Setes Japonesa

Tradução: Batata Yacon

Revisão: Delongas


Volume 15

Capítulo 12: Uma Lâmina Impiedosa


... Acima da muralha cercando Beim, havia soldados disparando flechas.

Mas diante do exército de Bahnseim que os cercava de todos os lados menos o porto, mesmo se eles possuíssem arcos e armas de fogo, não conseguiam realizar qualquer ataque coeso.

Quando se tratava de ataques mágicos, parecia que era Beim quem estava empurrando. Os magos habilidosos entre os aventureiros disparavam, uma após a outra, as magias de que se orgulhavam. E Bahnseim podia apenas resistir, ocasionalmente enviando contra-ataques mágicos próprios.

Se as coisas continuassem assim, Bahnseim seria eventualmente explodida com magias? A moral de Beim recuperou-se levemente.

O líder de um grande grupo aventureiro tomando o comando no local lutava ousadamente no ponto onde a ofensiva de Bahnseim era maior.

— Bora mostrar pra esses cães de Bahnseim! Os monstros que a gente enfrenta todo dia dão mais medo que eles!

Isso não estava errado. Mas era uma declaração que esquecia quem eles deveriam temer mais.

Bahnseim resistia enquanto seus membros de grupo disparavam uma magia ou flecha após a outra. Enquanto empregavam um escudo mágico, eles se esforçavam ao máximo apenas para resistir aos ataques... ou assim parecia...

... Quartel-general de Bahnseim para a força de invasão de Beim.

Nela, os generais se reuniam, ouvindo as explosões e sentindo as ondas de choque enquanto realizavam sua reunião.

Nem mesmo um entre eles exibia medo diante do assalto intenso de Beim. Ainda mais que isso, eles até mesmo mostravam relaxamento.

O supremo comandante abriu sua boca:

— Pois bem, esse povo de Beim está motivado, mas tenho certeza que podemos seguir como sempre. Porque mesmo se apenas ficarmos esperando aqui, o inimigo irá se exaurir sozinho.

Um dos generais falou:

— Temos barcos preparados para atacar do mar. Foram saqueados de um vilarejo com costa, mas levará algum tempo até se acostumarem.

O comandante assentiu.

— Deixem eles treinarem bem. É melhor do que se apressarem e levarem um tombo. Nossa força superior apenas precisa colocar pressão nos inimigos daqui. Vendo como não estamos caindo não importando o que façam, quanto tempo levará até o espírito de Beim se dobrar...

Um Cavaleiro líder de brigada reportou a situação dos arredores.

— Beim supostamente recebeu um número considerável de refugiados das vilas e vilarejos em volta. Tenho certeza que eles têm comida o bastante, mas realmente podem resistir com tantas bocas para alimentar... e eles nunca experimentaram uma guerra dessa escala antes. Eles podem ser surpreendentemente frágeis.

Beim tinha usado seus mercenários para intervir em guerras em prol de sua própria prosperidade, mas a cidade em si nunca havia se deparado com uma situação onde teve que experimentar guerra em primeira mão. Não havia líder nenhum entre eles com experiência em batalha nessa escala, e o lado de Bahnseim estava ciente de que Beim ainda havia de pensar em qualquer método efetivo.

Não, eles podiam sentir em seus ossos.

— Eles deveriam ter procurado por um general aposentado, e investido seu dinheiro para obter os ensinamentos dele. Não entendo por que Beim não tomou uma precaução tão simples.

Quem respondeu a questão do supremo comandante foi um jovem general.

— Eles não estavam subestimando a situação? Mesmo eles tendo intervindo em guerras em volta, a maior parte delas eram de pequena escala. Pelo que ouvi dos vilarejos saqueados, eles estão colocando confiança demais nas habilidades dos aventureiros. Por acaso eles pensam que cada um vale por mil?

Aventureiros que enfrentavam monstros... a população de Beim entendia muito mal as habilidades deles. Era a mesma coisa para os mercadores com negócios em Beim.

Um dos generais riu:

— Valer por mil, eh? Eu quiria sê isso quando era novim. Mas o mundo num é tão mole. Não há um único incompetente aqui que forçaria todo o fardo para uma pessoa com uma habilidade dessa na lâmina, supremo comandante.

Batalhas dependentes de um único excepcional, falando isso de outra maneira, desde que esse alguém fosse perdido, eles desmoronariam facilmente.

Se os aventureiros eram a força de Beim, eles apenas precisavam esperar que o coração desses aventureiros cedesse. O supremo comandante deu um leve sorriso.

— Isso mesmo. Pois bem, será que o coração de Beim cederá primeiro, ou os planos que preparamos serão postos em prática primeiro? Apostemos, cavalheiros.

Os generais de Bahnseim soltaram gargalhadas...

Tarde da noite.

Recuando um pouco, eu me deitei agarrando a Joia. Eu havia comido, limpado meu corpo, e quando entrei na cama, fechei meus olhos. Nós havíamos tomado medidas com antecedência. May também deve estar preparada. Senti a sensação da minha mente entrando na Joia, e quando abri meus olhos a seguir, estava na sala da mesa redonda da Joia.

O Quinto aguardava por mim, sentado na mesa. Ele fazia uma expressão séria.

『Então você veio. Siga-me. Irei lhe ensinar minha Skill, e lhe passarei a arma necessária para esta situação. Tome minha lâmina galient. Traga um fim a essa batalha detestável imediatamente.』

A Skill Mapa da Quinta Geração... era uma para obter uma compreensão da geografia circunjacente. Eu havia pensado um pouco no porque dele ter obtido uma Skill dessas.

Os aprimoramentos do Primeiro. A Skill do Segundo para deixar outros usarem suas Skills. A Skill do Terceiro era para a mente. A do Quarto era para movimento... e o Quinto ganhou a habilidade de compreender seus arredores.

Pensei que a razão dele precisar dela era a situação daquela época. Na época, bandidos estavam invadindo o território da Casa Walt e causando alvoroço. Ao invés da Skill do Sexto para procurar por presenças inimigas, o Quinto precisava do entendimento de seu terreno para montar defesas e prever as rotas de invasão inimigas.

Enquanto ele saltava da mesa e rumava para seu quarto, o Terceiro e Sétimo se despediram dele de seus assentos. Quando o Quinto lançou-lhes olhares, ambos assentiram.

Mas a Milleia-san, sentada na cadeira do Quinto, não parecia completamente satisfeita. Não, tenho certeza que ela entendia. Insistir em dá-lo uma grande despedida não era importante nossos apuros atuais. Ela se levantou.

O Quinto olhou para ela.

『Milleia... não me impeça mais.』

『Não irei impedi-lo. Mas não ficará solitário sozinho?』

Nisso, o Quinto deu de ombros.

『Não estou sozinho. Já tem alguém esperando no meu quarto.』

Milleia-san sacudiu sua cabeça, e murmurou algo como “você realmente não tem jeito”. Enquanto eu e Milleia-san íamos para o quarto do Quinto, pude ouvir a voz do Sétimo.

『... Titia.』

Milleia-san sorriu e acenou em resposta aos seus olhos preocupados.

『Não precisa se preocupar, não não entrarei mais no caminho dele. E Brod-kun... essa parte de você também não mudou. Me faz lembrar do passado.』

Lembrar do quê? Isso era algo que apenas a Milleia-san e o Sétimo entenderiam. Passei pelo portal, e entrei nas memórias dele.

Nuvens cinzentas cobriam o céu, um campo de batalha onde a chuva poderia cair a qualquer momento.

Não, a batalha já havia acabado. Havia cadáveres caídos em volta, e os corpos que presumidamente eram do lado da Casa Walt estavam sendo tratados com cuidado. Em contraste, para os inimigos completamente blindados que se autoproclamavam bandidos, considerando a possibilidade de poder haver alguns se fazendo de mortos, os soldados da Casa Walt circulavam enquanto perfuravam com suas lanças.

Mas havia muitos corpos despedaçados em volta, tantos que até me deixava curioso sobre como eles tinham sido mortos. A Quinta Geração olhava para o Fredricks que se sentava na cadeira olhando para os bandidos.

Os sobreviventes foram despidos de seus equipamentos e amarrados com cordas. Eles tinham sido trazidos diante de Fredricks, onde mantinham-se de olhos baixos.

— ... Quinto, essas pessoas são bandidos?

O Quinto riu um pouco.

『Autoproclamados. Na realidade, eram um dos vassalos da Casa Walt, e aqueles que deixaram entrar de seus territórios vizinhos. Eles usaram os vassalos como uma ponte para devastar meu território. E apenas se chamavam de bandidos enquanto faziam alvoroço. Bem, o ditado diz que Senhores são pouco diferentes de bandidos. Você pode ver o porquê. Em batalha, os caras de Bahnseim saquearam o quanto quiseram, não foi? Você pode achar isso em todo lugar. Não é nada raro.』

Quando fiz uma expressão de desagrado, o Quinto e a Milleia-san riram. Não parecia que estavam caçoando de mim, eles estavam realmente felizes. O Quinto assentiu.

『É assim que deve ser. Esse sentimento é importante. Embora eu tenha esquecido.』

『Pai.』

A cena em volta começou a se mover. Um dos bandidos em destaque era um acompanhante do garoto nobre que havia caçoado do Fredricks antes. Ele havia crescido a um jovem rapaz, mas agora estava sendo apresentado ao Fredricks como um bandido, sendo chutado pelos soldados em volta.

『B-bastardos! Não achem que escaparão fácil por fazerem isso comigo. Podemos ter perdido aqui, mas quando eu retornar para casa...』

Inclinei minha cabeça.

— Casa? Ele estava esperando voltar disso?

Milleia-san explicou para mim, que não conseguia acreditar.

『Na época, os Senhores em volta estavam conspirando. Embora isso já tivesse acabado quando crescemos. Com base no desenrolar das coisas, nós teríamos que levá-lo para Centralle, e usá-lo como testemunha na arbitração do Rei. Não, como evidência, eu deveria dizer.』

— Acabou? A razão disso não ter continuado foi...

O Quinto falou em uma voz sem emoção:

『Porque eu destruí completamente essa regra. Uma regra específica das periferias. Algo que se acha em outros lugares, mas para sumarizar, era mediação. Entre nobres, devo dizer. Esses caras estavam tratando a situação como algum tipo de jogo.』

Senti nojo do jovem rapaz amarrado que aparecia nas memórias do Quinto. Milleia-san assentiu, talvez tivesse compreendido meus sentimentos.

『... Pela regra da Casa Walt, todos os bandidos seriam executados. Decapitados. Os cadáveres seriam pendurados e feitos de exemplo.』

Um soldado carregando um machado enorme apareceu na frente dos bandidos. O jovem rapaz soltou uma voz como se não entendesse o que estava acontecendo.

『P-pare! Eu não cederei às suas ameaças! Se fizer isso, uma guerra com a Casa Walt eclodirá!』

Os nobres vassalos que tinham saqueado com o jovem rapaz agiam de forma igual. Suas expressões tinham mudado de ousadas para agitadas.

『Parem, por favor! Se fizerem isso, realmente não haverá mais volta... n-nós juramos nunca mais fazer nada assim de agora em diante!』

Mas que cena desagradável. Eu não conseguia sequer rir disso. Mas o Quinto estava rindo um pouco.

『Terrível, não é? Era essa a situação na época. Enquanto pensavam que as regras locais eram absolutas, eles tinham feito isso achando que não havia risco nenhum. Houve várias causas e fatores, mas foi principalmente por não haver nenhuma ameaça estrangeira na época. Se houvesse, era a nível de escaramuça. O Terceiro tinha feito um trabalho bom demais em ameaçar aquele palerma que amava guerras, e isso gerou uma mudança extrema de rumo para o país. Esses caras estavam basicamente entediados. Eles deveriam ter simplesmente ficado quietos e se focado em desenvolver seus territórios.』

Fredricks se levantou de seu assento, e puxou a espada em sua cintura. Havia um tipo de gatilho no cabo. Linhas correram pela lâmina, e aquela espada peculiar... a lâmina galient mostrou sua forma.

『Não estou ouvindo nada. Só tem bandidos aqui. Não consigo ver mais nada. Vocês irão me oferecer os seus pescoços aqui. E também. Irei esmagar uma Casa vassala minha. Se tiverem reclamações, tenho certeza que o filho de um certo alguém irá chorando para Centralle. Irão chorar que um pai brincando de bandido de mentira foi morto pelo seu Senhor.』

Fredricks usou sua espada. Com um balançar lateral, sua lâmina se moveu como um animal vivo caçando as cabeças dos Cavaleiros e soldados dos vassalos. Cabeças caíam uma após a outra... A espada vermelha pelo sangue absorvido ficou mole como um chicote, antes de retornar ao Quinto em sua forma de espada.

Os corpos dos bandidos em volta espirraram sangue enquanto caíam. Vendo essa cena, o jovem rapaz começou a fazer barulho.

『P-paaaaaaara!! Você não vai conseguir resgate nenhum. Mas comigo, você vai conseguir pelo menos umas centenas em ouro d...』

O jovem rapaz berrava, e enquanto amarrado, se debatia freneticamente para fugir. Seus próprios soldados restantes assistiam sua lamentável figura. Fredricks levantou sua lâmina vermelha de sangue enquanto pisava nas costas do homem para prendê-lo contra o chão. A lâmina galient tocou seu pescoço.

『Não preciso de uma coisa dessas. Quanto dinheiro você acha que custa para construir um único vilarejo?』

『E-então eu reconstruirei esse vilarejo! Vou deixá-lo como era antes! Era um vilarejo pequeno. Não era nada de especial, mas minha Casa dará o dinheiro para reconstruí-lo! Não se zangue tanto por um único vilarejozinho! O-ou você ainda está zangado pelo passado? Então eu vou me desculpar. Oferecerei desculpas formais! Então embainhe sua espada!』

Um único vilarejozinho... sua renda de impostos anuais não chegaria a cem moedas de ouro. Mesmo se o deixasse sem interferência, sua população cresceria e começaria cultivação para poder se sustentar sozinho. Pelo visto, para o jovem rapaz, isso era tudo que um vilarejo era. Ele tinha uma maneira de pensar diferente daqueles criados na Casa Walt.

Fredricks falou:

『É mesmo? Então você deixará esse vilarejo exatamente como era antes.』

『E-então você entende? Então...』

『Então que tal. Traga tudo de volta, sem a mínima diferença. Reverta os edifícios e ferramentas que queimou, e traga todos os aldeões de volta à vida. Se fizer isso, não precisarei de resgate. Eu não tenho interesse nenhum no passado. Irei enviá-lo de volta ao seu amado lar imediatamente. Agora vamos lá, faça!』

O jovem rapaz abriu sua boca em silêncio.

『N-não vem com essa! Não tem como eu poder...』

Sua cabeça voou pelo ar. O rosto do jovem Fredricks que jurara sua vingança era assustadoramente sinistro. Fredricks se afastou do homem antes de esfregar o sangue grudado em sua lâmina. E falou sem qualquer interesse.

『Matem todos. Façam os corpos deles de exemplo. Empale-os e os posicione de modo que a Casa dele perceba. Se isso levá-los a invadir, iremos retaliar.』

Ele era indiferente. Ele continuava a checar os mecanismos de suas armas ao invés daqueles que havia matado, ele estava se certificando de que ela não estava quebrada em parte alguma porque realmente estava mais interessado em sua espada. Os soldados com machados foram até os Cavaleiros e soldados que se chamavam de bandidos, e eu pude ouvir berros.

A Milleia-san soava um pouco cansada:

『No passado, o pai era realmente cruel.』

O Quinto, quietamente:

『... Eu não conseguia pensar em nenhum outro método. Não, eu não queria pensar neles.』

Havia um grupo se aproximando de Fredricks dentro daquela cena. Os aldeões.

『... Fredricks-sama.』

Todos seguravam as armas dos bandidos em suas mãos. Idosos, mulheres, crianças... com seus olhos preenchidos de ódio, eles imploravam a Fredricks.

『Por favor, deixe-nos matá-los.』

Ouvindo essas palavras, Fredricks chamou os soldados com machados em mãos realizando seus deveres.

『Vocês podem parar aí. Deixem o resto para esses caras. E nós iremos pendurar todos os corpos. Por favor, pensem no que ocorrerá quando os matar.』

Os aldeões assentiram, e com armas em mãos, se aproximaram dos soldados. Pude ouvir suas vozes soarem. Era uma situação em que só escutar me fazia querer fechar os olhos.

Eu não conseguia entender a razão do Quinto ter me mostrado essa cena. O Quinto cruzou seus braços.

『... Realmente, eu não deveria ter feito uma coisa dessas. Eu me arrependo. Mas o eu da época que havia jurado vingança pensava que isso era o absolutamente correto.』

Eu, para o Quinto.

— E era errado?

『Quem sabe? Não tem como se descobrir, tem? Eles me agradeceram por isso. Eu também vi aldeões se arrependendo. Não posso te dizer o que teria sido certo. Mas apenas isso eu posso dizer: Lyle, não seja como eu. Você pode ter um coração com desejo de vingança. Mas não se vingue como eu. Para mim, o arrependimento é a parte mais forte que permanece. As coisas foram radiantes apenas por um mínimo momento de tudo.』

Nisso, o cenário mudou. Era a mansão da Casa Walt.

Incitado pelos arredores, Fredricks foi até um certo quarto.

『Fredricks-sama, rápido!』
『É um garoto saudável!』
『Rápido, se apresse!』
『Não arraste seus pés assim!』
『E-eu sei. Eu já entendi.』

Havia mulheres de barrigas grandes. Eram as concubinas do Quinto, e em volta deles havia servos cuidando delas.

『Não corra! Estou lhe implorando, não saia correndo assim! Fredricks-sama, por favor, também diga algo para todo mundo! O que aconteceria se caíssem e se machucassem!? A esposa e jovem mestre não irão a lugar nenhum!』

Quando pensei ter escutado uma voz quase exatamente como a do Baldoir, vi Fredricks sendo empurrado nas costas por sua concubina para um quarto.

No quarto havia um bebê recém-nascido. Ele chorava cheio de saúde, enquanto a mulher que era a esposa legal o abraçava com um sorriso.

『Querido, é um garotinho saudável.』

A mulher tinha lágrimas nos olhos, talvez estivesse feliz por ter conseguido dar à luz sem problemas. Olhando para o bebê, Fredricks parecia estar querendo esconder sua felicidade.

『Q-que bom. Você deu o seu melhor. B-bom trabalho...!』

Ele estendeu sua mão, e, no momento que tentou tocar o garotinho. Fredricks puxou sua mão de volta, e olhou para sua palma. O Quinto informou o que sentira naquela hora.

『... Eu não queria tocar nele com as minhas mãos ensanguentadas. Achei que ele também ficaria sujo. Nessa hora eu senti um arrependimento profundo. As pessoas que eu tinha matado tinham famílias próprias, naturalmente. Do ponto de vista das famílias deles, eu era o alvo de suas vinganças. Eu me pergunto por que... quando eu pensei nisso, senti que iria despedaçar. Era algo tão óbvio. Eu tinha razão bastante para fazer tudo, mas ainda assim me pergunto o porquê.』

Fredricks chorava.

『Querido?』

『... Bom trabalho. Então vá descansar um pouco por enquanto. Enviarei uma mensagem para a sua Casa. Também irei agradecer. Eu... preciso sair.』

Esfregando suas lágrimas, Fredricks deixou o cômodo.

Dentro da Joia. O quarto de memórias do Quinto.

Eu tinha via ali a razão do Quinto não poder ser honesto com seus filhos. O quarto de memórias assumia a forma daquilo com suas memórias mais marcantes... mostrava o estábulo para seus animais.

O Quinto se virou para mim.

『Bem, isso é basicamente tudo que posso te ensinar. É meio tarde... tenho a sensação de que eu poderia ter escapado sem precisar te mostrar... mas tenho certeza que você ficará bem.』

— Quinto.

Nesse momento, do quarto da qilin na parte mais profunda do estábulo, uma qilin completamente madura emergiu. Aproximando-se do Quinto com passos rápidos, ela roçou o focinho nele.

— Fredricks!

『May, huh. Eu te causei um bocado de problemas.』

— É claro que não. Eu me diverti à beça porque consegui ver o Fredricks de novo.

Milleia-san olhava para o Quinto com uma expressão levemente conflituosa. O Quinto olhou para mim e sorriu.

『Minha Skill final é 【Modelo de Mapa】. De modo resumido, você pode mover a forma do mapa centrado em você para mostrar qualquer ponto que desejar. Há um limite para o seu alcance, mas é bastante conveniente. Você pode procurar por pessoas se escondendo. E também pode procurar por bons lugares para se esconder.』

O Quinto provavelmente desejou por essa habilidade enquanto era atacado por aqueles em volta, enfrentando bandidos e mercenários.

Mas soltou um leve suspiro:

『Bem, o que eu realmente queria te dar dessa vez era isso. Olha.』

Dizendo isso, ele me entregou uma lâmina galient prateada. Porém, ao contrário das outras, era como se a espada fosse um animal vivo e real... e tive a sensação de que estava faminta.

『Talvez seja por minha causa. Essa daí é consideravelmente perigosa. É diferente da espada gigante do Primeiro. A alabarda do Fiennes é bastante obediente. O arco do Segundo é confiável e faz o seu trabalho. As adagas do meu pai... bem, elas combinam com o meu pai. Mas esta aqui é simplesmente especializada em matar. Não é o tipo de força do Primeiro. Certamente é mais eficaz em batalhas em grupo.』

Os olhar com o qual ele olhava para a espada era complicado. Não havia nenhum apetrecho mecânico na lâmina galient metálica. Havia linhas correndo pelo metal, e quando eu apertava, ela emanava uma leve luz azul. Linhas azuis corriam por ela como veias, informando-me de sua fome.

Por alguma razão, essa arma de forma ominosa parecia-se com a espada de algum demônio de contos de fadas.

『... Lyle, você precisa dominá-la. Ela certamente se provará útil no futuro. Mas não fique obcecado com matança.』

May falou ao Quinto.

— Está tudo bem. O Lyle tem eu e mais todo mundo com ele.

Milleia-san também sorriu.

『Isso mesmo. O Lyle de agora não está sozinho. O pai não deixou ninguém se aproximar.』

O Quinto coçou sua cabeça, e a deixou cair.

『... Mesmo sabendo que estava errado, eu não podia voltar. E enquanto não conseguia descobrir o que eu deveria ter feito, mandei construir este estábulo. Tenho certeza que estava cansado. Tenho certeza que causei muitos problemas. Para você também, Milleia.』

Milleia-san agarrou a bainha de sua saia, e a levantou levemente para oferece uma clara mesura.

『Só em ouvir um pedido de desculpas do pai me deixa feliz por ter me tornado uma guia. E Lyle.

Quando me virei para a Milleia-san, ela sorriu e estendeu sua mão. Quando estendi a minha, ela abriu a dela para mostrar uma joia azul.

Septem-san.
LYLE.
E Milleia-san...

— Essa é a terceira...

Quando levantei meu rosto, Milleia-san sorriu enquanto me abraçava. Passando suas mãos pelas minhas costas, ela sussurrou nos meus ouvidos.

『Nossos planos foram demolidos à beça. O LYLE-kun nos descarrilhou bastante. Mas talvez isso tenha sido o melhor. Como guia desta Joia, eu o reconheço, Lyle. Então aceite sua última Skill.』

Conforme a Joia era absorvida no meu corpo, as palavras flutuaram em minha mente. Mas estavam embaçadas, e eu não podia entender direito. Tudo o que eu podia dizer era que minha Skill de terceiro estágio era bastante única. Apenas uma vez... se eu a usasse, era uma Skill que como compensação faria a Joia perder o seu poder.

— Milleia-san, poderia ser...

Milleia-san beijou minha testa. Enquanto sua face se aproximava, eu podia dizer por olhar de perto que ela estava contendo suas lágrimas.

『Lyle, deixo a Miranda e a Shannon em suas mãos. A Miranda possui partes mais frágeis do que você acha. E em contraste, a Shannon possui partes mais fortes. Para que elas não sigam pelo caminho errado... para que elas não acabem como eu, você precisa segurar as mãos delas com firmeza. Mime-as, às vezes.』

O Quinto coçava seu rosto com um dedo. Ele estava olhando para a May.

『Desculpa. Isso é para mim. Eu tenho muitas coisas que quero dizer, mas... tenho apenas um pedido.』

May olhava para o Quinto.

— O quê?

『Deixo o Lyle com você. Ele é um descendente bom demais para mim. No começo, ele não era lá de muita confiança, mas agora é mais forte que eu. Ele é o meu... nosso orgulho.』

Apertei o cabo da lâmina galient. Minhas lágrimas começaram a escorrer.

— Fala uma coisa dessa mais cedo. É por você falar numa hora dessas que eu estou chorando. Eu ia me despedir de você com um sorriso no final...

Milleia-san limpou minhas lágrimas com um dedo.

『Chore de tempos em tempos. Está tudo bem mostrar sua fraqueza. Não para aqueles de fora, mas para a Miranda e Shannon... e a Novem e as outras. Elas ficarão surpreendentemente felizes. E isto aqui é um presente meu.』

Dizendo isso, Milleia-san tocou a lâmina galient prateada. Senti como se ela houvesse colocado algo nela, mas eu continuei olhando para o sorriso dela. Eu pensava que ela se assemelhava à Miranda, mas como esperado, ela tinha traços da Shannon. Não, as duas tinham traços dela.

Sorri em resposta às palavras dela.

— Irei me lembrar disso. É uma valiosa opinião feminina.

『Bom. Se ainda consegue ser cínico, você vai ficar muito bem. A Joia está cheia de poder. Você precisa aprender a dominá-la. Tenho certeza que tem força o bastante dentro de si.』

As palavras da Milleia-san eram como se a própria Joia estivessem me advertindo. Assenti e levei suas palavras ao peito.

May olhava para o Quinto.

— ... Fredricks, eu prometo. Vou cuidar do Lyle. Pela sua parte também. E eu não odeio o Lyle.

O Quinto sorriu. E começou a caminhar, não para o interior dos estábulos, mas para a entrada. A Milleia-san caminhava ao lado dele.

『Pai, irei te acompanhar. E, um último pedidozinho da sua filha.』

『O-o quê?』

Enquanto ele agia meio temeroso, Milleia-san estendeu sua mão.

『Pode segurar minha mão?』

O Quinto inclinou sua cabeça enquanto estendia a mão. Milleia-san a agarrou, e começou a levá-lo caminhando. Conforme andavam rumo à entrada do estábulo, a figura da Milleia-san ficava mais jovem, e em uma voz meio infantil...

『Fazer isso sempre foi meu sonho.』

O Quinto estava desajeitado. E feliz.

『Eu queria poder ter realizado ele enquanto estávamos vivos. Eu peço desculpas... para todos vocês.』

O olhar do Quinto se virou de uma Jovem Milleia-san para sua frente. Fiquei curioso, então quis tentar olhar pessoalmente, caminhando para frente.

Enquanto eu e May íamos para a entrada, do lado de fora encontramos cinco mulheres... com jovens crianças em volta. Os animais também estavam esperando pelo Quinto. Todos estavam sorrindo.

— Quinto!

— Fredricks!

O Quinto respondeu acenando sem se virar.

『Idiota. De jeito nenhum que eu posso me virar agora. Até parece que vai ser divertido ver alguém como eu chorando. Para vocês dois... boa sorte.』

A sala da mesa redonda.

Com minha mão estendida, eu olhava para a mesa redonda... para o lugar onde o Quinto uma vez se sentou, e para a lâmina galient flutuando acima.

May não estava ali. Certamente sua mente retornou da Joia para o seu próprio corpo. E a lâmina que flutuava ali parecia-se um pouco diferente de quando o Quinto me entregara. Um pouco de sua atmosfera sinistra permanecia, mas sua forma realmente parecia um pouquinho diferente.

O Sétimo estava aguardando o meu retorno.

Sentado em sua cadeira, ele olhava para o teto.

『Uma velha história. A minha primeira paixão foi a minha tia... a Milleia-san. Talvez seja esse o porquê.  O porquê de eu ter escolhido uma arma de fogo em primeiro lugar.』

— Sétimo, eu...

O Sétimo se levantou, e foi para o seu quarto.

『Lyle, você foi reconhecido pelo Quinto, e pela minha tia. Eu me pergunto... se no final de tudo... eu fui reconhecido ou não.』

Quando ele saiu, eu fui o único restando na sala da mesa redonda.

— ... Quinto, Milleia-san, obrigado.

Dizendo isso, esfreguei minhas lágrimas em minha manga. Toda vez que as armas dentro da sala aumentavam, o número de ancestrais diminuía. Toda vez que eu ficava mais forte, ficava mais sozinho.

No começo, o Quinto dava uma impressão fria, mas descobri depois que tipo de pessoa ele era. Ele era alguém desajeitado. Completamente diferente da imagem dele que fora passada. E ele tinha trabalhado duro.

E a Milleia-san era... meio isso e aqui, mas para mim que não tinha memórias da minha própria mãe, ela era alguém maternal. Barulhenta, brincando com o Sétimo, às vezes até surpreendendo os ancestrais.

Agora que eles desapareceram, a solidão começou a me preencher.

— Sério... por quê isso? Eu achava eles tão irritantes, por que minhas lágrimas não param...?

No começo foi terrível. Havia vezes que eles me insultariam. Havia vezes que me ridicularizariam. E mesmo assim, quando todo mundo partia, eu ficava desolado. Deixei meus olhos contemplarem as armas de prata flutuando diante de mim, e repousarem sobre a lâmina galient. Quando estendi meu braço, minha mão tocou o cabo.

Quando agarrei, a descobri menos faminta que antes. Talvez isso fosse por causa da Milleia-san.

— Por favor, empreste-me sua força. Neste momento, eu preciso do seu poder.

Sentindo um pulso vindo da espada, retornei minha consciência ao mundo real.


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