Volume 11
Capítulo 6: Katana
... Era um vilarejo pequeno.
Mas nos últimos anos, havia começado a crescer.
Em quesito de população, talvez meras trezentas pessoas houvesse crescido a quatrocentas. Mas mesmo assim, não era como se ele possuísse um produto especializado ou nada do tipo. O pequeno vilarejo havia repentinamente ganhado prospectos melhores.
No passado, quando jovens do vilarejo atingissem a maioridade, eles viajariam para as cidades maiores ou Beim, mas nos últimos anos isso tinha parado de acontecer.
Mais que isso, alguns dos jovens que havia partido estavam até começando a retornar.
No vilarejo, os jovens rapazes tomavam armas para derrotar os monstros circundantes pelas pedras mágicas e materiais.
Mascates paravam frequentemente para comprar esses espólios de guerra.
E hoje também, um mascate havia parado no vilarejo.
— Ufa, para até mesmo preparar um lugar para que eu fique... é realmente uma ajuda enorme você ser capaz de obter tantas pedras mágicas assim periodicamente.
O mascate que havia chegado no anoitecer anterior, passara a noite antes de comprar pedras e materiais no vilarejo, e vender suas próprias mercadorias.
Mais uma vez, esse empreendimento havia gerado um bom dinheiro, e o mascate parecia deleitado.
— Bem, isso é bom. Venha de novo logo. Os jovinzins tão lá fora caçando monstros agora, então talvez a gente consigo arrumar elas bem rápido.
Um vilarejo que havia se tornado mais lucrativo do que havia sido alguns anos antes. E atualmente, o homem que era a conversa da cidade era um ex-aventureiro de meia-idade que voltara de Beim.
Ele era um homem do qual o mascate nunca ouvira rumores, mas quando retornou à sua terra natal, o vilarejo tinha se tornado próspero.
Ele certamente havia ensinado os rapazes como enfrentar e matar monstros.
O mascate acreditava nisso, e não tinha dúvidas deste fato.
— Isso é uma salvação. Se você está derrotando os monstros na área, isso torna minhas viagens mais seguras, afinal.
O ex-aventureiro lutou um pouco com sua enunciação:
— ... Claro. Bem, retorne com cuidado.
O mascate terminou seus negócios, e decidiu partir. Ele cuidadosamente carregou seu vagão com as pedras mágicas e materiais adquiridos, e planejava partir junto a outro grupo indo para a cidade.
Aqueles viajando do vilarejo para a cidade eram um grupo de jovens.
Eles não estavam deixando o vilarejo em si; parecia que eles estavam indo comprar comida.
Vendo-os, o mascate pensou:
(Ouvi que seus pagamentos de pedras mágicas e materiais reduziram os impostos, mas eles estão se concentrando tanto nisso que precisam procurar comida em outro lugar? Eu não acho que o Senhor Feudal vá permitir, mas...)
Recentemente, uma porção de jovens rapazes caminhava pela vila com suas armas. Eles davam a impressão de que se aventuravam para encontrar e derrotar monstros.
O mascate:
(Não poderia ser que..., não, realmente duvido disso. Se ele realmente é um ex-aventureiro, então certamente sabe do pavor de um Labirinto.)
Será que o vilarejo estava escondendo um Labirinto sem reportar? É daí que seus ganhos estavam vindo? Ele pensou.
Mas havia muitas vilas e vilarejos que haviam caído em ruína por tais atos. Com um ex-aventureiro entre eles, o mascate não pensava que o vilarejo se moveria em tal direção.
E se realmente houvesse um Labirinto, eles deveriam estar conseguindo ainda mais pedras mágicas e materiais. Um vilarejo que fizesse algo tão tolo certamente venderia pedras e materiais em largas quantidades, e traria suspeitas sobre si.
Apesar de estarem ganhando uma quantia fixa, não era como se fosse algo especialmente lucrativo ou nada assim.
Além disso, não era como se não houvessem outros vilarejos como este por aí. Vilarejos que não podiam deixar de enfrentar enormes números de monstros regularmente. Havia até vilarejos por aí que pagavam seus impostos em pedras mágicas.
Variava bastante de país para país e de Senhor para Senhor, mas tais vilarejos geralmente tinham que pagar impostos mais altos que outros. As armas que carregavam, e a produção do vilarejo não seria o bastante. Então eles caçavam.
Mas pressão de outros lados também seria acirrada. Se uma guerra eclodisse, esses tipos de vilarejos frequentemente recebiam demandas por mão de obra.
E o mascate estava certo que o vilarejo era um daqueles com essa inclinação...
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... Quando o mascate saiu, o ex-aventureiro 【Brani】 chamou os jovens do vilarejo para uma reunião.
Não na praça, mas em um espaço na beira do vilarejo. Em questão de atmosfera, definitivamente não parecia um lugar para uma conversa agradável.
E em realidade, sua conversa era de conteúdo perigoso.
Brani falou para os jovens que trabalhavam abaixo dele:
— Oy! Cês tão se certificando de enfrentar os monstros em volta do vilarejo também, né? Se vocês só continuarem indo na caverna, eles vão suspeitar que o número dos monstros em volta não tão caindo.
Os aldeões, jovens do fim de suas adolescências aos seus vinte, assentiram algumas vezes. Brani havia trabalhado como um aventureiro em Beim, e eles o viam como um homem de valor.
— Chefe, a gente tá matando os monstros em volta do vilarejo direito como concordamos. Mas se formos no Labirinto, a gente não vai conseguir ganhar muito mais do que podemos por aqui? Por que a gente não faz isso?
Nisso, Brani falou bastante irritado:
— Idiota! Isso só vai deixar as pessoas suspeitas. Lucros pequenos, longo prazo como nossa política. Tenho certeza que já falei pra vocês que a gente vai ordenhar o Labirinto aos poucos. Se parecer que seremos descobertos, solta um “oh, a gente acabou de achar um labirinto”. Ou do contrário, destrói ele e acabamos com isso. Até lá, a gente vai economizar de pouco em pouco.
O homem chamado Brani. Apesar de poder ser um ex-aventureiro, mas em seu grupo ele era um carregador de bagagens, e não um aventureiro muito habilidoso além disso.
Mas tão triste quanto isso pudesse ser, ele não era tolo nenhum. Ele era um homenzinho astucioso. Mas ao mesmo tempo, não era muito sábio. Sua cabeça podia matutar um pouco, ele tinha apenas um pouco de compreensão dos essenciais. Esse era Brani.
Mas o próprio pensava ser consideravelmente inteligente.
Apesar de ninguém levá-lo a sério em Beim, foi diferente quando ele retornou para casa. Se fosse apenas os monstros em volta do vilarejo, ele podia facilmente derrotá-los.
E enganando os anciões que nunca saíam também era uma tarefa fácil.
Para melhor ou para pior, para os jovens que haviam deixado o vilarejo e obtido sucesso, esse pequeno vilarejo não era um lugar muito cativante para se retornar.
Então não havia aventureiro nenhum além dele que houvesse retornado.
E por causa disso, não havia muitos aldeões que pudessem refutar suas palavras. Havia aldeões contrários, é claro, mas quando suas vidas se tornaram abundantes, eles mudaram de ideia.
(Isso mesmo. Assim mesmo, eu me tornarei famoso no vilarejo, e serei um objeto de adoração pelo resto da minha vida. Eu vou arrumar uma esposa logo logo. E vou viver uma vida melhor do que qualquer um daqueles aventureiros metidos que me fizeram de idiota em Beim.)
Um pouco engenhoso, e vivendo venerado como um guerreiro, Brani estava vivendo sua segunda vida nesse vilarejo.
Alheio ao quão tola essa vida era...
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— Me recuso.
Com uma rígida barba branca, e um corpo que havia ficado apenas mais firme com a idade, o artesão anão me fez colocar uma cara bastante perturbada.
Eu podia ouvir o som de metal batendo em volta, enquanto um número de anões ocupadamente realizavam seu trabalho.
Ele era o artesão que Vera havia apresentado, e um talento capaz que podia trabalhar em quase toda forma de metais raros.
Mas quando tentei perguntar em seu local de trabalho, e havia falado apenas um pouco, ele logo me recusou.
Vera, que viera comigo, parecia tão perturbada quanto.
— Letarta, eu gostaria de fazer esse pedido também.
Nisso, o artesão 【Letarta】 deu um trago de seu cigarro.
— Sim, é um pedido da senhorita. Eu gostaria de ouvir, mas não vai dar. Aquele filhotinho do Fidel veio aqui, sabe. Ele disse que eu definitivamente não poderia ajudar. Conheço o moleque por um longo tempo. E quem me ajudou foi seu bisavô, sabia? Acho que mais do que paguei minha dívida a esse ponto.
O velho teimoso olhou para mim com olhos caídos. E vendo o sabre pendurado em minha cintura, sacudiu sua cabeça.
— Garoto, diferente daquele filhote, eu realmente não me importo se você é digno ou não da senhorita. Mas escuta aqui, se você é tão habilidoso, deveria escolher suas armas direito.
Parece que ele tinha determinado que eu possuía um certo nível de habilidade. E pôde instantaneamente ver além do fato que meu atual sabre era apenas um módico produzido em massa.
Ele definitivamente era competente.
Mas teimoso.
— Não pode fazer alguma coisa a respeito disso? É um metal que ninguém viu antes. Então queria fazer fazer um pedido a você, um artesão renomado, mesmo em Beim.
Nisso, o velho riu:
— Parece que esse velhote tem uma avaliação bem alta. Fico feliz que estejam vendo minha habilidade, e concordo que é uma proposta tentadora. Mas não.
Vera soava um pouco zangada:
— Por quê!? Se for por causa do pai, você não tem que se preocupar com ele. Ele só está fazendo birra no momento, e tentando fazer a vida do Lyle difícil.
Ouvindo isso, o velho Letarta riu. E falou como se para repreender a Vera.
— Então é melhor você fazer ele parar. Eu sinto muito, mas realmente estou bastante ocupado no momento. Por falar nisso... meu trabalho atual é consertar o seu navio.
Vera deixou seus ombros caírem, se desculpou, e ficou em um impasse. Não parecia que as negociações avançariam mais. A única coisa que eu podia pensar seria em um modo de persuadir o pai da Vera, Fidel-san.
Velho Letarta, que sorria enquanto olhava para Vera, deu uma olhada para mim.
— Bem, eu vou pelo menos mostrar minha mercadoria para o seu namorado. Eu tenho armas muito melhores do que o que ele tem na cintura. Então trabalhe duro, e persuada aquele filhote.
Um homem que até a Vera não podia persuadir. Não havia dúvida nenhuma de que ele era um famoso talento em Beim. Mesmo na raça dos anões com sua abundância de ferreiros, ele era habilidoso o bastante para elevar seu nome.
Eu queria a ajuda dele a todo custo.
Nisso...
— Papai, tem um cliente na loja. Parece querer ver sabres.
Quando uma mulher anã entrou na oficina, Letarta-san fez uma cara rígida.
— Você... eu disse que qualquer um poderia cuidar da mesa, não disse? Agora olha aqui, apenas faça o neto lidar com isso. Esse tipo de coisa é uma boa experiência.
Nisso, a mulher anã estapeou seus ombros.
— Ah, para com isso! Aquele mesmo neto está com problemas, então vai lá e ajuda, é o que eu tô tentando dizer! Você está dizendo que não vai escutar o pedido do filho da sua preciosa filha!?
Talvez frustrado com a raiva de sua filha, Letarta-san limpou sua garganta, e se levantou.
— E-Eu entendo. Puxa vida... onde foi que eu errei em criar ela. Desculpe, mocinha. Eu tenho que ver um cliente. Olhe minhas mercadorias o quanto quiser. Vou dar um desconto.
O velho Letarta deixou a oficina com sua filha, enquanto nós saíamos pelos fundos, dávamos a volta e entrávamos pela frente do edifício.
Ele estava cercado de outras ferrarias, mas o maior edifício em volta era a loja do velho Letarta.
Ele aceitava trabalhos grandes, mas também produzia trabalhos próprios e os vendia também.
Com numerosos pupilos, seu sucessor, o gerente genro, e um neto em treinamento... A loja era administrada por três gerações.
Quando entramos através da porta da frente, o velho Letarta, que parecia rabugento antes, berrava em voz alta.
— Oh, isso não é bom! Então tenho que preparar um esplêndido sabre para o seu amado. Não é uma ideia ruim comprar muitos dos produzidos em massa, mas quando realmente se trata disso, é necessário uma arma confiável!
Ele estava alegremente lidando com uma cliente. E olhando para o balcão, via as costas de duas pessoas que eu conhecia muito bem.
Uma com um rabo de cavalo lateral, e cabelos castanhos claros.
A outra com marias-chiquinhas douradas, e um uniforme de empregada.
— O que elas estão fazendo?
Quando eu disse isso, a Vera...
— A atitude dele não é um pouco diferente demais de antes? Ele parece realmente, realmente alegre, não é? Ele está sendo ainda mais complacente do que quando estava lidando comigo, não está?
Enquanto a Vera parecia um pouco insatisfeita, ofereci um sorriso para ela enquanto fui me encontrar com a Novem.
— Vocês não iam fazer compras hoje?
Ambas, Novem e Mônica se viraram. E ambas pareceram um pouco surpresas enquanto me olhavam.
Mônica explicou os eventos que levaram até o momento.
— Não, nós só nos encontramos por acaso aqui. Normalmente, eu nunca iria fazer compras com a megera mesmo se isso me matasse, mas... ah, pedidos são uma história diferente, sabe. Eu, Mônica, estou resoluta a tomar a iniciativa e atender as ordens do meu Frangote não importando o quão detestáveis elas possam ser!
Eu não me importava com essa parte, então olhei para a Novem. Nisso, ela me deu um sorriso gentil.
— Pensei em usar essa oportunidade para conseguir um novo sabre para você, Lyle-sama. Usar nada além daqueles produzidos em massa cria um gasto enorme, e mais que isso, tenho meus sentimentos diários de gratidão a você.
Que boa menina. Shannon deveria simplesmente beber um chá da sujeira de baixo das unhas dela.¹
Mas Novem deu um sorriso constrangido.
— Hm, é só que... a Mônica-san disse que ao invés de um sabre, deveríamos arrumar uma katana para você.
— Uma o quê?
Quando inclinei minha cabeça, Mônica se agitou.
— Sim! Como eu pensei, uma katana combina com você! A alma de Yamato!² A alma de um guerreiro! Não, era a alma de um samurai? Bem, isso realmente não importa! Estou certa que você vai amar!
(Quem diabos é Yamato? Samurai? Ela está falando de Cavaleiro?)
Mas eu não conheço a arma chamada katana. Para perguntar que tipo de arma era, me virei para o velho Letarta.
— Não, seu palpite é tão bom quanto o meu. Pela explicação dela, entendo que seja algo parecido com um sabre. Mas veja... se for me pedir para fazer isso, não é como se eu não pudesse, mas não quero vender algo incompleto. Peço que considere que levará algum tempo. Digo, e serei franco, tem um problema com essa coisa como uma arma.
Ouvindo sobre um problema, Vera falou:
— O quê? O alcance é curto demais? Lyle, use uma arma de fogo como principal. Se usá-la como uma Ferramenta Mágica, vai conseguir uma saída enorme.
E eu estou com problemas porque não posso fazer isso. Mas da Joia, o Sétimo concordou:
『Como esperado da Vera! Isso mesmo, armas de fogo serão o que mudará o mundo! Lyle, escolha o revólver. O sabre é uma relíquia do passado.』
Eu estive balançando tal sabre por anos e anos, sabia...
O velho Letarta abriu sua boca.
— É como um sabre. É uma arma que pode estocar e cortar, mas nesse caso, resistência será um problema. Além do mais, ela disse que é ainda mais fino que um sabre. Para ser direto, até mesmo o mais raro metal raro será frágil demais para esse desenho. Vai quebrar muito facilmente. A menos que você tenha algum metal raro de alta qualidade, não posso dizer que pode ser usado como uma arma nenhum pouco. E tudo isso leva a questão do porquê.
Ouvindo isso, a Mônica:
— Mas você pode dizer que é o mesmo para um sabre, não pode? Agora, Frangote! Pegue a katana! Está tudo bem! A lâmina é um pouco diferente, mas é basicamente o mesmo que um sabre!
Eu não sabia porque as conversas estavam seguindo nessa direção, e olhei em volta, incomodado de certo modo.
Mas quando olhei para a Novem, o velho Letarta...
— E espera, vocês são conhecidos? Acho que realmente há coincidências assim na vida. Tá bom, entendido. Enquanto estamos nisso. Vou aceitar o pedido da senhorita também. Estou me sentindo um pouco mais motivado.
Diante de suas palavras, Vera pareceu surpresa.
— … Eh?
Novem olhou para nós, e inferiu o que havia acontecido, antes de oferecer sua gratidão ao velho Letarta.
— Muitíssimo obrigada!
— Oh, Não ligue pra isso! Além do mais, o pedido daquele filhote foi pessoal. Ele não tem direito de reclamar se eu der prioridade pra outro sobre o dele.
Novem sempre teve uma tendência de ser querida por semi-humanos.
(Isso também é a graça da deusa... não, da deusa maligna? Bem, que seja.)
Me alegrei com o fato de ter conseguido garantir um artesão, enquanto a Vera...
— ... Que sensação é essa? Não posso aceitar. Quando até comigo foi inútil, ele aceitou na hora com a Novem.
Ela parecia bastante insatisfeita.