Setes Japonesa

Tradução: BatataYacon

Revisão: Delongas


Volume 17

Capítulo 2: Há um Coelho na Lua


— Paz? Mesmo se me perguntar isso de repente, não tem como eu saber. E espera, e você?

No pátio do Castelo Rhuvenns, Aria realizava seu treinamento diário. Ela costumava parecer apenas bruta, balançando sua lança, pingando seu suor.

Mas agora, eu podia sentir um pouco de sensualidade nisso. Havia cerca de dois anos desde que nos conhecemos, isso significa que a Aria também havia crescido?

— Paz pra mim?

Quando perguntei à Aria sobre paz, ela lançou a pergunta imediatamente de volta para mim. Cruzei os braços. Abaixando um pouco os olhos, eu puxei uma resposta honesta do meu coração.

— Não havendo carnificina entre as garotas, acho que é pacífico.

De dentro da Joia, o Terceiro soltou uma grande risada.

『Ahahaha, é realmente uma questão de vida ou morte!』

E de quem você acha que é a culpa? Bem, eu também sou responsável, então não posso pôr a culpa de tudo nos ancestrais.

Aria se afastou um pouco de mim, me encarando enquanto esfregava seu suor com uma toalha sobre seus ombros, e enfiou sua lança no chão.

— ... Você não deveria pensar nesse tipo de coisa depois que tudo tiver terminado?

— Mesmo que fale sobre depois de tudo terminar... veja, mesmo se derrotarmos a Celes, os verdadeiros problemas são os que vêm depois. Não há dúvida nenhuma de que as coisas ficarão extremamente ocupadas.

Eu queria pensar no que eu poderia fazer no presente estágio.

Aria olhou para mim.

— Bem, mesmo se me falar de paz, eu sequer consigo imaginar. Antes quando eu estava em Bahnseim, havia escaramuças acontecendo em algum lugar todo ano. Alguma guerra de milhares na fronteira, e as crianças estavam sempre falando dos Cavaleiros que participavam delas.

No dia-a-dia, era natural haver alguma luta acontecendo em algum lugar. A expressão da Aria mostrava que paz mundial realmente não lhe caía muito bem.

— Acho que vou começar a pensar sobre isso depois de derrotarmos a Celes. Se não vencermos, então qualquer pensamento que tenhamos despendido nisso terá sido em vão, não é?

“Isso não estava errado” pensei eu, enquanto encolhia os ombros. E Aria falou para mim:

— E então? Fez as pazes com a Novem? Seria problemático se vocês ficarem brigados.

— Não estamos particularmente brigados ou nada do tipo.

Ela falou que seria problemático se minha relação com a Novem piorasse, afiando um pouco suas palavras.

— Agora olha aqui. A razão da Novem conseguir manter o equilíbrio foi por ela ser a mais próxima de você. Se alguma coisa acontecer, aquilo da Novem... a i-influência? Isso vai diminuir. Não me culpe se começarem a enfiar um monte de esposas para cima de você.

Isso seria problemático. Pensei isso enquanto decidia ir conversar com a Novem.

Quarto da Novem.

As Valquírias se punham de guarda enquanto a Novem era mantida em um estado temporário de prisão domiciliar. Originalmente, haveria bastante trabalho para ela realizar, mas eu a tinha feito tirar uma folga e ficar no quarto.

Quando cheguei no quarto, ela começou a preparar chá.

— Não posso preparar aperitivo nenhum aqui. Devo pedir?

O quarto que a Novem usava era mantido limpo, mas mal havia qualquer coisa que ela houvesse trazido consigo.

Parando para pensar, Novem sempre trazia apenas o absolutamente necessário. Eu havia dado a ela vários acessórios como presentes, mas essas coisas ficavam preciosamente guardadas.

— Não, chá é mais que o bastante. Então... o que aconteceu?

Foi como se suas mãos preparando o chá tivessem congelado. O Terceiro na Joia também mostrou reação.

『É raro ver a Novem desconcertada, ou melhor... ela parece se importar tanto assim com aquilo?』

Após preparar o chá no silêncio, ela se sentou no sofá e falou, após tomar um gole do copo que preparara para si.

— ... Os chefes históricos estão escutando também?

O Terceiro não respondeu ao olhar dirigido à Joia.

— Só o Terceiro permanece. Os outros... me confiaram várias coisas e cumpriram seus papéis.

Nisso, a Novem mostrou um indício de sorriso.

— Então eles cumpriram seus papéis? Isso é bom. Mas é um pouco lamentável.. Eu queria conhecê-los algum dia.

De dentro da Joia, o Terceiro, quietamente:

『Eu prefiro não. Ela é um mistério e tanto, essa daí.』

Resolvi perguntar à Novem o que eu queria saber para desviar a conversa da Joia.

— Deixando isso de lado, Novem. É ruim eu almejar paz?

O olhar da Novem caiu ao copo em suas mãos, e quietamente, quietamente ela começou a falar:

— Lyle-sama, o que é paz?

— É uma coisa vaga que eu realmente não entendo. Tentei me perguntar e às pessoas em minha volta, e a resposta que obtive foi que é tranquilidade para si e para aqueles em volta. Talvez humanos possam apenas dirigir seu foco para seus arredores imediatos.

Se alguém e todos em sua volta estivessem em paz, tenho certeza que o resto seria problema de outra pessoa. Mas quantas pessoas exatamente não estariam inclusas nisso?

— Paz é uma ilusão. Vejamos. É algo similar a uma nuvem. Você olha para ela como se estivesse logo ali, e ainda assim nunca será capaz de agarrá-la. Sua forma muda como o fluxo do vento. Ela mal tem uma forma para início de conversa.

Me dirigi à Novem:

— E é por isso que eu não devo almejar?

Novem levantou seu rosto. Ela fez uma expressão séria.

— ... Se qualquer outra pessoa tivesse dito isso, talvez seria um devaneio. Mas saindo da sua boca, Lyle-sama, certamente terá uma enorme influência no futuro. Suas palavras podem ser mal interpretadas, e os humanos vindouros podem usá-las para causar a queda do seu próprio nome.

Eu não sou tão incrível assim. Bem, estou pretendendo ser imperador, e se eu puser minhas mãos naquele assento, tenho certeza que meu nome será deixado nos livros históricos.

Mas até que ponto?

— Mesmo se batalhas inúteis não prosseguirem para sempre, há monstros e bandidos o bastante. Pelo menos, acho que está tudo bem se almejarmos um mundo um pouco mais pacífico. E ninguém pode dizer como as coisas serão em um século, ou até um milênio a partir de agora.

Quando falei isso, a Novem olhou para mim e deu uma risada impotente.

— Digamos que você consiga unificar o continente, e montar um governo estável. O continente experimentará um grande desenvolvimento, e em alguns milhares de anos... não, dados uns cem anos, a humanidade será capaz até mesmo de pôr os pés na lua. Se o Professor Damien e a autômato Mônica-san ficarem sérios, tenho certeza que conseguirão chegar à lua em algumas décadas. Em um mundo desses... Lyle-sama, você acha que monstros e bandidos realmente serão uma ameaça?

De dentro da Joia, em uma voz séria:

『A lua, huh... eu gosto de me chamar um romântico. Espero que encontremos um coelho lá. Se o Quinto estivesse por perto, tenho certeza que teria dançado de alegria. Acha que o coelho na lua será capaz de falar?』

... Eu gostaria que ele ficasse quieto.

— A lua. Bem, se o Damien ficasse sério, tenho certeza que conseguiria fazer muitas coisas. Mas o próprio é um pervertido como se pode ver, então não acho que ele tenha interesse nesse tipo de coisa.

Novem olhou para mim tristemente.

— Não, tenho certeza que os desejos do Professor Damien serão realizados se for para a lua. Sendo mais precisa, acho que ele faria um enorme progresso. Porque lá em cima... ainda há algumas instalações antigas em condições boas o bastante.

— Instalações? Não quer dizer ruínas?

Eu abri minha boca em surpresa, mas não era isso o que eu queria perguntar.

... Por que a Novem sabia de uma coisa dessas? ...

Uma memória da deusa maligna? Enquanto pensava isso, Novem tomou outro gole de chá, e tirou seus olhos de mim.

— Tenho certeza que já ouviu muito na Joia. O quanto você descobriu?

Dei uma resposta honesta:

— Que você é uma deusa maligna... que porta as memórias da deusa maligna Novem, e que a Celes carrega as memórias negativas da deusa Septem. E a razão do seu clã ter se mantido nas sombras da minha Casa, continuando a nos apoiar.

Novem sorriu.

— Se sabe tudo isso, isso acelera as coisas. Isso mesmo. Lyle-sama, você tem o direito de ter este continente nas suas mãos. Tudo antes roubado por Bahnseim, chegou a hora da Casa Walt retomar seu lugar de direito.

Conforme eu tomava o chá, o Terceiro soava desinteressado:

『... Mas sabe, não tem jeito se alguém pulou e atacou nosso ancestral, não é? Mesmo se disse que temos um direito ou algo do tipo, tenho certeza que Bahnseim se zangaria. Ou melhor, se suas posições fossem revertidas, a que melodia cantariam? É isso. Embora eu vá oferecer meu conhecimento para a vitória do Lyle de qualquer jeito. Prosperidade e declínio vêm em conjunto, afinal.』

— Não consigo ver o seu ponto. No final, isso tem relação com paz?

Novem ficou inexpressiva.

— Tem. A humanidade que uma vez saltou da terra e estendeu sua esfera de existência à lua... defrontou-se com uma morte gentil em meio à sua própria paz. Eles foram todos eliminados. E existe uma possibilidade dessa destruição ocorrer de novo pelas suas mãos.

Minha mão tremeu em surpresa. O chá deixado no copo balançou, e prendi a respiração enquanto olhava para a Novem.

— Eles morreram? Não, bem... é verdade que a civilização antiga foi arruinada, mas dizer que foram todos eliminados é um pouco demais.

Se morreram, então como nós passamos a existir? Nisso, a Novem deu um sorriso melancólico.

— Você pode perguntar se quiser. Como que a humanidade morreu? É uma história extremamente idiota, e desinteressante, só para que saiba. Mas não é o que estou tentando dizer. O que a paz trouxe não foi apenas a prosperidade da humanidade, foi a semente da destruição, o fim que todos deveriam ter evitado.

Quando eu estava prestes a abrir minha boca para perguntar, a porta do quarto recebeu uma batida com força extrema. Surpreso, me virei na direção da porta, e antes que eu pudesse responder, a Shannon falou:

— L-Lyle!

— O-o quê foi? Você me surpreendeu! Pare com isso. Não bata com tanta violência numa hora dessas!

O sorriso sombrio da Novem era assustador. Ela era linda, mas isso só deixava desnecessariamente mais assustador. E quando me decidi a perguntar mais, senti uma pressão silenciosa. Ficando surpreso com aquela batida, meu coração estava batendo tão forte que eu podia quase escutar seu pulsar.

— Novem, você vem também! A Mônica recebeu informação nova! A C-Celes...

Ouvindo o nome da Celes, me levantei do sofá.

Então ela vem atacar justo nessa hora? Eu pensei.

Nos reunimos não na sala de reuniões, mas no refeitório que usávamos.

Lá, Mônica e as Valquírias rabiscavam várias imagens em papel. Elas pintavam os detalhes como pintores treinados, mas ao invés de artísticas, o que se destacava era sua estranheza.

Com a minha chegada, as mãos da Mônica pararam. Ao ver as imagens que Mônica e Cia. tinham desenhado, Shannon se escondeu atrás das minhas costas.

— Eca!

O que tinha sido desenhado era realmente infernal.

— O que deveria ser isso?

Quando peguei uma das páginas nas mãos, os rostos de todos reunidos se fecharam.

— Informação das Valquírias despachadas. Parece que a tumba do Maizel foi completada. Foi um projeto de larga escala, e várias dezenas de milhares de pessoas foram movidas para a realização do trabalho. Só de envolvidos, tenho certeza que há algumas centenas de milhares.

Era surpreendente ela reunir mão de obra em tempos agitados assim; Mover tantas pessoas afetaria as colheitas, não importando como se visse. Duvido que ela tenha reunido apenas pessoas da cidade. Eu realmente não conseguia compreender o que a Celes estava tentando fazer.

— Tumba? ... Ei, espera um pouco. Enquanto qual o significado dessa imagem? Por que o meu pai está nela?

O rosto da Mônica estava grave. Ela não parecia estar brincando. Nem jamais tentaria me consolar assim.

— Pelas informações, esse é indubitavelmente Maizel Walt... o pai do frangote.

Exibida ali, era a cena do meu pai inspecionando sua própria tumba. E em uma imagem diferente...

— E essa é a situação. Para que ele não ficasse sozinho, todas as pessoas participantes na criação da tumba se enterraram vivas.

De todo modo, era simplesmente repugnante. Como ela poderia fazer uma coisa dessas?

Quando me perguntei isso, Novem olhou para a imagem nas minhas mãos.

— ... Essa é uma Skill que a Septem fez. Parece que a Celes-sama conseguiu dominar uma porção de Skills.

Eu olhei para Novem.

— Que tipo de Skill? Ela pode ter revivido nosso pai!?

Existe uma Skill capaz de fazer uma coisa dessas? Quando pensei isso, Novem se virou para mim e falou:

— Lyle-sama, deusas e deusas malignas são apenas coisas que as pessoas começaram a nos chamar. Nós não temos esse tipo de poder. É possível que registros de memórias tenham sido extraídos de uma parte do corpo e reproduzidos. Ele pode ser considerado um boneco para a usuária da Skill.

Então ele não tinha voltado. Apesar de achar isso lamentável, por dentro eu também pensava que era melhor assim.

Miranda tomou o comando da atmosfera.

— ... Deveríamos transmitir essa informação para os países em volta de Bahnseim. Isso é insano. Deve se tornar uma justa causa para derrubar Bahnseim.

O Terceiro me falou:

『Lyle, a Miranda-chan tomou controle da situação porque achou que você ficaria deprimido. Não se esqueça disso. E também... parece que as coisas estão ficando grandes demais. A inesperada aniquilação dos antigos. E a Novem-chan que parece saber de tudo... converse com ela.』

Eu compartilhava o sentimento dele. Virei meus olhos para a Miranda.

— Desculpa. Eu que deveria ter dito isso. Mônica, prepare os documentos. E a Eva.

— S-sim?

Digo para Eva, de rosto pálido:

— ... Espalhe uma canção. Quero que cante sobre a inumanidade de Bahnseim. Vou preparar os fundos para isso. Sinto muito, mas vou ter que usar você como puder.

Minha ansiedade apenas crescia ante às ações de Celes, que pareciam existir quase que propositalmente para nos dar uma justa causa.


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