Volume 17
Capítulo 8: Diário Ilustrado
... Shannon mantinha um diário de imagens em seu quarto.
Apesar de não conseguir enxergar, Shannon era capaz de ver o fluxo de Mana. Para ela, letras e imagens fundamentalmente não tinham qualquer significado.
Porém, recentemente, usando tinta e ferramentas de colorir preparadas pela Mônica, ela tinha sido capaz de manter um diário. Miranda disse que já que ela não estava fazendo nada, suas habilidades de leitura, escrita e aritmética regrediriam, então ela foi mais ou menos forçada a escrevê-lo.
Então, apesar de precisar do suporte das Valquírias, Shannon mantinha o diário.
Dia X Mês Y.
Hoje, o Lyle foi perseguido pelo Fidel-san.
Ele falou alguma coisa sobre esquecer da Vera-san ou algo assim enquanto perseguia, e o Lyle ficou se desculpando.
Quando foi liberado, Lyle jurou vingança ao Erhart por entregar sua localização.
Na verdade, quem entregou ele fui eu. Esse foi o mal-entendido do Lyle.
Mas por causa disso, o Fidel-san me deu muitos doces.
Me senti mal por ele, então dei alguns doces pro Erhart. Ele inclinou a cabeça para mim, confuso, mas eu gostaria que ele me perdoasse com isso.
Além da entrada, ela tinha desenhado uma imagem do doce, e uma do Lyle sendo perseguido. E uma do Erhart também.
Mas mesmo dizendo que a Shannon estava recebendo o suporte das Valquírias, talvez ela tivesse um dom para arte, já que suas imagens tinham um certo senso de forma. Ao ler o fluxo de Mana, ela conseguia ter uma compreensão da forma das coisas, pelo menos.
Mas quando se tratava de cor, era meio questionável, enquanto quando se tratava dos detalhes, ela fazia as Valquírias ajudarem-na. Como um aparte, as Valquírias ajudando eram da facção das Irmãs Circry.
— Hah, terminei~.
Quando Shannon se espreguiçou, uma Valquíria falou:
— Suas mãos estão sujas, então limpa elas primeiro. Mesmo assim, você melhorou bastante desde o começo. Com isso, talvez possamos fazer do próprio diário algo melhor.
Shannon colocou seu rosto na mesa.
— Não quero. Falaram antes que três linhas eram o bastante, mas agora não param de aumentar, e estão me dizendo pra desenhar as imagens direito.
A Valquíria secou a página do diário.
— Você não acha que isso vai fazer a Miranda feliz? De todo modo, seu senso artístico foi uma surpresa.
Shannon sacudiu seus cabelos. A Valquíria disse: “Ah, colocou tinta nas suas franjas...”, mas a própria não ligava.
— Eu sabia, eu tenho talento. Viu, sou um gênio. É por isso.
Olhando para Shannon bancando a grande, a Valquíria foi preenchida com um sentimento charmoso.
— Essa confiança e partes inúteis realmente são maravilhosas. Rezo que o pintinho da Shannon seja um híbrido com o mestre, e carregue a inutilidade dela.
Shannon pensava que estava sendo caçoada, mas prestou mais atenção na última parte.
Inclinando sua cabeça.
— Normalmente, não se desejaria que as partes ruins não fossem passadas?
A Valquíria realizou um gesto grandioso. Sua expressão não conseguia mudar, então a impressão que passava era bastante questionável.
— É claro que não! Quanto mais inútil, mais valor existe em servir, não é!? A propósito, Shannon-san, você é a mais popular entre as Valquírias.
Shannon pensou:
(Me pergunto o porquê. Essa avaliação não me deixa nada feliz.)
Enquanto pensava isso, Miranda retornou ao quarto. A razão de parecer tão cansada se devia aos dias consecutivos de reuniões em Beim Sul.
Era uma sequência de reuniões que não iam a lugar nenhum e sem nenhum grande resultado. Era inevitável ela estar tão cansada.
— Oh, terminou seu diário? Deixa eu dar uma olhada.
Miranda pegou o diário ilustrado da Shannon nas mãos, e enquanto lia:
— ... O Lyle estava chorando sobre apontar o Erhart como algo que chamou de Cavaleiro Livre, mas será que a causa é essa?
Shannon continuou segurando o diário para sua irmã?
— Cavaleiro Libre?
Cavaleiro Livre... Cavaleiro ela podia entender, mas não compreendia a parte livre. Nisso, Miranda começou a tirar suas roupas. A Valquíria coletava as roupas descartadas enquanto Miranda se trocava para as roupas íntimas que tinha preparado.
— Eles terão a classe de Cavaleiro, mas são Cavaleiros sem um Senhor, talvez? Veja, a Guilda está completamente sob o controle do Lyle, não é? Então ele trouxe conversas de conferir um título desses a grupos aventureiros e mercenários de confiança.
Shannon achou isso desnorteante.
— Não entendo porque daria uma recompensa quando estava falando de vingança. Ou será que na verdade é uma posição terrível?
Miranda riu:
— Esse não é o caso. Do ponto de vista de um aventureiro, não existe maior prova de confiança. Se é um Cavaleiro reconhecido pelo país. Isso lhe dá uma vantagem em receber serviços governamentais, e a credibilidade que se tem ao realizar um trabalho é de outro nível. Além do mais, para Beim, que não tem nobreza, é tecnicamente a mais alta posição. Bem, do ponto de vista do Lyle, serão Cavaleiros apontados, então os fará trabalharem duro pelo bem do mundo e seu povo, aparentemente. Ainda não está determinado que tipo de recompensa ele preparará, mas pode acabar sendo na verdade bastante problemática. Se fosse eu, recusaria.
Shannon pensou:
(É do Lyle que estamos falando aqui, não tem como ser só coisas boas. Hah, acho que devo me desculpar apropriadamente com o Erhart.)
— Mas fui eu quem entregou a posição do Lyle, sabia?
Quando Shannon disse isso de forma constrangida, Miranda sacudiu sua mão:
— Ah, não se preocupa com isso. Parece que o Erhart na verdade ajudou o Fidel-san também. Lembra como ele teve aquelas aventureiras forçadas pra cima dele da última vez? Ele ajudou o Fidel-san para se vingar do Lyle. E o Lyle não consegue perdoar isso. Se bem me lembro... “Já que estou trabalhando tão duro, você também vai”, acho que ele disse algo assim. Bem, é só um pouco de brincadeiras entre amigos.
Shannon pensou: O Erhart estava sendo o Erhart, e não era como se a raiva do Lyle fosse mal direcionada:
(Eu não tinha que ter dado doce pra ele. Acho que vou reescrever essa entrada no diário.)
Frustrada, Shannon decidiu revisar seu diário...
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— Eu estou trabalhando duro aqui, então você também deveria. E permita-me parabenizá-lo, Erhart.
— Seu bastardo, para logo com as brincadeiras!
Guilda dos aventureiros de Beim Sul.
Naquela Guilda apertada, eu pegava uma pequena medalha que tinha feito um artesão preparar e caminhava até o Erhart. Eu tinha o chamado especialmente para a Guilda.
Mas quando falei com ele, Erhart explodiu de raiva:
— Não compreendo porque você ficaria com raiva. Eu lhe dei uma alta avaliação, e estou apenas lhe prometendo uma recepção consideravelmente favorável. Os detalhes ainda precisam ser determinados, mas preparei o status de um Cavaleiro sem um Senhor para você. Até preparei uma recompensa.
A recompensa na bolsa era... moedas de ouro. Não direi que era muito, mas aos olhos dos outros aventureiros, era uma fortuna e tanto.
— Não faça nada desnecessário! Você está fazendo isso com pleno conhecimento, né!?
— Do que está falando? Mas com isso, você vai ser o Sr. Popular de novo. Parece que realizou seu objetivo que declarou na primeira vez que nos encontramos. Puxa vida, que inveja que tenho.
Na verdade eu não estava com inveja nenhuma. Só estava feliz por ter conseguido assediar ele. Erhart, com sua cabeça preocupada com seus problemas com mulheres... é claro que eu tinha feito isso com pleno conhecimento.
O Terceiro na Joia parecia estar se divertindo:
『Quando se trata de vingança, você precisa fazer o que a outra parte odeia; é assim que o mundo funciona. Lyle, afinal, se não preparar o assédio especificamente para a pessoa em questão, não será vingança. Apenas uma maravilhosa recompensa!』
Eu compartilhava a opinião do Terceiro.
Eu tinha sido perseguido pelo Fidel-san, e o Erhart tinha ajudado ele... esse bastardo. Depois de ter falado que queria um harém, ele teve a ousadia de explodir quando preparei um pra ele.
E ainda por cima, tentou se vingar de mim. Ele pagou a dívida que tinha com hostilidade.
— Bem, com isso, o seu futuro está seguro. Como esperado do aventureiro número um de Beim Sul. Tenho altas esperanças de você. Ah, verdade, verdade... você não pode se recusar a aceitar, tá bom. Esse é o tipo de sistema que beneficia a guilda que produz um Cavaleiro Livre. A Guilda ficará radiante.
Prendo a medalha no Erhart.
Eu tinha alguns protótipos preparados, e tinha selecionado a de aparência mais adequada para trazer. Daqui para frente, isso se tornaria prova de um Cavaleiro Livre.
Cavaleiros Livres não tinham Senhores, e podiam cruzar fronteiras nacionais e proteger os impotentes. Eu gostaria que ele se tornasse a inspiração de todos a todo custo.
O Terceiro falou com uma atmosfera sincera:
『Bem, não é bom só colocar pressão nos aventureiros. É importante mostrar para eles desse jeito que existe esperança.』
Erhart olhou para o fundo do balcão da Guilda. Ali atrás, sua inspiração, Marianne-san estava olhando para nós.
Ela acenava com sua mão alegremente, provavelmente pelo Erhart ter sido premiado com a medalha. Além disso, com meus benefícios para a Guilda, ela deve se sentir feliz do ponto de vista da dona da guilda.
O Terceiro tinha proposto criar uma atmosfera em que ele não pudesse recusar, e olhando para o rosto mortificado de Erhart, fiquei feliz em ver que havia tido sucesso.
... Bem, é uma posição Cavaleira que todos deveriam admirar. Além do mais, garantia um futuro estável, então os aventureiros em volta devem engolir.
Mas talvez o Erhart não quisesse se destacar mais.
Me certificando de que aqueles em volta não pudessem ver meu rosto, agarrei os ombros de Erhart.
Estava ficando quente do lado de fora, e com sua regata, ambos os seus ombros estavam expostos.
— Tenho altas esperanças em você, Cavaleiro Livre Erhart Baumann-kun.
Eu sorri... até eu sabia que estava dando um sorriso detestável, mas não conseguia conter a risada.
Em uma vozinha:
— O que achou da minha retaliação?
Erhart respondeu com um sorriso torto:
— Sim, eu amei. Nunca vou me esquecer disso. Nunca, tá ouvindo.
Em volta, havia as vozes de choro de mulheres. Com suas conquistas em Beim Sul, ele era popular, afinal.
Daqui em diante, ele deve ficar ainda mais popular.
O Terceiro riu.
『É realmente bom realizar uma boa ação.』
Eu também achava isso.
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Alguns dias depois.
Eu assistia os navios vindo ao porto do céu de Beim Sul.
Estava observando Beim Sul das costas de May em forma qilin.
— Lyle, ouvi que brigou com a Novem, já fez as pazes?
May soltou uma voz preocupada, assenti, recebendo o vento frio no meu rosto.
— Já passou de briga. Eu não sei mais o que fazer.
Depois de pensar um pouco, May sacudiu um pouco sua cabeça.
— Humanos realmente são um saco. Pra gente, pegamos a semente do macho mais forte, e é isso.
— ... Não espere esse tipo de relação cândida, ou melhor, árida, de humanos. Se fosse assim que tudo funcionasse, eu não teria que ter tantos problemas com um harém.
Isso mesmo. Se todo mundo fosse tão cândido, eu não teria que me preocupar com as relações humanas dentro do harém.
Nas histórias, quando se tratava de haréns, eles eram algo mais bondoso, ou doce. Ao invés de apenas amargo, parecia claro que um passo errado com o harém significaria sangue. Não, na Joia, elas foram seriamente para cima das gargantas umas das outras.
Um passo errado e seria um mar de sangue.
— Isso seria resolvido se você simplesmente levasse ela pra cama.
— ... É realmente tão ruim querer entender os outros?
Depois de falar com a May, passou um pouco mais de tempo rodopiando meus pensamentos no céu.
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... O diário ilustrado da Shannon.
Nele, uma imagem do Lyle com um rosto completamente vermelho devido a sua bebida com Jules tinha sido desenhada.
Dizendo que estava saindo para beber, Lyle ignorou as tentativas de todos de impedi-lo e bebeu.
Como sempre, ele estava caído antes de terminar seu primeiro copo.
Jules estourou em risadas.
Falou que traria algo mais fraco da próxima.
Ludmila também estava lá, ela ofereceu um travesseiro de colo ao Lyle.
Minha amiga Elza fez uma cara estranha. Mas minha irmã segurou ela.
Foi assustador quando Ludmila e Gracia trocaram olhares.
Esperando o diário em sua frente secar, Shannon o relia.
— Ah é, aquilo aconteceu também.
Ela tinha aprendido a escrever mais precisamente, e suas habilidades artísticas estavam aumentando. Apesar de se sentir envergonhada, ainda assim, estava se tornando seu precioso tesouro ao qual ela adicionava mais a cada dia.
Olhando para fora da janela... não, virando seu rosto naquela direção, ela sentiu a luz do sol contra seu rosto.
A luz do sol quente a fez sentir-se cansada ao invés de aquecida.
A estação havia passado e mudado para o Verão.
A grande reunião de contramedidas a Bahnseim estava sendo realizada.
E após dois meses terem se passado, já era verão. Com o grupo do Lyle priorizando principalmente suprimentos alimentares, Rhuvenns e Beim estavam ambos trabalhando duro.
Shannon estava trabalhando no castelo Rhuvenns, passando seus dias principalmente com trabalhos diversos.
— Quando o Verão terminar, o Outono chegará com a colheita. E então...
E então chegaria a hora da batalha.
A mais forte Casa Walt de Bahnseim tinha caído. Muitos dos países participantes estavam otimistas. Mas mesmo assim, isso não mudava o fato que Bahnseim possuía várias centenas de milhares de tropas.
Mesmo após levantar a tumba de Maizel, Celes continuava suas atrocidades por Bahnseim.
Espetáculos o bastante para fazer alguém fechar os olhos tinham se tornado o dia a dia de Bahnseim.
Dos aliados, havia vozes surgindo para que agissem imediatamente.
Mas era verdade que não tinham comida o bastante para se mobilizarem. Além disso, reviver as ruínas de Beim estava se tornando urgente.
Shannon confirmou que o diário estava seco antes de fechá-lo. Ela colocou a cabeça para fora da janela e olhou afora.
Ela era capaz de dizer a situação circunjacente pelo fluxo de Mana.
Ela olhou para o acampamento do Lyle, mais preparado que antes. Ele havia desmontado o Exército Walt, e o recomposto, apesar de ter havido vários problemas no começo, eles agora tinham se unido sob o estandarte de derrubar Bahnseim.
As preparações estavam ficando prontas...
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