Volume 1

Capitulo 2: O Novo mundo de Nephrite

Era uma noite fria…

“Como essa mulher tem um sono pesado…”, comentou Nephrite, em seus pensamentos.

Ela estava agora em um quarto, onde só havia uma cama e uma escrivania de madeira como moveis do local.

 Haviam se passado um ano naquele novo corpo, já havia descoberto certas coisas sobre si. O nome completo de sua mãe era Emma Reverbel, filha de imigrantes americanos.

O pai de Emma era um general americano que foi ordenado a vim para Dunquerque, a fim de fazer exercícios simulados com o exército francês.

“Acho que ela herdou esse sono pesado devido ao vovô”, indagou em seus pensamentos.

Havia descoberto também o nome de seu pai, Aramis Mallet, por coincidência ele também era um militar, comandante de um tanque francês, Renault Ft.

“Engraçado, ambos os meus corpos têm sangue de guerreiro, que legal…”, falou sarcasticamente, em seus pensamentos.

Ao descer da cama com cuidado para não despertá-la, começou a treinar seus passos. Por ter uma mentalidade de alguém mais velha, certas coisas eram fáceis de se fazer, entretanto, o seu corpo rechonchudo de bebê não a permitia cumprir certas atividades.

“Tenho paciência, logo poderei explorar o mundo afora”, comentou em seus pensamentos.

“Queria pelo menos sentir sono…”

Mesmo que estivesse a mercê da biologia, havia certas coisas que eram burláveis, devido ao uso da energia de sua alma, o sono era uma delas, não precisava repousar, era algo irrelevante. Contudo, não era todo dia que ela podia dormir gratuitamente, então sempre se esforçava para pegar no sono, mesmo que sem sucesso.

“Irritante, pelo menos sei que é hoje que meu pai volta da linha de frente”.

Estava animada, nunca teve um pai em sua vida antiga, nem sabia como havia nascido, contudo, temia que a guerra o tivesse mudado.

Era comum ocorrerem eventos traumáticos com soldados na guerra, ainda mais em conflitos onde o local era a apelidado dê a Terra de ninguém, temia que ele agisse de maneira agressiva.

“Veremos como é você, senhor Aramis…”, murmurou, em seus pensamentos, antes de cair em um sono profundo.

De repente sentiu uma sensação gelada em sua bochecha. Ao abrir seus olhos, deparou-se com um homem a observando, seus cabelos eram curtos de cor negra e possuía um bigode em sua face.

— Ele é a sua cara querida! Ainda bem... suspirou o homem, pegando o bebe em seus braços.

— Por que ainda bem, Aramis? Você é bonito — respondeu Emma.

— Ah, não seja humilde, comparado a você, eu sou um duende — respondeu em zombaria. — Ola Eric, eu sou o papai.

“Eu já sabia… Bom, na verdade, descobri agora”, respondeu o bebe, em seus pensamentos.

Ao olhar mais detalhadamente para o homem, percebeu que ele vestia um uniforme militar  verde, com duas medalhas prateadas presas a ele em seu uniforme.

“Não quero nem saber como você fez para ganhar elas…”, falou em seus pensamentos.

O homem parecia agir bem normal em sua visão, brincou bastante com ele, e não o soltava de seus braços, acreditou que era pelo fato de ser um pai de primeira viajem que não tinha experiencia com crianças.

— Você realmente está bem, querido? — perguntou Emma, preocupada. — Oliver me contou que vocês passaram por coisa bem feias la no império otomano…

— Se eu disser que sim, estaria mentido — com um forte suspiro, o homem respondeu. — Eu levei dois batalhões com trinta homens, desdes dois, só um voltou com apenas quinze sobreviventes…

A mulher aproximou-se é abraçou o homem, na tentativa de animá-lo.

— A pior parte disso tudo, Emma, é que boa parte deles poderiam está na mesma situação que estou agora — falou o homem, ao olhar para o bebê em seus braços. — Essa maldita guerra! 

Nephrite olhava admirada, o casal era até bem unido. Em sua infância nunca teve a oportunidade de notar isso, sua mãe era um ser muito responsável para ter tempo para ela.

— Falando no Oliver, vou levar o Eric para ele conhecer — falou o homem, erguendo-se com o garoto em seus braços.

— Vou com você, deixa apenas eu pegar algo para o cobrir — respondeu Emma.

Não conseguia compreender o que ocorreu após a fala do homem, pois Emma o cobriu com um pano, possuia a noção que haviam saído da casa, pois sentia os movimentos de seu pai que o carregava, enquanto conversava com a mulher.

Toc toc.

Soou o barulho de alguém batendo na porta.

— Quem é? — respondeu uma voz masculina de dentro.

Nephrite escutou a porta se abrindo, e uma voz animada de um homem em seguida.

— Oh, Aramis, Emma! Meus amigos.

— Fala Oliver, vim lhe mostrar o meu pequeno — respondeu Emma, tirando o pano da cara do bebê.

Oliver era homem de aparência bem mais jovem que de seu pai, vestia uma roupa social padrão, seus cabelos eram curtos de cor escura com um bigode grande em sua face.

“Então esse é o amigo de batalhão do meu pai?”, indagou em seus pensamentos.

De repente um choro estridente tirou a atenção de seus pensamentos. 

Bua! Bua!

— Parece que sua princesa acordou — falou Aramis.

Emma fez uma expressão de supressa.

— Não sabia que você era pai, Oliver! — adentrando a casa, dirigindo-se até de onde o choro vinha.

A mulher retornou com uma garotinha em suas mãos, aparência dela indicava que tinha a mesma idade que Eric.

— Ela cresceu, hein… — comentou Aramis.

— Sim, Aisha é uma menina boa, para minha surpresa ela não é de chorar muito — respondeu Oliver.

Emma balançou a garotinha, em uma tentativa de acalmá-la.

— Não sabia que era casado — comentou a mulher.

— Eu era… Infelizmente os otomanos a tiraram de mim…— falou Oliver, pegando a garotinha em seus braços. — Nunca pensei que seria um pai solteiro… Acho que estou indo bem.

Ele olhava cariosamente para a beber que brincava com sua barba.

— Oliver, se precisar de ajuda, eu e o Aramis faremos qualquer coisa — falou Emma, ao pôr a mão no obro do homem.

— Agradeço amigos… — respondeu o homem. — Eric né? Espero que você seja um bom amigo para Aisha no futuro.

Enquanto os adultos sentaram em um sofá para dialogarem, Eric ficou junto a garotinha sentados ao chão. O bebezinho sorria para ele, enquanto puxava a gola de sua camisa.

“Você é bem elétrica, né?”, comentou.

As atitudes da garotinha não o incomodava, tinha entendimento que era apenas um bebê, contudo, havia uma dupla intenção em deixar brincar com suas roupas.

“Eu preciso entender o comportamento das outras crianças, caso eu queria fazer outros amigos… É irritante, mas não tenho outras opções”.

Ele também aproveitou a situação para ver mais de seu novo mundo.

A casa de Oliver era semelhante a sua casa em demostrar ser modesta, ele possuía muitos jarros de plantas envoltas de sua janela, que demonstrava que o homem tinha um passatempo para jardinagem.

— Bá, bá — balbucio a garotinha.

“Quer me dizer algo, princesinha?”, perguntou em seus pesamentos.

Em uma tentativa de compreender a garotinha, ergueu sua mãozinha gorducha para a face da bebê. De repente a bebezinha mordeu sua mão.

“Hum, era só isso? Entendo”, suspirou em seus pensamentos.

A sensação da boca da garotinha em seus dedos indicava, que ela o mordeu por conta de seus dentes estarem nascendo.

— Aisha… Não morda seus amiguinhos — falou Oliver, tirando a mão de Eric da boca da garotinha.

Ele olhou curiosa para o garoto, que encarava sua mão labuzada de saliva da garotinha.

— Ele é bem tolerante, né… — comentou Oliver.

Emma concordou com a cabeça, explicando em seguida.

— Eu estranhei a princípio, mas o doutor disse que era da personalidade dele, que não havia motivo de eu me incomodar.

Ouvido a explicação, Nephrite resmungou.

“É só saliva, já tive experiencias piores com atitudes de bebês…”

— Bá! Bá! — exclamou a garotinha, ao deitar de barriga ao seu lado.

“Você é bem simpática em… Fofa, como eu queria lhe entender”

Tentou acaricia a cabeça da garotinha, mas a falta de coordenação motora, o fez da tapinha leves na cabeça dela.

— Bá — falou a garotinha, sorrindo.

Os adultos envolta deles sorriram com a cena.

— Que bom que estão se dando bem! — falou Emma.

Nephrite encarou a garotinha, ponderando alguns segundos.

“Bom, já que você é filha de um amigo de meu pai, então também devo cuidar de você. Seremos bons amigos, Aisha!”

Após passarem, mas alguns minutos na casa de Oliver, os pais do garoto decidiram retornar para seu lar.

— Até mais Oliver — falou Aramis.

— Até a próxima fofucha — falou Emma, ao aperta as bochechas da garotinha.

Para a sorte do garoto, seus pais não o cobriram com o pano branco.

“Ótimo, poderei ver mais desse novo mundo”

Seus pais seguiam em uma estrada de terra, para a sua surpresa havia muito verde e quase nenhuma casa no caminho.

“Pensei que seria uma região mais desenvolvida… Será que estou na região rural?”

O fato de haver poucas casas na região, era até uma notícia boa, mesmo que esquecer seu passado fosse algo que estava em prioridade, a garota não queria esquecer de seus passatempos.

Nephrite, possuía mais de um título além de rainha do castelo papel, possuía o da forjadora divina. As criações de Nephrite, sempre foram as mais desejadas por aqueles que apreciava o dom de criar objetos feitos na forja.

“Quando eu poder andar, vou explorar a região, deve ter algum local no qual eu posso usar de esconderijo, para minhas ideias”

Olhava constamento aos arredores a procura de um construção abandonada, esse país estava em guerra, então assimilou que haviam bastante dessas estruturas.

— Parece que ele está gostando da vista — comentou Aramis, ao perceber a agitação do garoto.

— Pois é — respondeu Emma, ao sorrir. — É uma pena que aqui esteja tão abandonado…

Aramis olhou pensativo para sua esquerda.

— Não havia uma fábrica de nozes, ou alguma coisa do tipo por aqui? — perguntou, ao cruzar seus braços.

— Havia, mas faliu devido aos custos da guerra… — respondeu à mulher, em um suspiro. — Agora virou um galpão abandonado…

“Opa! Curti essa informação”

Um local abandonado era algo perfeito, serviria de esconderijo para suas criações, e também para suas pesquisas caso houvesse necessidade. Após uma grande caminhada chegaram em seu destino, finalmente podia ter um vislumbre mais detalhado da sua nova casa.

A moradia era de um tamanho médio, com quatro janelas na parte de baixo, com duas em cima de onde seria os quartos. Havia outra janela, de forma oval mais em cima, que o garoto assimilou ser do porão da casa.

“Humilde, mas bonita, vai servir”

Ao lado da casa havia algumas cercas que dava a uma área descampada. O garoto logo achou aquele espaço inútil, pois a maioria do terreno da casa era coberto por vegetação, não havia porque ter um jardim ou uma área verde.

“Vai ver é para algum jardim… Ainda assim, é desperdiço de espaço”

Ao adentrarem a casa, a deitaram em cima do sofá da sala.

— Irei preparar nosso almoço, pode cuidar dele por enquanto? — Ao botar seu avental, a mulher perguntou.

— Claro, sem problemas — ao sentar ao lado do bebê, Aramis respondeu.

O homem então ligou o rádio que se encontrava ao lado do sofá, enquanto o aparelho dizia as notícias, lia um jornal.

As tropas sangram entre o canal da macha, na bélgica. Ambos os lados tentam conquistar pontos estratégicos para garantir sua vitória!

Falou o apresentador no rádio.

— Ainda bem que fui dispensado, sinto pena dos soldados naqueles locais desumanos que são as trincheiras — falou o homem, ao bebê deitado ao seu lado.

Nephrite compreendia sobres a desumanidade que os soldados passavam nas guerras, os principais responsáveis nunca lutavam.

“Não se preocupe, papai, irei explodir seu governo caso eles forçarem você a lutar novamente!”

Bu, Bu

soou seus murmúrios de bebê.

— Hehe, você é fofinho— ao sorrir, acariciando a bochechas do garoto, falou — Espero que quando você crescer, esse mundo esteja em paz, não quero ver você nessa guerra doentia.

“Eu não quero também, papai. Contudo, o futuro é algo imprevisível, talvez ocorra, como também talvez não irá ocorrer, mas saiba, que lutarei para proteger vocês… Sempre lutarei”

Ao agarrar o dedo do homem, Nephrite respirou fundo, havia recebido a dadiva de ter uma nova família, e não ia a perder. 



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