Volume Único
Capítulo 12: Despedidas
— Como, como, como, como!? — repetiu Sota, decepcionado, várias e várias vezes, ao lado de Hiroshi, que segurava um peixe que quase ultrapassava sua própria altura. — Como existia um peixe tão grande nesse lago? Como a vara de pesca não quebrou? Como o barco não afundou?
Hiroshi olhou para Sota, deu um leve sorriso e disse:
— Um dia você chega no meu nível.
— Chego mesmo... E não vai nem demorar tanto!
— Hm?
— Agora eu tenho o que me faltava... Um mentor! Na próxima vez que me encontrar, eu vou ser uma pessoa nova!
— Boa sorte?
— AAAAAAAAH!
Os dois se viraram na direção do grito.
— Meu livro! — gritou Mie. — Por que ele jogou a gente na água?
Mie folheou e balançou o livro energeticamente, porém, mais da metade das páginas do livro estavam irrecuperáveis, completamente destruídas pela água.
— Droga... E a sua caixa de música?
Ao ver o estrago que a água havia feito ao livro de Mie, Aki ficou aterrorizado.
— É... Madeira né... Madeira é a prova da água... Né!? — Aki segurou com cuidado a caixa, virou seu rosto e de olhos fechados, começou a girar a manivela.
O som saiu como o esperado, a caixa de música permaneceu intacta.
— Ufa... — Aki desfrutou da música até se acalmar por completo, então se virou para Mie. — Er... Você queria mais do que eu encontrar o tesouro, mas seu livro... Quer trocar?
— Não, isso não é certo. Onde você mora?
— Em uma vila que fica... Mãe!
Sue que conversava com a mãe de Mie, perguntou de longe:
— O que foi?!
— Para que direção que fica a casa?!
Sue apontou e Aki respondeu Mie:
— Fica para lá, andando uma hora.
— Ah, acho que a gente mora perto... Que tal a gente juntar esses dois presentes, e fundar o primeiro cofre da união caça tesouros? — perguntou Mie.
— O nome parece legal, tudo bem.
Os dois apertaram as mãos, firmando esse acordo e se despediram.
— A gente se vê amanhã! — gritou Mie, acenando de longe.
— Seu filho é bom em fazer amigos — disse Hiroshi.
— Nem tanto, crianças dessa idade costumam se dar bem naturalmente — disse Fuyuki.
— Você disse para eu só te pedir para ensinar a cozinhar quando tivesse uma motivação...
— Direto ao ponto. Então, encontrou alguma?
— Na verdade eu vim pedir uma exceção. Podem me ajudar a cozinhar esse peixe? — disse Hiroshi, que apontou para suas costas, onde amarrou o peixe gigante.
— Só se compartilhar!
— Como eu comeria isso sozinho?
— Hahaha, tudo bem...
— Eu também queria ir com vocês para comer esse peixe... — disse Sota
— Ninguém te convidou. — disse Hiroshi.
— Mas infelizmente já está tarde, e minha nova casa é ainda mais longe da sua que a antiga. — completou, ignorando Hiroshi.
— Nova casa? — perguntou Hiroshi.
— A antiga queimou.
— O que?
— Bom, é uma longa história, fica para a próxima, já estou indo, falou! — E enquanto andava para longe, avisou. — Não ouse voltar para a guerra!
“Até parece que eu vou trocar essa paz por...”
— Guerra? — perguntou Akira, que apareceu de repente, surpreendendo Hiroshi. — Está planejando voltar a vida antiga?
— Não.
— Nem um pouquinho?
— Não.
— Nem se o Xogum pedisse?
— Não.
— Nem se o próprio imperador te chamasse?
— Já estamos indo! — gritou Sue.
— Se o imperador me chamasse eu não teria escolha... Mas se pudesse, eu preferiria continuar vivendo dias assim.
— Hm... Pode indo na frente, eu ainda tenho que guardar minhas coisas — disse Akira.
— Tudo bem. — E Hiroshi partiu, em passos pesados, por causa do peixe.
Akira guardou suas coisas em alguns segundos, porém, esperou parada até Hiroshi entrar na floresta. Então, ela retirou um papel de sua bolsa de palha, quase sem espaço para mais palavras, escreveu uma palavra e jogou o papel no ar.
— Diga ao imperador que ele não tem intenções de voltar.
O papel balançou no ar duas vezes, e em um piscar de olhos, sumiu. O único vestígio do que o pegou foi o vento, que soprou fortemente por alguns segundos após o papel sumir, então parou, deixando no chão, outra folha.
Akira se abaixou e pegou essa folha.
“Eles também têm armas agora?!”
— O que diabos eles estão fazendo...
Na floresta, Hiroshi alcançou os outros rapidamente, mesmo com um enorme peso nas costas.
A volta estava tranquila, estavam todos tão cansados que nem reclamaram ou conversaram. Fuyuki carregou Aki dormindo e Hiroshi carregou a ovelha.
O clima estava esfriando, a floresta estava escurecendo.
Logo Akira os alcançou também, mas o silêncio permaneceu o mesmo.
Mas ao observar o ambiente, já na metade do caminho, Hiroshi viu da sombra das árvores se mexerem, a criatura surgiu novamente.
— Sentiu minha falta? — Dessa vez sem uma entrada triunfal, Kuro apareceu.
Hiroshi não respondeu, já que humanos normais não o veem, então, se conversasse com ele, certamente pareceria um maluco.
— Ai, ai, eu sei que não pode falar comigo, mas me você me ignora assim por completo? Que rude!
— Hã? Alguém gritou? — perguntou Aki.
— Relaxa, era só um pesadelo — disse Fuyuki.
— Que estranho, acho que também escutei algo — acrescentou Sue.
— Hm? Eles podem me ouvir? — disse Kuro, enquanto checava se eles o viam, o que não era o caso. — Bom, vim avisar que um amigo querido meu, um bom conhecido seu, chegará em breve! HAHAHAH-
— O quê?
Mas quando Hiroshi se virou, Kuro já havia desaparecido.
— Você ouviu também né? — disse Sue.
— Será que é um fantasma? — perguntou Aki.
— Vocês estão brincando comigo? — perguntou Fuyuki.
— Era quase isso. — disse Hiroshi.
— O que!? — disseram em conjunto.
— Mas já foi embora.
O resto da noite foi tranquilo, um grande jantar foi montado na casa dos Sakurai, provando ainda mais sua hospitalidade.
O tamanho do peixe possibilitou que mais de um prato fosse feito. Hiroshi estragou um quarto deles, mas mesmo assim, havia comida para dezenas de pessoas.
Todos se divertiram e comeram até não aguentarem mais.
Assim, tudo terminou em um clima agradável, apesar de Hiroshi ter tido pesadelos nessa noite.