Volume 1
Capitulo 5: O Encotro entre amigos
A luz do sol iluminou o quarto.
De dentro das cobertas, uma garotinha saiu bocejando. Ela vestia uma camisola pijama de cor cinza, seus cabelos longos estavam totalmente bagunçados, parecia pelos de um gato arrepiado.
— Já é de manhã? — murmurou a garotinha, ao observar o ambiente.
Seu quarto era tipico de uma criança, completamente bagunçado, havia uma prateleira de madeira com algumas pelúcias de animais e ao observar os brinquedos, a garotinha lembrou-se de algo.
— Por que o Eric queria aquela boneca ontem mesmo?
Na tarde de ontem, a garotinha recebeu a surpresa de seu amigo pedindo uma de suas bonecas emprestada, estava desconfiada daquela situação, mas o entregou mesmo assim.
— E ele nem ficou para brincar… — resmungou a garotinha, inflando suas bochechas.
De repente, começou a sentir em suas narinas um cheiro gostoso, descendo da cama, correu animada até o andar de baixo, deparando-se com um homem fritando alguns ovos. O homem, ao notar a presença da garotinha, sorriu gentilmente.
— Bom dia, Aisha, dormiu bem?
O homem vestia-se com uma regata, possuía orelhas em seus olhos que indicava que passou a noite em claro. Aisha sentou em uma cadeira próximo ao homem.
— Sim, papai — respondeu à garotinha.
Após comer seu café da manhã, Aisha retornou a seu quarto para se trocar, a todo momento ficava pensado no porquê seu amigo queria aquela boneca.
— Ele pelo menos podia ter me dito porque queria ela… Vou prendê-lo na cadeira na próxima vez que o ver…
Na casa de Eric.
— Não se mexa muito, Angel! — exclamou o garoto.
Sentado em uma cadeira de seu quarto, remendava a parte rasgada da saia do corpo novo de sua irmã. A boneca havia acordado animada, querendo dar uma volta mundo afora.
— Aonde vamos hoje, maninho? — perguntou a boneca, ao olhar para a janela.
— Não faço ideia… Sinceramente quero lhe levar para o esconderijo antes de ir para qualquer lugar…
O garoto decidiu que ia esconder Angel da vista do outros até que ela possa se defender sozinha, a garota era sua irmã de sangue, isso significava que ela teria poderes parecidos com o dele quando era Nephrite.
Chegou a uma conclusão que o motivo de não poder usar seus poderes era devido a sua irmã, o corpo que utilizava era originalmente de Angel, e mesmo que a alma habitando-o fosse diferente, a leis naturais ainda reconheciam a dona corpo como sua irmã.
Como se estivesse lendo os pensamentos de seu irmão, a boneca fez uma pergunta.
— Maninho, o que são essas leis naturais que tanto fala?
A pergunta surpreendeu o garoto, não sabia que falava tanto delas, isso lhe causo uma sensação de desgosto, mas decidiu explicar a boneca mesmo assim.
— Como você sabe, eu sou um dragão. Os dragões são especies únicas nos tecidos dos mundos, contando a mim, existem apenas seis vivos…
Mesmo sendo chamados de dragões, a espécie de Eric Não possuía a aparência do que as civilizações tinham em mente de como era um dragão, por isso optavam por uma aparência mais amigável e humanoide ao interagir com os mortais.
— Possuíamos as habilidades de modificar o que é considerado natural no tecido dos mundos, e por causa disso, uma série de leis foram criadas para nos impedir de fazer merda, ou de criá-las…
Angel escutou a explicação em silêncio, não sabia como era ser um dragão, mas pelas palavras de seu irmão não parecia ser algo muito feliz.
— Não foram muitos uteis para falar a verdade… Eu mesmo fiz muita cagada quando era Nephrite, a coisas que fiz que me prejudicam até atualmente — comentou o garoto, ao coçar a sua cabeça.
Não entedia, sabia que seu irmão era poderoso e adorado por alguns, mas quando ele citava seu passado sempre falava de maneira melancólica.
— Maninho, você fugiu porque sua vida não era boa? — perguntou a boneca.
A pergunta acabou o surpreendendo novamente, não sabia como respondê-la.
— Não Angel… Sinceramente, não sei porque fugir… Na verdade… Até sei… Mas prefiro não a aceitar como uma verdade — respondeu Eric.
A boneca não entendeu a resposta, mas preferiu não continua a conversa. Ao perceber um movimento estranho do lado de fora, dirigiu-se até a janela para ver melhor, deparando-se com uma garotinha na estrada de terra aproximado-se.
Ela vestia um vestido branco bordado, em sua cabeça possuía um chapéu que escondia parte de seus cabelos, a garotinha segurava uma cesta em uma de suas mãos e caminhava alegremente.
— Olha, é aquela garotinha esquisita que eu sempre vejo por aqui — comentou Angel.
Eric, curioso, olhou também.
— Aisha? Que estranho… O que será que ela veio fazer aqui hoje?
A garotinha adentrou o jardim, dirigindo-se até a porta da cozinha.
Toc toc.
Bateu a porta.
Uma mulher com seu vestido de saia longa e um avental de cozinha a recepcionou.
— Aisha! Querida, bom dia — falou a mulher, sorrindo gentilmente. — Veio brincar com o Eric?
A garotinha então mostrou a cesta que levava em suas mãos.
— Vim para levá-lo em um piquenique! — com um grande sorriso estampado em seu rosto, Aisha falou. — Papai se aventurou muito hoje na cozinha para fazê-los…
Emma riu gentilmente da situação, indo chamar Eric. O garoto, ao escultar os passos de sua mãe aproximando-se, escondeu Angel de baixo de sua cama.
— Fique escondida aqui por alguns minutinhos, já te pego.
Sentando rapidamente em sua cama, pegando um livro que estava jogado ao chão, fingiu está lendo-o.
— Eric, está acordado? — Perguntou Emma, ao abrir a porta do quarto. — Venha para a cozinha, sua amiga veio lhe fazer uma visita.
Esperou a mulher sair para tirar Angel de baixo da cama.
— Angel, eu não sei o que Aisha quer, mas acho melhor você procurar um lugar para ficar escondida por enquanto — falou Eric, indo até a porta de seu quarto.
A boneca concordou com a cabeça, mesmo estando frustrada por perder a oportunidade de sair mundo afora, correu para dentro do armário de roupas. O garoto então desceu as escadas, deparando-se com a garotinha mexendo em uma estátua de gato em cima de uma escrivaninha de madeira.
Ao perceber a sua presença, Aisha exclamou.
— Eric, nos vamos sair! Quero lhe mostrar meu cantinho secreto!
Não teve nem tempo de poder responder, sua mão foi agarrada com força por Aisha que o puxou até o lado de fora. A garotinha então o levou para um local meio afastado que se localizava por de trás de sua residência.
— Eis o meu esconderijo — apresentou Aisha.
O local era um terreno desprovido de árvores, com apenas graminhas de pequeno porte sobre o solo, era como se uma maquina agrícola houvesse passado por aquele lugar. Tal lugar, causou uma certa estranheza em Eric, pois era como se as plantas negassem crescerem naquele solo
— Bonito lugar, né? Papai vinha muito aqui com o tio Aramis quando eram crianças — falou Aisha. — Eles chamavam esse local dê a Clareira amaldiçoada, eu acho.
— Que nome convidativo… — respondeu Eric.
— Pois é, né… Ele me falou que a chamava assim, pois as árvores não cresciam por aqui, mesmo plantando suas sementes nesta terra… É por isso que esse local é ótimo para nosso piquenique — falou Aisha, sorrindo.
Aisha correu para a aérea descampada, preparando o local para pôr as comidas. Primeiro, a garota, pois uma lona de cor amarela, depois botou umas pedras para evitar que o vento a fizesse a voar, para aí então tirar as comidas de dentro da cesta.
— O jantar está servido, querido — falou a garotinha, em um tom de zombaria.
— Querido? Medonho… — respondeu o garoto, sentado-se na lona.
A garotinha havia trazido em sua cesta, alguns sanduíches e dois pedaços de bolo, trouxe também uma jarra de suco com sua tampa lacrada. Eric pegou dois dos sanduíches e beliscou o bolo, a todo momento apreciava a Clareira amaldiçoada.
— Engraçado… Nunca imaginei que a falta de árvores em um local, deixariam uma sensação esquisita — comentou a garotinha.
Eric concordou com as falas de Aisha, sentia uma sensação de estranheza vinda desse local, era como se fosse familiar, entretanto por mais que tentasse lembrar, não conseguia saber o que ou quando esteve aqui.
Estava afundado em seus pensamentos, quando um puxão em sua roupa, o fez retornar ao mundo.
— Ei Eric, por que queria aquela boneca mesmo? — perguntou a garotinha.
Eric fez uma expressão complicada, não havia contando do que por que queria uma boneca velha dela, muito menos que ia a usar para servir de corpo a sua nova irmã. Pensado em uma desculpa, falou a primeira coisa que passou por sua mente.
— Queria apenas uma cobaia para treinar minhas habilidades de costureiro, uma boneca é a experiência perfeita.
Ao dar a desculpa, tentou passar um ar de inocência, empinado o nariz e estufando o peito, olhando de canto olho para Aisha, esperando esperançoso de que ela caísse na mentira.
— Ah bom… Agora faz sentido — respondeu à garotinha, dando um sorriso gentil. — Boa sorte no treino.
Após ambos terminarem o seu lanche, decidiram retornar aos seus respectivos lares, com Eric se oferecendo em levá-la até sua casa, mas a garotinha negou a ajuda de seu amigo.
— Tem certeza disso? Acho que o tio Oliver adoraria de eu lhe fazer companhia até sua casa — falou o garoto.
— Relaxa, eu sei me defender… Se um algum malvado tentar se aproximar de mim, lhe darei um soco! — respondeu à garotinha, ao dar soquinhos no ar.
Rindo da situação, Eric despediu-se de sua amiga indo estrada adentro. Aisha também se despediu, saído andando enquanto cantarolava e dava alguns pulinhos de felicidade.
A garota gostava de seus momentos com Eric, além de ser um bom amigo, o garoto era o único que lhe dava a devida atenção quando explicava sobre seus gostos pelos animais, até lhe ensinado coisas que não sabia. Aisha sentia uma intensa admiração pelo garoto, a lembrava do que seu pai falava sobre sua mãe em certas atitudes e em conhecimento.
De repente, a garota fez uma expressão triste.
— Se você estivesse aqui, mamãe, com toda certeza você gostaria do Eric… — murmurou a garotinha.
Aisha caminhou até sua casa, parando em frente ao jardim para arrancar umas flores, e ao entrar em sua casa encontrou-se com seu pai lendo um jornal.
— O piquenique foi bom, filha? — perguntou.
Entretanto, Aisha nada respondeu. Oliver estranhou a princípio, mas ao ver a onde a garotinha dirigia-se, suspirou.
Em uma escrivania de madeira, ao lado de algumas flores já murchas, havia um retrato de uma mulher sorrindo, não era possível ver seus cabelos devido a uma burca que utilizava para se cobrir. Aisha tirou as flores murchas, substituindo-as pela que arrancou do jardim.
A garotinha então começou a recitar as orações que sua avó havia lhe ensinado, deixando algumas lagrimas escorrem em seu rosto. Oliver, que observava tudo de longe, esperou a garotinha terminar suas orações, para poder a acalmá-la
— Sua mãe se sentiria orgulhosa pela mulher que se tornou — falou Oliver, oferecendo algo a garota. — Eu lhe comprei isso aproposito.
Em suas mãos, o homem carregava um bichinho de pelúcia, seus olhos tinham gemas de cor verde, suas penas eram roxas e volumosas, uma coruja. Aisha, ao ver o presente, limpou suas lagrimas e sorriu, abraçando-o.
— Obrigado papai, a amei.
A garotinha então subiu as escadas até seu quarto. Enquanto via a garota sumindo de sua vista, o homem pegou o retrato da mulher.
— Eles crescem tão rápido, querida… Espero que eu esteja fazendo bem o meu papel de pai — comentou o homem.
Quando recebeu a notícia de que ia ser pai, Oliver não soube como reagir, nunca teve uma figura paterna para se projetar, seu pai sempre foi alguém ausente pelo trabalho. Contudo, após a morte de sua esposa na grande guerra, prometeu a si cuidar de Aisha com tudo o que podia.
Sentia-se agradecido por Aramis e Emma sempre estarem aptos a ajudarem nas ocasiões em que ele não podia fazer nada, também sentia-se agradecido por Eric ser um grande amigo de sua filha, em algumas ocasiões parecia até que o garoto era um adulto em um corpo de criança.
— Bom… Contanto que ele não se engrace com minha filha, sempre será bem-vindo aqui — comentou o homem, notando a bagunça que tinha feito na cozinha. — É… Acho melhor pedir para Emma me ensinar a cozinhar…
A noite naquele dia estava bem pacifica, com apenas o som do vento batendo nas árvores. Aquilo agradava ao homem, era melhor do que os sons das bombas e de seus companheiros gritando.
— Espero que essa guerra acabe logo, não quero ver Aisha envolvida com essas futilidades — falou o homem, indo arrumar sua bagunça.