Volume Único
Capítulo 4.5: Bushido
Duas pessoas conversavam em um escritório, rodeados por várias pinturas e caligrafias.
“Desse jeito não vai funcionar…”, pensou o senhor.
— Pequeno guerreiro, nada mais justo que começar ensinando o Bushido.
— O que é isso? — perguntou o garoto.
Uma pintura colossal localizada logo atrás do senhor — no centro da sala — se destacava mais que todas as outras. Um enorme tigre branco mostrando suas presas.
— É como você viverá a partir de hoje, sua esgrima é excepcional, mas você carece de todo resto, vá pegar papel, água, tinta e um pincel.
A pintura excêntrica do tigre era quase como um retrato do senhor, pois, seu físico era admirável, seu tamanho era maior que o comum e seu cabelo grisalho possuía algumas listras pretas. Ademais, seu largo sorriso — nada amigável — se assemelhava ao do tigre ao exibir suas presas, pois emanava uma aura intimidadora digna de seu título de general.
O garoto, porém, não tinha medo dele. Tranquilamente se levantou e fez como ordenado.
— Fu... — Com o retorno do garoto, o general se concentrou. Então, com uma voz forte como um rugido, deu início a aula. — Atenção! O Bushido consiste em 7 leis que você levará para a vida!
— Uhum.
O homem depositou algumas gotas de água em seu tinteiro retangular, pegou uma barra escura com algumas inscrições e passou por cima, deslisando-a várias vezes até que a água se tornou mais escura e o cheiro forte de tinta tomou conta de todo ambiente.
— Primeiro, gi! — Manteu uma postura elegante, sua enorme mão colocou o papel — fino e delicado como um fio de cabelo — sobre a mesa com cuidado, então pegou seu pincel e começou a escrever.
Seu estilo de escrita era único, forte e violento.
Como a lâmina que atravessa a carne, o pincel agressivamente dilacerou o delicado papel. A tinta — como sangue — se espirrou por todos os lados.
— Justiça! Não espere que os outros a ajam por você, faça você mesmo! Também seja honesto, suas palavras devem transmitir exatamente o que seu coração está sentindo.
Sem diminuir o ritmo ou a intensidade, prosseguiu para a próxima folha.
— Segundo, yu! Se escreve assim… Coragem! Seja corajoso, mas não burro. Se for agir, pense antes, se julgar ser uma causa que valha a pena, faça.
O senhor deu uma pequena pausa para passar seu pincel sobre a tinta e prosseguiu.
— Terceiro, jin! — O senhor olhou para o garoto. — Por que está só olhando? Escreva também.
O jovem levantou-se rapidamente e acelerou o passo para buscar mais materiais, retornando mais rapidamente do que na última vez.
— Compaixão! Se você treinar com diligência, terá um poder incomum, use-o com sabedoria e ajude crianças, mulheres e pessoas carentes.
O senhor observou a escrita desajeitada do garoto, deu um leve sorriso e prosseguiu.
— Quarto, rei! Respeito! Não exiba a sua verdadeira força, seja generoso com seus adversários, e não cruel, caso contrário, qual será a diferença entre você e um animal?
— Quinto, makoto! (…) Faça de suas palavras um fato concreto, seja sincero, cumpra o que você fala, sempre!
— Tenho uma pergunta. — disse o garoto.
— Fale.
— Sempre… Até quando me arrepender do que eu disse?
— Sim, por isso pense bem antes de agir.
— Entendi…
— Sexto! chugi! (…) Lealdade! Seja leal com as pessoas que decidiu proteger, e assuma a responsabilidade sobre elas.
Então deu a última pausa para pegar tinta.
— E Sétimo! meiyo! (…) A honra é a virtude mais relevante, por isso preste atenção. É você quem deve avaliar a sua honra. Não faça nada que possa se arrepender para sempre, não há juiz mais severo do que você. É melhor morrer do que viver sem honra.
Ele assinou essa última caligrafia e a entregou para o garoto.
— Certo, entendi os seis primeiros, mas… Alguém vai me matar se não me achar honrado? Honra é importante nesse nível?… — perguntou o garoto.
— Não, você terá uma existência tão dolorosa que a morte será… Você é muito jovem para aprender isso, basta fazer o certo e isso já é suficiente.
— Hm, tudo bem, serei justo e farei o certo sempre!