Volume 10
Capítulo 8: O Vera Trēs
No porto ao norte de Beim, uma vasta quantidade de navios estava ancorada.
Para cada navio com uma vela, havia outro com fumaça saindo de sua chaminé. Eu sentia a brisa marinha enquanto ia ao lugar que me fora ordenado. Um lugar com uma embarcação conspicuamente larga.
Os escravos carregando a carga derramavam seu suor enquanto conversavam sobre onde iriam beber.
Havia muitas pessoas em volta, e senti que se me virasse por um momento sequer, acabaria perdendo a Shannon.
Olhei para trás, e descobri que a Mônica segurava a mão da Shannon.
Então olhei para frente com alguma paz de mente, e caminhei na direção do maior navio no porto.
(Deixei a Adele-san e Damien na mansão, mas... mesmo assim, realmente é uma embarcação enorme.)
Olhando de perto, o tamanho do navio me surpreendia.
Na Joia, o Terceiro estava excitado.
『Incrível. Eles até começaram a fazer coisas assim? Realmente te faz sentir as diferenças nas eras.』
O Quarto também estava excitado.
『Quantos fundos e talentos exatamente foram empregados para fazer isso mais... Se está gerando lucro apesar de tudo isso, estou começando a sentir a vontade de comprar um.』
O Quinto parou o Quarto com uma voz chocada.
『Para aí mesmo. Se afundar, é tudo por nada.』
O Sétimo não sabia que tal barco existia, então o admirou honestamente.
『Hmm, se colocar canhões nele, vai ser capaz de derrubar cidades perto da costa. Você poderia afundar outros navios à vontade, não poderia?』
Ouvindo isso, o Terceiro suspirou:
『Só porque você gosta de usar armas de fogo, poderia não colocar canhões em tudo? Armas de fogo e canhões são armas dos ricos, e são mais um passatempo do que qualquer outra coisa.』
Isso, armas de fogo eram consideradas armas caras. Elas podiam substituir magia em certos casos, mas cada tiro requeria balas e pólvora.
Elas podiam demonstrar um certo nível de performance, mas como era possível bloqueá-las, não eram amplamente utilizadas. Parece que elas tinham seus entusiastas, e mesmo agora, eles as alteravam e modificavam enormemente.
O Sétimo se gabou de sua própria arma.
『Você apenas não entende. Não estamos mais na era de espadas e arcos. De agora em diante, o seu sucesso no uso de armas de fogo vai decidir o resultado das guerras.』
O Quinto ignorou essa opinião.
『Caro demais, então rejeitado. Só o treino dos usuários custaria tempo e dinheiro demais. E dali, as armas e pólvora, e balas... substituí-las com arcos e magia seria muito mais rápido, fácil, e mais eficiente.』
Apesar de haver muitos navios de madeira em volta, o navio da Casa Trēs era de metal. Ele tinha uma chaminé, soltando fumaça no céu.
Enquanto olhava tal navio, ouvi algumas vozes.
— Como estão os preparativos?
— Os pertences da senhorita Vera ainda hão de serem carregados. Depois disso, precisaremos apenas esperar pela carga de último minuto, e os guardas.
— Guardas?
Quando me virei, vi uma mulher no passadiço segurando uma sombrinha. Ela trajava o que se parecia um vestido vermelho por cima, mas se tornava uma minissaia na parte de baixo.
Meias pretas até a altura das coxas, e botas castanhas. Seus cabelos eram negros, e estavam trançados em asas de anjo. Mas apesar dos lados serem longos, o resto de seu cabelo estava cortado na altura de seus ombros.
E a garota com uma mala de viagens castanha tinha um relógio de bolso dourado em seus quadris e... de suas costas, eu podia ver o cabo de uma arma de fogo se espreitando.
Quando nossos olhos se encontraram, ela me olhou de modo aguçado. Após seus olhos violetas me captarem, ela abaixou sua mala, e apontou seu dedo para mim.
— Não seriam aqueles aventureiros ali? Ou melhor, por que está deixando eles virem? Não ouvi nada sobre isso.
O marinheiro... capitão além disso, se desculpou com a jovem mulher.
— Peço desculpas minha dama. Mas parece que um monstro enorme foi avistado na rota marinha que tomaremos dessa vez... até para você, seria perigoso demais, então o chefe realizou os arranjos.
Soltando um suspiro, a garota pegou sua mala, subiu o passadiço, e abordou o navio. Olhando em nossa direção...
— Então subam a bordo de uma vez. Mesmo que sejam guardas, se não tiverem subido até a hora de partida, serão deixados para trás.
Após oferecer alguns sorrisos tortos, fomos para o barco.
O homem em trajes de capitão nos olhou com expressões sérias. Eu produzi a carta de introdução da Casa Trēs da minha mala, e a entreguei.
— ... Tudo certo. Pois bem, por favor embarquem. Mas isso não é nenhum navio de passageiro, então não será uma viagem muito graciosa. Quando entrarem no navio, a tripulação os guiará.
Assenti, e levei minhas membras de grupo pela rampa.
Novem olhava em volta enquanto falava:
— Então ficaram capazes de criar uma coisa dessas.
Ela parecia impressionada. Enquanto isso, a Miranda...
— Bahnseim não tem muita conexão a navios. Nos lagos e rios, se pode encontrar pequenos navios ou barcos, mas isso é tudo. Shannon, cuidado onde pisa.
Assim que Miranda a advertiu, Shannon tropeçou nos degraus.
— ... Por que eles não podem fazer um passadiço mais fácil de subir?
O capitão riu enquanto a Shannon reclamava com lágrimas nos olhos.
— Apesar de tudo, é um dos melhores passadiços. Melhor que aquelas placas que dá pra ver ali, não é?
Nisso, vi as tábuas levando ao navio de madeira próximo. Realmente, era melhor que uma fila de tábuas.
— Indo pelo mar e tal... vocês humanos definitivamente são estranhos.
Enquanto Eva escalava com uma expressão pálida, May a empurrou por trás.
— Anda logo!
E atrás delas, Clara já estava vacilando nos pés.
— C-cair e... eu morro.
Ela dizia isso para si, e no fim da fila, Mônica e Aria sacudiam suas cabeças.
— Você não vai morrer. Está tudo bem, o Frangote vai te salvar, e fazer respiração boca a boca enquanto isso. Ele nunca deixaria uma chance dessas escapar. Não é, Frangote de merda?
— Mônica, o que é que você pensa de... deixa pra lá. Estamos indo na frente.
Aria agarrou o braço da Clara, e caminhou ao lado dela.
— Puxa vida, então não está tudo bem desde que você não caia?
Nos vendo, o capitão tirou o chapéu de sua cabeça.
— Nós realmente vamos ficar bem? Com um grupo desses?
Ele parecia ansioso enquanto nos olhava.
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Sobre o barco.
No deque, eu assistia outros navios deixando o porto, quando uma voz nos chamou.
— Vocês ficarão no caminho aí. Entrem.
A pessoa que nos chamou foi a garota de cabelos negros e trajes vermelhos de antes. Ela tinha por volta da mesma idade que eu, se não um pouco mais.
— Não, ouvi que alguém viria nos guiar.
Nisso, a garota soltou um suspiro. Ela dobrou sua sombrinha vermelha.
— Me sigam. Todos estão ocupados, então eu guio vocês no meu tempo livre.
Ouvindo isso, trocamos alguns olhares antes de seguirmos a garota... Vera Trēs.
Enquanto pegávamos nossas bagagens em mãos para nos mover, Vera-san falou:
— Ei, por falar nisso, isso é realmente tudo que vocês estão levando? Depositaram o resto em outro lugar, não é?
— Não isso é tudo. Ah, mas também temos outras coisas junto conosco propriamente, então não se preocupe com isso.
Ao ouvir minha resposta, ela pensou um pouco, antes de assentir, e nos levar para dentro do navio.
Quando a viam, os marinheiros pelos quais passávamos sorriam, antes de abrirem caminho. Enquanto eu ponderava sobre o quanto ela era adorada, chegamos ao nosso destino.
— Esse é o quarto de convidados. Preparamos três quartos, então use-os como quiserem.
O quarto estreito até onde fomos levados tinha duas beliches. Três deles foram preparados para nós, e as portas tinham as notas, “Para uso dos Guardas” penduras nelas.
Novem falou:
— Então deveríamos deixar nossa bagagem aqui para começar?
Quando ela falou isso, a Vera-san...
— Está tudo bem se deixarem seus pertences, mas deveriam cuidar de seus itens de valor por conta própria. Eles serão trancados, mas estão em um navio, então é melhor terem cuidado com certas coisas. E os marinheiros são arruaceiros em sua maioria, então não saiam arrumando briga nenhuma.
Ouvindo isso, Aria coçou sua cabeça.
— Somos guarda-costas, sabia?
Nisso, a Vera-san riu:
— Vocês acham que podem lutar direito em cima de um barco? Além do mais, este é basicamente o lar desses homens do mar. Recomendo que evitem brigar com eles. Olhem, quando deixarem suas bagagens, eu vou trancar.
Deixamos nossos itens, saímos de nossos quartos, e seguimos a Vera-san.
Um salão de jantar que assumimos ser onde jantaríamos, banheiros, e um quarto de banhos... o quarto de banhos era mais um espaço preparado para um, e se você quisesse se banhar, teria que preparar sozinho.
Clara podia preparar água quente com magia, então pensei em deixar isso com ela se quiséssemos tomar um.
Após nos mostrar tudo isso, ela nos levou para a área comum. Onde os botes salva-vidas eram mantidos, e onde não tínhamos permissão de entrar.
No final, ela nos mostrou uma sala enorme na retaguarda que eu não tinha certeza se deveria chamar de seu quarto pessoal.
Era vasto, e extravagante.
Ornamentos, bonecas adoráveis, roupas e estantes. Incontáveis ornamentos.
O Quarto com um carpete vermelho deitado tinha um tapete que parecia ser de pele de monstro. Com listras pretas e brancas, essa pele vinha de um enorme monstro felino.
Clara falou:
— Isso não é um Tigre Branco? Um enorme além disso.
Nisso, Vera-san sentou-se no sofá, enfiou um cotovelo no descanso da cadeira, e repousou seu rosto na mão.
— Isso mesmo. Sentem onde quiserem. Toda vez me dão todos os tipos de presentes, e seria um desperdício não utilizá-los, então pendurei eles aqui. O enorme animal empalhado foi o primeiro que recebi muitos anos atrás.
O enorme urso empalhado tinha um sino amarrado em volta de seu pescoço.
Uma questão me veio à mente, então perguntei.
— Por que você nos trouxe aqui?
Nisso, Vera-san nos olhou com uma expressão séria, enquanto sentava-se ereta, e levou sua mão direita à boca...
— Oh, sei lá. Mas simplesmente senti vontade. Ah, além da tripulação, talvez você seja o primeiro homem a ter permissão de entrar no meu quarto.
Após a Vera-san rir, seus olhos se viraram para a Novem.
— Ei, qual é o seu nome?
Novem sorriu.
— É Novem. Novem Forxuz.
Vera-san pareceu feliz.
— Entendo. Tenho certeza que já deve saber, mas eu sou Vera Trēs. Talvez eu deva me chamar de a carga que vocês estão encarregados de proteger? Eu realmente não preciso disso, todavia.
Parece, que não éramos necessários aqui.
(Deusa da Fortuna, não é?)
O barco que ela embarcasse não afundaria em tempestade nenhuma. Por ter tal agouro sobre si, os marinheiros a chamavam de deusa da fortuna.
Quando estava prestes a me apresentar, Vera-san levantou sua mão, e me disse para parar.
— Eu já sei sobre você. Acabei de me lembrar, cabelos e olhos azuis... você é o Cavaleiro Sagrado Lyle, não é? Nunca pensei que um aventureiro tão falado estaria a bordo desta embarcação.
Vendo-a rir para si, eu...
— Eu detesto bastante essa alcunha. Prazer em conhecê-la, eu sou Lyle Walt.
Quando ofereci uma mesura educada, Vera-san assentiu, levantou-se, e me cumprimentou.
— Você provavelmente sabia, e já falei antes, sou Vera Trēs. Tenho certeza que meu pai pressionou seu grupo para vir junto, não foi? Parece que a Guilda já enviou um navio para lidar com o monstro.
Encolhendo seus ombros, ela se sentou no sofá de novo.
Nisso, a voz do Quarto veio da Joia.
『Lyle, aqui você deveria pelo menos dizer: “Não, eu estou aqui porque queria navegar no seu navio”.』
Ignorei a opinião dele, e perguntei o que havia captado minha curiosidade:
— Parando para pensar, esta embarcação deve ter um nome, certo? Como o Navio se chama?
Vera-san franziu um pouco enquanto seus olhos me fitavam.
— Eu prefiro acreditar que você não sabia antes de perguntar. O nome deste navio é... o Vera Trēs. Meu pai o nomeou. Mesmo sendo uma embarcação de ponta, o que ele estava pensando?
Vendo-a esfregar suas têmporas com sua mão direita, nós demos um sorriso torto.
E a Mônica abriu sua boca.
— Ouvi que era de última geração, mas quão incrível ele é?
Vera-san nos olhou, e sorriu.
— Isso é um segredo. É o que eu gostaria de dizer, mas direi o que tenho certeza que descobrirão sozinhos. As partes importantes foram processadas de Metais Raros. Não era algo possível para os artesãos ou carpinteiros navais, então tivemos que chamar um famoso ferreiro anão para criar as partes. No mínimo, não há dúvidas de estar além do que outros mercadores investiriam em seus navios. Além de não ter uma vela, você não viu nenhuma roda de pás também, não é? Esse daqui usa algo similar a um parafuso dentro da água.
Ouvindo isso, Mônica assentiu algumas vezes.
— Eu não me importo com parafusos, mas o ferreiro me interessa. Poderia apresentá-lo a nós?
Vera-san fez expressão uma complicada.
— Espera, parafusos são consideravelmente incríveis, sabia? Bem, tenho certeza que o ferreiro será impossível. Ele não é um conhecido meu, mas do meu pai. Ouvi que meu avô ajudou ele em seus dias de juventude, então provavelmente se conheceram por volta dessa época.
E após conversarmos um pouco, Clara pensou em uma questão, e perguntou:
— Por que você nos deixou entrar neste quarto?
Vera-san se levantou. Uma batida soou na porta, e um dos marujos entrou no quarto.
— Milady, é hora de partir.
Ela pegou o relógio de bolso pendurado em seu quadril, e conferiu a hora.
— Bem na hora. Muito bem, vamos partir.
— Sim!
O marinheiro deixou o quarto, lançando uma expressão levemente surpresa para mim no final. A porta se fechou, e após um tempo, o cenário externo começou a se mover.
Vera-san soltou um suspiro.
— Eu nem sou a capitã, mas de algum jeito as coisas acabaram assim. Desculpe. Quanto ao porquê de tê-los chamado aqui... Eu gostaria de ouvir o que têm a dizer. São aventureiros afinal. Vocês conhecem algumas histórias interessantes, não conhecem?
Os olhos da Vera-san carregavam expectativas. E todas as minhas companheiras lançaram seus olhares na minha direção.
— ... O que foi?
Shannon falou como uma representante:
— Digo, se forem histórias interessantes, você é tudo o que temos, Lyle.
A Mônica também.
— Sim, quando o frango está em seu ápice, é um maravilhoso momento de risadas e lágrimas.
Tentei corrigir a declaração da Mônica.
— Por favor, não diga que é meu ápice, é apenas pós-Crescimento.
Nisso, Eva me olhou, e levou sua mão a boca em choque.
— … Eh?
Foi o mesmo para a May. Ela colocou suas duas mãos atrás de sua cabeça.
— Não, não importa como se veja...
Quando olhei para a Aria, ela desviou seus olhos.
— Desculpe. Não posso te defender nessa.
Virei meu corpo na direção da Clara, e ela ficou vermelha até as orelhas.
— Me desculpa. Acabei me lembrando...
Timidamente, dirigi meus olhos para a Miranda...
— Ápice... de certo modo, é realmente você em seu melhor.
Ela estava rindo. No final, olhei para a Novem.
— Qualquer que seja o Lyle-sama que você possa ser, você é o melhor Lyle-sama para mim.
Ela deu um sorriso radiante.
Mas dentro da Joia, ouvi algumas vozes risonhas.
『Isso mesmo! O sr. lyle é certamente seu apogeu!』
『Independentemente de suas falhas usuais, você nunca vê nada assim do sr. lyle!』
『… Parem com isso… pff…』
『Como esperado do Menino Prodígio da Casa Walt. As risadas trazidas pelos seus pós-Crescimentos são as maiores em toda a nossa História. Eu garanto isso.』
Caí de joelhos, e planei minhas mãos no chão. Acima do barco balançando lentamente, eu...
— É mentira. Aquele homem não sou eu!
Ouvindo essas palavras, Vera-san me olhou um pouco interessada.
— Ah, então você cometeu algumas tolices pós-Crescimento? Me sinto mal em perguntar, mas... ora, por que não?
Não levou muito tempo para minhas companheiras começarem a falar sobre meus erros passados.