Setes Japonesa

Tradução: BatataYacon

Revisão: Delongas


Volume 17

Capítulo 18: O Cavalo Vencedor


... Um vilarejo um pouco afastado da estrada principal estava turbulento desde cedo.

Os adultos se enfiavam em suas casas com seus equipamentos agrícolas, rezando que nada fosse acontecer.

A cena que um jovem garoto que tinha ido para fora vilarejo testemunhou não era como a de exército nenhum que já tivesse visto antes.

— Mas que infernos é aquilo...

Era como se uma fortaleza estivesse se movendo. Em volta dela, soldados prosseguiam sem descanso na direção de Centralle, com o frio ar matinal um pouco diferente do normal.

Boquiaberto com a vista do grande exército que nunca tinha visto antes, o garoto olhou para o homem de cabelos azuis sobre a fortaleza. Sobre as muralhas esvoaçava uma bandeira branca com um círculo azul em seu centro. Em volta do círculo brotavam enfeites cinzas, e era óbvio que essa era a bandeira sob a qual o exército marchava.

Mas ele nunca tinha visto essa bandeira antes.

O garoto assistia espantado a cena, até sua família vir arrastá-lo de volta para casa...

Eu sentia o frio ar matinal na minha pele enquanto olhava os soldados seguindo pela estrada.

— O ar não está bom. Quando o solo seca, as nuvens de poeira são terríveis. Mas ainda assim, quando chove, nossa energia é roubada.

Olhando em volta do teto da fortaleza, pude ver fumaça branca subindo de perto. Parecia haver algum vilarejo por perto em algum lugar.

Nós havíamos entrado na área sob controle direto da Casa Bahnseim, e continuado nossa marcha. Não houve nenhuma resistência digna de nota, e não houve qualquer sinal de forças deixando Centralle.

De modo algum eles não seriam capazes de reunir suas tropas ao serem invadidos pelos países circunjacentes. Estava mais do que claro que estávamos sendo convidados à capital.

Mas ainda assim, para enfrentar a Celes, teríamos que alvejar a cidade independentemente.

Vera subiu ao teto de casaco.

— Está realmente tudo bem para o nosso líder sair sem qualquer guarda?

Quando ela falou isso e pôs os pés no teto, o vento soprou e sacudiu seus cabelos negros. Suas asas de anjo fluíram com a brisa. Segurando o cabelo com as mãos, ela olhou para as chaminés visíveis do teto.

Vendo a fumaça subir das chaminés, ela assentiu algumas vezes antes de virar seu rosto para mim.

— Ouvi que os outros estão indo para Centralle também. Não há dúvida que lá será o local da batalha final, não é? Eles não deveriam tentar nos enfrentar de um em um?

Sacudi minha cabeça em resposta à preocupação dela.

— Isso não vai acontecer. Eu considerei a possibilidade de que deixariam Centralle aberta para alvejarem uma de nossas forças. É impensável que eles se deixem com falta de pessoa para defesa, e sendo a Celes, ela fará de Centralle o campo de batalha.

— Não parece que está dizendo isso por entender a personalidade da sua irmã.

Observando que minha expressão não era das melhores, Vera me acertou com sua impressão honesta. Então expliquei para ela com uma leve risada.

— Ela definitivamente sentará e esperará. Dependendo de como decidisse agir, ela poderia enviar homens literalmente decessos contra um de nossos pontos cruciais, mas ela não fará isso porque isso seria um incômodo.

Ao invés de incômodo, a atual Celes não dava a mínima sobre vitória ou derrota. Desde que pudesse viver uma vida de luxo, ela não ligava para quantos daqueles abaixo dela morressem.

Não, ela até assistiria aos risos.

— Você pode vencer, não é?

Em resposta à pergunta da Vera, olhei diretamente para frente.

— Venceremos essa guerra. Não há dúvidas disso. Fizemos preparações o bastante para tal. E com os exércitos que recebemos, ganhamos ainda mais folga.

Houve muitos Senhores Feudais que ofereceram auxílio. Por outro lado, apesar de haver Senhores que disseram que não cooperariam, houve muitos casos onde a população deles se juntou ao nosso lado.

Se pudéssemos retirá-los da atual Centralle... da atual Bahnseim, eles ajudariam. Ou talvez estivessem cooperando com nossas forças que eram aqueles com o estoque de comida que eles precisavam para sobreviver.

— A guerra, huh? Então e quanto à parte mais importante?

Ela provavelmente estava se referindo ao confronto direto com a Celes. Eu assenti.

— É precisamente por isso que lançamos essa ofensiva. Lamento, mas não tenho qualquer intenção de começar uma briga se não puder vencer. Decidi marchar porque nosso atual potencial de guerra estava tão completo quanto poderíamos deixá-lo.

Essa era a verdade.

Contando com a Novem como primeira, minhas companheiras que viajaram comigo como aventureiros. E com a Gracia, Elza, Ludmila... nosso potencial de guerra estava pronto. Se fosse um a um, a probabilidade de eu ser derrotado era alta, mas tudo o que isso significa é que não faríamos essa batalha ser um a um.

— Não importa se ela é minha irmã ou só uma garotinha. Nós vamos cercar e bater.

Vera encolheu seus ombros.

— Essa é a pior frase que já ouvi o dia todo, mas é a opção mais segura. Fico aliviada que não vá mostrar sentimentos fraternais ou seu orgulho de homem.

Vera pareceu aprovar minha decisão. Mas como pessoa, eu devo dizer que devo dizer que é algo bastante deplorável. Já que eu era incapaz de vencer minha irmãzinha, iria para cima dela com minhas várias namoradas. Era praticamente isso o que eu estava dizendo.

— Pessoalmente, eu teria gostado de ser capaz de resolver isso sozinho.

Pessoalmente, eu gostaria de impedir a Celes com minhas próprias mãos... e apenas as minhas. Mas isso era impossível em termos de habilidade.

— Se você falar uma coisa dessas e perder, eu vou te amaldiçoar pelo resto da minha vida. Abandonar uma batalha vitoriosa por razões pessoais é coisa de tolo. Bem, eu também não odeio esse tipo de coisa.

No entanto, Vera disse que definitivamente odiaria se eu estivesse nessa posição.

— Caso você não vença, não haverá amanhã, então não vou permitir que pegue leve. Do jeito que as coisas estão indo, não há nada de bom em deixar sua irmãzinha continuar existindo. Pra mim a emoção seria maior se você simplesmente acabasse com isso em um instante.

Provavelmente esse era o jeito da Vera me encorajar.

— ... Minha intenção é essa. Tenho promessas a manter.

Quando apertei a Joia, Vera olhou entre ela e eu.

— Você conseguia ouvir as vozes dos seus ancestrais, não era? Todos eles se foram? O que me lembra, ouvi eles antes no navio.

— Ah, parando para pensar, você ouviu.

Fiquei nostálgico ao me lembrar de quando ela ouviu as vozes deles.

— Nunca notei que eram as vozes dos seus ancestrais. Então é uma promessa com eles?

Tinha isso também. Mas a pessoa número um era outra.

— Não, para alguém que foi como um irmão para mim? Embora eu ainda não aceite isso.

Soltando a Joia, virei meus olhos para Centralle.

... O Exército de Lyle se aproximou da capital.

Vários aristocratas tinham vindo para pular no cavalo vencedor. Aqueles em busca da sobrevivência de suas Casas. Aqueles que tinham fugido de Centralle.

Aqueles que queriam ser reconhecidos como nobres.

Eles tinham vindo buscar audiências com o Lyle. Mas fundamentalmente o Lyle não queria mais tropas do que já tinha.

Era bastante difícil quando eles queriam gratidão por simplesmente participar.

No meio de tudo isso, Ralph Circry tinha entrado em contato com sua filha, Miranda.

Trazendo seus pés a uma barraca próxima da fortaleza ambulante, ele havia chamado pela Miranda.

Então Miranda levou seus guardas consigo, desembarcando da monstruosidade mecânica, entrou na barraca e cumprimentou seu pai.

— Já faz um tempo, Miranda.

— É verdade. Não desde o depósito, talvez? Na época eu fui abandonada por um certo alguém que comprou um Hipogrifo confundindo com um Grifo.

Com sua expressão imutável diante do sarcasmo da garota, Ralph entrou diretamente em suas exigências.

— Solicito abrigo seguro para um grupo de nobres imperiais que fugiram de Centralle. Eles cuidaram de mim, mas há uma porção de Casas entre eles que também cuidaram de você. E eles têm suas próprias tropas. Se adicioná-los às fileiras, irão fazer tudo o que...

No entanto, Miranda rejeitou a exigência com um sorriso.

— A este ponto, não temos necessidade nenhuma de soldados que não podem lutar direito. Teremos problema mesmo se estiverem transbordando experiência de batalha. Se houver problemas com a cadeia de comando, será o mesmo com minha unidade pessoal também. Se quer seguir em frente com isso a todo custo, irei posicioná-los como bucha de canhão na vanguarda.

Sua expressão não se desfez ante a atitude de sua filha, Ralph fez uma expressão séria.

— Se deixá-los ajudar, haverá méritos para você. Você não tem nenhuma força decente protegendo sua retaguarda. Mesmo se for a mulher do líder, sua posição é fraca. Mesmo se forem criar um novo país por conta própria, precisarão de oficiais civis experientes. Já que eles são de Bahnseim, serão úteis ao líder. Ele não pode chamar oficiais de terras estrangeiras, pode?

Em outras palavras, ele arranjaria oficiais civis para fortalecer a posição da Miranda. Na realidade, esse era o ponto fraco do Lyle.

Era um mérito enorme para Miranda. Caso obtivesse oficiais civis e cooperasse com eles, ela se tornaria alguém que o Lyle não poderia ignorar.

No harém do Lyle que consistia em grande parte de pessoas com foco militar, isso possibilitaria dar um passo, ou até dois, à frente.

— Vejamos. Isso é bastante sedutor. Mas não.

Miranda ainda mostrou rejeição.

— ... Pensei que você fosse mais esperta que isso. Você vai priorizar seus sentimentos acima dos interesses?

Miranda falou com um sorriso:

— Sentimentos? Não estou rejeitando porque te odeio. Eu quero oficiais civis tanto que latiria como um cachorro por eles, e quero ser capaz de enfrentar a Lianne. Nós precisaremos de oficiais civis no futuro. Mas depois de calcular meus próprios interesses, determinei que são desnecessários.

Vendo o leve estremecer do cenho de Ralph, Miranda pôde sentir que seu pai estava confuso.

— Você não parece entender bem quais são meus interesses. Meus interesses são os melhores interesses para o Lyle. Então, alguma coisa disso beneficiará o Lyle? Se quem estiver me apoiando forem um bando de oficiais civis que seguirão com o jeito antigo de Bahnseim... Eles seriam apenas problemas, não seriam?

O objetivo do Lyle era governar o continente. Por causa disso, várias partes dos métodos de Bahnseim não funcionariam.

E mesmo o Lyle sendo capaz de várias coisas, ele ainda era jovem. Havia uma possibilidade dele ser manipulado pelos nobres que passaram a vida inteira como oficiais civis.

Não havia como afirmar que nenhum trapacearia com os papéis para encher os bolsos. E mesmo se fossem pegos, o fato de serem parte da facção da Miranda faria com que fosse difícil que o Lyle fizesse algo a respeito. No pior dos casos, havia uma possibilidade de causarem problemas em qualquer área que ela não estivesse de olho.

Circunstâncias assim eram o maior demérito.

— Não darei tratamento preferencial só porque é minha Casa. Não quero escolher meus oficiais com base em conexões neste período importante da formação das fundações. Eu quero seguir enfatizando personalidade e habilidade.

Mesmo se forem posições administrativas vitais, preenchê-las com conexões seria um extremo demérito para o Lyle.

Naturalmente, Ralph estava pensando em utilizar a posição de Miranda para ter uma enorme facção de oficiais civis. E Miranda tinha visto através disso.

— Se não construir uma forte fundação agora, será uma pária pelo resto da vida.

Ouvindo as palavras de Ralph, Miranda riu:

— Se for em benefício do Lyle, eu não ligo.

Ralph a fitou, e começa a persuasão.

— Há horas que problemas surgem por falta de conhecimento e experiência. Não tem como os oficiais que serviram ao país de Bahnseim durante sua longa história não serem de utilidade.

— É verdade. Mas veja só... esse mesmo país está perecendo, não é? Está querendo dizer que há alguma razão para seguir religiosamente o mesmo caminho que um país caído?

— ... Você despreza tradição?

— Não odeio. Mas não recomendo as daqueles que aparecem no último minuto exigindo receber todas as partes boas. Bem, já que somos parentes de sangue, irei pelo menos mediar um pouco por você. Então escolha... prefere ser simplesmente abandonado, ou quer que a Casa Circry permaneça como aristocratas, por assim dizer?

Com as palavras de Miranda assim que pensou que ele não tinha mais madeira para boiar, Ralph se levantou.

— E para onde você está indo?

Ralph se virou e respondeu à pergunta dela.

— Você não é a única. Apesar de não inspirar muita confiança, dependerei da Shannon. Ainda posso criar um pedestal para ela, já que aquela lá também é mulher do líder. Embora ela não tenha seu nível de talento.

Se a Miranda não servia, ele se voltaria para Shannon. Miranda acenou sua mão.

— É mesmo, boa sorte então, pai.

Ela se despediu dele com um sorriso.

— Hah, todo dia, todo dia, por que é que sou eu quem tem que lidar com eles? Já estou tão ocupado e eles ficam perguntando “Saudações, como estás neste dia?” com aquele tonzinho pomposo... Não conseguem dizer só de olhar!? Por favor, aprendam a ler a atmosfera.

Conforme nos aproximávamos de Centralle, os caras que apareciam diante do nosso exército para ganhar favor comigo aumentavam. Brigadas de mercenários também tinham se aproximado de nós, e até aventureiros se reuniram.

Minha posição como ex-aventureiro talvez tenha influenciado isso, já que eles pareciam decididos a enfatizar isso.

Em um quarto, eu me cobria enquanto sentava na cama, quando Shannon entrou no quarto.

— Ei, hora de comer.

Quando me levantei, senti o frio na minha pele. A fortaleza ambulante tinha uma oficina de ferro que usava fogo, então era muito mais morna do que seria do lado de fora.

Mas ainda assim eu sentia frio. Eu tinha ficado tempo demais em um lugar quente que meus sentidos estavam ficando estranhos.

— Entendido, já estou indo. Espera, o quê?

Me lembrando de algo, tentei chamar a Shannon.

— Você não foi chamada hoje?

Não era ao mesmo nível que eu, mas havia muitos que tinham solicitado audiências com minhas companheiras também. Até a Aria foi inundada por pessoas que diziam ser parentes, ou que tinham cuidado dela.

Era o mesmo com a Eva. Ela não era apenas a representante dos elfos, ela era tratada como uma representante dos semi-humanos em geral.

Clara era principalmente chamada por seus associados estudiosos, e de sua cidade natal de Arumsaas. Na maioria dos casos, era isso o que era enfatizado.

No meio de tudo isso, já que era a irmã da Miranda, Shannon era um raro caso que nunca recebia pedido de audiências.

— ... Oh, me falaram um monte de coisas, mas eu realmente não entendi nada, então falei que ia passar.

Uma resposta que combina muito bem com ela.

— Não diga nada que os faça te odiar. Tente rejeitá-los gentilmente.

— Mas isso significa que ainda vai ser uma rejeição no final.

— É melhor do que irritá-los de uma forma estranha. O ponto principal é: esses que não conseguiram notar o rumo dos tempos até agora, contrariamente, acabam sendo assustadores, não dá para dizer o que eles vão fazer. E ainda assim, eles ficam soltando a boca desnecessariamente... hah, é um desperdício de tempo. Que estória é essa de correr em nosso auxílio? E ainda assim, nem têm comida própria. Isso é só extorsão.

Eu entendia que as audiências eram importantes, mas não conseguia deixar de soltar minhas reclamações. E havia realmente muitos que se estendiam por horas em coisas que eu não conseguia me importar menos.

Por eles realmente acreditarem que isso ajudava o apelo de seus casos que piorava mais. Eu conseguia entender o desespero deles de pular para o cavalo vencedor, mas...

— Consigo entender como a realeza sente quando as pessoas vêm exigir dinheiro deles. Se não impormos restrições, esses pedidos vão virar algo terrível... qual o problema?

Shannon não tinha sua energia de sempre. Apesar de falar normalmente, ela parecia um pouco triste, ou melhor, desgastada.

— O que é que você não gosta que está sendo servido hoje? Você não vai pegar minha sobremesa.

Quando ela olhou para o meu rosto, fez uma expressão irritada e sacudiu sua cabeça de lado.

— Ignorância é uma bênção. Em troca dessa bênção, vou pegar seu pudim.

— Espera aí! Por que você sempre vai atrás do meu pudim. Para com isso. Por que não vai atrás do de outra pessoa ao invés do meu!?

Nisso, a Shannon pareceu ficar seriamente zangada. Com uma expressão séria:

— Nem pensar! Com você termina como uma brincadeira, mas se eu for atrás do de qualquer outra, não vai terminar só em guerra! Estou fora disso! Não importa o quão delicioso seja, não vou apostar minha vida por um flã!

— Mas o meu não tem problema!?

Após berrarmos e fazermos bagunça, tive a sensação de que um pouco mais de energia tinha retornado à expressão da Shannon...


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