Volume 17
Capítulo 17: Adorável Celes, Amável Lyle
Depois de sermos atacados pelos homens que tinham se tornado feras, colocamos seus corpos lado a lado ao lado da estrada.
Já que não podíamos deixá-los sem vigilância, foi decidido que os incineraríamos. Não podíamos realizar uma investigação detalhada aqui. E não tínhamos tempo para fazer um desvio.
Ao lado dos soldados cavando buracos no chão, chamei a Shannon e May para conferirem os corpos. Todos tinham suas cabeças decepadas, tendo sido arrancadas em um único golpe.
Esses monstros que estavam em algum ponto entre homem e fera tinham perecido naquele único golpe do cajado, transformado em foice, da Novem.
May olhava para os corpos.
— ... Sinto algo desagradável. Um mau pressentimento. Não pude sentir as presenças deles também, mas certamente estavam se movendo.
May ponderava de braços cruzados, parece que ela também não tinha sentido eles. Mas após Shannon olhar seus corpos, cobriu seus olhos com as palmas das mãos.
— Eles não estavam vivos desde o começo. E alguma coisa dentro deles inchou e virou outra coisa completamente diferente. Realmente dá nojo.
Tanto May quanto Shannon sentiam desconforto. E Shannon disse que não estavam vivos desde o começo.
Observei os corpos que não pareciam que reverteriam ao normal.
— Foram propositalmente posicionados para atacar.
Talvez fosse a mensagem da Celes. Não para mim, que havia começado minha invasão. Disso eu tenho certeza... Tenho um leve pressentimento de que era uma mensagem para a Novem.
O desconcerto que a Novem mostrou quando avançou, somado com sua ausente calma normal. Isso tinha um significado para a Novem... E talvez sua nuance fosse a de uma declaração de guerra.
Na verdade...
— Novem, o que acha disso tudo?
Novem, que esteve ao lado de olhos abaixados aos corpos, se virou para mim sem expressão. Ela não parecia ter escutado as palavras da May ou Shannon.
— ... Sim, acredito que seja como disse. Não há como alguém pensar que conseguiriam nos enfrentar com esses números. Então dá para se considerar isso como um ataque deliberado.
Levei minha mão ao queixo, deixando meus pensamentos circularem.
— É coisa da Celes, então não tenho ideia do significado. Pode ser uma simples provocação, ou algo que pensou por um capricho.
Mesmo não havendo significado nenhum, tentar fazer porque era divertido era como a Celes fazia as coisas.
Também considerei que uma ação dessas tinha vindo com um aviso específico para nós.
Nisso, Eva retornou com os elfos negros encapuzados de dentro da floresta.
— Lyle, não tem nada de estranho em volta. Muito pouco de qualquer coisa, na verdade. Com tantos números, é simplesmente anormal não haver traço nenhum deles aguardando de tocaia. Embora eles possam simplesmente terem chegado em boa hora.
Se eles estivessem ficando na floresta, pelo menos, deveria ter havido traços pequenos disso. Onde descansaram. Considerando a estação, acender uma fogueira seria uma necessidade. Estoques alimentares também seriam necessários. Excreção era inevitável.
Ouvindo que não havia sinal de nada, olhei para a Shannon e May.
— Então a conclusão realista é que eles realmente não estavam vivos. Parece que a Celes deixou a humanidade.
Todos os meus maus pressentimentos estavam acertando o alvo, e do jeito que as coisas estavam indo, talvez fosse apenas uma questão de tempo antes da Celes ser tomada pela Agrissa.
E ela parece ter posto as mãos na droga para transformar humanos em monstros e a completado. Era quase como se ela estivesse exibindo o produto completado.
— ... Enterraremos eles depois de queimá-los. Se não precisássemos nos apressar, teria gostado de realizar uma investigação mais detalhada.
Dei um olhar para a Novem.
A pessoa que havia pedido a incineração e enterro tinha sido a Novem. Se aquela que tinha algum conhecimento disso fez essa escolha, esse sem dúvidas era o método adequado para se livrar deles.
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... Centralle, capital de Bahnseim.
— Hah, estou ficando entediada. Construir a tumba do papai e enterrar umas dezenas de milhares foi divertido, mas...
Ela se sentava no trono na câmara de audiências, apoiando seu cotovelo no braço do trono, e descansando seu queixo na mão. Apesar dela mostrar um comportamento desleixado, aqueles que a viam estavam encantados.
Por enquanto, ela estava entediada, então enfileirou os ministros desde cedo e criou uma atmosfera como se fosse começar uma cerimônia ou algo assim.
Mas em algum ponto pelo caminho ela tinha perdido interesse.
— Pensei em dar alguma ordem aleatória na cabeça, mas isso é chato. Estou cansada dos Cavaleiros lutando até a morte, e aqueles sem força de vontade quando são torturados simplesmente comemoram, então não é nada divertido.
Seu próprio poder... um poder próximo à habilidade de Septem, era algo que fascinava humanos.
Por conta disso, havia muitos humanos que sinceramente achavam ser algo correto serem mortos por ela. E realmente, quando ela tentava torturar, a dor deles sempre se transformaria em alegria no final.
Quanto mais forte seu poder se tornava a cada dia, mais forte essa tendência se tornava. Mesmo se ela não ligasse para isso, aqueles em volta confiariam e dependeriam dela. Venerariam ela.
No entanto, Celes nunca pensou em tentar suprimir esse poder.
Da Joia no cajado em suas mãos, ela pôde ouvir a voz da Agrissa:
『Então já cultivou tanto do poder da Septem no seu corpo? Você é tão maravilhosa quanto pensei, Celes. Até eu não tinha crescido tanto assim na sua idade.』
Sem prestar qualquer atenção às pessoas em sua volta, Celes a respondeu. Aos olhos daqueles em volta, era como se ela estivesse falando sozinha, mas ninguém jamais acharia isso estranho.
O que a Celes estava fazendo era o correto. Não importava que vida fosse irracionalmente tomada, se a Celes o fizesse, era justiça para eles.
— Quando o poder fica mais forte, tudo fica mais chato. Foi por isso que você pensou em todas aquelas ideias?
Agrissa, cujas atrocidades eram bem conhecidas, deu uma risada chiada. Não importava o quão rudemente Celes se dirigisse a ela, Agrissa não ficaria zangada. Se fosse qualquer outra pessoa, ela lhe mostraria o inferno em terra.
『Tédio também é veneno para mim. E odeio ter que ficar me segurando. Tempo passado esperando aqueles humanos aumentarem em números é tempo desperdiçado. Mas eu odiava fazer as coisas em pequena escala... parando para pensar.』
Agrissa dentro da Joia deixou sua bela boca se distorcer. Apesar de bela, ela abriu sua boca ominosamente em um sorriso de lua crescente, e riu enquanto falava:
『Aquela época foi divertida. Adorável Celes, quando seus ancestrais vieram contra mim. A Novem da época estava apoiando dos bastidores, ou talvez fosse a mandante de tudo, mas eles se opuseram a mim e me desafiaram para a batalha. Para mim banhada em meu tédio, foi a melhor coisa do mundo.』
Mas em contraste à Agrissa, Celes ficou de mau-humor.. Uma ruga agraciou seu cenho, enquanto ela cerrava seus molares.
— Aquele inseto. Aquele maldito imbecil... aquele lixo sem nada além da afeição da Novem, o mero fato dele se opôr a mim é irritante. Eu poderia dar toda dor do mundo a ele, e não seria o bastante. Eu poderia matá-lo e matá-lo, repetidamente, de novo e de novo, e não ficaria satisfeita. Por simplesmente estar vivo, ele arruína o gosto do ar que eu respiro. O mero fato dele existir me irrita. Ei, quando é que eu finalmente posso matá-lo?
Quando a Celes ficou inexpressiva e de tom monótono no final, Agrissa riu:
『Ei, tem alguém por aí capaz de arrancar tanta emoção de você. Simplesmente matá-lo não seria nada divertido. No começo, eu odiava aquele homem. Mas alguém que atraiu tanto da minha atenção... Adorável Celes, seu ancestral Lyle foi o primeiro.』
Ouvindo isso, Celes levantou seu cajado alto, e o desceu. O braço do trono foi mandado voando, e até o chão de pedra foi despedaçado.
— ... Estou dando minha atenção a ele? Bem, sim, estou. Mas ao contrário de você, eu não chamaria isso de amor ou afeição. Nada além da minha repulsa inflama contra aquela coisa. Você sabe o quão doloroso é para mim a existência daquela coisa?
Agrissa parecia gostar de assistir as reações da Celes.
『Você nunca vai mudar, não é? Mas é isso o que é tão adorável. Pois bem, aproveitando o assunto... esse Lyle dos tempos atuais desafiou você para uma briga. Por que não se prepara para recebê-lo?』
Nisso, uma leve irritação passou pelo rosto da Celes.
— ... Tem certeza que não tem problema provocar a Novem? Mesmo depois de ter me dito até pouco tempo para nunca colocar as mãos nela?
O rosto da Agrissa ficou sério na Joia.
『Sim, está tudo bem. É como destino. E no seu estado atual, é mais do que capaz de enfrentar a Novem. Não tem necessidade nenhuma de ser modesta quanto na época que negociou com ela. Você odiou aquilo, não foi? Fugindo assustada de medo sempre que ela vinha à mansão? A razão de eu falar para não matar ele foi porque ele estava nas mãos da Novem. E você teria se sujado caso a Novem descobrisse.』
Atiçada por Agrissa, Celes esmagou o braço restante do trono com sua mão esquerda.
Aos olhos daqueles em volta, apenas parecia que a Celes tinha ficado de mau-humor de repente.
— Eu estava com medo? Não vem com essa. Eu só o não fiz porque você falou para não fazer! Eu, com medo? Que piada. Você entende sua posição aqui? Você não é nada além de boa boca tagarela.
Agrissa riu de dentro da Joia.
『Não fique tão zangada, minha adorável Celes. E estou dizendo que agora você pode vencer. Se for agora, você pode derrotar até a Novem.』
Celes se levantou e espremeu sua voz:
— De agora em diante, todas as tropas devem se preparar para interceptar as forças inimigas em Centralle! Escutem bem, matem todos sem deixar um único rato sobreviver. Estou indo dormir.
Dizendo que iria dormir tão cedo pela manhã, Celes deixou a câmara de audiências. O Príncipe da Coroa, Rufus, correu atrás dela. De cabelos ruivos encaracolados, ele começou a falar ao deixar a câmara com Celes, enquanto os guardas cercavam os dois.
— Celes, não me deixou dormir com você nenhuma vez ultimamente. Somos marido e esposa, então por que não me ama um pouco?
Olhando para o rapaz implorando para ser mimado, Celes se irritou. Para Celes, Rufus era uma existência desnecessária.
Mas havia um único ponto em que ele tinha valor. Não sua posição como Príncipe da Coroa. Para a atual Celes, a Casa Real e linhagem real não tinham qualquer significado.
Mas sua presença irritava a Agrissa. Apesar de sempre estar atiçando a Celes, Agrissa odiava Rufus.. odiava a linhagem real de Bahnseim. Então a eles o tinha deixado livre. Ela não pôs as mãos na Casa Bahnseim. Ainda estavam todos vivos.
— Hoje vou dormir entre minha mãe e meu pai. Se eu ficar com vontade quando anoitecer, eu te acompanho.
Mas Rufus persistiu.
— Por favor, espera, Celes. Eu não ligo com quem você dorme. Você é uma pessoa tão maravilhosa assim para isso. Mas eu sou o seu marido. Só um pouco é o bastante. Um pouco é o bastante, então...
Vendo a que ponto o Príncipe que antes tinha sido tão popular com o povo havia caído, o astral de Celes melhorou um pouco.
Em contraste, Agrissa ficou de mau-humor.
— Você está certo. Vou considerar um pouco. Tenha expectativas para de noite.
Quando Celes partiu, Rufus ficou deleitado. Ele foi para seu quarto dizendo que iria se preparar.
Agrissa se virou para Celes.
『Está mantendo um homem de Bahnseim como mascote? Tenho certeza que já falei para matar ele.』
Ouvindo essa voz, Celes sorriu.
— Se dei a ele apenas expectativas, não é fardo nenhum para mim. E se isso te irrita tanto, tem certeza que já não se apaixonou por ele?
Com a refuta de Celes, Agrissa ficou ainda mais mau-humorada enquanto sorria.
『Esplêndida, adorável Celes. Realmente aprendeu a abrir a boca. Mas eventualmente...』
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Me encontrando com a força principal, recebi um relatório do Baldoir.
Em uma sala da fortaleza ambulante, eu lia o documento enquanto conversava com ele.
— Talvez sua viagem para casa tenha sido uma ação desnecessária. Foi uma decisão que tomei por conta própria, mas parece ter aumentado seu fardo, tens minhas mais profundas desculpas.
Quando ele se desculpou, eu falei de modo desinteressado.
— Caso os soldados da Casa Walt ignorassem nossas defesas e atacassem da retaguarda, nossas perdas aumentariam. Havia razão o bastante. Não se desculpe.
Mas eu havia me decidido em uma certa coisa.
— Porém, é melhor eu nunca mais voltar para lá. Minha mera presença seria um peso enorme para muitas pessoas lá.
E em termos práticos, o território da Casa Walt não servia como uma base para governar todo o continente. Se algum trabalho fosse empregado, seria possível governar de lá, mas isso levaria tempo.
Considerando a escala continental, a localização era ruim.
Talvez Baldoir compreendesse isso.
— Então montará sua próxima base em Centralle?
Centralle definitivamente tinha muitas das condições. O Reino de Sentras que havia unificado o continente antes de Bahnseim também tinha sua capital lá.
Terminando o relatório, me espreguicei.
— Honestamente, duvido. A Mônica falou de várias coisas interessantes, então talvez seja uma boa ideia aceitar a proposta dela.
— A Mônica-dono? Ela não falou nada exagerado demais, falou?
Quando Baldoir pareceu ansioso, lancei um sorriso:
— Ela só falou que se vou criar meu próprio país, deveria criar uma nova capital. Bem, não é má ideia. Quando se pensa no pós-guerra, isso pode ser mais fácil que restaurar as ruínas.
Me levantei e abri a janela da sala. Pude ver o espetáculo das numerosas barracas levantadas em volta.
As forças aliadas estavam chegando aos montes, e uma força excedendo seiscentos mil já tinha se reunido.
Baldoir olhou na minha direção.
— Uma nova capital, não é? É verdade que parece mais fácil. Se os relatórios devem ser acreditados, haverá alguma a se instalar em Centralle.
Os relatórios do Rauno após chegar em Daliem tinham provado corretas minhas expectativas. Os mortos tinham voltado à vida, ou talvez estivessem sendo controlados pela Celes.
Centralle tinha se tornado uma cidade dos mortos.
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