Sakurai Brasileira

Autor(a): Pedro Suzuki


Volume Único

Capítulo 4.5: Bushido

Duas pessoas conversavam em um escritório, rodeados por várias pinturas e caligrafias. 

“Desse jeito não vai funcionar…”, pensou o senhor.  

— Pequeno guerreiro, nada mais justo que começar ensinando o Bushido. 

— O que é isso? — perguntou o garoto. 

Uma pintura colossal localizada logo atrás do senhor — no centro da sala — se destacava mais que todas as outras. Um enorme tigre branco mostrando suas presas. 

— É como você viverá a partir de hoje, sua esgrima é excepcional, mas você carece de todo resto, vá pegar papel, água, tinta e um pincel.  

A pintura excêntrica do tigre era quase como um retrato do senhor, pois, seu físico era admirável, seu tamanho era maior que o comum e seu cabelo grisalho possuía algumas listras pretas. Ademais, seu largo sorriso — nada amigável — se assemelhava ao do tigre ao exibir suas presas, pois emanava uma aura intimidadora digna de seu título de general. 

O garoto, porém, não tinha medo dele. Tranquilamente se levantou e fez como ordenado. 

Fu... — Com o retorno do garoto, o general se concentrou. Então, com uma voz forte como um rugido, deu início a aula. — Atenção! O Bushido consiste em 7 leis que você levará para a vida! 

Uhum. 

O homem depositou algumas gotas de água em seu tinteiro retangular, pegou uma barra escura com algumas inscrições e passou por cima, deslisando-a várias vezes até que a água se tornou mais escura e o cheiro forte de tinta tomou conta de todo ambiente. 

— Primeiro, gi! — Manteu uma postura elegante, sua enorme mão colocou o papel — fino e delicado como um fio de cabelo — sobre a mesa com cuidado, então pegou seu pincel e começou a escrever. 

Seu estilo de escrita era único, forte e violento.  

Como a lâmina que atravessa a carne, o pincel agressivamente dilacerou o delicado papel. A tinta — como sangue — se espirrou por todos os lados. 

— Justiça! Não espere que os outros a ajam por você, faça você mesmo! Também seja honesto, suas palavras devem transmitir exatamente o que seu coração está sentindo. 

Sem diminuir o ritmo ou a intensidade, prosseguiu para a próxima folha. 

— Segundo, yu! Se escreve assim… Coragem! Seja corajoso, mas não burro. Se for agir, pense antes, se julgar ser uma causa que valha a pena, faça. 

O senhor deu uma pequena pausa para passar seu pincel sobre a tinta e prosseguiu. 

— Terceiro, jin! — O senhor olhou para o garoto. — Por que está só olhando? Escreva também. 

O jovem levantou-se rapidamente e acelerou o passo para buscar mais materiais, retornando mais rapidamente do que na última vez. 

— Compaixão! Se você treinar com diligência, terá um poder incomum, use-o com sabedoria e ajude crianças, mulheres e pessoas carentes. 

O senhor observou a escrita desajeitada do garoto, deu um leve sorriso e prosseguiu. 

— Quarto, rei! Respeito! Não exiba a sua verdadeira força, seja generoso com seus adversários, e não cruel, caso contrário, qual será a diferença entre você e um animal? 

— Quinto, makoto! (…) Faça de suas palavras um fato concreto, seja sincero, cumpra o que você fala, sempre! 

— Tenho uma pergunta. — disse o garoto. 

— Fale. 

— Sempre… Até quando me arrepender do que eu disse? 

— Sim, por isso pense bem antes de agir. 

— Entendi… 

— Sexto! chugi! (…) Lealdade! Seja leal com as pessoas que decidiu proteger, e assuma a responsabilidade sobre elas. 

Então deu a última pausa para pegar tinta. 

— E Sétimo! meiyo! (…) A honra é a virtude mais relevante, por isso preste atenção. É você quem deve avaliar a sua honra. Não faça nada que possa se arrepender para sempre, não há juiz mais severo do que você. É melhor morrer do que viver sem honra. 

Ele assinou essa última caligrafia e a entregou para o garoto. 

— Certo, entendi os seis primeiros, mas… Alguém vai me matar se não me achar honrado? Honra é importante nesse nível?… — perguntou o garoto. 

— Não, você terá uma existência tão dolorosa que a morte será… Você é muito jovem para aprender isso, basta fazer o certo e isso já é suficiente. 

— Hm, tudo bem, serei justo e farei o certo sempre! 



Comentários