— Mamãe. E... eu...!

— Celes!

Sua mãe agarrou Celes. E as duas derramaram lágrimas. Vendo as duas, Bert deu algumas ordens.

— Carreguem os feridos e tratem-na. E esvaziem a área.

As empregadas se moveram como ordenado, enquanto a Qilin no quarto, Rummel, apenas fitou distraidamente o teto enquanto se sentava no chão.

Agrissa falou para Celes.

『Infelizmente, duvido que a Novem tenha posto a mão no Maizel. Apesar de poder estar indiretamente ligado, aquela coisa não pôs uma mão nele. Nesse caso, quem derrotou Maizel foi...』

Celes perdeu a luz em seus claros olhos azuis, e uma ruga agraciou seu cenho.

— Aquele pedaço de merda. Eu até poupei ele porque a Novem falou. Ele vai e mata meu pai... mesmo sendo só restos abandonados... lixo de cozinha...

Agrissa conteve sua vontade de rir enquanto chamava por Celes.

『Você detesta ele, Celes? Então por que não dá a ele toda a dor do mundo? Mas antes disso... você precisa realizar o funeral do seu querido pai. Precisa preparar uma tumba esplêndida para o seu amado pai. Certo... para garantir que seu pai não fique solitário, deveria enterrar várias pessoas com ele. Vamos enterrar dez mil juntos. Se fizer isso, seu pai nunca vai ficar sozinho.』

Ouvindo essa declaração que não poderia ser considerada sã, Celes assentiu.

— I-isso mesmo. Tenho que realizar o velório do meu pai. Tenho que ficar firme ou então... mãe?

— Me dê um minuto, Celes. Um pouco é o bastante. Deixe-me chorar por enquanto.

Vendo sua mãe assim, Celes agiu de um modo que surpreenderia qualquer um.

— E-Eu entendo. Vou esperar. A Celes vai esperar o quanto você quiser.

Se alguém além de seus pais dissessem para Celes esperar, a situação viraria algo terrível. E ela não sentia desconforto nenhum em ser respondida assim por sua mãe.

... Por quê?

Era simples. A existência chamada Celes tinha tendência a aderir aos seus pais. Era o mesmo para Agrissa. Mas com Agrissa e Celes tingidas por suas loucuras, seus pensamentos divergiam daqueles do humano comum.

『... Celes, quer ficar com sua mãe para sempre?』

— É claro que quero. Se não ficarmos juntas para sempre... eu, eu...

Agrissa riu na Joia. Com sua boca se distorcendo, ela falou para Celes.

『Então apenas mantenha ela ao seu lado para sempre. Maizel não conseguiu a tempo, mas desde que colete seu cadáver, não haverá problema. Você já tem controle total sobre “aquela Skill”. Se usá-la, ficará com sua mãe para sempre. Que inveja que tenho, Celes.』

Agrissa, que realmente sentia inveja, também era obcecada com “pais”. Não era como se apenas Septem fosse anormal.

Celes olhou para sua mãe a abraçando.

— ... Entendo. Eureka! Isso mesmo! Mãe, com isso, nós ficaremos juntas para sempre! O Papai também vai voltar logo!

— Celes, do que você está...

Celes se certificou de não causar dor nenhuma a sua mãe enquanto puxava seu florete e cortava seu pescoço. Agarrando-se à cabeça de sua mãe, ela deixou o sangue escorrendo de seu pescoço tingir seu corpo enquanto fazia uma expressão deleitada.

— Juntas para sempre. Para sempre... ah, sim. Temos que coletar os restos do meu pai.

『Então vamos cancelar o funeral? Não, não vi isso faz tempo. Celes, recuperar os restos de Maizel é importante, mas poderia prosseguir com as preparações do funeral por mim? Eu... realmente estou querendo ver dez mil humanos sofrendo.』

Banhada no sangue de sua mãe, Celes afiou sua boca. Ela queria reclamar com Agrissa, mas não era alguém contra quem Celes podia se impor com muita força.

— Tá, certo, entendido. Vou fazer, poxa. Bem, recuperar uma porção do corpo do papai vem primeiro. Eu quero nós três juntos para uma festa logo.

『Uma festa, eh? Eu nunca me canso de você.』

Celes segurou a cabeça de sua mãe com apreço enquanto ativava uma Skill.

— Mamãe... bora, acorda.

A cabeça de sua mãe flutuou pelo ar, seu próprio corpo e sangue próximos sendo reciclado e revertendo. Não, não podia ser chamado de reversão. Ela não estava mais viva.

Mas Claire havia recuperado sua forma anterior.

— Celes, por que está tão suja? Oh, você não tem jeito. Vamos juntas pro banho para eu te limpar.

Ali estava sua mãe, tal como em vida. Celes sorriu.

— Desculpa, mamãe. Mas estou aliviada que com isso, poderemos ver o papai de novo. 

Claire também sorriu.

— Isso mesmo. É um alívio, Celes.

Agrissa soltou sua voz da Joia.

『É realmente agradável fazer uma boa ação. Eu estou querendo ouvir alguns choros de morte e agonia, Celes. E... Lyle, não é? Em pensar que ele rastejou daquele ponto, eu sabia, ele tem algo de especial.』

Celes fingiu não escutar a voz de Agrissa...

— Você não vai mudar de ideia?

Nos calabouços subterrâneos do castelo de Rhuvenns, eu estava cara a cara com Beil. Alguém que uma vez admirei como Cavaleiro, mas agora ele havia emagrecido bastante.

Em sua cela, ele se ajoelhou a mim com uma postura adequada.

— ... Este corpo meu não pode mais servi-lo. Não sou capaz de esquecer tudo e fingir que nada aconteceu enquanto sirvo. A Casa Randbergh jura lealdade vitalícia. Tenho certeza que o Baldoir lhe servirá bem.

Parece que a resolução dele não mudará.

Ele falou de tudo referente aos assuntos domésticos de Bahnseim, e me deixou várias informações. Mas quando propus que mudasse seu nome e me servisse, ele recusou.

— Baldoir trabalha bem. Eu tenho uma considerável dívida com a Casa Randbergh, e...

— Isso é desnecessário! E com sua posição atual, se não passar julgamento àqueles responsáveis, estará plantando as sementes da discórdia. Não posso lhe causar mais problemas. De modo algum!

Por que ele estava com tanta pressa de ir para a própria tumba?

Não poderia viver mais relaxadamente?

O Terceiro soltou sua voz de dentro da Joia:

『... Puxa vida, a Casa Randbergh é séria demais. Ele deveria viver a vida mais relaxadamente.』

Ele soava um pouco mais triste que o habitual.

— ... Não tenho nenhum rancor pessoal contra você. Isso apenas mostra o risco que a Celes representa. E aquela lá é minha irmã. Alguém da Casa Walt. Acredito que você apenas foi envolvido nos nossos problemas.

Beil falou:

— Suas palavras são desperdiçadas em mim. Eu já estou decidido. Seja tortura, ou uma execução incrivelmente brutal....

— Detesto tortura. Eu sou... diferente da Celes.

Eu gostaria de pensar que somos diferentes, mas no final somos iguais? Eu sempre tive essa questão na minha mente.  Sempre tive, mas mesmo assim, quero desafiar a Celes.

— ... Me desculpe por não poder salvá-lo. A responsabilidade é minha.

Minha vida não tinha sido a única distorcida pela Celes. Incluindo o Beil, que estava na minha frente, muitas pessoas foram levadas à loucura.

— Eu realmente me desculpo, Lyle-sama!

Beil deixou suas lágrimas escorrerem, e seus soluços saírem.

Saindo ao terraço do meu quarto, olhei para o céu.

O ar matinal era frio, mas no momento, eu queria a dor que ele causava na minha pele. Normalmente, eu teria tremido nessa temperatura, mas eu não sentia nada no momento.

Senti algum calor atrás de mim. Um casaco tinha sido colocado sobre minhas costas.

— Oh, é só você, Mônica.

Quando falei isso sem me virar, Mônica soou altiva.

— Tentando bancar o legal imerso nas suas merdas sentimentais não combina com um frango como você. Sabe, eu não ligo se você me oferecer algumas palavras amorosas por cobri-lo antes que expusesse todos os seus pontos negativos ao mundo, ao ponto de pegar uma gripe. Um eu te amo é o bastante. Responderei seu chamado com tudo o que tenho! Esta Mônica responderá ao amor do Frangote com força total.

— ... Calada. É porque você vive me pedindo pra dizer que eu te amo que eu nunca posso dizer. Por que não aprende mais sobre as sutilezas dessa área.

Nisso, as marias-chiquinhas da Mônica balançaram ao vento ao mesmo tempo em que ela me fitou com um rosto sério.

— É o dere. O frangote finalmente mostrou seu dere! Eu venci! Eu sabia, esta Mônica é quem vai ganhar no final, afinal!

Abrindo seus braços, Mônica alegremente correu pelo terraço.

— Vencedora? Do que você está falando?

Nisso, Mônica bancou a tímida.

— Oh, certamente está brincando. Estou falando dos pintinhos. Quem você ama mais, e a quem irá confiar o primeiro pintinho. As Valquírias estão tendo uma disputa de facções, uma briga bastante intensa sobre quem vai cuidar deles.

O Terceiro na Joia ficou surpreso, e eu cobri meu rosto com minha mão esquerda também.

『Eh~, as autômato também têm guerras de facção? Que saco.』

— ... Vocês não podem parar de chamar meus filhos de pintinhos? Ou melhor, como foi que chegou a isso? Se eu tocar em qualquer uma agora, tudo vai se voltar para pior.

Mônica pulava de alegria enquanto me falava:

— Infelizmente, é uma estrada sem volta para você. Bem, já que sou sua número um, sua primeira noite e cuidar dos seus pintinhos obviamente deve ser deixado para...

As palavras da Mônica me deixaram pasmo, mas realmente era um caminho sem volta para mim. Entretanto, eu queria evitar a carnificina. Eu apertei a Joia.

Parece que o Terceiro adivinhou meus sentimentos enquanto ria:

『Lamento, não tenho conselho nenhum. Eu finalmente notei, sabe... seu harém já excedeu a dosagem máxima possível. Você deveria procurar um médico.』

... Não é consideravelmente ruim que ele só está percebendo isso agora? Eu já estava sentindo meus limites há muito tempo, não é nada engraçado ele só estar parando para pensar agora.

O Terceiro falou como se estivesse lendo minha mente:

『Eu abri meus olhos. No final das contas, eu prefiro amar uma única mulher ao invés de ter um harém. Colocar as mãos em várias mulheres ao mesmo tempo é o caminho de um bruto.』

Foi você quem forçou o harém para cima de mim! Eu resisti a vontade de berrar isso enquanto acalmava meu coração.

Acalme-se, não é nada que eu possa reverter. Eu não posso mais mudar esse fluxo. A Innis-san me disse: É impossível evitar a carnificina. O importante é fazer com que seja o menor possível.

... Merda! Não importa o que eu faça, apenas carnificina me aguarda, que vida é essa!?

Neste momento.

Eu tive um pressentimento terrivelmente ruim. Esse sentimento de... perda, como eu senti com o meu pai...

— O que é isso?

Não senti nada enquanto olhava em volta. As Skills também não mostraram qualquer reação. Mônica olhava para mim.

— Qual o problema? Ah! Se estiver preocupado com a sua primeira noite, então fique tranquilo. Esta Mônica está instalada com várias...

— Pare com as piadas. Não, estou com essa sensação de perda. Talvez eu esteja me sentindo um pouco triste com a morte do meu pai. Vou descansar.

Dizendo isso, retornei ao meu quarto. Mônica abaixou sua cabeça.

— ... Me tratando como uma piada? Essa atitude de não me cobiçar enquanto me mantém ao seu lado? Que maravilhoso!

Vendo que ela estava tão tenaz como sempre, olhei para fora do terraço. O que exatamente foi aquela sensação?


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